Como nos velhos tempos

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 - O que está acontecendo aqui?- a diretora Clarisse entrou na sala, com a rosto avermelhado não sei se de vergonha ou de raiva.
 
- Diretora, nós podemos explicar. - Stace disse rapidamente.
 
- Que bom, porque vocês me devem uma boa explicação para que eu não lhes dê uma suspensão! Para a minha sala! Agora! - virou-se para mim- E, pelo amor de Deus, vista uma roupa!
 
Clarisse saiu, balançando a cabeça em sinal de reprovação e pisando duro.
 
Stace olhou para mim e logo depois para meu peito nu, o que fez com que eu me sentisse irresistível. Ela, por sua vez, corou, percebendo que eu havia notado a direção de seu olhar.

- Por favor, vamos fingir que nada disso aconteceu. Não conte a ninguém.

- Tudo bem. Eu só... - abri um sorriso só de lembrar daquele beijo - Não sei se vou conseguir esquecer.

- Thomas, é melhor...

Eu a interrompi.

- Stace, você pode fazer o que quiser. Pode me beijar de novo, me odiar, continuar sendo minha amiga ou me ignorar completamente. Nada disso faz diferença agora, porque eu sei que você também gostou.  

Ela não respondeu. Ficou emburrada até que eu vestisse minha blusa e seguíssemos para a sala da diretora. Lá, explicamos tudo e saímos impunes, o que era mais que justo. Fiquei olhando para o relógio e já eram 20:30!

Peguei minha bicicleta e logo lembrei que Stace iria para casa sozinha. A vi andando pela rua mais à frente e gritei por ela. Por incrível que pareça, a garota estava com uma expressão neutra quando virou-se em minha direção.

- Não quer uma carona? É muito perigoso sair sozinha nesse horário.

- Não, eu sei me cuidar.

- Eu sei que sabe. Só queria... Te proteger.
 
Ela abaixou a cabeça, e eu vi que sorriu torto. Eu esperava que a ruiva acreditasse que eu a amava. Mais do que isso: eu esperava que ela me amasse.
 
- T-tudo bem.
 
Abri o maior sorriso do mundo e pulei como um louco. Stace riu, ressaltando a beleza da garota que tanto amo.
 
Na porta da casa dela, senti um clima estranho, de constrangimento, entre nós.

-  É melhor... Eu ir. Tchau - despedi-me, acenando.

- Espera! Não é melhor ligar para sua mãe? Ela provavelmente está preocupada.

- Você tem razão. - Peguei meu celular e comecei a discar o número de minha mãe.

-  Não é melhor você entrar? ... Me disseram que é muito perigoso ficar na rua esse horário.
 
Sorri e esperei que ela entrasse para eu entrar depois.
 
De fato, minha mãe me ligou várias vezes e, rapidamente, expliquei tudo para ela. Dona Carmem acionara a polícia, mas disseram-na que só poderiam agir depois de 24 horas.

Não sei o que deu nela, mas perguntei para minha mãe se eu poderia fazer companhia para minha amiga por mais um tempo e ela assentiu. Quando cheguei em casa, descobri que ela deixara porque sabia que eu estava com a garota misteriosa.

Vimos um filme e comemos pipoca até que eu fosse embora. Como nos "velhos" tempos.
 


Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora