Bombom demais para ser verdade

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Quando contei para Zack que faria uma festa de aniversário e que eu (obrigatoriamente) ligara para dizer aquilo, o garoto gargalhou tão alto que tive que afastar meu ouvido do celular.

- Esse é o melhor ano de todos! Mal posso esperar para essa festa! Quem você convidou?

- Você e Elisa. Quer dizer, Elisa convidou-se sozinha, mas...

- É sério?! Elisa vai?!

Assenti.

- Você está gostando dela, Zack? - deduzi, rindo.

- Ficou maluco? Claro que não! Só quero beijá-la. Não sou igual você que pega e se apega fácil, fácil.

Fiquei pasmo no mesmo instante. Eu me esquecera de convidar Stace!

- Zack, obrigada por me lembrar de algo muito importante.

- Como assim? Thomas. Você ainda está aí?

Desliguei o mais rápido que pude e fui de bicicleta para a casa de Stace, nervoso demais para deixar aquela situação passar. Deveria convidá-la pessoalmente, mesmo que o clima entre nós, desde aquela pergunta, estivesse um pouco constrangedor.

- Combinamos algo? Pensei que você iria descansar hoje.

- Sim... Mas queria... Te convidar... - eu tentava dizer, aflito. Viera rápido demais para sequer respirar direito.

- Calma. - pediu, em meio aos risos - Entre, sente-se e beba um copo de água.

Fiz o que ela pediu e me acalmei, logo contando o que fazia em sua casa. Stace ficou empolgada já que, assim como eu, nunca fora em muitas festas. Me parabenizou e se desculpou por não tê-lo feito antes.

No fim, nossa relação estava igual. Mesmo com aquele questionamento, nós não perdemos o amor que tínhamos um pelo o outro, e eu acreditava que isso não poderia acontecer.

Continuei em sua casa por mais uma hora e fui para a minha fazer o que eu estava precisando antes de uma prova que seria cansativa: dormir a tarde inteira. Mas minha mãe e Elisa me impediram, dizendo que queriam organizar todos os detalhes da festa naquela tarde.

Às 14:00 horas, Zack chegara, dizendo que seria muito útil para fazer aquela festa "lotar". Acredito que as pessoas só iriam porque o garoto convidara.

Dito e feito: Zack encheu a lista de convidados, colocando praticamente todo o terceiro ano dentro da minha casa. Acabei conhecendo várias pessoas e até recebi presentes. Aquela festa realmente estava muito boa para ser verdade.

Só faltava uma pessoa para que minha festa fosse perfeita. Fazia duas horas que a comemoração rolava e Stace não chegara. Eu suava frio, pensando no que poderia ter acontecido. Será que ela não fazia questão de ir? Que não se importava comigo?

- Está tudo bem, Thommy? - Elisa perguntou.

Desde criança, a garota tinha a mania de apelidar os colegas. Eu só não esperava que ela se recordasse do que dera para mim.

- ... Você não se lembra que me chamava assim quando éramos crianças, não é?

Ela negou.

- Me desculpe por isso. Quer jogar com a gente?

A fim de me distrair um pouco, assenti, sem ao menos perguntar qual era o jogo. Péssima escolha: era o maldito jogo da garrafa. Passei a pensar no quanto queria que Stace jogasse comigo.

Quando eu menos esperava, a garrafa parou em mim. Eu teria de beijar alguém da minha turma, mais especificamente, o Breno, um garoto que vivia isolado e triste. Quando vi a cena, recusei imediatamente. Mas o pessoal fez uma proposta:

- Ou você beija o Breno, ou assume um relacionamento com a Elisa.

Depois de me perguntar mentalmente o motivo da garota estar metida nisso, beijei, a contra gosto, o garoto de cabelos castanhos e encaracolados.

Lembra quando eu disse que a festa estava boa demais para ser verdade? O erro acontecera naquela parte. Lá estava Stace, ao nosso lado, com uma caixa de chocolates na mão, assistindo à cena. Quando eu e Breno terminamos, vi apenas seus cabelos ruivos ao vento, suas pernas correndo e meu coração partido.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now