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      Por Marina Vianna

Alguns meses atrás...

Eu corria no meio do matagal tentando me esconder do meu pai e meus dois irmãos, porque? Porque eles descobriram que eu não era mais virgem, minha familia é extremamente religiosa e machista e eu não queria viver daquela forma.

-MARINA QUANDO VOCÊ APARECER EU VOU TE DAR UMA SURRA- Ouvi a voz do meu pai e meu peito se apertou ainda mais, o medo me consumia.

Passei algumas horas perambulando pelas ruas de barro da cidadezinha aonde eu morava, eu tinha pavor do meu pai, eu sabia que eu tava ferrada mas eu sempre me prometi que não seria como minha mãe, que abaixa a cabeça.

Tenho 22 anos, Terminei o ensino médio com muito custo porque meu pai achava que mulher tinha que cuidar da casa e não trabalhar, depois de algum tempo comecei a fazer cursinho escondido dele com o apoio da minha mãe, acabei fazendo tecnico em administração e fiz também um desses cursinhos ruins de inglês.

-Marina minha filha, seu pai tá uma fera contigo- minha mãe sussurrou me puxando pra fora da casa - eu te avisei que era perigoso- mamãe disse, seu rosto tava inundado por lágrimas.

-me desculpe- eu pedi e ela me abraçou, choramos baixo inutilmente, meu pai acabou aparecendo.

-Então você voltou sua vadia?-eu ouvi ele dizer enquanto me puxava, o unico sentimento que eu reconhecia agora era o medo - pega suas coisas, eu não quero mais olhar a tua cara, acabando com a honra da familia- ele falou alto, sua voz era repleta de ódio.

-Pai eu não tenho pra onde ir- eu supliquei em meio as lagrimas e ouvi rir sarcasticamente.

-João não faz isso com a nossa menina- minha mãe pediu mais uma vez em meio a choros doidos.

-Eu não quero saber, quero ela fora daqui- ele disse.

Atualmente...

Então essa é a ultima lembrança que eu tenho do meu pai, depois daquele dia parti pra cá, Cidade maravilhosa com apenas 4000 reais , era minhas economias e um dinheiro das vendas da minha mãe.

Comecei trabalhando com tudo, agora eu tava indo fazer uma entrevista para ser empregada , as vantagens : dormir no emprego, eu morava numa pensão no centro do rio mas não aguentava mais dividir teto com pessoas obscuras.

-Boa tarde, eu vim pra entrevista de emprego na casa do senhor guilherme- eu disse pelo interfone.

-Entre querida- ouvi a voz feminina e simpática do outro lado.

O prédio era lindo, na beira da praia da barra, pelo visto era um apartamento por andar "muita coisa pra limpar" meu subconciente alertou, e eu ri comigo mesma.

As portas do ultimo andar se abriram e logo revelaram uma loira parecia ter seus 50 anos.

-Marina não é?- ela perguntou e eu assenti -prazer querida, eu sou Marcia de Medeiros- ela disse apertando minha mão.

-Prazer dona Marcia.

-você é linda, já tentou ser modelo?- ela perguntou e eu negueu rindo, eu não sirvo nem pra modelo de sapato.

-que isso dona Marcia, sou uma simples empregada, nada a mais- eu digo sorrindo e ela sorri em seguida e me dá passagem pra entrar na casa.

Dona Márcia me mostrou todo o apartamento, no primeiro andar tem cozinha, dependencias de empregada, sala de jantar, lavanderia e sala , já no segundo andar tinham 3 suites uma cobertura com uma piscina média maravilhosa, a todo momento conversamos, dona márcia parecia ser uma mulher maravilhosa e a casa era de seu filho Guilherme acho.

-Marina você é ótima, eu quero fechar com você.

-Meu deus muito obrigada dona marcia- eu disse euforica e ela gargalhou - amanhã você pode começar, eu vou deixar o porteiro avisado e o Guilherme avisados querida.

-Até amanhã então dona Márcia- eu disse.

A moça que divia pensão comigo me indicou para esse emprego, e eu fico muito feliz por poder ficar todos os dias aqui, eu sei que conseguiria um emprego menos pesado mas aqui eu dormiria no trabalho.

 

Apenas por amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora