Capítulo XXVI

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  Depois do beijo que o Jake me dera, Calle o expulsou da casa e três dias haviam se passado.

- Menina, você precisa comer! Eu trouxe vitamina e torradas! - era a Margot, sentada na minha cama.

  Depois da humilhação que sofri, eu andava sem animação para nada, nem fome eu tinha. Ficava o dia inteiro no quarto deitada desejando que os três meses restantes passassem logo e eu fosse para casa com o Henrique. Sim, eu havia decidido o nome. Henrique foi o nome que a Rachel falou e ela foi a pessoa que mais me apoiou durante esses meses.

- Eu estou sem fome, obrigada.

- Não fica assim, menina! O Silvestre me contou o que aconteceu no dia que eu cortei o dedo mas, você tem que reagir, mostra que você não liga! Essa não é a Isabela que eu conheço.

- O Calle não disse nada enquanto o idiota do empresário dele me humilhava.

- Se serve de consolo, o nariz dele está uma bola de tão inchado! Eu conheço o Bryan desde criança e ele não é assim, eu não sei o que houve mas já que você gosta dele, por que não tenta mudá-lo?

- Não, eu desisto. Já fiz a minha parte, já beijei ele, já me declarei mas ele não gosta de mim e ele já mostrou mais de uma vez que é um babaca. A única coisa que eu quero é que esses três meses passem logo para eu ir embora logo com o Henrique para casa.

- Henrique? Decidiu o nome então? Sabia que esse era o nome do pai do Bryan? Eles eram melhores amigos e o maior sonho do senhor Henrique era que o Bryan virasse cantor mas aí ele teve leucemia e morreu antes do Bryan ficar famoso.

- Nossa, que triste.

- Quem sabe se você falar indiretamente o nome do filho de vocês ele dê uma mudada?

- Não, Margot. Eu não quero saber do Calle nunca mais, eu só estou interessada em ir embora daqui a mais rápido possível.

- Está bem então, menina! Mas coma o que eu trouxe para você!

  E saiu.

  Acordei do meu cochilo com o empresário na minha porta.

- Senhorita White, arrume-se! Alguém quer vê-la. Você tem dez minutos.

  Será que era a Rachel? Coloquei uma roupa melhor, passei um corretivo em minhas olheiras, um batom nude e arrumei meu cabelo solto.
  Quando cheguei na sala encontrei alguém que eu jamais imaginava ver.

   Minha família.

- Eu vou deixá-los a sós, com licença. - o empresário vai em direção à porta.

- Isabela. Então é verdade o que o rapaz nos disse. - minha mãe diz friamente.

- Olá, mãe! Estou bem também, obrigada por perguntar. - digo - Olá, pai!

- Eu te avisei e você devia ter me escutado que seu emprego não dá dinheiro mas, dar o golpe do baú com uma gravidez verdadeira é muita estupidez, devi ter arrumado uma barriga falsa, garota! - diz ela mantendo a postura ereta e fria.

- Você devia ser como sua irmã Kayla, Isabela! Ela é rica, médica, bem sucedida tudo o que você não é. - meu pai aponta o dedo para mim.

- Já chega! - grito - Vocês nem sabem quanto eu ganho para ficar falando esse tipo de coisa e eu estou grávida sim, e se querem saber foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. Quando vocês vão aceitar que não quero ser como minha irmã? E saiam daqui agora, eu não admito que vocês falem assim de mim, eu não sou mais uma garotinha, eu sou uma mulher, uma mulher - falei pausadamente a palavra "mulher" - entenderam?

- Você é uma decepção para nós, Isabela! - diz minha mãe.

  Mas algo inusitado acontece.

- Ei, quem vocês pensam que são para falarem assim com ela? - a Margot entra.

- Os pais dela. E quem é essa empregadinha? - minha mãe diz pasma.

- Ela é minha amiga! - digo confiante.

- Sou mesmo! E saiam daqui agora! Na minha casa ninguém trata mal a minha menina, ouviram?

- Quem você pensa que é?

- Isabela, ainda dá tempo de você tomar remédio para abortar. - diz a mulher.

- O quê? Você acha que eu irei fazer isso? Jamais, o Henrique foi a melhor coisa que me aconteceu e mesmo que o pai dele não se importe, o meu amor vale por dois. Agora vão embora e não me procurem, por favor! - digo.

- Se um dia você fizer medicina e ter abortado isso daí, nos procure. - e saíram.

- Obrigada, Margot. - digo a abraçando.

- Que isso, hein? Aquilo não são pessoas, são monstros!

- Eu me pergunto isso todos os dias.

°°°°°°

- Você gosta dessa música, Henrique? - digo colocando fones de ouvido em minha barriga.

  Depois que os meus pais foram embora fui para o meu quarto e estava até agora, que já era noite. Até que ouço, toc toc toc.

- Com licença, White! - Calle está na Porta - Eu... Eu posso entrar?

- Pode. - digo me ajeitando na cama.

- Nossa, você está tão pálida! Está tudo bem?

- O que você quer?

- Não deu para não ouvir você e sua família brigando. - ele se senta no colchão.

- E?

- E eu ouvi você falando o nome que escolheu. Henrique, não é mesmo?

- Sim. Foi o nome que a minha melhor amiga escolheu.

- Eu... Eu não sei como te dizer isso mas esse nome é muito importante para mim.

- É mesmo, por quê? - finjo que não sei de nada.

  E ele me contou a história sobre seu pai.

- [...] E aí ele morreu antes de me ver fazer sucesso. - ele diz respirando fundo.

- Eu fico feliz que tenha me contado isso.

  E ele sorriu.

- Eu sinto muito. - digo colocando meu cabelo atrás da orelha.

  E o abracei. E ficamos ali por minutos e mais minutos apenas sentindo o calor um do outro.

Grávida de um Super StarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora