Capítulo III

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 Depois de algum tempo ficamos prontas. Graças à Rachel o meu cabelo castanho e liso sem graça estava com um volume legal. E os meus olhos - também castanhos, haviam sido "destacados". 
...

   A boate estava cheia. Eu não gostava muito de baladas e eventos do tipo. Sabe aquele tipo de pessoa que ama livros, chuva, gatos... Eu era esse tipo, talvez eu fosse careta para alguns, mas eu não ligo.
  Havia pessoas fazendo de tudo um pouco, alguns dançavam, beijavam, bebiam e conversavam. Apenas a animação dos outros já me deixara com a garganta seca.

- Rachel, vamos beber algum coisa? - falei bem próximo ao seu ouvido, já que era impossível ela me ouvir com o meu tom de voz normal.

- Vamos, depois eu quero dançar, pode ser?

  Fomos até o bar, onde havia alguns banquinhos para que nos sentássemos. O garçom era bem clichê - um gordo careca, tatuado com um bigode.

- O que as belas moças vão querer? - disse tentando seduzir. Ou talvez fosse só obrigação do trabalho mesmo.

- Queremos duas cervejas, por favor! - disse vendo que em um certo local da boate havia um grande tumulto.

- Para moças tão gatas como vocês dou até três! - mostramos um sorriso amarelo para ele.

   Ele nos entregou as cervejas. E ao invés de ficar colocando no copo toda as vezes que fôssemos beber, preferimos tomar no bico - o que foi bem mais fácil.

- Vem Isa, vamos dançar! - disse Rachel ajeitando a saia apertada e curta.

  Rachel era linda, não precisava fazer esforço algum para impressionar os homens, não importava se ela estava com uma roupa bonita e maquiagem ou de pijama e o cabelo sujo, ela era linda. Eu eu amava a minha amiga.

- Eu amo essa música! - se chama "Tremor" - Vamos, com certeza!

   Ficamos dançando por uma meia hora - eu acho, não sei, talvez menos, e naquele momento percebi o quão importante estava sendo aquilo para mim, era como se eu pudesse quebrar a regra de que "mulheres devem ser comportadas e cultas" e ser eu mesma - quase, sem que ninguém me julgasse por ter vinte e quatro anos ou por ser uma mulher que era séria.
   Em um certo momento um homem muito lindo chegou na Rachel, ele falou alguma coisa em seu ouvido que no mesmo instante Rachel apenas moveu os lábios dizendo ... Já volto..., os dois foram para um canto, e eu continuei dançando.
   Algo estava diferente em mim, eu estava com dor de cabeça, minha visão começou a escurecer e tudo girava. Eu precisava sentar-me um pouco. Do nada tudo ficou preto, eu não enxergava nada. Apenas lembro de ver que eu dançava muito e vi um homem. Parecia... com o Bryan Calle.

...

   Acordei no meu quarto. Não lembro de nada que aconteceu na festa e nem como fui embora. Mas havia outra coisa, eu estava com a pior dor de cabeça que alguém poderia ter. Devo ter bebido muito, porque apenas um movimento que eu fiz dava a impressão de que estavam arrancando meus neurônios. Ainda bem que hoje eu não trabalhava.
Enquanto eu preparava meu chá, Rachel apareceu pior do que eu.

- Bom dia! - disse colocando um chá na caneca para mim.

- Bom dia! A minha cabeça está doendo muito! - falou colocando a mão na testa.

- Rachel, como nós chegamos aqui? Por que eu não lembro de nada.

- A gente pegou um táxi. E você estava bem... Agitada! - falou dando risadinhas e fazendo caretas por causa da dor na cabeça.

- Como assim? Agitada?

- Você estava bêbada, também.

- Entendi.

  Fomos assistir TV e novamente passava mais um aviso desnecessário.

..."O nosso amado astro do rock, Bryan Calle ficará na cidade por mais seis dias. Que sorte das fãs, não é mesmo?"...

  É sério isso? Falavam dele a todo o tempo? Eu não o odiava, nem o detestava, eu apenas não ia com a cara dele.

- Pela cara que você fez, deve estar pensando em como todos só sabem falar dele. - diz Rachel dando um gole no seu café.

- É isso aí! - ela me conhecia muito bem - Rachel, você vai comigo para o Brasil, não vai?

- Claro que sim! Ainda bem que o meu chefe me liberou. Eu estou muito feliz que você realizou seu sonho, Isa!

- Obrigada. Pega o meu notebook que está ao seu lado, por favor? Eu tenho que ver quando sai o nosso vôo.

- Você quer ir no shopping comigo?

- Vamos sim, até porque eu quero um vestido novo para usar no lançamento. 

...

   Ficamos horas e horas no shopping, mas nada de eu encontrar a roupa perfeita para o lançamento do meu livro.

- Não posso desistir! - disse tentando me convencer do que eu acabara de falar.

- Isa, olha aquele ali! - disse apontando para a roupa.

- É perfeito! Mas se eu completá-lo com este blazer e o sapato que eu comprei há algumas semanas vai ficar perfeito!

- É isso aí, Isa! Vai ficar lindo! Mas vamos comer agora? Já passou da hora do almoço.

  Só agora que fui perceber o quanto estava com fome. Já era quase a hora do jantar.

- Vamos sim, desculpe, eu me empolguei um pouco.

  Fomos à um restaurante onde vende saladas.

- Quais ingredientes as senhoritas vão querer que coloquem nas saladas? - diz anotando nossos pedidos em seu IPad.

- Eu quero alface, milho, cenoura, frango, tomate cereja, ervilha e o molho verde, por favor! - falei enquanto meu estômago roncava.

- Eu quero o mesmo, mas ao invés do frango quero peru, por favor! E suco de melancia para nós duas!

- Mais alguma coisa?

- Não, é só! - Rachel diz e o garçom vai embora.

  Depois de uma baita comilança - é sério que eu falei isso? Rachel e eu voltamos para casa. Afinal, nosso vôo era de madrugada.

Grávida de um Super StarWhere stories live. Discover now