Lobo

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Geenteeeee 1,05k de visualizações!!!! Obrigada por ainda acompanharem essa história ❤❤❤ mesmo com toda a minha demora para atualizar 😔😔😔
Amo vocês ❤❤❤❤😍

O lobo me responde novamente, seu uivo corta a noite e chega até mim.
Respiro e inspiro devagar para me acalmar.

Devo tentar achá-lo?

Uivo novamente.

Depois de alguns minutos ouço minha resposta.
O lobo deve estar perto da colina onde Franz cria as suas ovelhas.

Medo percorre meu corpo, me lembro do som, aquele som horrível e minha mãe morta na neve.

Um som produzido por uma das muitas armas de Franz.

Seja lá quem for esse lobo eu tenho de mandá-lo embora.

Corro pelo vilarejo, luzes amarelas e aconchegantes saem das janelas das casas, vejo Mel cochilando na entrada de sua casa, ela não me ouve passar.

Sigo o caminho que me leva até a casa de Franz - um lugar digamos que, não tão agradável de se viver, a casa parece ter um ar sombrio.

Um ar sombrio de morte.

Me lembro quando vi pela primeira vez a pele e os pelos da minha mãe pendurados em uma cerca. Celestine havia me dito que aquilo era feito para que não apodrecesse e para que pudesse ser usado para alguma coisa.

Preciso atravessar a cerca sem acordar aqueles cães miseráveis para chegar ao cercado das ovelhas.

Passo por baixo da cerca de madeira, me sinto um coelho entrando numa toca de raposas.

É algo arriscado, mas preciso fazer isso, não quero ver outro da minha espécie morrer daquele jeito.

Olho para os quatro cães deitados próximos à porta, é estranho vê-los assim tão quietos, parecem não ter escutado o lobo.

Não há nenhuma luminosidade escapando por entre as janelas da casa.

Deve estar dormindo.

Meus passos são leves ao tocar o solo seco, não produzem nenhum ruído.

A lua ilumina as ovelhas, deixando seus corpos brancos mais visíveis na noite.

Elas caminham de um lado para o outro, procurando por relva fresca. Algumas estão deitadas ao lado dos seus filhotes.

Apesar de comer a carne delas, ao ve-las assim - vivas, não sinto nada.

Nem mesmo fome.

Coisa que um lobo selvagem sentiria.

Não sou selvagem.

Sinto a presença de alguém diferente.
Olho para os lados, não há nada, mas posso ouvir algo. Algo sendo mastigado e cortado.

- Deve ser ele. - sussurro para mim mesma.

A cada passo que dou na direção do som, meus pensamentos giram na minha mente - eles e infinitas perguntas que adoram me atormentar.

E se ele te atacar?

E se Franz a encontrar aqui?

E se...?

As perguntas param assim que me deparo com o lobo.

Não vi lobos vivos enquanto morava aqui, apenas os mortos que Franz trazia. A imagem de um lobo em pé na minha frente é algo que eu não estou acostumada.

Ele arranca vários pedaços da ovelha morta. Meu coração se aperta ao ver o olhar fixo e sem vida dela, os pelos brancos cobertos por um sangue denso que escorre como uma queda d'água para o chão frio.

Sobrevivente Where stories live. Discover now