Sangue

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Era apenas mais uma noite de inverno
em um pequeno vilarejo esquecido entre as montanhas, as pequenas casas com seus telhados cobertos de neve.
Em uma delas, a menor do vilarejo e mais afastadas das outras, morava uma senhora na companhia de seu gato, já que seus filhos haviam se mudado dali a muito tempo, e seu marido, bem... já havia morrido há algum tempo.
Possuía uma luz acolhedora e suave.
A senhora, cujo nome era Fern Lewis, costurava algo, uma pequena boneca para a filha de sua vizinha, as mãos pequenas e habilidosas, costuravam um vestido para a boneca. Era assim que passava seus dias, costurando.
O seu gato, chamado Bigode, estava mais interessado em dormir do que fazer companhia para ela, seus pelos pretos eram brilhantes, seu corpo era esguio e tinha a energia de um filhote com sono.
Terminada a boneca, a senhora levantou-se de sua cadeira, para guard-la em uma pequena caixa.
Um estrondo ecoou, a fez derrubar o tecido costurado.
Um tiro de espingarda, junto com o estrondo, um grunhido alto, quase um uivo de dor.
Na frente de sua casa, um lobo estava morto, seu pelo era branco, o sangue não parava de jorrar da sua barriga.  Manchava a neve.
Um caçador chegou, sorria de uma forma diabólica.
- Finalmente te peguei sua praga, desculpe pelo barulho, senhora Lewis.
O caçador levantou o cadáver, Fern, que estava com a porta aberta, observava a cena com horror.
Conhecia o homem, o chamavam de Franz, ele criava ovelhas
perto da colina e adorava caçar qualquer coisa que viesse da floresta.
Seus cães de caça balançaram as caudas desprovidas de pelo.
Percebeu algo mexendo na neve, um filhote branco.
Ele havia matado uma loba que apenas tentava proteger seu filhote.
Covarde.
Pensou, mas nada disse a Franz, que já andava para longe com a loba pendurada, deve ter esquecido o pequeno filhote, ou não o viu na neve.
Ela o segurou, os olhos escuros como a noite, estavam arregalados e escuros como a noite.
Mas não produzia nenhum som, nem mesmo um choro de filhote perdido.
A lua estava alta no céu, nuvens como linhas a cercavam, a senhora ajeitou seu casaco e logo percebeu que estava frio demais.
Fechou a porta, colocou a filhote em um tapete e decidiu pegar um pouco de leite para ele, pois toda a carne que havia na casa, tinha acabado.
As narinas do filhote, farejavam os novos aromas, estava confuso, não sentia o cheiro de sua mãe e nem o cheiro da floresta.
Escutou um ruído estranho, um tik tak irritante e o som de outro animal.
Bigode decidiu vê-lo de perto, lambeu uma de suas orelhas e ficou ali o fitando.
Aquilo tudo o assustou.
O filhote uivou pela primeira vez e levantou-se do tapete, suas patas não conheciam aquela textura estranha, embora parecesse com pelo. Não sabia 
se a sua mãe voltaria, uma tristeza enorme invadiu seu pequeno coração.
Se calou rapidamente.
- Qual o seu nome? - Bigode o perguntou.
- É Thyra. - falou com a voz trêmula
- Não precisa ter medo pequena, está a salvo agora.
- O quê você é?
- Eu? Um gato, nunca viu nenhum?
- Não como você. - A pequena loba o respondeu, os únicos "gatos" que já havia visto eram maiores e não possuíam uma cauda tão longa.
Lembrou de que sua mãe os chamava de linces.
A senhora trouxe uma tigela de leite morno para Thyra, que cheirou aquilo e não sabia muito bem o que fazer, aquilo era comida, mas como se come algo assim?
Depois de espirrar algumas vezes por ter colocado todo o focinho dentro da tigela, ela aprendeu a beber o líquido.
Sentiu algo em suas costas, não se comparava as lambidas da mãe, mas era de alguma forma, reconfortante.
A senhora a levantou novamente e percebeu que se tratava de uma fêmea.
- Depois penso num nome para você, pequena.
Bocejou e murmurou algo, andou até um pequeno quarto e trouxe de lá um tecido para aquecer a lobinha.
Colocou no chão, perto de uma lareira cheia de brasas vermelhas e cinzas.
Thyra estava confusa.
Onde está a minha mãe?
Era a única coisa que conseguia pensar.
Lembrou do som assustador, do uivo da mãe e só.
Não passou pela sua cabeça a ideia de sua mãe estar morta.
Para ela, sua mãe era invencível, derrubava animais, lutava, corria, como algo tão forte poderia morrer?
A mulher tocou sua pequena cabeça peluda, Thyra não se assustou.
Depois disso saiu e a deixou com Bigode.
- Não acho que os moradores daqui irão gostar disso... - ele disse a encarando.
- Não irão gostar do que? - Thyra disse o fitando com seus olhos escuros.
- De alguém criando uma loba, sabe, ela não vai te abandonar e nem te jogar de volta na floresta. - o gato preto falou.
Ela já falava muito bem para um filhote de sua idade.
- Estou com sono.
- Deite ali. - Bigode disse apontando para o tecido no chão perto da lareira.
Ela ficou parada ao ver as pequenas chamas que surgiam das brasas.
- O que é isso? - nunca tinha visto algo assim.
- Fogo.
O fogo a aquecia e a deixava hipnotizada.
Escutou o gato subindo em uma daquelas coisas estranhas daquele lugar mais estranho ainda.
- Não vai dormir?
- Agora é a hora que eu estou acordado. - a respondeu com as pupilas dilatadas e saiu dali por um buraco na janela.

 - a respondeu com as pupilas dilatadas e saiu dali por um buraco na janela

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Levou um certo tempo para que ela finalmente conseguisse dormir.
Os ruídos não deixavam ela descansar
e quando deixaram, o medo começou a surgir.
Adormeceu com a lembrança do cheiro da mãe.

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