34. Na rota da vingança

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Eram quase seis e meia, o que em dezembro traduzia-se por uma noite fria com ar gélido. O local de encontro era um velho armazém abandonado. Pelas placas e indicações degradadas, pude perceber que se tratava de mais um local obrigado a encerrar devido à crise financeira.

Atualmente, sítios como aquele serviam para atividades clandestinas e a julgar pelo aparato criado pelo Aleksei, era óbvio que não estava para brincadeiras e pretendia desaparecer tão rápido como tinha aparecido.

Quando cheguei na companhia dele ao armazém, por fora dava a sensação que aquele local estava aparentemente na escuridão. Perguntei-me se o Tiago realmente aparecer ou acreditar que havia gente no interior daquele lugar.

Contudo, o interior do armazém encontrava-se francamente iluminado. Principalmente, numa divisão em específico. Nessa havia inclusive uma mesa com garrafas de água e café. O espaço estava limpo e guardado por quatro guarda-costas no interior, embora também tenha visto outras “sombras” e ouvido outros passos pelo edifício. Como explicação, Aleksei disse-me que havia segurança suficiente para manter aquele local bem seguro, pelo menos para nós.

A razão dada ao Tiago para se encontrarem ali seria para possivelmente reatarem as linhas de negócio. Como o Aleksei era um dos seus contactos perdidos mais importantes, à hora marcada ele compareceu no local.

Numa sala imediatamente ao lado e acompanhada por dois guarda-costas, ouvia a conversa encenada. Podia ouvir a confiança e falsa simpatia do Tiago que não disfarçava como a ideia de reaver aquele contacto era importante.

Ao fim de cerca de vinte minutos de conversa, chegou o momento da minha entrada. A frase que desencadeou tudo o que se seguiu, foi a seguinte:

- Se a polícia não estivesse no teu encalço, quem sabe… - Risos. – A quem estou a enganar? Não reato ligações quebradas. Já sabes que essa é a minha forma de trabalhar.

- O quê? Quem é que falou em polícia? A única pessoa que… - Mal se sentou levantar da cadeira onde estava sentado, um dos guarda-costas fê-lo dobrar-se sobre a mesa. Com os movimentos limitados e o rosto quase colocado à superfície metálica fria, viu-me entrar enquanto aplaudia de leve.

- Parabéns Aleksei, você merecia um óscar pela atuação. – Elogiei.

- Tu? O que…? – Começou a ligar os pontos. – Foste tu que lhe contaste a história da polícia? Disseste-lhe também que a culpa foi tua?!

- Minha? – Perguntei num tom inocente.

- Preferes acreditar nesta puta?

Vi o Aleksei fazer um sinal discreto e o guarda-costas servindo-se do cotovelo que mantinha Tiago curvado sobre a mesa, exerceu alguma pressão que foi o suficiente para ver como a dor se misturava com a falta de ar.

- Desde que a polícia esteja envolvida, as razões pouco me interessam. Se bem que neste caso, graças a ti, conheci alguém que considero uma amizade e contato valioso.

- Não gozes comigo, Aleksei. – Comentou sarcasticamente. – Abriu as pernas, não foi?

- E tu deste-lhe o cú? – Indaguei no mesmo tom. – Porque o Aleksei não parece desse tipo… agora tu, não podes dizer o mesmo.

Aleksei riu e confirmou:

- Não, eu cá continuo a preferir as belas curvas femininas.

Outros guarda-costas entraram na sala e enquanto dois deles ajudavam a manter Tiago imóvel, um outro usando uma navalha, começou a cortar-lhe o cinto das calças. Pude ver a sua expressão mudar e então, decidi dizer-lhe algumas coisas.

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