Com três batidas na porta, os malditos enfermeiros jogaram Rafaela para dentro da sala do Dr. José Renato.
- Obrigado, rapazes. - Ele sorriu e inspirou, virando-se para Rafaela - Olá querida, sente-se.
Relutantemente, a garota deixou-se cair na cadeira em frente à mesa do médico, que continuava sorrindo.
- Como estamos hoje?
Ela encarou-o, impaciente, só podia estar de brincadeira. A primeira regra para se lidar com uma louca é nunca perguntar como ela se sente, pois a resposta vai ser sempre a mesma:
-Uma merda - disse devagar e estalou a língua. - Como na semana passada, e na outra, e na outra.
Um sorriso sínico se formava nos lábios da garota, que só pensava em sair daquela sala fedorenta o mais rápido possível.
-Hum, vou anotar isso. - O senhor pigarreou - Bem, hoje é o tão esperado dia de visitas, mas eu não vi ninguém chegar para vê-la ainda...
-Nick virá. Só está um pouco atrasado. - Sorriu - Ele nunca foi bom com horários.
-Nick, não é? O seu namorado... Ele estava presente no dia dos crimes, certo?
- Já falei para você: Eu não posso contar sobre isso.
O médico inclinou a cabeça para o lado, observando suas anotações. Faltava algo, uma peça fundamental do quebra cabeça, e ele sabia o que era.
- Por que não pode contar?
-Porque...Porque...
De repente o olhar da garota se perdeu e ela parou de falar. Parecia perdida em pensamentos, confusa e distraída. Então, sua boca se abriu num perfeito "o" e seu rosto se contorceu de medo.
-Não, não, não! Eu juro! Eu juro que não! Eu não disse nada!
Com um movimento brusco, levantou-se da cadeira de uma vez, fitando a porta fechada como se houvesse algo lá.
-Por favor, eu não fiz nada! EU NÃO FIZ NADA! - gritou.
O doutor apenas observava, espantado. Não era a coisa mais assustadora que já vira, mas chegava perto.
A agitação da adolescente chegava a ser engraçada, conversando com o ar, pedindo aos berros para que o que fosse que estivesse vendo não a machucasse.
Entre granhidos e lágrimas, Rafaela agarrou a caneta da mão do homem, que estava abobado demais com a situação para reagir.
-Meu amor, estou dizendo! Tem que acreditar em mim! - As palavras já custavam a sair de sua boca, falhadas por causa do choro.
Ela parecia lutar contra si mesma, tentando impedir a mão que segurava a caneta de se aproximar de seu braço.
Trêmulo, Dr. José Renato finalmente reuniu forças para teclar o número da recepção no interfone, errando pelo menos duas vezes.
Mesmo com tantos anos de experiência, na hora "H" era impossível não se desesperar.
Mas, infelizmente, o golpe que a loira desferiu conta o próprio pulso foi certeiro. O sangue escarlate escorreu vagarosamente por sua pele branca, como se pintasse uma obra de arte.
Ao mesmo tempo em que chorava, ela olhava para o líquido vermelho vivo e se divertia.
Então, caiu de joelhos, rindo histericamente e causando calafrios no médico.
Encarou-o, com os olhos cheios de insanidade:
-Meu Nick não é um amor?
-*-*-
OPA, quem esperava por essa? e.e
Então, algumas coisas a declarar sobre esse capítulo:1- Está na terceira pessoa porque é um capítulo BÔNUS.
2- Acho que é meio óbvio que o Leo não sabe de nada que se passou aí.
3- NÃO ME XINGUEM POR ISSO, HAHAHAHAHA.
Espero que não tenham ficado com muito medo da Rafa, porque ela só está começando seu show de horrores. 😍
Spoiler do próximo capítulo: O doutor vai dar as caras de novo. ^^
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Devaneios
RomanceNo Hospital Psiquiátrico São Gabriel são internados os loucos que já cometeram assassinatos. Em 1984,um caso em especial se destacou,chamando a atenção da mídia para dois adolescentes: Leonardo e Rafaela. Com passados obscuros,talvez o dest...