Capítulo 7 - Consulta

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No dia seguinte,depois de terminar meu almoço, eu fui até a sala do Dr. José Renato,o psiquiatra do São Gabriel e pai da Ana.

Bati na porta duas vezes e coloquei a cabeça para dentro:

-Posso entrar?

-Ah, Leo! Entra,filho.

Adentrei a sala e comecei a tossir quase que imediatamente,enquanto me dirigia para a cadeira branca de frente a sua mesa.

A sala toda estava impregnada com cheiro de fumaça que eu já sabia vir de seu narguilé. Eu me perguntava se o resto do hospício tinha consciência de que ele fumava ali dentro.

-Como tem passado, garoto?

-Bem,e u acho. - O encarei, fazendo cara de confusão.

-Vamos lá. Me conte tudo que anda assombrando essa sua cabeça de melão. - Sorriu divertido, se levantando e indo em direção ao armário de remédios.

Eu pensei por um momento, nunca sabia como responder sobre isso. Muitas coisas rondavam minha mente, mas nada muito novo.

-Bom, nada demais.

-Os pesadelos continuam?

-Não, pararam depois dos novos remédios. A propósito, obrigado.

-Não há de que. E...Fiquei sabendo que você e a garota nova estão se dando bem. Que tal falarmos sobre isso?

Por algum motivo, ele foi certeiro em perguntar por ela, como se quisesse saber mais sobre Rafa do que sobre mim.

-Ah, isso. Somos amigos, eu acho.

A verdade era que eu não sabia definir o que éramos. Meus sentimentos sobre ela andavam confusos que só. Tanta coisa se passava na minha cabeça desde que ela chegara...

-E o que mais? -perguntou, como se lesse meus pensamentos.

-Tanta coisa está acontecendo...Todos me disseram para ter medo dela, mas ela não me parece perigosa. Mesmo que ela me assuste às vezes e pareça fora de controle. E agora tem esse namorado dela que eu considero um monstro, mas que ela parece amar. -Passei a mão pelo rosto, como se pudesse arrancar de mim toda aquela agonia.

Vi os olhos do médico se arregalando ao som das minhas palavras. Mas que merda ele estava escondendo?

-Opa, parece que temos um louco apaixonado. Algo pode ser mais perigoso que isso? - Balançou a cabeça, mudando de assunto.

O encarei. Um sorriso divertido brincava em seus lábios e ele me encarava de volta, sentando-se na mesa e colocando uma caixa de comprimidos sobre ela.

-Sei lá -respondi, sorrindo também. - Me sinto estranho. As coisas sobre ela não fazem sentido. Ela é como um labirinto que precisa ser desvendado, aparentemente sem saída ou futuro. Mas eu gosto disso.

Decidi ignorar as reações bizarras que ele parecia expressar quando falávamos sobre a garota, José Renato era conhecido por ser excêntrico.

-Seria tão legal se alguma coisa aqui fizesse sentido para variar - fez uma pausa. - A insônia persiste?

-Sim. Parece que não eram só os pesadelos que não me deixavam dormir.

Ele assentiu e anotou.

-Ah, e o seu dia de visitas? Foi a sua mãe quem veio te ver, não é?

-É -disse, amargo. - Foi um lixo. Eu não me dou muito bem com a minha família, o senhor sabe.

-Sim, eu sei. Acredite ,você não é o único.-Passou a mão pelos cabelos negros. - Mas, mesmo assim, me dê mais detalhes. O que aconteceu?

-Bom, Dona Odete veio esfregar na minha cara a boa educação que ela e meu pai se esforçaram tanto para me dar. Sabe, até senti pena dela, ela sabe que não foi bem assim.

-E você sentiu raiva dela?

-Obviamente. Os meus pais sempre gostaram de se gabar para quem quisesse ouvir que eu sempre tive do bom e do melhor, mas nunca quiseram realmente cuidar de mim. Eu não me surpreendo que esteja aqui agora.

-*-*-*-

O homem baixinho se despediu de mim e disse que entregaria a receita dos novos remédios para a Ana no dia seguinte, com os medicamentos para insônia. Acrescentou que eu deveria observar se eles teriam algum efeito colateral sobre mim e que deveria comunica-lo sobre qualquer coisa.

Saí da sala e fui direto para o meu quarto, me jogando na cama e, estranhamente, voltando a pensar sobre Rafaela.

Ah, Rafaela. O que eu deveria fazer para tira-la da minha cabeça de melão?

-*-*-

Fofo, meio bizarro por se tratar de uma consulta psiquiátrica...Tudo junto, né? Heuheu.

O que acharam? O Doutor é ou não alguém legal? Parece que a Rafa deixou ele meio...Traumatizado. Haha.

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