Capítulo 35

55.8K 4.9K 373
                                    

- Não!

Um grito suplicante me faz enterrar os pés no sofá. A chuva já havia cessado, mas o tempo continuava nublado, informando que a qualquer momento, viria mais.

Depois que Thomas dormiu, vim para a sala pensar um pouco e me adaptar com o fato de que, o homem por quem estava apaixonada, matava pessoas. Pessoas que queriam mata-lo, essas mesmas pessoas que queriam me ferir e abusar de mim, se Thomas não estivesse por perto. Isso faria dele um assassino? Não! Recuso-me a pensar assim, ele apenas se protege.

- Por favor... - outro choramingo e levanto de uma vez. O barulho vinha do meu quarto, o mesmo em que Thomas estava.

Sem demorar fui até ele e presenciei um terrível pesadelo que Thomas estava vivenciando. Ele estava todo suado, abraçando as pernas em seu peito, se encolhendo o máximo que podia ainda deitado na cama. Eu praticamente paralisei ao ver essa cena.

- Não pai, por favor, não me bate. - outra suplica saiu de seus lábios.

Thomas parecia uma criança, totalmente perdido. Subi na cama chamando seu nome com calma, para que não se assustasse, no entanto ele não acordava. Continuava pedindo ao pai, que não lhe batesse. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, meu coração pequeno por não conseguir lhe ajudar.

- Thomas! Thomas acorda! - sacudi-o chamando alto. Seus olhos abriram arlamados e em uma velocidade montou em cima de mim, seu antebraço apertando minha garganta me deixando sem fôlego. - Thomas, sou eu! Acorda!

Bati em seus braços, me sacudindo na cama. Os olhos de Thomas estavam enevoados, sofridos e com ódio. Lágrimas caíram de meus olhos, o ar ficando cada vez mais raro.

- Thomas, eu estou aqui, sou eu... Sua Mel.

Thomas pisca os olhos me olhando em confusão e sou liberada. Ele se afasta de mim, rolando na cama até cair no chão, indo de encontro com o guarda roupa. Puxo o ar, ofegante e começo a tossir, automaticamente cubro minha garganta com minhas mãos. Sento-me na cama e vejo os olhos de Thomas, me assistir com horror.

- Eu sou um monstro. - ele sussurra e observo ele puxar seus joelhos contra o peito, abraçando-as. Ele está tremendo. Busco semelhanças da primeira vez que isso aconteceu, porém tudo foi diferente.

- Thomas - minha voz está rouca, mas não me com isso. Engatinho pela cama, indo ao seu encontro, mas ele se encolhe e balança a cabeça em negativo. - Eu não vou deixa-lo. - contradigo.

- Deveria. - seu rosto é puro arrependimento, a voz cheia de angústia. - Deus, eu sinto muito.

- Não é culpa sua. - desço da cama e movo até ele, mas se afasta novamente. - Thomas...

- Eu poderia ter matado você... - ele segura o rosto com suas mãos.

- Mas não fez...

- Mas eu iria! Poderia ter te sufocado por mais tempo, se não tivesse acordado antes.

- Mas você acordou! Olhe para mim, eu estou bem. - noto um revirar em seus olhos e arfo ao confessar. - Estou um pouco assustada é claro, isso nunca aconteceu antes. Já dormir com você e nunca teve isso. Foi resultado de dias agitados.

- Dias agitados. - diz com culpa. - Isso já aconteceu mais nunca aconteceu com você. - ele me corrige e engulo seco.

- Sempre teve esses pesadelos?

- Desde que levei a primeira surra de Victor. - ele fala com raiva e balança a cabeça como se quisesse esquecer. - Mas quando durmo com você, é sempre a melhor noite de todas, até quando você não está comigo. Não me lembro de quando foi à última vez que tive uma noite atormentada, depois que você apareceu, tudo mudou. - ele me observa admirado.

Desejos & Segredos: O Toque Where stories live. Discover now