Capítulo 17

12.1K 1.3K 303
                                    

- AI MINHA NOSSA SENHORA. Lyra, o que aconteceu com você?

A encarei tipo "A senhora está vendo que meu corpo inteiro está coberto com fita isolante, inclusive minha boca?". E a mulher ficava me encarando, achando que eu ia responder! Fiquei a encarando por um tempo, pra ver se ela se tocava que era pra me soltar.

- Skddkkfkfnfjd.

- O que foi? Querida, não entendi.

- Sodkemfkrorlktt.

- Você quer que eu te ajude? - Assenti. - Ok, só um minutinho. Acho que isso vai doer um pouco. - Ela puxou com força um pedaço de fita que estava na minha perna. Quase chorei. - Nossa, quanto pelo que saiu da sua perna! Vou começar a me depilar com fita isolante.

Ela foi tirando toda a fita, o que demorou uns dez minutos. Quando acabou, eu estava toda vermelha e dolorida. Ah, mas eles vão pagar caro por isso! Lyra Rivera nunca se esquece! Lyra Rivera é bicha vingativa!

- Tia, dá um pouco dessa fita aí.

- Por que?

- Faltou um pedaço da perna a ser depilado. - Tirei o restinho que faltava. - Pronto.

- Quem fez isso com você?

- Adivinha! Seu sobrinho querido e os amiguinhos dele, titia! É tudo falsiane! Tá tudo possuído pelo Satanás! - Um troço pulou no sofá. - Ai, Moon! Gato idiota, fica assustando os outros! Ô, aonde ele tava? Essa é a segunda vez que eu vejo esse gato desde que cheguei aqui.

- O Moon é bem selvagem, Lyra. Ele some por um tempinho, depois reaparece.

- Ah. Tipo, ele gosta que o peguem?

- Odeia.

Tive uma ideia. Uma ideia pra lá de sensacional.

Ajudei minha tia a fazer a maravilhosamente horrorosa lasanha de beringela, que só nós duas comemos, porque os meninos tinham sumido. Eles foram aparecer lá pelas cinco da tarde. É claro que isso não os impediu de levar bronca. Ah, meninos, acham que são só as palavras da tia Josie? Não. Não é só isso não.

Eu assisti minha novela mexicana calada, enquanto os meninos pediam desculpa pra mim e tentavam me fazer prestar atenção neles.

- Lyra! Lyra! - David Porra me chamava. Nesse momento, Carmen Lúcia joga Antônio Manoel da escada, pois ela havia descoberto que ele tinha outra família com a empregada. - Lyra... é... você não vai fazer isso com a gente não, né?... Lyra?... Tá fazendo aquela coisa trouxa de greve do silêncio?... Lyra?

Eles deram uma tranquilizada, pois pensaram que a minha vingança era a tal greve do silêncio. Já me conhecem há um certo tempo, deveriam saber que eu não sou de deixar barato.

Nós jantamos aquela lasanha de novo e os meninos foram pro quarto. Quando dormiram, comecei o meu plano. Enchi o sótão com um óleo que tinha cheiro de peixe (por que minha tia tem essas coisas? Uma palavra: macumba), inclusive a mochila do David, e esperei o gato entrar dentro da mochila. Quando entrou, eu a fechei, o que deixou o demônio louquinho. Ficou andando pra lá e pra cá, dando umas "ajdjrkrofkrfjf". É sério, aquilo não era miado! Parecia que eu estava exorcizando ele! Esse gato foi possuído pelo ritmo ragatanga, só pode. Levei a mochila lá pra cima, peguei minhas coisas essenciais e tirei do sótão. Abri a mochila, o que fez o gato dar a louca. Fechei a porta, deixando os meninos com o demoninho.

- AH! GATO, SAI DAQUI!

Comecei a rir e mexi nos meus esmaltes, encontrando uma base. Passei uma camada em todos os sabonetes do banheiro, para que não saia nenhuma espuma e que eles continuem com o cheiro do peixe. Bom, como eu durmo junto com eles, o cheiro concentrado dos puns fica no ar e não é muito diferente desse óleo aí. Então eles nem vão perceber. Nossa, tô me superando. Já posso ser uma vilã da Disney.

2 MesesWhere stories live. Discover now