Capítulo 9

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Enfim, David não tinha nada no saco, só dor mesmo. O médico deu uns remédios, e ele foi liberado.

- Vontade de comer um lanche do McDonald's - falei. - Quem vai comigo no carro?

- Eu! - Greg pulou, estendendo a mão. Em seguida, ele correu até o carro e se sentou no carona.

- Nem morto que eu vou com você, Lyra. Você é doida, cara - David disse. - Parecia que eu tava numa montanha russa, sei lá.

- Montanha russa? - Harry perguntou.

- É. A menina breca, acelera, acelera mais, aí ela breca, aí eu caio do banco, aí ela vira o carro como se quisesse que capotasse, acelera, breca, acelera... É uma coisa muito doida, velho.

- Eu vou - Alex disse, como se fosse um guerreiro se sacrificando. - Além disso, quero ir no Mc.

- A gente vai passar no McDonald's? Quero ir nesse carro também - Johnny disse.

- Eu também - Harry disse.

- Eu só quero ir pra casa, descansar minhas bolas - David falou.

- Então vai dirigindo o meu carro, porque eu também quero ir no Mc. - Nathan entregou a chave do carro dele para David.

- Beleza. Tchau, povo. Quero ver caber seis pessoas nesse carro.

- Eu sou a motorista! - gritei, entrando no carro.

Foi uma luta para decidir quem seriam os três que sentariam atrás e quem sentaria em cima deles. Eu era a motorista, Greg estava ao meu lado e Johnny, Harry e Nathan estavam sentados, enquanto Alex ficava deitado em cima deles.

Fiz minhas manobras fodásticas e parei no drive do McDonald's, pedindo sete Big Macs, com sete batatas e sete cocas pra viagem. Os meninos seguraram tudo e nós tivemos que descer no supermercado pra comprar coca de novo, porque Greg tinha deixado duas bandejinhas com quatro cocas voarem da janela do carro. A desculpa do menino foi: "Você que fica fazendo essas viradas loucas na rua, Lyra!". Ou seja, supostamente a culpa foi minha. Só que não. Paramos em uma confeitaria e compramos cupcakes e muffins também.

Nós entramos na casa da minha tia e esparramamos as comidas na mesa.

- Chegamos, David Porra! - gritei. - Menino, a gente trouxe comida, aonde é que você tá?

Começamos a escutar uns gemidos vindos lá de cima. Fiquei com raiva. Esse menino estava com dor no saco até agora, né? Ele não pode estrar transando ou se masturbando. Se ele estiver... Eu mato. Fui com raiva até lá em cima e percebi que os gemidos vinham do sótão.

- Escuta aqui, muleque. Se você estiver batendo punheta aí, eu vou te matar! Eu te escutei reclamar desse seu saco a tarde inteira e de como ele estava inchado e doendo. Tá ouvindo?

- Não tô batendo punheta, Lyra. É que eu caí e machuquei o saco de novo.

E aqui estamos nós, novamente, preenchendo uma porra de formulário para atenderem meu primo idiota. O médico o atendeu e dessa vez eu nem me preocupei em saber como ele estava. Só que o tiozinho tem que contar pros "parentes" o acontecido com o menino. Mesmo se eles estiverem comendo um Big Mac!

- Olha, David está bem... de novo. Mas o pênis dele está meio vermelho, um pouco judiado, coitado. Por isso nós decidimos dar uma enfaixada no local para não ter mais danos.

- Perdi a fome - falei, jogando metade do Big Mac no lixo.

- E as bolas, doutor? - Alex disse dramático, com a mão no ombro do médico.

- Vão ficar bem, meu filho, vão ficar bem. Elas sobreviveram - o médico respondeu no mesmo tom.

Anoiteceu e David Porra saiu do hospital. Eu quis dirigir de novo, mas dessa vez só Greg quis ir comigo no carro. Parece que não gostaram do meu jeito de dirigir. Tô chateada agora.

- Dói muito? - perguntei a Greg, depois de ligar o rádio.

- O que?

- Machucar o saco.

- Eu não sei, nunca machuquei o meu. Ele está em ótimas condições. - Greg riu e eu o encarei.

- Você acha mesmo que eu vou ficar excitada com essa sua afirmação, vou parar o carro no meio do nada e pedir pra você dar o ar da graça com esse seu "pinto em ótimas condições"?

- Não seria uma má ideia - ele disse, passando a mão pela parte inteira na minha coxa. No mesmo instante a tirei de lá.

- Olha aqui, Greg, me deixa em paz. Eu não quero dar uns pega em você, nem quero conhecer seu pinto em ótimas condições.

- Mas por que? - ele perguntou, passando a mão nas minhas coxas de novo. Parei o carro.

- Desce. Desce, agora.

- Mas esse carro é meu!

- Então eu desço. Vou ligar pro Nathan vir me buscar. - Fui tentar sair do carro, mas ele me segurou e me puxou pra perto dele.

- Lyra... Qual é? - Ele começou a dar mordidas no meu pescoço. Era só o que me faltava agora, o menino é um vampiro. - Vai me dizer que não me quer?

- Não quero. - Engoli em seco. Ô merda, esse menino está me fazendo ceder, como é que pode isso?

- Tem certeza? - Ele mordeu o lóbulo da minha orelha.

- Tenho. - Mas aí eu abrir a boca pra falar, ele me beijou. Socou a língua na minha boca. E eu beijei de volta!

Logo percebi o que estava fazendo... e o que ele estava fazendo. O menino tava com a mão nos meus peitos! E eu estava sentada em cima dele! Por que eu estava em cima dele? Não me lembro disso. Parei o beijo e o empurrei.

- Eu te odeio. E se me tocar de novo, eu ligo pra polícia - falei, ofegante. Liguei o carro de novo e comecei a dirigir. Ah, mas esse menino vai sofrer.

Todas as viradas para a esquerda, eu virei loucamente, fazendo Greg grudar no vidro do carro. Eu acelerava, brecava, acelerava mais, brecava... Cheguei na casa da minha tia e saí do carro.

- Eu tô vivo - ele falou, saindo do carro cambaleante. - Eu ainda tô vivo. E ainda me lembro do que quase aconteceu no carro.

- Você não se lembra de nada não. Nada. Extremamente nada. Segue sua vida.

- Se você conseguir seguir a sua... - Ele colocou o braço na minha cintura, mas eu me soltei.

- Já tô seguindo, meu filho. Nem lembro o seu nome. Como é que é mesmo? Ah, é. George. Não, acho que é Genny. Ou será que Giovanni? Realmente, não me recordo. Tá aqui sua chave, Gina. - Joguei a chave no meio do mato da entrada da casa. - Tenha uma boa noite. - Tranquei a porta.

- Ou! Eu ainda vou entrar!

- Não vai não! Tô te expulsando da casa!

- Você não pode me expulsar! A casa não é sua!

- Mas é da minha tia!

- Mas eu sou amigo do seu primo e dos amigos dele! Eu tenho o direito de entrar!

- Você não tem nada. - Fechei todas as cortinas.

- Lyra! Lyra!

- Eu vou chamar a polícia se você continuar!

- Chama, não tô nem aí.

Peguei o telefone e abri uma cortina, mostrando pra ele. Ele levantou a sobrancelha e eu comecei a teclar vários números, fingindo que estava ligando para a polícia. Coloquei o telefone no ouvido e comecei a falar:

- Alô? Policial... É. Eu estou aqui sozinha, na minha casa... - Comecei a chorar. - E... Tem um cara me vigiando. Ele fica gritando o meu nome e pedindo pra eu deixá-lo entrar... Tá bom, venha logo policial. Estou com muito medo!

Greg arregalou os olhos e saiu correndo para o seu carro. São todos uns bocós.

2 MesesWhere stories live. Discover now