9 •◇A colheita◇•

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Confesso que cozinhar não é uma das minhas maiores habilidades, mas isso não era aplicável quando se tratava de fazer massa. Seja macarronada, lasanha e entre outros.

Hoje vou preparar uma lasanha enquanto a Naomi vai assar um bolo a meu pedido. Márcio completava 46 anos e eu queria comemorar de alguma forma, convidei a família da Naomi e o Erick para virem aqui em casa por volta das 20 horas.

Planejei comprar uma lembrança pra ele também, alguma coisa haver com basquete, talvez uma miniatura ou uma caneca? Eu ainda não sei, daria uma olhada numa loja que vende esses artigos voltados pro mundo nerd que eu achei no Google maps. Foi irresponsável da minha parte deixar pra cima da hora, mas faz parte da minha personalidade, de quem eu sou, ser uma procrastinadora que se deixa ser consumida pela ansiedade até o último instante é um traço do meu sangue, algo que nem terapia daria um jeito.

Márcio estava jogado no sofá enquanto eu estava na cozinha temperando o frango, ele assistia um noticiário regional, ao que parecia os casos de estrupo haviam aumentado consideravelmente.

-Louisa -Márcio se endireita para que seja possível me ver -Você está ouvindo?

-Não muito. -Digo montando queijo e presunto na bandeja.

-Parece que as coisas estão perigosas...você anda com algum tipo de proteção?

-Eu nem saio de casa, pai. -Derramo o frango temperado e desfiado sobre o queijo -no máximo vou na casa do Gabi.

-Mesmo assim, toma cuidado, anda com...sei lá, um spray de pimenta?

Não consigo evitar de rir.

-Tudo bem, pai. -Respondo ainda tentando segurar o riso, sabia da seriedade do assunto, mas sua preocupação era adorável.

Meu pai nunca precisou se preocupar comigo, desde criança tentei ao máximo evitar problemas para não lhe preocupar, já não bastava o trabalho, uma filha rebelde sem uma esposa para apoiá-lo só complicaria as coisas e dificultar a sua vida não era algo que eu desejava.

...

Depois aprontar a lasanha e fazer uma pequena limpeza na sala e na cozinha para receber os convidados, decidi que era um ótimo horário para ir na lojinha atrás de algum presente. Vesti uma calça jeans, uma camisa e um sobretudo de tecido fino, deixei meu cabelo solto e coloquei um all star nos pés. Fui até o pequeno claviculário na cozinha e peguei a chave do carro, lembrei-me do pedido que Márcio fez mais cedo sobre eu tomar cuidado, mas o que eu poderia usar? Vou na direção das gavetas da bancada da sala com a recordação de uma máquina de choque, vasculho e a encontro.

-Bingo. -Coloco ela na minha bolsa e caminho na direção da saída.

....

Chego na loja acompanha dos últimos raios de sol do dia, o crepúsculo mesclado em tons de roxo, azul e laranja, acompanhado da luz emitida pela lua dera um toque excepcional no céu.

Estaciono o carro umas duas quadras da loja por conta da falta de vaga e caminho até lá. O local era realmente aconchegante, havia prateleiras designadas apenas para artigos da cultura asiática, como miniaturas de personagens de animes, fileiras de mangás, almofadas e por aí vai. Também haviam prateleiras com artigos de personagens famosos dos anos 80. O lugar tinha um cheiro num tanto incômodo, mas não era de se estranhar, haviam miudezas espalhadas por todos os lados, desde o chão até o teto, só de manter um ar respirável já era de se admirar, aposto que limpar esse lugar cheio de bugigangas não era uma tarefa fácil.

-Olá -Uma senhora que aparentava viver nos anos 70 me cumprimenta -Em que posso ajudar?

-Estou procurando alguma coisa que tenha haver com basquete. -Respondo ainda observando o local, tinha de tudo ali, um mundo gigantesco exprimido num local que não deveria ter mais do que 15 m².

Fênices e Serpentes Where stories live. Discover now