8 •◇Filhos da paz◇•

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Os dias se sucediam lentamente, mais uma vez eu estava mergulhada na mesmice de sempre. Erick tentara inúmeras vezes convencer a irmã a me explicar mais sobre o mundo envolvendo fênices e serpentes que há pouco era desconhecido pra mim.

Descobri que Michelly era uma serpentina, diferente do irmão que era um fênix, Erick me explicou que isso se devia ao fato de que a mãe era uma serpentina também enquanto o pai era um fênix, quando a Michelly nasceu os genótipos da mãe prevaleceram.

Conheci também o termo "filhos da paz", utilizado para se referir aos filhos entre fênices e serpentes, no caso a Michelly, e também o Fernando, como Gabi havia me contado. Por serem filhos das duas espécies eles não podem ser atacados e sim protegidos pois são a tentativa de reconciliação entre os rivais. Erick supostamente também é um filho da paz já que o caso do seu pai foi mantido em segredo.

Pouco a pouco eu ia descobrindo mais sobre esses seres graças a ajuda do Erick e algumas palavras de sua irmã. Michelly se manteve distante ao longo do tempo que estava na casa do irmão, já fazem 6 dias que ela chegou. Com as suas migalhas de informações eu obtive respostas enquanto novas perguntas surgiam.

Agora eu estava caminhando a passos largos na direção do colégio, atrasada como de costume. Entro na sala já me desculpando com o professor que apenas gesticulou que eu me sentasse e assim eu o fiz, me direcionei a minha carteira, mas travei por alguns segundos no mesmo lugar que eu estava, apenas encarando a figura que sentada atrás de mim.

Fernando estava relaxado sobre sua carteira, seus olhos que antes folheavam o caderno se ergueram e encontraram-se com os meus. Senti um embrulho no estômago enquanto sou tomada por um choque e surpresa ao vê-lo tão sereno depois de ter sumido por quase 3 meses.

Me sento lentamente enquanto tento relaxar de forma falha, sentia os músculos do meu corpo tensos, eu estava nervosa, passei todo esse tempo esperando para poder encontrá-lo, fazer as perguntas que estavam me matando por não ter as respostas e principalmente, queria saber o porquê dele ter sumido.

A aula decorre no seu ritmo normal, porém era como se ela se arrastasse propositadamente, cada segundo se passava como minutos, fitava o relógio e nada dos ponteiros se moverem da forma como eu queria. Lanço meu olhar para a Janela e nada do Sol se mover também, tudo estava lento demais, arrastado demais, sufocante demais, a ansiedade gritava e exalava por todos os meus poros.

Estou roendo a décima unha quando finalmente o sinal da última aula toca, me levanto de forma brusca enquanto soco todos os meus materiais na mochila, me viro e noto Fernando tranquilamente organizando suas coisas o que me deu nos nervos, eu estava ansiosa enquanto ele aparentava estar sublime.

Seu corpo se põe de pé e suas pernas começam a caminhar na direção da porta, o chamo, mas ele simplesmente ignora.

Frustrada começo a segui-lo em passos desengonçados, tropeçando nos meus próprios pés e esbarrando nas carteiras que formavam o corredor até a porta, caminhamos até a saída, chegando no acesso ao estacionamento, ele para bruscamente fazendo com que eu esbarre na sua costa.

-Podemos conversar depois? -Ele sussurra.

-Não. -é claro que não poderíamos, temos que conversar agora, se eu o deixar ir ele pode voltar a sumir outras vez, ó céus, não.

Ele suspira com a minha resposta.

-Não vai me deixar em paz, não é?

Nego com a cabeça.

Ele olha em volta, suspira mais uma vez.

-Eu preciso de respostas -Digo tentando disfarçar a ansiedade na voz -Por que você sumiu?

Fênices e Serpentes Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin