7 •◇Michelly◇•

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Os dias se seguiram como se nada tivesse acontecido, Gabi e eu voltamos a nos falar e andar juntos, Erick deixou de me importunar ou aparecer na minha casa e Fernando...é como se ele nunca tivesse existido.

Ao mesmo tempo que é algo agradável, também é incômodo, não posso simplesmente ignorar as coisas e jogar para debaixo do tapete, embora fosse isso o que eu estava fazendo.

O mundo ao meu redor estava perdendo a graça enquanto a minha mente se ocupava com questionamentos sobre o novo mundo que foi me revelado. Ao mesmo tempo que quero fazer perguntas ao meu vizinho estranho, quero que ele fique bem longe de mim com aqueles papos de acasalamento.

Agora estou no meu quarto, sentada em frente a minha escrivaninha. Fazia anotações num papel, uma pequena lista das coisas que eu gostaria de obter as respostas, algumas delas que apenas o Fernando poderia responder.

Suspiro frustrada e me sentindo incapaz, incapaz de fazer algo a não ser permanecer sentada aqui rabiscando papéis que não vão me ajudar em nada.

Direciono meu olhar para a janela que dava acesso à vista da casa ao lado, a casa dele. Lembro-me de suas palavras, de ter me vigiado por essa janela.

Me levanto e vou na direção dela, fecho as cortinas com certa brutalidade.

-Safado. -Digo num sussurro.

Encaro as cortinas fechadas e então abro uma fresta entre elas e espio a casa ao lado.

Eu preciso de respostas, mas é frustrante que só ele possa me dar, fico na dúvida se o procuro ou não, se não fosse tão idiota...

Suspiro, passo as mãos pelos cabelos e tomo uma decisão já indo para o primeiro andar, certa de que vou me arrepender.

Vou a passos largos para o portão de sua casa, toco a campainha e mais uma vez percebo que está aberto.

Adentro o local como se já fosse íntima, ele me deu passe livre pra isso, estava decidida, qualquer vacilar eu não terei mais coragem.

-Você tem que cuidar desse portão -Digo enquanto entro na casa -qualquer um vai ter acesso a sua casa.

Olho em volta e percebo que ainda haviam muitas caixas lacradas, embora alguns móveis já estivessem dispostos nos seus lugares.

-Erick? -Caminho pela casa que estava sinistramente silenciosa -Será se ele...

Antes que eu tenha qualquer reação sinto uma mão agarrar meu pescoço e me empurra contra a parede, fazendo com que a minha cabeça e o meu corpo se choquem na dureza do cimento.

Solto um grunhido de dor enquanto sinto minha cabeça ficar zonza.

Meu pescoço continua sendo pressionado, o que me tira o fôlego, tento tirar a mão que me segurava, mas, seja quem for, era mais forte que eu.

-O que você tá fazendo?!

Escuto a voz do Erick se aproximar.

A mão firme deixa o meu pescoço e eu caio de joelhos no chão puxando o ar com toda a força que consigo reunir inflando os pulmões de forma violenta.

-Ela entrou na casa sem mais nem menos, deve ser uma ladra asquerosa. -Escuto uma voz feminina dizer.

-Que ladra o quê?! -Erick se coloca ao meu lado, me oferecendo ajuda para que eu me levante -Ela é a minha mulher.

-Que mulher o quê. -Digo com a voz falha por conta do aperto, minha respiração ainda desregulada.

Ergo meu rosto e vejo a figura que até a pouco estava para me matar.

Fênices e Serpentes Onde histórias criam vida. Descubra agora