3 •◇Uma partida sem despedidas◇•

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Ele era um aluno novo que acabara de se mudar para a cidade com a sua mãe. Fernando em poucos dias se adaptou ao colégio sendo destaque nas matérias e nos esportes.

Ele só estava aqui há 1 mês, mas já era reconhecido e prestigiado por todos, ainda assim não escondia sua intolerância pelas pessoas, não gostava de conversar com ninguém ou de se aproximar das pessoas, exceto eu.

Talvez essa fosse a minha condenação por ser a sua "quase-assassina". Fernando fez questão de me atormentar todos os dias, no começo eu fiquei irritada, mas agora já estava me acostumando com a sua presença.

-Eu gosto do seu cabelo -Ele diz enquanto brinca com uma mecha.

Nos encontrávamos no pátio do colégio, o qual ficava estranhamente vazio na hora do intervalo, os alunos preferiam ir para a quadra, então o pátio se tornava uma ótima opção para se ter paz, se você não estiver acompanhado de um sujeito como o Fernando, claro.

Eu estava lendo uma obra para o trabalho de literatura inglesa,"o morro dos ventos uivantes" enquanto ele estava apenas sentado do meu lado mexendo no meu cabelo.

-Cê não tem o que fazer, não? -Pergunto sem tirar os olhos da página.

-Não e você? -Responde de forma sarcástica.

Fecho o livro e o encaro, ele começa a rir.

-Por que? -Questiono sentindo uma certa irritação no fundo da minha voz.

-O que?

-Por que tem que ficar me enchendo o saco?

-É divertido -Ele dá de ombros -Eu gosto de ficar contigo.

Reviro os olhos e volto a me concentrar na leitura.

Ele continua a tagarelar do meu lado, mas eu ignoro até que ele puxa o livro da minha mão.

-Ei! Devolve isso. -Digo enquanto tento pegar do seu braço que estava estendido.

Ele continua a afastar o livro que eu tento alcançar até que ele perde o equilíbrio do banco e cai pra trás me puxando junto.

Caio em cima dele que começa a rir da situação, o encaro furiosa, mas a cena que eu vejo esvai qualquer sentimento negativo que estava sentindo. Seus olhos estavam fechados enquanto ele ria de forma relaxada e sincera, estava simplesmente adorável.

Ele abre os olhos ainda sorrindo e os fixa nos meus e em como todas as vezes sinto minhas bochechas se aquecerem. Seu sorriso vai diminuindo à medida que sua expressão vai ficando séria, continuamos presos no olhar um do outro e sinto meu coração errar uma batida. Ele coloca uma das mãos no meu rosto e o acaricia com o polegar, a sensação de formigamento volta na região que ele toca. Seus olhos vão na direção dos meus lábios e rapidamente voltam aos meus, eu já não me lembrava como se respira, ele enclina seu rosto pra cima diminuindo a curta distância que havia entre nós, nossos lábios a centímetros um do outro.

Viro meu rosto pro lado e então me afasto, me apoio no banco para me levantar enquanto ele permanece no chão, mudo.

Pego o livro de sua mão, o coloco na mochila e decido me afastar dali.

Meu coração bate freneticamente no meu peito enquanto eu tento recuperar o fôlego e o raciocínio lógico.

O que acabou de acontecer?

A sensação estranhamente agradável do toque dele ainda estava na minha pele e quanto mais aquela cena repassava na minha cabeça, mais eu sentia alguma coisa crescendo dentro de mim.

Os horários de aula acabaram e eu fui pro estacionamento esperar o Gabi, hoje eu iria pra casa dele pra gente passar um tempo juntos, jogando ou assistindo.

Fênices e Serpentes Where stories live. Discover now