Sob O Domínio do sheik

🐫 Capítulo 03 🐫

Layla Nabih

Desperto na manhã seguinte sentindo uma pequena confusão mental. Não entendo o motivo pelo qual sonhei com aquele homem. Talvez tenha sido por causa do seu olhar sombrio sobre mim. Não posso negar que senti um calafrio percorrer toda a minha espinha ao perceber seus olhos queimando toda a minha pele. Pareciam querer me devorar.

Eu podia ouvir as batidas aceleradas do meu coração por conta do sonho que tive na noite passada. Não sei explicar que sensação foi essa que experimentei naquele momento. Nunca senti nada parecido antes.

Meu estômago dá sinais de fome. Só assim consigo despertar dos meus pensamentos. Às vezes me sinto castigada por eles, pois por mais que eu tente bloqueá-los, eles sempre me atormentam.

Levanto-me, sigo para o banheiro e faço minha higiene matinal. Depois troco de roupa e vou para a cozinha. Mamãe, antes de sair para o trabalho, preparou um delicioso café da manhã para mim à base de torradas e frutas vermelhas. São as minhas prediletas. Degusto tudo maravilhada. Ela sabe como me agradar.

Organizo algumas coisas em casa e em meu quarto. O lugar está uma zona. Há roupas para dobrar e passar, chão para limpar e vidros secos de perfumes para serem jogados fora, indicando que eu preciso comprar um novo para mim. Isso está na minha lista de compras para quando eu receber o dinheiro do próximo mês.

Não costumo reclamar da vida, pois sou grata por tudo que tenho. Minha mãe me ensinou seus verdadeiros valores, que não se resumem em dinheiro e bem materiais.

Quando chegamos com poucos recursos aqui, no Brasil, fomos para a casa da minha avó. Ela foi contra o casamento da minha mãe porque sabia que a família do meu pai não apoiava a união dos dois por ela ser de uma cultura diferente. Porém, no fim, o amor deles falou mais alto e eles se casaram. Mesmo assim, quando precisamos retornar, minha vozinha nos acolheu de braços abertos. Mamãe, de início, não queria vir, já que achava melhor permanecermos na Califórnia. Entretanto, o custo de vida lá era muito alto. E depois daquela noite horrível que não quero nem me lembrar, não houve outra opção. Desse modo, retornamos ao Rio.

Pouco tempo depois, minha avó apresentou um problema cardíaco sério que deveria ser tratado com urgência. Ela necessitava realizar uma cirurgia de emergência, visto que foi detectada uma arteriosclerose no seu coração. Como as condições públicas de saúde ofertadas pelo governo são bem precárias, minha mãe, que já trabalhava no hotel, foi obrigada a fazer um empréstimo. Como nós precisávamos do dinheiro com rapidez, e devido às burocracias exigidas nos bancos, minha mãe buscou a forma mais rápida, porém mais perigosa: procurou esse empréstimo com um agiota. O dinheiro foi arranjado: 30 mil reais com juros altíssimos. Ficamos devendo em torno de 100 mil, que pagamos até hoje. A cirurgia foi feita com sucesso e foi realizada a colocação de um stent no coração da minha vozinha. No entanto, infelizmente, ela se foi seis meses depois.