Capítulo Dezenove - Dois Milagres

1K 81 27
                                    

Esse capitulo será muito especial, e a música que coloquei pertence a Bárbara Dias - 9 meses.

QUATRO ANOS ATRÁS

E pela terceira vez naquele mesmo dia, Megan estava debruçada no vaso sanitário colocando para fora o único pão que tinha se obrigado a comer. Três meses já tinha se passado e ela se sentia uma confusão de sentimentos misturados com nervos alterados. Tristeza, raiva e principalmente rancor lhe acompanhavam dia após dias naqueles malditos três meses. Por diversas vezes culpava o estresse com seus vômitos exercíveis nos últimos dias.

Limpando a boca amargurada apertou a descarga e quando se levantou para começar a lavar a boca encontrou a prima lhe estudando dos pés a cabeça. Ela já tinha reparado algo de errado com Megan a um bom tempo – Você devia ir ao médico. – encostou-se ao umbral da porta e cruzou os braços – porque você está evitando tanto fazer isso?

-Deve ser alguma coisa que eu comi – Megan resmungou e começou a escovar os dentes em silêncio, as duas já havia se desentendido algumas vezes naquele mesmo mês pela desobediência de Megan não querer fazer nenhum exame. Saiu do banheiro sem olhar para os olhos da prima acusadores e foi para a cozinha ver como estava o molho do macarrão que resolvera fazer para ao menos alguém daquela casa ter uma comida descente. Yasmin como sempre desde o dia em que Pedro morreu estava no quarto, só se levantava para tomar banho e comer migalhas de comida. Paulo e Alice estavam nos seus quartos também não fazendo questão de aparecerem para conversar e o que mais preocupava era que os dois não estavam indo bem na escola. Soltando um suspiro, Megan decidiu tentar pelo menos dessa vez tirar a mãe do quarto e ter a esperança para poder comer decentemente.

-Você sabe que não deve ser só isso – Larissa falou mexendo em uma flor que estava murchando na mesa – desde que ele foi embora, seus enjoos estão frequentes. E também precisa ver se você pegou alguma virose. Você passou meses saindo a noite e voltando apenas de manhã.

Olhando para Larissa, Megan tentou novamente ter coragem para dizer o que ela vinha fazendo em suas noites. As noites que ao menos trazia um trocado para casa e tentava economizar o que tinha antes de conseguirem vencer a causa da indenização pela morte do pai. Olhou para a panela e voltou a memoria as suas noites que era preenchida por servir copos de bebidas para os homens que iriam passar a noite naquele lugar com mulheres que trabalhavam como Amélia. No começo pensou que a mesma a tinha levado ali para fazer aquele tipo de trabalho, mas nem o próprio dono viu nela a capacidade de fazer aquile tipo de coisa e lhe colocou como garçonete. Teve varias propostas claro, de homens lhe prometendo uma vida melhor e muito dinheiro por apenas uma noite como a mesma, mas decidiu que não iria se corromper daquela forma.

-Depois conversamos sobre isso - foi em direção ao quarto de sua mãe para ver como estava seu estado e desviando daquela conversa. Sabia que Larissa estava ficando impaciente, mas o que ela podia fazer naquela altura do campeonato? – mãe... –foi entrando aos poucos, e vendo a sua mãe deitada e olhando a foto de seu marido que ficava em seu criado-mudo. Se ela estava sofrendo, imagine a sua mãe? – vamos comer?

-Estou sem fome. – era sempre a resposta de Yasmin. A mulher tinha perdido peso e tinha enormes olheiras debaixo dos olhos. Como uma mulher tão forte como sua mãe, podia estar passando por essa situação?

-Só um pouco. – Megan engoliu o bolo que tinha subido por sua garganta e se aproximou da cama – a senhora não come direito há dias. No final, vai acabar morrendo.

-Não seria má ideia – Yasmin resmungou e nesse momento Megan explodiu

-Como tem coragem de falar isso? –falou alto e rude, fazendo Yasmin pela primeira vez a olhar – não é só porque o papai morreu que precisa a senhora morrer também. E Paulo e Alice? E eu? Já faz três meses mãe. TRÊS MESES. Ficar se desfiando não trará o meu pai de volta.

Perdoe-meWhere stories live. Discover now