O Gato de Setealem

41 9 146
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Você acredita em realidades paralelas?

Milhões e milhões de realidades onde tudo pode ter acontecido. Desde a você ser assassinado e até mesmo ser o assassino. Você pode ser um policial ou terrorista, e várias outras coisas que puder imaginar. Parando para pensar, isso é algo bem difícil de acreditar, pelo menos para mim. Até sentir na pele. Sim, eu caí de paraquedas em uma delas e não foi uma experiência muito boa. O que acha de eu contar uma história, querido leitor?

Tudo começou em um dia normal. Estava caminhando até meu trabalho como caixa de farmácia. Estava atravessando a faixa de pedestres quando avistei um gato todo machucado deitado na calçada. Me aproximei, notei que sua pata esquerda estava quebrada e tinha vários outros machucados pelo seu corpo, fiquei horrorizado com a maldade que fizeram com ele.

Com muito cuidado, peguei ele no colo e o levei até o veterinário às pressas. Acabei o deixando para a adoção. Já tinha um cachorro em casa e não gostava muito de gatos. Porém, no dia seguinte ele apareceu na minha janela, mas não fiz nada, apenas o deixei ir embora sozinho. Também estranhei o fato de ele estar fora de um centro de adoção, mas não dei importância, peguei minhas coisas e fui trabalhar.

O tempo foi passando, e quanto mais o sol se punha, mais os eventos eram estranhos. O encontrava na minha janela quando acordava, me seguindo na rua, até mesmo depois de eu terminar meu turno. Eu era seguido por ele dia e noite, e nas manhãs, aqueles enormes pares de olhos safira estavam me encarando dormir.

Um dia qualquer, estava indo para o meu trabalho, seguindo o mesmo caminho de sempre. Quando estava atravessando a faixa de pedestres, ouvi um miado. Olhei para trás, e lá estava ele, aquela bola de pelo laranja com olhos verdes, olhando para mim como se soubesse meus feitos mais sombrios. Com os olhos arregalados, virei para continuar meu caminho, mas tinha algo de diferente...não..tudo estava diferente. Não tinha ninguém na rua, também não havia carros e...estava de noite! Como já poderia ter anoitecido? Não passa das dez da manhã.

Olho para trás novamente e o gato simplesmente evaporou. "Que merda está rolando?", pensei trêmulo, seja o que for, não estou com um bom pressentimento. Sem piscar, andei pela vasta escuridão, que agora pouco o sol estava terminando de derramar seus raios amarelados, à procura de qualquer alma viva. Não sei por quanto tempo andei, mas provavelmente deve ter uma bolha enorme dentro do meu adidas preto. Finalmente encontrei alguém, uma mulher para ser exato. Ela estava de costas com o cabelo solto, olhando para cima. Me aproximei ignorando o incômodo em meus calcanhares e chamei por ela, mas ela não respondeu, chamei novamente e ainda não tive uma resposta dela. Toco em seu ombro respeitosamente e ela segura com certa força imediatamente.

A próxima cena irá me assombrar para sempre...perdão...assombra! Lentamente, sua cabeça virou, até ficar totalmente torcida. Encarei aquela com os olhos arregalados e o coração a mil, minhas pernas não colaboraram me prendendo onde estava como se tivesse super bonder na sola dos sapatos.

Seus olhos estavam completamente negros, eram profundos e assustadores, sua face era pálida, do tipo que se levasse um tapa de leve ficaria a marca para sempre. Seu sorriso era de orelha a orelha, mostrando todos os dentes que também eram tão pretos quanto a noite. Eu queria correr, correr até arrebentar os meus pulmões e meus pés sangrarem, mas eu não conseguia me mexer de jeito nenhum.

Mulher: bem vindo a Setealem! Bem vindo a Setealem! Bem vindo a Setealem!...

"Bem vindo a Setealem", ela ficava repetindo isso para mim em meio a risadas curtas. Sinto um arrepio na espinha só de lembrar dessa cena pavorosa. Não sei de onde tirei forças, mas consegui me mover e recuar um pouco. Engoli seco, tinha centenas de perguntas e sabia que não teria respostas. Sinto algo agarrar meu pulso, olhei para o meu lado esquerdo e vi um homem que não tinha pernas, então estava se arrastando. Ele tinha os mesmos olhos, a mesma cara pálida, o mesmo sorriso que a mulher. De repente, meu pulso começou a arder, parecia que meu corpo ia se incendiar. Mas algo os chamou a atenção, e não de um jeito bom, pois eles se apressaram para sair de lá. Olho para o meu pulso, dava para ver o osso, mas por algum motivo aquilo não me deixava fraco, mesmo tendo perdido muito sangue. Olho para trás e vejo aquele mesmo gato, sentado na calçada em uma posição ereta. Ao contrário das outras vezes, dessa vez, quando aquelas duas bolas verdes me encararam, senti alívio.

Ele se levantou e caminhou até meu encontro. Assim que chegou perto ele falou comigo! Isso mesmo, não leu errado. O gato falou comigo! Até achei que estava chapado.

Gato: você tem que sair daqui! (disse com a voz serena) está aqui a sete horas, se não voltar ao seu mundo ficará aqui para sempre. (dá uma breve pausa) me siga!

Ele caminhou em direção a avenida. Eu ainda estava um pouco hesitante, mas o segui, alguma coisa me dizia que ele era de confiança. Eu tinha um bilhão de perguntas, e sei que é muito estranho um gato do nada falar com você, mas opções estão em falta.

Dênis: qu--quem é você? (digo sentindo minha garganta se contrair)

Gato: sou um amigo de muitas vidas! (dá uma breve pausa) acredite ou não, você renasceu várias vezes, e todas as vezes nos encontramos, todas as vezes você salvou a minha vida, e todas as vezes prometi que faria o mesmo. Porém, no dia que nos reencontramos, senti que algo terrível iria lhe acontecer, então fiquei por perto! Inclusive peço desculpas por ter lhe causado desconforto.

Dênis: outras vidas? Isso existe mesmo?

Gato: tudo o que é história existe ou já existiu!

Dênis: onde estamos indo?

Gato: como eu disse, você precisa sair daqui o mais rápido possível! Estamos indo para um portal que irá te levar até seu mundo. Lembra da faixa de pedestres? (respondi com "humrum") um carro avançou um sinal em alta velocidade e você se acidentou, foi enviado até um hospital onde se encontra desfalecido até este dado momento. Portanto, quanto recuperar a consciência, irá sentir seu corpo dolorido.

Chegamos em uma porta toda branca, que estava solta no meio de uma rotatória.

Gato: passe por aquela porta! Ela irá lhe levar ao seu mundo.

Respirando fundo, avancei e toquei na maçaneta gelada com as mãos tremendo. Minha respiração ficou ofegante novamente, "merda! não é um bom momento!", pensei frustrado.

Gato: não tenha medo! E não se sinta sozinho. A partir de agora você tem a mim, nunca irei te abandonar ou trair. Estarei com você nesta vida e nas próximas, mas também quando ela chegar ao fim.

Aquelas palavras me encorajaram. Minha ansiedade se foi junto com o tremor, girei a maçaneta devagar e abri a porta, passei por ela sem pensar duas vezes. Um clarão branco invade meu campo de visão, me dando uma leve dor de cabeça. Aos poucos, as coisas foram tomando cor, e minha visão foi se normalizando. Encarei um teto branco com uma única lâmpada desligada no mesmo. Respirei fundo, inspirei e exalei, o doce ar de um mundo conhecido.

Sinto meu corpo todo dolorido, "É! eu me ferrei legal!", penso sobre minha situação atual. Senti que algo estava deitado em meu braço direito. Acho que eu nem preciso dizer quem era. Mas dessa vez, ele estava em um sono profundo. Não pude conter um sorriso de canto. O peguei levemente e o abracei, lhe dando um beijo em sua cabeça logo em seguida.

Aquela experiência me marcou para sempre! Mas, depois de alguns meses, fui encontrando pessoas que passaram por uma situação similar. Isso o que aconteceu comigo pode acontecer com qualquer um. Ninguém está livre de setealem. E você...pode ser o próximo!

-Fim!

Por: Fred Alves!

Contos para se aterrorizar: porque o perigo espreita as sombrasWhere stories live. Discover now