CAP. 2 - DE FRENTE COM O PASSADO

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Durante o período das quatro primeiras aulas do dia, não pôde se concentrar em nenhuma palavra do que o professor dizia, sua mente aparentava estar em outro planeta, somente se deu conta de que a aula já havia acabado quando notou uma movimentação na sala de aula, o sinal para o intervalo já havia soado restando somente ele e alguns outros alunos que saiam aos poucos.

Se levanta e começa a caminhar rumo a porta de saída, porém acaba sendo parado por Lucca que se pôs a sua frente impedindo sua passagem, demonstrando estar sem paciência levantou sua cabeça e o encarou nos olhos, o garoto parado a sua frente com olhar fundo e triste o encara e em seguida se pronuncia.

— Pedro, podemos conversar? Por favor... - Lucca pergunta parecendo esperançoso.

— Na verdade não! Nós não podemos conversar. - Pedro lhe diz se preparando para tentar sair novamente, aquela situação o estava embulhando o estômago.

— Por favor.... É sobre nós dois! - Lhe diz e faz com que o olhar do jovem migre rapidamente de calma, para ódio.

— Eu já te disse que NÃO! e não existe um NÓS, existe eu e existe um você! E neste momento eu não quero ouvir, ver, ou se quer falar com você! Então sai da minha frente Lucca. - O pobre rapaz diz segurando toda e qualquer lágrima que ameace de cair.

O mesmo não tem a menor ideia de onde tirou forças para dizer qualquer coisa e menos ainda para sair de lá, mas empurrou Lucca na parede e saiu rapidamente de dentro da sala, o deixando sozinho e pensativo. Tudo o que houve entre eles ainda dói em cada parte de seu corpo, e ele não sabia lidar com isso, porém também não estava disposto a perdoar algo do tipo.

Os pensamentos e lembranças invadem sua mente, levou tanto tempo para que ele conseguisse sair do quarto sem derrubar nenhuma lágrima e agora com apenas um contato a tristeza volta a se fazer presente em sua rotina, enquanto caminha para o refeitório ele vira um corredor sem olhar para frente e acaba batendo de frente com alguém, levanta e se prepara para se desculpar afinal o erro havia sido dele.

— Não acredito, olha o que você fez! quase me derrubou no chão, não basta ser viado tem que ser cego também? - A garota despeja toda sua frustração em cima de Pedro sem a menor consideração ou respeito por ele, ou a amizade de anos que tiveram um dia.

— Olha aqui, foi sem querer! E que foi que te deu esse direito de falar assim comigo? - O garoto se ajeita e a encara furioso, seu sangue sobe quando ouve Gabriella dizer tal coisa.

— Não me enche não. E aproveitando que já está aqui vou te avisar que eu e o Lucca estamos juntos, e não é porque você saiu da gaiola que pode pensar em voltar para a vida dele. - a jovem ruiva diz forçando um sorriso de vitória.

— Uau, meus parabéns, e fica tranquila meu amor, pode ficar com o lixo pra você! Só pede para ele parar de vir atrás de mim tá bom? Beijos. - O garoto diz e sai de lá com a cabeça erguida fingindo costume, seu coração fica mais leve e sua raiva parece se esvair de seu corpo com a satisfação de colocar Gabriela em seu devido lugar.

Volta a realizar seu caminho agora um pouco mais calmo, chegando ao refeitório compra um lanche para comer afinal estava morrendo de fome, pois acabou não tomando café da manhã por sair atrasado, e sem vontade alguma de casa. Já com o lanche e uma garrafinha de suco em mãos o mesmo faz o que sempre fez em todos os anos em que esteve no COAM.

Se dirigiu até o campo de futebol que sempre está vazio a este horário e se senta no último banco da arquibancada, tenta não pensar em Lucca ou menos ainda em Gabriella, mas foi neste exato lugar onde teve sua primeira conversa com o ex namorado, o dia parecia não ter mais fim, não importava o que acontecia as horas andavam lentamente.

O que o deixou um tanto quanto surpreso, foi o fato de que Matheus não fez um comentário se quer sobre o que houve ano passado, pelo menos não para ele ou perto dele, se passou em sua mente que talvez ele tenha evoluído pelo menos um pouco como ser humano e visto o quanto é errado, ou então que apenas o viu fragilizado e preferiu deixar para mexer na ferida quando estivesse cicatrizando.

Não importa o que houve, para Pedro foi bom não ter que lidar com mais uma pessoa problemática em seu dia, as coisas já estavam difíceis o suficiente no momento e não precisava de mais uma dor de cabeça.

Demorou mas por fim o sino que dizia que a última aula haveria de ter chegado ao fim, todos começaram a se levantar e arrumar suas coisas para ir pra casa, com ele não foi diferente apenas finalizou a anotação que estava fazendo e foi para a saída, agradeceu por Lucca não tentar mais nenhum tipo de contato durando o restante do dia.

A volta para a casa foi calma e revitalizante, Peter também conhecido como o pai de Pedro foi buscá-lo na porta do colégio, durante todo o caminho ele puxava assuntos com o filho que prontamente o respondia muitas mentiras, dizendo que seu dia havia sido bom e que fez bem para ele sair um pouco de casa.

Afinal era isso que seu pai gostaria de ouvir, e não um monte de reclamações sobre como teve que aturar o dia todo convivendo com pessoas que não faziam bem para ele, ou então que odiou ter saído de casa e que teve que segurar seu choro por várias vezes no dia, não queria deixá-lo preocupado, principalmente por ele e sua mãe tê-lo apoiado tanto durante sua fase ruim, mesmo sem saber o que verdadeiramente havia acontecido.

Essa é uma das situações onde Pedro está enganado, imagina que seus pais não fazem a menor ideia do por que ele estava tão triste, porém Peter e Nadir desconfiavam ser sobre Lucca e ele, afinal não fazia o menor sentido uma pessoa ser tão conectada em um amigo e do nada essa pessoa sumir da sua vida sem explicações no mesmo momento em que você entra em uma tristeza profunda.

Dona Nadir nunca contou ao filho ou ao marido porém certa vez acabou entrando no quarto de Pedro em um sábado de manhã para pegar roupas sujar para lavar, e o viu dormindo de conchinha com Lucca. Embora ela saiba muito bem o que rolou, espera que o filho conte ao seu tempo e não quer entrar nesse assunto e mexer em uma ferida que talvez ainda não esteja completamente cicatrizada, e só o fato dele ter saído e casa e ido ao colégio para ela já é uma grande vitória.

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VIZINHO ( ROMANCE GAY )Where stories live. Discover now