E os flocos de neve continuavam a cair como grãos de areia de uma ampulheta. Entretanto, na sua imaginação, eles come-çaram a subir. "É o mesmo cinza de que me recordo desde os tempos de criança, desde que erguia os meus bonecos de neve com nariz de cenoura no quintal de casa. Ah, vovó... vovó Ernestina, teria você dito a verdade? Houve mesmo um tempo, um tempo quando você era jovem, menina ainda, que não caía neve por estes cantos do mundo, e que, nos lugares em que ela caía, era branquinha, bran-quinha, como chumaços de algodão? E, quase sempre, podia-se ver o sol banhar a cidade de dourado sob um céu de um azul sem limites? Eu não acredito! Ainda hoje, custo a me convencer disso."