A sala estava escurecida pela atmosfera saturada de nuvens. A um canto, tremelicava, protegendo o seu peito com as pernas. Naquele preciso instante, nada mais do que a superfície polida e gélida a prendia à realidade. - Porque tem de ser tudo tão difícil? - questionava-se num sussurro. Deixou que as pálpebras tombassem, expirando profundamente, na tentativa de encontrar uma réstia da paz há muito perdida. Mas nada conseguia alterar o seu estado de espírito. Sem outra alternativa, pensou em render-se. Estava prestes a ceder à insanidade quando, junto com o som das gotas de água, as dobradiças rangeram. Primeiro, foi ofuscada pela luz que provinha da entrada. Mas depois, o terror assaltou-a ao deparar-se com um estranho volto. - Liz - chamou uma voz tão nostálgica que poderia jurar que a conhecia desde sempre - está na hora de saíres daqui - o rapaz não ordenou, nem sequer pediu, limitou-se a informar, estendendo-lhe a mão. - Mas... - a sua garganta estava tão seca que a fala lhe saiu cortada - o mundo... a realidade... é tudo tão... - Insano? - questionou-a. A rapariga limitou-se a anuir. - Sim é! - gritou o outro - O MUNO É INSANO! - o grito assemelhou-se a um trovão, o que fez com que ela se encolhesse ainda mais - Mas eu estou aqui Liz - agora a sua voz era toda ela de veludo, do mais delicado, suave e quente veludo - eu estou aqui Elizabeth... Timidamente abeirou-se dela, tomando-a nos braços e ao sentir-se segura, naquele caloroso gesto, a rapariga reergueu o seu orgulho e pôde finalmente chorar.