ᴅᴏʟʟʜᴏᴜsᴇ | ᴋᴛʜ + ᴍʏɢ

Por SOSCrystal

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❝Lugares, lugares, vão para os seus lugares Vista seu vestido e coloquem seus rostos de bonecas Todos pensam... Más

1. The birthdays
2. Carrot cake
3. Welcome to the neighborhood
4. Dollhouse
5. Love really hurts without you
6. The doctor character
7. His body is like an art
8. Inside the house
9. You make me begin
10. BunnyKookie
11. Baekhyun
12. Thank you
13. Shit!
14. Memories
15. It was that motherfucker tattoo!
16. Friendly neighborhood poltergeist
17. Shining through the city
18. Ambrosia
19. The Call
20. Gathering information
21. The truth untold
22. Daddy's boy
24. A new doll
25. I will always be with you
26. Just wait, Taehyung
27. Pain
28. Taking him home
29. Cold
Epílogo
Agradecimentos

23. Hit Academy

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Por SOSCrystal

❝ Qualquer um pode olhar para você, mas é muito raro encontrar quem veja o mesmo mundo que o seu.
- Tartarugas até lá embaixo

As coisas não andavam boas.

Havia se passado uma semana desde que Yoongi, Jungkook e eu tivemos uma conversa franca sobre o que estava se passando na vida do meu vizinho. Apesar da conversa ter acontecido há sete dias atrás, as palavras dolorosas saídas da boca de um Min Yoongi que eu nunca esperei ver, ainda continuavam vividas na minha mente.

Ele havia sido abusado pelo pai quando era pequeno. Yoongi acha que deveria ter uns quatro ou cinco anos. As confissões confusas saídas de uma mente que havia se fechado para aquilo, talvez por proteção, ou talvez porque simplesmente não compreendia o que estava se passando, foram chocantes e dolorosas de se ouvir.

Acho que isso ainda continua comigo pelo fato de que, de alguma forma, meus toques naquela noite reviveram o passado dele. Li o suficiente para saber que memórias fortes e traumáticas como essa são gravadas no subconsciente do indivíduo, o que dificulta o acesso pela mente consciente.

Pensei que ao contar aquilo em voz alta Yoongi procuraria algum tipo de ajuda psiquiátrica, ou pelo menos se sentiria mais aliviado ao saber que poderia compartilhar um passado sombrio com alguém de confiança. Claro, talvez fosse demais pra ele me ver como alguém confiável, eu não podia julgá-lo por isso.

Mas não foi isso que aconteceu. Yoongi ficou praticamente inacessível, os únicos momentos em que o vi foram na parte da manhã, quando eu estava indo para o supermercado e, às vezes, eu o via chegar do trabalho. Quarta-feira amanheci doente, eu sabia que era efeito do picolé no inverno, liguei pra Jungkook e avisei que levaria um atestado assim que melhorasse. Apesar de estar queimando de febre, decidi que ir ao hospital era minha única solução. Uma parte de mim queria encontrar Yoongi no hospital, a outra parte esperava que ele me atendesse. Mas, assim que sai de casa, vi Yoongi chegar de carro, ele carregava várias latas de tinta e alguns outros materiais de construção. Ele não me viu, ou pelo menos não me deu atenção. Parecia bastante concentrado, e eu ficaria feliz por ele, mas não acho que se ocupar com outras coisas vai mudar o fato de que ele lembrou de coisas que não queria lembrar.

Havia algo na sua expressão também, algo que me deixou... desconfortável. Ele estava pálido, mas isso não era o pior. Ele parecia... vazio. Como se não houvesse calor dentro de si mesmo, do tipo que faz as pessoas te querer por perto. Não, aquele Min Yoongi que visualizei brevemente em uma manhã gelada de quarta-feira não parecia em nada com o homem que veio trazer um bolo na minha porta, não parecia nada com o homem que tinha uma risada boa e um sorriso atraente. Parecia uma concha vazia.  

Quando desabafei com Jungkook, ele pediu que eu desse tempo para o Yoongi. Fez questão de citar John Lennon e sua fala "amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí". Em outras palavras - como ele mesmo disse - se ele quiser falar com você, ele vai.

Não pensei que me importava tanto com Yoongi, mas a semana passada longe dele me fez ter certeza de que eu gosto dele ao ponto de passar horas relembrando nosso encontro no parque em busca de alguma afirmação de que o que tivemos - mesmo que brevemente - não se passou somente na minha cabeça. Ao mesmo tempo que isso acontece me sinto idiota por pensar em coisas assim, há tempo deixei de ser um adolescente bobo e apaixonado. No mundo real, pessoas se afastam e não há contos de fadas.

Eu só gostaria de saber escolher melhor minhas companhias.

— Kim Taehyung? — um senhor me encara com suas grisalhas sobrancelhas franzidas em uma tentativa de reconhecimento.

— Hm, perdão, eu o conheço? — começo a passar os produtos dele, mas meus olhos continuam atentos no desconhecido.

— Imagino que não, te conheci quando ainda era criança. Ah, mas faz cinco anos que comprei um de seus quadros! Ships in the night, lembra? — arregalo os olhos quando o conhecimento bate lentamente na minha mente. Sim, eu lembro dele no dia em que o quadro foi leiloado, apesar de não ter nenhuma memória com ele que esteja ligada a minha infância.

— Lembro sim! — sorrio, animado. — O senhor usava uma gravata azul, lembro porque parecia a cor que usei para pintar o oceano da pintura.

— Se eu vasculhar bem tenho certeza que acharei aquela gravata. — ele ri. — Comprei seu quadro para minha filha, ela que o achou na internet. Temos bom gosto, não acha? — ele gargalha alto e não posso evitar o sorriso no meu rosto.

— Sou suspeito em confimar isso. — sorrio, envergonhado.

— Tae, é sua hora de almoço. — Jungkook caminha até o caixa e repõe as sacolas de papel que já estavam no fim. Seu rosto carrega uma expressão dura de poucos amigos, e eu sou amigo dele o suficiente para saber que seu pai está no mercado.

— Oh, você é o filho do Jeon! Você está a cara do seu pai quando jovem.

— Hm, não me ofenda assim. — murmura, Jeon. Mordo o lábio para não rir.

— O que disse? — questiona o senhor com um sorriso brincalhão no rosto.

— De onde conhece meu pai? — pergunta Jeon, parece tentar ser civilizado ao mesmo tempo que também está curioso.

— Estudamos juntos. — mas quem diz isso não é o homem que um dia comprou meu quadro. Quem diz isso é Jeon Junhyun, o pai de Jungkook. Ao contrário da tia, Junhyun parece ter envelhecido bastante desde que estive fora. Seus cabelos estão grisalhos, apesar de bem penteados. Rugas emolduram as áreas ao redor de seus olhos amendoados, e quando ele sorri para o homem parece cansado.

— Lindo reencontro, Tae, por que você não vira aquela plaquinha para que as pessoas saibam que o caixa está fechado? — Jungkook põe as mãos no bolso e evita encarar os olhos do pai.

— Não seja mal-educado, Jungkook. — diz o pai, então sua atenção se volta pra mim. Engulo em seco, no fundo sempre tive medo do pai de Jeon. — Você está ótimo, Taehyung, é bom finalmente revê-lo!

— Igualmente, senhor. — sorrio, esperando que o gesto pareça gentil.

— Ainda lembro desses dois correndo pelas ruas, você tinha um trabalho em dobro com eles.

— Nem me fale, Tom.

Termino de passar as compras do homem - que aparentemente se chama Tom - e espero que ele pague. Mas agora Junhyun e ele estão imersos em uma conversa, olho para Jungkook para ver o estado do meu amigo e o vejo revirar os olhos com tanta força que tenho medo que se percam em algum lugar de sua cabeça.

— Mas eles cresceram bem. — termina Tom, finalmente sacando a carteira e pagando sua compra. — Eu gostaria muito de dar uma olhada nos seus novos quadros, Taehyung, se tiver algum disponível, claro. O aniversário da minha mulher está próximo, ela ama boas obras de arte, quem sabe eu não a presenteio com um quadro seu?

— Por que não me dá o seu número? Podemos ver alguma coisa. — ele sorri e pede por um pedaço de papel.

— E o seu filho, Jeon? Lembro que ele vivia escrevendo músicas, acredita que ainda lembro da música do "velho do saco preto"? — Jungkook finalmente ergue os olhos ao ouvir seu nome ser mencionado.

— "O velho do saco preto desce a rua; em sua bolsa carrega uma criança levada; a culpa é dela que corria em uma estrada amaldiçoada; acho que a criança era meio abestada". — nós três explodimos em uma gargalhada. Nunca que eu lembraria dessa música por conta própria, Jungkook vivia cantarolando enquanto tomávamos banho de mangueira. Era o tipo de letra chiclete que grudava na mente de qualquer pessoa que ouvia por mais de um minuto, principalmente porque aquela era a letra completa.

Jungkook parece querer se enfiar dentro da terra, suas bochechas estão avermelhadas.

— Minha mulher voltava cantando essa música quando tomava chá com a sua mulher. — Tom me entrega o papel com seu número e eu o guardo no bolso.

— Jungkook não escreve mais coisas assim. — diz Junhyun. Vejo Jungkook trincar o maxilar e desviar o olhar. — Ele escreve canções de verdade, daquelas bonitas que você ouve sem parar. Em breve você as ouvirá também, eu imagino. Meu filho ainda vai ser muito famoso pelas suas composições, desde que haja pessoas que tirem um momento para apreciar uma boa arte.

Sei que estou de olhos arregalados, mas não consigo diminuir meu espanto. Ouvir Junhyun falando assim de Jungkook é algo que nunca esperei presenciar.

Olho para meu amigo e o encontro na mesma situação. Os olhos de Jeon estão tão arregalados que parecem prestes a sair de suas órbitas. A boca levemente aberta complementa seu espanto.

— Espero que sim! — Tom dá batidinhas no ombro de Junhyun e se despede. — Espero pela sua ligação Taehyung, foi bom revê-los!

— Você deveria ir almoçar agora. — o pai de Jungkook vira a plaquinha no caixa avisando que está fechado. Jeon ainda olha fixamente para o pai. — Eu deveria ter dado isso antes, mas... bem, estou dando agora. — Junhyun retira um envelope de dentro do casaco e entrega a Jungkook, que demora alguns segundos para pegá-lo. — Confio em você, Jungkook, desculpe demorar tanto pra perceber isso. — ele aperta o ombro do filho e caminha em direção à porta do mercado.

Agora meu amigo olha fixamente para o envelope amarelo fechado em suas mãos. Percebo que ele treme e logo me aproximo colocando uma mão ao redor de seu pulso. Jeon olha pra mim e eu sorrio encorajando-o a abrir o papel. Jungkook respira fundo e abre o envelope, nós dois nos inclinamos para ler as letras digitalizadas da folha.

— Puta que pariu. — diz, Jeon.

— Isso é...? — Jungkook olha pra mim, agora seus olhos estão acesos e vibrantes.

— É, Tae, é sim! — ele olha pro envelope outra vez. — Não, é não. Não pode ser, certo? Quer dizer, espera, eu estou lendo isso mesmo? Não, estou louco. Sem chances. Isso é um sonho. Não, um pesadelo de muito mau gosto. É real? Tae, me belisca!

Dou um beliscão em seu braço e Jeon dá um gritinho fino.

— Não é um sonho, puta que pariu isso doeu pra caralho! — ele olha pro papel outra vez. — Você pode ler pra mim? Acho que não estou enxergando bem...

— Como poderia se você está chorando? — pego o envelope da mão dele e apoio minha cabeça em seu ombro. — "Caro Jeon Jungkook, nós da Hit Academy gostaríamos de informá-lo que recebemos a demo de sua faixa intitulada 'Begin'. Ainda estamos surpresos com seu conteúdo e gostaríamos muito de agendar um encontro para discutirmos um possível contrato com a nossa gravadora. Um email lhe foi enviado com mais informações, esperamos que entre em contato o mais cedo possível". — abraço Jungkook com força. — Não que eu não soubesse que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas estou muito feliz por você!

— Tae... — Jungkook olha pra mim, vejo uma galáxia em seus olhos encharcados de lágrimas, minhas mãos pinicam para pintar aquele momento. — estou com medo de acordar e não ser verdade.

— É real, Jungkook. — acaricio o cabelo dele. — É real pra caralho, deveríamos comemorar!

Jungkook solta um gemido de tristeza.

— Você falou palavrão, agora eu tenho certeza que é só um sonho. — rio, divertido.

— Uma hora a ficha vai cair, vamos, vou te pagar um almoço em comemoração a esse dia épico! — puxo Jeon pelo braço, meu amigo custa a se mexer ainda surpreso.

— É real mesmo? — pergunta Jeon quando chegamos no carro.

— É, bundão, entre logo nesse carro que eu estou com fome!

***

As partes mais importantes e imagino que as mais esperadas estão chegando, fiquem atentos!

Lembrem de votar!💙

Beijinhos!💙

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