Revenge

By InterestelarSz

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O universo a seguir trata-se das aventuras de Jena Walsh e de seus amigos: Jack, Marie, Andrews, Ray e Felipe... More

|prólogo ◇
𝚓𝚊𝚌𝚔 𝚎 𝙹𝚊𝚗𝚎
𝙾 𝚊𝚛𝚖𝚊𝚛𝚒𝚘
𝙵𝚎𝚕𝚒𝚙𝚎
𝙼𝚊𝚛𝚒𝚎
𝙵𝚎𝚕𝚒𝚙𝚎 𝚎 𝙹𝚎𝚗𝚊

𝙹𝚎𝚗𝚊

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By InterestelarSz

No dia seguinte, Walsh sentia-se ainda um pouco atordoada, resolveu então conversar consigo mesma para esclarecer a mente. - Ainda acredito na teoria que ambas já foram amigas injustiçadas - o avermelhado rosto era contornado pelo alto rabo de cavalo, ele movia-se direita-esquerda. Lembrando-se do parágrafo do livro que tanto lera anos atrás, recitou-os mais uma vez em sua mente. Havia muitas coisas que não compreendia. Os olhos marejaram mesmo que Jane não houvesse notado. As compras se equilibravam no braço coberto por uma manta bordada. O ar a fazia parecer muito uma pessoa multitarefas.


Ela se deteve na entrada principal do condomínio residencial e se posicionou logo à frente do portão em aros. Seu corpo parecia ter sido percorrido por uma energia insana. Estremeceu e direcionou seu olhar para os lados, nesse momento ela disfarçou, porém poderia jurar estar sendo observada. Aos poucos, sua visão se ajustou com a luz dos postes - ora aumentava, ora diminuia. As coisas carregavam uma incostância que pesava o clima, assim como os trabalhadores engravatados que antes iam e vinham, já não vagavam mais por aqueles cantos.

- Preciso... - antes de terminar a linha de raciocínio fora tirada de sua realidade por uma voz.


Possívelmente, perderia os ovos de codorna, em um movimento cinético, pois se preparavam para se chocarem no chão pavimentado. - Opa - o garoto de correntes douradas apareceu para segurar o objeto que quase despedaçou. - Não poderia perder a oportunidade, minha gata.

- De segurar um ovo? - perguntou ela, em uma cara contorcida, o qual não o conseguia disfarçar nem se quisesse. Não foi sua intenção ser rude ou insensível, mas acabou por ser. Não era sua intenção, na maioria das vezes simplismente não era. - Sou gata, mas não sua. E, de ninguém.

Jane esboçou um brilho de orgulho próprio em seus olhos castanhos. Pegou o ovo com um breve silêncio desconcertante que se fez. - Obrigada, Andrews - acrescentou, por fim.

Ele parecia desconcertado.

No topo de uma das janelas as luzes estavam acesas. Pelo visto, Jack havia chegado cedo e isso era surpreendente. Ainda mais em uma terça-feira. A sombra escura se movimentou e foi do quarto neutro para a escadaria esbranquiçada.

Estranho já que, mesmo em 1998 e em Slandivel, a maioria dos escadórios eram escuras. Jack Fhik preferia chamar atenção e por fim ficou por isso mesmo.

Seriam brancas

Algumas pessoas cochichavam sobre Jack dizendo coisas como o que ele tinha de beleza também tinha de determinação, ou coisas assim. E, como as palavras boas e apaixonadas por parte da maioria das moças, não poderia falta a inveja e os insultos por parte de alguns homens.

Apreciava observá-lo. O deslizar transbordava jovialidade e tensão, parecendo estar sempre escondendo algum segredo com aquele jeitão atípico que para ela era como um desafio.

Andrews e Jane estavam do lado de fora, onde havia gramado e algumas poucas pessoas caminhando. O comércio já fechara e a lua resplandecia de modo louvável nas poças de água.

Até Andrews aparecer e tirá-la de seus devaneios. Ele prosseguiu e tirou as mãos do bolso. Não passou muito tempo depois que chegara e lançara seus flertes. - Que boa oportunidade de rever uma menina bonita - os olhos iam da portaria para o rosto pálido da garota à sua frente que esfregava as narinas curvas e rosadas.

Andrews podia mesmo dizer coisas bonitas, mas sua insistência pesava.

Foi um dia longo, Jena tinha estado ocupada demais. Como haveria de não estar? Era um começo de ano com novas oportunidades, sem contar que os festivais de verão se aproximavam e com eles toda a preparação de eventos superestimados pelos senhores e senhoras de Slandivel.

Melhor lugar não haveria de existir, pensou. Paz, comida e mentes sábias.

Por isso, fingiu não notar o interesse do rapaz, não era a primeira vez que algo assim acontecia. A princípio, pensara que era gentileza de um vizinho, mas estava quase estampado na cara de Andrews a sua queda. Parecia que todos os que a conheciam notavam, mesmo que ela tivesse levado mais tempo do que se era esperado pela maioria das pessoas só para perceber isso.

Retribuiu o sorriso como em um gesto gentil. - Eu não vou sair com você - ela soltou as palavras que sairam com uma facilidade surpreendente. - Obrigada mesmo assim.

Andrews inclinou-se para frente até fitá-la a uma distância de três palmos, ignorando totalmente a resposta. - Por acaso você já ficou sabendo das notícias que vem correndo por essas bandas? - elevou um dedo à boca e desviou o olhar. - Eu poderia até dizer - se deixou demorar, captando um lampejo de curiosidade por parte de Walsh. - Uma troca, vamos lá! Um belo jantar romântico pela informação - ajeitando o colarinho, fez uma postura de confiança e arrumou a gravata azul. De modo descontraido, logo notou uma presença além da sua.

Jena negou com a cabeça. Acostumado, o rapaz apenas deixou os braços caírem ao redor do corpo bem definido. - É, mas estou progredindo.

- Jane Berlyn Walsh - soou uma outra voz.

A sonância entrou por um ouvido e lentamente saiu pelo outro. É claro que ela sabia a quem pertencia a voz, o aveludado que transbordava nas frases e o sotaque da Inglaterra era fortemente presente no final das palavras. Jena soube, pois o britânico era conhecido na antiga província da Irlanda do Norte, onde os avós viviam. Além de que na antiga escola Wells Preyre esperava-se o aprender de galês, gaélico e escocês que derivam dos idiomas dos antigos celtas. Ela até poderia ser poliglota se quisesse, entretanto ocupava-se uma grande parte do seu tempo no GramyStan, seu blog pessoal.

- Jack Fhik - rebateu tentando ao máximo soar casual ou despreocupada.

Quando ele saiu? Como eu não percebi?

Em seu anseio por ser natural, acabou por completo a ignorar Andrews. Mas não foi a intenção, de jeito nenhum. Com a paciência que os deuses lhe deram, até pensara na possibilidade de ser, quem sabe, uma repórter. É que inevitavelmente o rosto, em uma volta quase triunfal, revirou-se para o rapaz de largo torço, fazendo-o ainda mais intimidante, a não ser pelo azul bebê na folgada camisa.

Jack possuia mesmo um ar forte e predominante. Como se quando ele chegasse em um lugar, a energia bruscamente mudasse.

Nessa altura do campeonato, Andrews com o seu ego ferido, disfarçou um olhar perplexo e rodeou a casa. Parecia genuinamente decepcionado. Aquela não seria a finalmente grande chance dele de sair com garotas - quer dizer - uma garota. Não qualquer garota, mas Jane. Era como uma disputa pessoal e ela fosse um troféu a ser conquistado. Se ela não o queria, ele queria ela até ela cogitar querer e o jogo se inverter. Na maioria das vezez isso funcionava para Andrews.

Jack, saiu sem olhar para trás, na maior cara de tédio e com as mãos permanecidas no bolso da calça.

- Andrews! - Jena gritou, mas ele já estava longe demais para poder ouví-la. Assim como Jack. Ela não foi atrás de nenhum dos dois. Apenas encarou mais uma vez a paisagem e o ar puro. Possuia uma tranquilidade boa que pertenciam aos jovens que não conheciam muito da vida e do mundo.

Voltando-se para seu quarto, não perdeu a oportunidade de chutar algumas folhas secas que cobriam o chão. Por outro lado, a rua parecia encimentada como se estivesse maismvazia do que o normal. A lua já não era presente no céu e por isso seus passos se seguiram para as escadas em um rugido de madeira velha do tipo crecke crecke. Mesmo que tentasse ir mais devagar, era como se o barulho só o fizesse ainda mais alto.

Um dilema. Um impasse. Mais um dia de procura.

Encontrava-se, no apartamento em suas paredes cobertas por figuras de bandas e citações conhecidas, vasos e plantas bem arejadas, além de cadeiras e estantes. Debaixo de sua cama, deixava um taco cor pastel, assim como algumas meias. Além de estar usando uma delas - sendo preta e amarelha 2/4. Havia dois sofas em couro cinza, ao seu lado uma alta prateleira de livros. Em si, era um local agradável e havia somente o necessário para si. Com quatro comôdos - a cozinha, o quarto (dentre todos os lugares, o seu preferido) a sala e o banheiro.

Jena notou a cama de solteiro na outra extremidade, bem desorganizada, diferente da sua. De modo espalhado, nela continha papéis com rabiscos e palavras aleatórias.

Fala sério, Jack.

O frio passava despercebido pelos seus cabelos e com o notebook em sua frente o abriu, fechou e o abriu novamente. Seus olhos se estreitaram mais atentos do que o normal e passou pelas entrelinhas: Relatório de identificação da residente Dramia...

Sua mão se cruzou, a respiração ficou irregular. Tinha que ser, precisava ser ela.

Jane clicou no icone.

Deixou-se esparramar na cadeira com um suspiro entristecedor. A lateral do braço pendiam no rosto, cobrindo-o ao fechar bruscamente o objeto tecnológico à sua frente. Levantou e caminhou um pouco para que pudesse se encostar na janela. E de lá de cima, ela podia sentir a frustação subindo-lhe e queimando o rosto e a garganta.

Os resultados da busca relataram que não encontraram nada.

De repente, ouviu-se um estrondo alto vindo do lado de fora. Atentou-se rapidamente e se levantou em um pulo desengonçado, se perguntando quem poderia ter provocado tal estrondo. Com a respiração rápida e o olhar atento a cada gesto ou mínimo detalhe de invasão, direcionou-se lentamente para a janela. Acabou, por fim, pegando o taco de beisebol. Por um instante, pode perceber um rapaz. Reparou em cada detalhe, por puro tédio ou instinto de sobrevivência. Sua altura era mediana, magro e possuidor de um moletom preto.

Ainda assim, não passava de um borrão aos seus olhos.

Seria... Andrews?

À medida que a imagem do rosto frustrado de Andrews preenchia-lhe a mente sonolenta e conturbada de Jena, sentia um aperto. Por isso hesitou e refletiu olhando fixamente para o garoto discreto que parecia carregar algo consigo do lado de fora. Apoiando uma das mãos na cintura e tendo o rosto escondido entre as porcelanas, Walsh estreitava-se para não aparentar como uma stalker.

Aquilo tudo era um tanto suspeito.

Em um ato brusco e urgente, o rapaz encarou a janela, como um gato que sabia estar sendo vigiado. Ela, por outro lado, em uma súbita ação, se abaixou.

Mas ainda assim, a escuridão a fez estreitar os olhos, para captar os detalhes da suposta pessoa.

Elevou sua mão para o celular e discou rapidamente para Andrews, seus dedos pairavam sobre a tela fria do SmartPhone à medida que uma gota de súor escorria pela lateral da testa.

- Droga - exclamou.

Na ligação, ninguém atendia.

Talvez esqueceu o celular?

Se fez passar despercebida, ou tentara. Com o bolo de chave em suas mãos, abriu a porta. E, por um instante, pensou se aquilo era realmente necessário de ser feito e como ela gostaria de estar, mais uma vez, enrolada em seus cobertores quentes e não enfrentando o frio noturno com essas interrupções desnecessárias.

- Para onde será que ele foi?

Provavelmente estava arrependido por ter agido no impulso de ter saído. Ele geralmente não era assim. Talvez tenha esquecido de dizer alguma cantada. - Indo direto para o desconhecido - disse e bufou com uma risada irônica e sem graça saiu de sua boca.

Isso a fazia lembrar de tempos passados, de quando se livrava de broncas ao chegar toda suja em casa na época em que era apenas uma menininha de cabelos castanhos caindo pelo rosto suado. Sorria ao se recordar de coisas assim, apesar de não admitir, a saudade enchia-lhe seu peito.

Não era muito o que recordava, mas o pouco do que sabia era o suficiente.

Trazia consigo o costume de apreciar. Em pé, com seus olhos fechados, respirou profundamente e se perguntou como tudo poderia ter sido diferente. Seus pés estavam quentes e uma sensação de formigamento subiu por si. Tentou ir mais adiante no perímetro, no entanto era como se o menino tivesse evaporado por completo.

- Que estranho...

- Andrews! - gritou Jane, talvez ele estivesse ainda perto, mas não houve nenhum retorno. A não ser pelos grilos e o sereno da madrugada, tudo estava estranhamente bem silencioso.

Sem delongas, foi para onde seus pertences estavam, assim como seu conforto. Voltou a se questionar sobre o suposto garoto. Parecia-lhe que o sujeito realmente carregava algo, poderia ter sido qualquer coisa. Jane não conseguia esquecer cabelos loiros que vira junto a ele.

Talvez algum casal juntos no sigilo?

Essa é uma dúvida não teria resposta, pelo menos não essa noite, E, além do mais poderia não ser nada.

- Nada - repetiu para ela mesma como se para convencer disso. - Não é nada.

- Parece que nem todas as perguntas precisam ou deveriam ter uma resposta. Só deve ser um simples caso de jovens ardentemente apaixonados - filosofou em um daqueles seus momentos pós-término de algum documento. Virando-se de lado, o sono quase chegava. - É apenas uma pessoa com insônia - balbuciou sonolentamente.

Mal ela sabia.
Quem dera fosse apenas isso.

Aconchegando, ela fechou os olhos e dormiu: um sono sereno e profundo. E ao que tudo indicava, ela não foi a única.

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