A Corte de Sombras e Ruína

Door Eve_Mikaelson

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Expulsa de Velaris, Nestha Archeron terá de lidar com Cassian frequentemente já que agora os dois moram junto... Meer

I - Oferta
II - Precisão
IV - Traumas
V - Final
ATENÇÃO

III - Importância

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Door Eve_Mikaelson

Nestha evitava Cassian há pelo menos uma semana. Ele por sua vez, não estava fazendo nada para se aproximar, tinha medo de algum tipo de rejeição ou humilhação.

Apesar de morarem sob o mesmo teto, os dois não trocaram muitas palavras além do necessário ultimamente.

Às vezes, Cassian olhava-lhe descaradamente, mas quando ela o encarava, ele desviava o olhar.

Quando se tratava deles, provocações eram fáceis, mas falar sobre o que sente era quase impossível. Principalmente para Nestha, que não gostava de expor o que tinha em seu interior.

Ela estava deitada em sua cama, deixando seu livro sobre a cabeceira. Nestha rolou de um lado pro outro, mas não conseguia dormir.

Fechou os olhos e escutou duas batidas na porta de madeira escura de seu quarto.

— Nestha? — a voz soou do lado de fora do cômodo.

Era Cassian, sua voz estava baixa e um pouco exitante.

— Sim? — ela respondeu, sem sair da cama.

— Não vai jantar?

— Não estou com fome.

— Pode pelo menos abrir a porta? — ele perguntou um tanto irritado do lado de fora.

Ela caminhou preguiçosamente até a maçaneta e abriu caminho para Cassian adentrar em seu quarto.

— E então? — ela passou as mãos pelo vestido, limpando uma poeira invisível. — Já disse que não estou com fome.

— Mas você não come direito a dias — disse Cassian, passando as mãos pelos longos cabelos antes de completar — Estou preocupado com você.

Nestha piscava sem parar, absorvendo aquelas palavras.

Quantas pessoas realmente se preocupavam com o seu bem-estar?

Caso Feyre se importasse, não teria a jogado no acampamento. Como pode mandá-la para um lugar como aquele? Que diferença teria ela de Tamlin quando ele invadiu sua casa e levou sua irmã como lição e punição?

Nestha ficou imóvel de repente, relembrando quando atravessou as muralhas sozinha, ainda tão frágil, tão humana. Tudo para ir até à irmã mais nova.

Tudo para no fim, ela ter mandado Nestha para aquele lugar. A ausência de visitas de Feyre ao acampamento e nenhuma pintura dela, na casa perfeita dos Grãos Senhores da Corte Noturna dizia muito sobre qual era a importância de Nestha para todos ali.

Uma mão enorme e calejada balançando em frente ao seu rosto, tirou ela de seus devaneios.

— Pela mãe, o gato comeu sua língua ou algo assim? Por que não me responde?

— Minha língua eu não sei. Mas provavelmente o gato comeu seu ouvido, pois já repeti duas vezes que não estou com apetite. Só quero ficar sozinha, pode me deixar em paz? — ela enfim o olhou nos olhos, cruzando os braços.

O olhar sério que Nestha lhe lançava, perfeitamente posturada, enfraquecia os joelhos de Cassian.

— Não — ele respondeu simplesmente. — Só por cinco minutos, já volto! — Cassian saiu do quarto.

Nestha pensara que finalmente poderia ficar isolada novamente. Sentou-se na cama e fitou o teto. Soltou os cabelos do coque firme, gostando da sensação de como o aperto em sua cabeça se desfazia. Suspirou, aproveitando o prazer de deixar os fios soltos e a própria companhia. Porém, Cassian voltou em alguns instantes com uma bandeja na mão.

— Já que você não vai ao jantar, o jantar vai até você — ele colocou a bandeja que continha uma sopa cheia de legumes frescos com algumas batatas na cabeceira.

Ela quis revirar os olhos de tanta breguice. Mas tinha de admitir que gostava e achava meigo o modo como Cassian estava cuidando dela.

Ele não parava de encará-la, parado em pé na ponta de sua cama. Devagar, ele se sentou no colchão macio e se aproximou.

— Você fica mais linda ainda de cabelos soltos. — disse Cassian, sem pensar. Ela corou, mas continuo com a expressão séria. Ele olhou para o chão do quarto dessa vez ao dizer — Vou embora, notoriamente você não me quer aqui. Não sei porque ainda insisto... Só devolva isso — apontou para os objetos na cabeceira — a bancada da cozinha quando acabar, para não bagunçar a casa toda. — ele se levantou e se virou para a saída.

Cassian hesitou ao ouvir apenas uma palavra de Nestha.

— Fique

— Por que? — ele perguntou, encarando as íris azuis de Nestha, mas com a voz baixa.

— Porque eu ... — Nestha engoliu o seco. — Não quero... Jantar sozinha, você sabe. Não tem graça criticar sua comida sem você estar aqui para ouvir — disse por fim, cruzando as pernas em formato borboleta e apoiando a bandeja em seu colo.

— Cuidado, qualquer dia vai morrer engasgada com essa sua inveja encubada por eu cozinhar bem e você nem ao menos saber. — ele provocou.

— Minha culinária é insuficiente por falta de prática. Aposto que eu seria uma cozinheira ainda melhor que você — Nestha tentou se defender, logo após tomou a sopa que por hábito estava saborosa.

— Então está se oferecendo para fazer o próximo jantar? — ele arqueou a sobrancelha.

— Não foi o que eu disse. — ela cerrou os olhos.

Ele riu baixinho e a observou intensamente.

As mãos de Nestha colocando o cabelo atrás da orelha e deslocando todos os fios atrás de seus ombros, para não cair na comida.

— Gostaria que eu te ensinasse então? — Cassian perguntou, ansioso pela resposta.

Como se Nestha farejasse o cheiro de suas intenções, perguntou:

— Por que o interesse repentino em me colocar contra o fogão? Cansado de ser o único cozinheiro dessa casa?

Silêncio se deu por alguns minutos

— Você não faz ideia, não é? — Cassian olhava para suas mãos sobre seu colo como se fossem a coisa mais interessante do mundo.

— Ideia de quê?

— Não é a questão da comida em si ou dividir as tarefas. Para nós, machos... Quando a fêmea cozinha para nós — ele hesitou e voltou a olhá-la. — Quer dizer que ela aceita a relação.

Nestha tinha acabado sua refeição, deixou o recipiente de metal na cabeceira novamente. Começou a suar frio, mas perguntou:

— E qual seria a nossa relação, Cassian?

Ele cerrou o punho e passou uma das mãos pelo queixo. Raciocinando como responderia aquilo.

— Nossa relação é o que você quiser que seja, Nestha. — disse Cassian por fim, se aproximando dela.

— Eu quero uma relação que você pare de encher meu saco, cozinhe o tempo todo, me deixa ler em paz e mantenha metros de distância da minha cama. — ela tentava descontrair e quebrar a tensão — Que tal?

— Eu quero uma relação que você pare de ser tão rabugenta, mandona e orgulhosa. — Cassian agora estava próximo demais dela. — Que me deixe ser seu amigo quando você notoriamente não tem nenhum.

Doeu, doeu no fundo da alma de Nestha.

— Não disse por mal, eu quero que me deixe cuidar de você — ele envolveu o rosto de Nestha com uma mão e com a outra afagou seus cabelos. — Porque eu me importo Ness... Eu me importo com você.

Nestha estremeceu com seu apelido nos lábios de Cassian. A pessoa que mais a irritava era a única que se importava com ela afinal.

Os dedos de Cassian percorreu o desenho dos lábios de Nestha, fazendo-a fechar os olhos por um momento.

Ela se recompôs depois de alguns segundos e tomou coragem para olhá-lo nos olhos.

— Eu acho que... Em breve o jantar pode ser por minha conta, desde que seja meu guia. — disse ela por fim. Sabendo exatamente o que significava aquelas palavras.

— Seria um prazer, Nestha Archeron — Cassian prestou uma falsa continência e não conseguiu disfarçar o sorriso.

Se levantou, mas não antes de desejar boa noite a ela e beijar sua têmpora. Por fim, retirou a louça do jantar e se retirou do recinto.

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