A teoria do caos

By AyzuSaki

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Alguns eventos moldam as pessoas. Acontecimentos que transformam o caminho de alguém totalmente, por terem um... More

Capítulo I - O homem que trabalha com lixo
Capítulo II - O menino que brinca com lixo
Capítulo III - Que tipo de herói você quer se tornar?
Capítulo IV - Os gatos de rua de Hosu
Capítulo V - Aqueles encontros predestinados
Capítulo VI - Desvios imprevisíveis
Capítulo VII - Convergindo
Capítulo VIII - Endeavor precisa esfriar a cabeça
Capítulo IX - Sua mãe nunca te ensinou a mentir, mas deveria
Capítulo X -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte I
Capítulo XI -Aizawa questiona as suas escolhas na vida - Parte II
Capítulo XII - O gato e o novelo de lã
Capítulo XIII - A órbita de um Midoriya
Capítulo XIV - O poder por trás de um nome
Capítulo XV - Os rolês aleatórios de Nora
Capítulo XVI - Um interlúdio antes da desgraça
Capítulo XVII - O paradoxo da força irresistível
Capítulo XVIII - Aquelas reuniões familiares com parentes que tentam te matar
Capítulo XIX - O menino e os monstros
Capítulo XX - As promessas que fazemos e que nos quebram
Capítulo XXI - O Inverno está chegando
Capítulo XXII - O paradoxo de Epicuro
Capítulo XXIII - Uma fúria feita de gelo
Capítulo XXIV - O inverno está aqui
Capítulo XXV - Efeito bola de neve
Capítulo XXVII - Um cego guiando um cego
Capítulo XVIII - A ponta do fio
Capítulo XXIX - Os galhos da árvore
Capítulo XXX- Izuku é uma calamidade de bolso

Capítulo XXVI - O guia prático de como criar caos, por Izuku Midoriya

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By AyzuSaki

"Eu gostaria de ver alguém, profeta, rei ou deus, convencer mil gatos a fazerem qualquer coisa ao mesmo tempo."

— Neil Gaiman

Quando Shinsou finalmente chegou na arena e liberou os alunos que o carregavam, já havia uma quantidade considerável de pessoas lá. Ele realmente esperava que não o suficiente para não ser classificado para a próxima fase. Como todos ali, ele tinha algo para provar também.

O som de explosões e discussão lhe fez evitar apenas brevemente a van estacionada no centro da arena, rodeada por alunos do departamento e, curiosamente, da sua sala. Provavelmente porque Kirishima estava avaliando a necessidade de segurar Bakugou no momento e onde Kirishima estava, Uraraka estava logo atrás e com ela se seguia quase todo mundo da sala.

Apesar das ameaças com explosões entre a conversa de sinais que parecia bem ofensiva, mesmo que não entendesse de todo com a rapidez com as mãos dos dois se movia, Izuku, pendurado no teto da van com Mei, não parecia muito preocupado.

Na verdade, ele parecia bem orgulhoso de si mesmo com a confusão que criou, como sempre.

Shinsou começava a desconfiar que Izuku era a encarnação do caos em forma humana, não havia outra explicação pelo prazer dele de causar confusão.

— Feliz que finalmente se juntou a nós. — Mei saltou da van quando se aproximou, um sorriso satisfeito demais no rosto que sempre o deixava em alerta. — Está atrasado.

— Nem todo mundo pode criar uma van para usar.

— E como deve ser viver assim?

Ele não sabia que o rosto horrorizado era falso ou não, nunca se sabia com Mei.

— É realmente uma pena que não vai poder usar nossos bebês.

Considerando o resultado de alguns testes que ela o obrigava a fazer, ele não se sentia tão privado. Com aqueles dois as coisas podiam dar muito certo ou muito errado para ele.

Como Shinsou havia se envolvido – e pior, se apegado – à essa gente mesmo?

Seus olhos vagaram para as pessoas na arena, muito nem mesmo haviam chegado ainda, presos nas armadilhas dos robôs criadas por Tako e as irmãs Ikeda ou que foram deixadas para trás pela van. Aqueles filhos da mãe haviam cortado boa parte da competição apenas nisso.

Seus olhos encontraram uma figura separada dos demais.

Todoroki estava isolado na arena, fitando Izuku com olhos indecifráveis de longe, mas sem se aproximar como sempre fazia quando envolvia Izuku. Ele sempre acabava migrando em à direção a ele e ainda assim, no momento, ele não se movia.

Havia algo de muito errado, podia perceber. Nos últimos tempos Shinsou havia notado que Todoroki parecia cada vez mais relaxado, provavelmente seu envolvimento com Izuku havia causado isso. Agora? O sujeito parecia que ia estourar a qualquer momento, como uma bomba relógio.

Shinsou só se perguntava quem seria pego nos estilhaços dessa explosão.

A quem estou querendo enganar?

Izuku se meteria nisso, como sempre. E Shinsou acabaria envolvido por associação.

—Hitoshi Shinsou. — Olhou em direção a voz súbita e encontrou um dos alunos da classe B mais perto do seu rosto do que esperava.

E falando em bomba.

— Monoma.

Havia algo de estranho nesse sujeito também, e não apenas porque ele precisava de ajuda psicológica para controlar sua veia competitiva. Mesmo ele sendo mais amigável com Shinsou do que com os outros alunos da classe A, por alguma razão, a presença dele nunca era muito agradável. Primeiro, porque Shinsou estava acostumado a lidar com pessoas com máscara o suficiente para reconhecer alguém que estava escondendo o jogo e segundo por Monoma sempre lhe dar a sensação que Shinsou estava deixando algo óbvio passar.

— Eu vi o que fez, realmente espetacular uso da sua quirk. E uma boa forma de deixar as pessoas irritadas. — Shinsou franziu a testa, tentando não olhar para a direção dos alunos que haviam o carregado durante a corrida. — Nós somos muito parecidos sabe? Você e eu.

Ergueu uma sobrancelha em questionamento e a expressão do outro, até então bem maníaca, se tornou mais normal. Ou normal para alguém como ele.

— Nós dependemos de outros para usar nossa quirk. E as pessoas não gostam disso.

Shinsou tentou não se recolher com a marca certa do problema. Vasculhou Monoma com novos olhos, que continuava falando em um grande discurso que ignorou. Por trás de toda a excentricidade, havia grande inteligência no sujeito. Algo esperado, de um poder como o dele, onde ele tinha que analisar as quirks que iria copiar e se adaptar a elas. Monoma era perceptivo.

O engraçado, no entanto, foi que finalmente percebeu o que sempre deixou passar sobre Monoma. Os olhos analíticos, a excentricidade como arma para desviar a atenção das pessoas e a sensação de ele conseguia perceber cada fraqueza sua e poderia usar contra você se preciso.

— ...que me diz?

— Hum?

O sorriso do outro diminuiu um pouco, mas logo retornou com toda força. A imagem se sobrepôs em sua cabeça a outro sorriso maníaco.

— Mesmo sendo da classe A, estou disposto a uma aliança no torneio. Pessoas como nós tem que ficar juntas, não acha? Você pode confiar em mim.

Como nunca havia percebido que Monoma e Izuku eram tão parecidos?

— Monoma! Pare de perturbar as pessoas!

— Kendo!

Shinsou se aproveitou da chegada da líder da classe B, que se aproximou já enforcando o colega, e fugiu da conversa e realização desconfortável.

— Hichan! Hey! Toshi!

Izuku acenava de cima da van, goggles no rosto, os cabelos em pé depois de ser lançado na catapulta e com Bakugou, que havia subido na van também, o puxando pelas orelhas por trás. O que, conhecendo Bakugou, era quase manso dele.

Shinsou suspirou e acenou de volta, indo até eles.

Em frente, Hitoshi Shinsou. Sempre caminhando em direção ao caos.

Ele perdeu a troca de olhares analítica entre Monoma e Izuku.

Um igual sempre reconhece o outro.

....................................................................................

Oh? Isso certamente é pouco usual.

Nemuri pensou com certa diversão, olhando para o painel os rostos dos participantes que passaram para a próxima fase da competição. O plano seria os primeiros 42 participantes que chegassem na arena passarem para a próxima fase.

O que eles não contavam era a maioria dos participantes ainda estarem presos na pista, por culpa dos alunos do departamento de suporte que destruíram tudo atrás deles. Alguns ainda estavam presos no obstáculo dos robôs, ninguém havia conseguido passar de lá depois que eles se multiplicaram.

Quando mais de 10 minutos se passaram sem que ninguém mais conseguisse retornar, ela resolveu cortar seus ganhos onde conseguia.

— Alguém vai ter que ir limpar a pista e resgatar os alunos. — Avisou para os professores atrás, alguns ainda atordoados e olhando para a van no meio da arena.

Ou para Hawks, o herói número 3, que estava no chão na entrada da arena, rindo como um lunático. Ela não poderia culpa-lo, realmente. O sujeito parecia estar tendo o melhor momento da sua vida, para alguém que era conhecido por não gostar de se misturar.

De qualquer forma, o show tinha que continuar.

— Atenção, participantes! — Chamou com um tocar do chicote. — Temos no momento, na arena, 36 participantes. Todos aqui presentes passaram para a rodada preliminar.

Como o esperado, a grande maioria era da classe de heróis. A classe A conseguiu abocanhar as primeiras colocações em sua maioria, mas a classe B não ficou atrás no número de participantes. Havia alguns do departamento General, como de costume.

A surpresa, no entanto, eram os sete participantes do departamento de suporte, ocupando confortavelmente as colocações no meio. Estrategicamente, ela desconfiava. Isso deveria ser um recorde. Nunca, o tanto que ela conseguia lembrar, tantos participantes do departamento de suporte haviam participado da segunda fase.

Ela tinha a desconfiança agora que não era por falta de talento, mas de vontade.

— Aos estudantes que foram eliminados, não se preocupem! Existem outras provas esperando por vocês!

Um dos alunos de Shota, e era hilário como eles eram parecidos com aquela cara, se juntou ao grupo do departamento. O garoto havia chegado na linha de chegada carregado como um rei, e algumas pessoas não pareciam muito felizes com ele por isso.

Mas também, muitos não estavam felizes com os alunos do departamento de suporte também. E ainda assim eles pareciam despreocupados sentados no teto da van, alheios aos olhares mortais dos alunos desclassificados pela manobra que fizeram.

A criança do caos de Shota estava de pé no teto, se engalfinhando com Bakugou do jeito amigável dos dois que já era tão conhecido em U.A. Os outros alunos da classe A haviam se juntado a confusão.

— Atenção, seus merdinhas!

Nemuri estalou seu chicote com um sorriso ameaçador e eles pararam a confusão. E Nemuri? Ela só queria ver o circo pegar fogo.

— O TORNEIO OFICIAL COMEÇARÁ A SEGUIR!

O festival desse ano com certeza prometia diversão.

................................................

— E vamos à segunda a fase da competição!

Quando Izuku tinha 13 anos, ele tomou uma decisão estúpida. O que, é, não era algo tão anormal. O problema dessa vez é que essa decisão quase estragou por completo sua relação com seu tio.

Para Takashi, o filho dele era um tabu. Izuku nem mesmo sabia sobre ele, até Takashi quase morrer depois de um trabalho duvidoso que havia participado. Durante aquele tempo fora do Japão, ele havia utilizado seus talentos ao redor do mundo como freelancer em companhias, ele dizia que de segurança, mas Izuku sabia que ele estava tentando proteger suas sensibilidades na época.

Ele teve certeza disso no dia em que ele chegou quase morto no hotel em que estavam na Mongólia. Foi uma das noites mais longas de sua vida e também foi quando Takashi lhe contou sobre o primo que não sabia que existia. O primo que seu tio havia aberto mão para o proteger de uma vida que Izuku estava vivendo naquele momento.

O primo que Izuku, aparentemente, estava tomando o lugar na vida dele e que Takashi não tinha ideia de onde estava no mundo. O primo ao qual Izuku descobriu a localização semanas depois disso, algo que deixou Takashi furioso.

Seu tio não quis saber nomes, ele não quis saber de nada, apenas ordenou que apagasse tudo e esquecesse o assunto. E Izuku? Izuku o entendeu depois. Principalmente ao ver o que havia acontecido com Tenko Shimura. Era essa ignorância que o protegeria e Izuku prometeu levar aquele conhecimento ao túmulo.

Então claro, que sendo sua vida, ele iria esbarrar justo com o filho de Takashi no lugar mais improvável possível.

E Izuku não sabia o que fazer com essa informação.

Então havia Hawks, na entrada da arena. Mesmo que ele não estivesse dando na cara, Izuku podia sentir os olhos dele na sua nuca e evitava a todo custo olhar na direção dele.

E havia Shoto. Depois da chegada na arena, o outro garoto havia o evitado. Shoto realmente parecia querer ganhar esse festival com uma gana surpreendente. Ele tinha até uma ideia da razão por trás disso, mas perceber que ele via Izuku como um inimigo no momento por isso era uma sensação muito ruim.

E Izuku não sabia o que pensar sobre isso, apenas que tinha que resolver esse problema o mais rápido possível. E, conhecendo Shoto como ele já achava que conhecia, ele tinha poucas opções metodológicas para isso.

Mais problemas.

— Segunda fase, 36 participantes: Cavalaria!

Não posso pensar nisso agora. Não agora.

— Os participantes podem se organizar como quiserem em grupos de 2 ou 4 pessoas e ficar na posição. Baseado nos resultados da última prova, cada um de vocês valerá um determinado número de pontos.

Isso vai ficar interessante. Trocou um olhar com Mei, que parecia animada demais para a situação.

— Os seus pontos serão alocados de 5 em 5 do último lugar para o primeiro. O 36 valerá 5 pontos o 35 dez e assim sucessivamente. — Kami. Izuku sabia onde isso estava indo e não estava gostando nadinha disso. — Já o primeiro colocado valerá 10 milhões de pontos! É uma competição de sobrevivência, dos últimos colocados contra os primeiros!

Imediatamente todos os olhares ao redor foram de forma predatória na sua direção.

— Ah, cara. Mas que mer..

— Olha a língua. — Aya o corrigiu automaticamente. — Mas é, concordo.

— Estamos fodidos. — Satou suspirou, tentando ignorar o aumento dos olhares assassinos ao redor deles.

Os outros alunos começaram a se organizar, lhes dando bastante distância e um dos organizadores veio remover a van do local.

— Aqueles que chegam ao topo, sempre encontram mais dificuldades! — A heroína falou, olhando em sua direção. — Sempre evite o ataque inimigo. A qualquer custo.

Izuku apertou a pulseira, ignorando aqueles olhares hostis.

Disso eu entendo bem.

— Se animem! — Hiro passou os braços ao redor dos dois. — Ninguém disse que seria fácil. Sejam positivos!

— Quanto mais gente te atacar, mais posso mostrar nossos bebês.

Hiro apontou para a Mei quando ela falou isso: — Vendo? Positiva.

Izuku não respondeu, mas olhou ao redor, atento as instruções.

— O tempo limite são 15 minutos. O valor dos pontos do protetor de testa de cada grupo é a soma do total de cada um dos membros. Quem usará o protetor é quem ficará em cima! Pensem nele como o comandante do time.

— É uma pena que as Ikeda não estão aqui. — Mei ajustou os óculos de proteção. — Viria a calhar agora.

Multiplicar os protetores teria sido uma vantagem, mas Izuku não tinha certeza se seria aceito nas regras. A mente estratégica de Koto com certeza serviria nesse momento.

— Até que o tempo acabe, todos vocês lutarão e tentarão roubar o máximo de protetores de testa dos outros times, possível. Vocês não podem colocar o protetor em qualquer outro lugar diferente das partes acima do pescoço! Quanto mais protetores de testa forem roubados, mantê-los será cada vez mais difícil.

— Hum...

— Eu conheço essa cara. — Aya sussurrou. — Você pensou em alguma coisa?

— Talvez.

— E a regra mais importante da nossa cavalaria, é que se perderem seu protetor ou caírem, o jogo ainda não terá acabado!

Os alunos ao redor começaram um burburinho com isso, comentando sobre a quantidade de times e as chances de manter a pontuação. Eles teriam que não apenas tentar manter seus pontos, mas se ater a pontuação das outras equipes para conseguirem se manter no jogo.

— Quirks são permitidas, por isso quero ver uma bela brutalidade aqui! — Izuku tinha certeza que ela não precisa dizer isso. Ele conhecia pelo menos três ali que estavam atrás de sangue sem ela falar isso. — Tendo dito isso... Esse é apenas uma cavalaria! Se atacar qualquer outro grupo com malicia, visando acabar com sua formação, você recebera o cartão vermelho e será forçado a ficar de fora pelo resto do jogo.

— Que pena. — Hiro suspirou, recebendo olhares de reprovação ao redor. — O quê? Sei que não só eu pensei nisso.

— Certo, todos vocês têm 15 minutos a partir de agora! Comecem as negociações para formar seus times!

Izuku levou seu olhar até Shoto imediatamente, apenas para ver que ele já havia sido acostado por pessoas da classe dele.

— Mas e aí? — Shinsou, que depois de um breve olhar em direção as pessoas da sua sala, continuou ao lado de Izuku, o fitou de cima com uma expressão curiosa. — Qual o plano?

Izuku virou o rosto, olhando para os sete pares de olhos o fitando em expectativa.

Izuku não precisava se preocupar com os pontos da equipe em geral que estivesse, a sua bandana os passaria. Sua preocupação é que todo mundo estaria tentando a roubar por isso. Então ele teria que focar não apenas na sua pontuação, mas na dos demais, caso não conseguisse a manter. E ainda havia o terceiro ponto importante: eliminar a competição.

— Okay, vamos fazer o seguinte...

............................................

— A corrida era para eliminar a concorrência e a cavalaria para o trabalho em equipe, quando se tem que trabalhar com outros heróis e encaixar suas habilidades. Eles realmente estão simulando a vida de um herói lá fora. O que acha, Sho?

Aizawa olhou os alunos abaixo, satisfeito por ver quem já esperava se juntando. Imediatamente Todoroki e Bakugou foram acostados, sendo os mais fortes da classe A. Seus alunos eram um tanto previsíveis às vezes.

A classe B já estava organizada, o que poderia indicar uma maior coesão entre eles.

Shinsou, por outro lado, havia se juntado ao departamento de suporte ao invés das pessoas da classe de heróis. Ele não tinha certeza se deveria se preocupar com isso ou não.

Shinsou, havia notado, assim como Todoroki, tinham grandes dificuldades de se enturmar na sala. Talvez por isso eles sempre acabassem migrando para perto do outro. Shinsou não parecia ter esse problema no departamento de Suporte.

Aizawa olhou para Todoroki, já em sua equipe. Yaoyorozu, Kaminari e Iida. Uma combinação interessante e balanceada em força, cobrindo ataques de curta e longa distância. No entanto, não foi isso em que focou, mas na saúde mental do seu aluno. Aizawa havia permitido que Shoto participasse do festival, por sua insistência, porque ele sabia que seu aluno precisava daquilo. Não era justo que fosse tirado isso dele também.

Ele só esperava que tivesse tomado a decisão certa. Os últimos dias haviam sido difíceis demais para ele já, tendo que lidar com a reviravolta que sua vida havia tomado.

Bakugou havia se juntado com Kirishima e Uraraka, o que já era esperado. Tokoyami, para sua surpresa, terminava a equipe. Novamente um time balanceado, mas também escolhido por afinidade com alguns dos membros. Não era difícil não notar que aqueles três sempre estavam onde o outro estava desde o exame de admissão. Kirishima e Uraraka, pelo menos, conseguiam acalmar Bakugou.

Mina havia se juntado com Asui, Sero e Shoji. Ojiro, Sato, Koda e Jirou formavam o outro grupo da classe A.

Shinsou estava no mesmo time que Midoriya, o que também não era uma surpresa. O departamento de suporte havia se dividido em dois grupos, com Shinsou em um deles. Aizawa tentou lembrar o que sabia das quirks até o momento deles e fez um som baixo de entendimento, esfregando o rosto no gato em seu ombro que estava ronronando satisfeito.

Ele realmente gosta de causar caos.

— Eu acho que Nedzu vai ter o espetáculo que queria.

.................................................

— E vamos começar! Que se dê início ao festival! Plus Ultra!

Keigo geralmente não se envolvia nesse tipo de atividade. Ele já tinha problemas demais. A comissão, no entanto, havia insistido que viesse. Com sua missão sobre a liga, o pedido havia chegado no momento ideal para eles.

Ele não sabia de todo sobre o que havia causado essa situação, porque ele estava ali e não Endeavor, mas ele sabia que logo teria uma resposta.

O fato é, que ele não fazia esse tipo de coisa com frequência. Apesar da missão, aquilo parecia quase uma folga. Ele não esperava que fosse se divertir tanto com a situação.

Izuku Midoriya. Pensou, com expectativa, enfiando um empanado de frango inteiro na boca e olhando a arena atento. É exatamente igual ao pai dele.

E isso com certeza seria um pesadelo para muita gente.

Keigo esperou para ver o que ele faria, com tantos inimigos o fitando naquele momento na arena, atrás dele. Ele parecia estranhamente calmo para a situação.

O que você vai fazer, Midoriya?

Em segundos após o anuncio, quando os times começaram a ir na sua direção, uma das equipes de suporte desapareceu.

Keigo não lembrava da última vez que se divertiu tanto.

......................................................

Não demorou muito para os protetores começarem a mudar de mãos. Os alunos da classe B, principalmente, parecia ter usado a estratégia de sacrificar suas posições nas preliminares para se manter no jogo ao serem subestimados. Em pouco tempo as equipes da classe A começaram a ficar zerados no painel.

A equipe de Bakugou estava atravessando a arena facilmente, com a propulsão das explosões aliadas a perda de gravidade. Tokoyami parecia ser o ataque de longa distância deles, mas as explosões não eram muito favoráveis para ele. Eles conseguiam sincronizar, o que era uma vantagem sobre isso.

Nemuri focou os olhos no espaço onde a equipe de suporte havia sumido e viu eles reaparecerem em outra parte da arena. Midoriya se aproveitou do momento de surpresa e saltou por cima de uma das equipes, pegando uma das bandanas, antes de sumir de novo no vazio, dentro da camuflagem.

A outra equipe de suporte, com o garoto que podia dar vida a objetos, tocou em uma das bandanas de um grupo, que saltou e veio até eles por conta própria. Ambas as equipes estavam usando equipamentos de propulsão para se locomover velozmente na arena.

Um grupo deu as bandanas deles para Shinsou quando eles surgiram novamente.

A posição no painel mudou novamente e ela viu que a bandana de 10 milhões havia migrado para a outra equipe de suporte. Eles estavam trocando as bandanas a cada minuto para confundir os demais participantes. Sem olhar para o painel, eles não sabiam quem atacar. Se olhassem para o painel, as bandanas deles eram roubadas.

Mesmo sem a bandana de 10 milhões a pontuação deles ainda era grande. Quando Midoriya ressurgiu ele tinha diversos protetores presos em seu pescoço, ela só conseguia ver os olhos dele enquanto ele jogava uma linha de aço na pilastra de suporte da câmera e se pendurava ali, subindo com agilidade por ela.

— Isso pode?

— Enquanto ele não tocar chão, está dentro das regras.

Ele roubou mais uma bandana e saltou por cima da outra equipe de suporte.

O painel mudou novamente.

Nemuri tentou não rir.

.....................................................

— Para onde diabos eles foram!? — Alguém explodiu ao redor, procurando o protetor de 10 milhões.

— Bakugou, e agora?

Katsuki não era idiota. Por mais que ele quisesse roubar aquele protetor do gremlin, ele sabia que o merdinha iria colocar aqueles idiotas em uma corrida atrás dele até o tempo acabar, ou pior. Não havia ninguém mais escorregadio do que aquele nerd.

Por princípio, ele ia tentar mesmo assim. Mas quando aquele maldito da classe B roubou seu protetor, ele resolveu que era melhor mudar de estratégia.

Ele iria derrotar o gremlin no momento certo.

— Kirishima? Mudança de estratégia. O Deku pode esperar. Vamos foder com esses desgraçados primeiro.

....................................................

Havia se passado mais da metade do tempo quando Shoto fez seu movimento.

Izuku sabia que ele viria até ele, amizade ou não. Shoto tinha um hiper foco que podia entender.

Isso não queria dizer que o deixaria ganhar essa.

Claro, que como segundo lugar, Shoto também tinha um grande alvo na testa e com a dificuldade em pegar Izuku, as equipes estavam avançando nele.

— Iida avance! Yaoyorozu, se prepare. Kaminari....

Ele viu o lençol e com Kaminari no grupo não era difícil saber o que estava vindo.

— O Pikachu está vindo!

...............................................

A descarga elétrica percorreu, rendendo as equipes ao redor.

Exceto as de suporte, que tinham seus próprios lençóis. E botas.

— Como? — Nemuri perguntou curiosa. Maijima riu, sem falar nada, parecendo terrivelmente satisfeito enquanto brincava com um gato e olhava seus alunos causando caos. —Eles se prepararam para isso? Mas como...Os equipamentos.

O departamento de suporte havia feito os equipamentos da equipe de heróis.

Isso queria dizer que eles sabiam a quirk de todos eles.

Nemuri não se segurou mais e soltou uma gargalhada.

................................................

— Merda, eu sabia que ele ia fazer isso. — Izuku xingou quando a onda de gelo veio, prendendo as equipes ao redor no chão.

Ele havia os atordoado e então os prendido no gelo. E agora estava roubando as bandanas calmamente.

As equipes de suporte desviaram, mas logo ele atacou novamente, mirando diretamente em Izuku.

Izuku saiu da formação, se separando do grupo e se pendurando em uma das cordas de aço que havia deixado nas pilastras. Ele não poderia tocar o chão sem perderem, mas ali em cima também estava vulnerável.

— Izuku?

Ele olhou para Aya e Jimin e então para Shinsou. Demoraria um tempo para se recuperar entre as camuflagens. E em termos de força bruta, em um confronto direto com a outra equipe, eles não tinham muita chance. Confronto físico não era a especialidade daquela equipe.

Por sorte eles não precisavam disso.

Desviou de mais um ataque, dessa vez vindo da garota na equipe de Shoto. Creati. Uma quirk interessante, uma boa estrategista. O que era um problema. E as outras equipes continuavam vindo. Só havia tanto que conseguiam lidar de uma vez.

Se eles demorassem ali, eles roubariam a bandana.

Ele saltou de volta para os ombros de Hitoshi, agradecendo pela resistência que havia treinado nele durante aqueles meses. Izuku desviou de Shoto novamente, se agarrando nas costas de Hitoshi, que desviou do ataque na direção deles, sem soltar as duas garotas. Izuku ouviu um som surpreso e sorriu. Provavelmente ninguém esperava que Hitoshi fosse tão ágil, que não focasse apenas na sua quirk.

Eles não tinham nem ideia.

— Aya?

— Sim?

—Boom.

Para alguém tão responsável, o sorriso que ela dava podia ser bem assustador às vezes.

Com um amor a mais por química do que qualquer um naquela sala, Izuku agradecia por ela estar do lado deles. E da lei. Ninguém queria uma incendiária especialista em bombas como inimiga.

— Bomba!

Um som alto assustou a todos, alguns se afastando de imediato. Shoto fez uma barreira de gelo, mas não precisava. Aquilo não era aquele tipo de bomba.

Logo uma nuvem de fumaça tomou conta da arena.

Depois veio o fedor.

......................................................

— Mas que fedor é esse!?

— Argh! Vento! Soltem vento! Tsuburaba! Solte a barreira de ar!

— Eles sumiram de novo!

— Que merda essa barreira de gelo separou todo mundo!

Bakugou ignorou o outro lado da arena e a confusão, ele tinha uma missão:

— Bakugou, se acalma! Você não vai recuperar nossos pontos se ficar com a cabeça quente!

— Vamos pegar esse desgraçado!

— Uraraka! Você também?!

— Vamos lá, Kirishima! — Bakugou soltou uma explosão, seus olhos no maldito da classe B. — Pode ficar sossegado, eu ainda tô calmo pra caralho!

— Se você diz...

Monoma, claro, não havia facilitado as coisas. Aquele cara era bom em irritar as pessoas e bom em usar a sua quirk.

E quando Bakugou se catapultou para cima dele, Kirishima sabia que ele estava tudo, menos calmo.

Não houve misericórdia. No fim, eles recuperaram a bandana.

.................................

Shoto estava ficando frustrado.

Quando a camuflagem caiu novamente, Iida estava vindo até eles velozmente. Era um ataque único, Izuku sabia. Depois daquilo ele não conseguiria correr novamente.

Quando a mão de Shoto agarrou a bandana, foi tudo muito rápido. Izuku avançou imediatamente e estendeu a sua para agarrar a dele em troca, sua mão se tornando uma luva aderente. Ele viu olhos heterocromáticos arregalados e teve apenas tempo de desviar a mão  do braço de Shoto, que ele havia utilizado para se defender e que estava em chamas.

Naquela breve troca de olhar Izuku notou o pânico e a surpresa do outro pela sua reação reflexa. Izuku ignorou a ardência em seu braço e recuou, sem a bandana.

Esse olhar. Está pior.

Ele não poderia deixar aquilo passar mais.

— Hiro!

...............................

— Midoriya desistiu?

— Não, olhe o painel.

Hizashi olhou e soltou um som surpreso. A bandana de 10 milhões não estava com Shoto.

— Quando??

— A nuvem de fumaça, eles trocaram de novo no último momento. Foi um truque.

Aizawa observou o momento em que a equipe de Shoto percebeu o erro, que a bandana que haviam pego não era a certa. No mesmo instante Midoriya já estava com a outra equipe, pegando sua bandana. A garota tocou em um deles e as duas equipes sumiram, se camuflando contra os jogadores desesperados.

Poucos segundos depois tocou o sinal.

— TIME UP! Vamos aos resultados! Em primeiro lugar, time Midoriya! Em segundo, time Todoroki! Em terceiro, time Bakugou! E em quarto, time Hiro! Vamos dar um intervalo para o almoço e logo voltaremos.

— Bem, isso foi interessante. Sete alunos da equipe de suporte passaram para a fase final e nenhum aluno da classe B.

— Eles fizeram uma boa estratégia. — Aizawa ponderou. — Mas no fim foi contra eles, porque a colocação na preliminar influenciou a pontuação.

E eles provocaram justo Bakugou, que era uma força da natureza para se lidar. Mas Aizawa não poderia dizer isso sem demonstrar favoritismo.

— Mas agora é diferente, os alunos da classe de heróis estão bem mais preparados para o que vem pela frente.

Aizawa tinha que conceder isso, mas ele desconfiava que a estratégia ali não era essa.

Ele olhou Midoriya na arena, seguindo em direção ao refeitório. O gato em seu ombro sumiu e de imediato apareceu nos braços dele lá embaixo, mais dois o seguindo.

Qual é seu plano agora?

.......................................

— E isso é até eu consigo ir. — Jimin falou envergonhada enquanto Recovery Girl a checava. Aya e Satou também estavam com exaustão depois de usar a quirk por tanto tempo sem estarem acostumados. — Desculpe, Izuku.

— Não tem problema, vocês foram incríveis. Não é uma boa ideia continuarem. — Recovery Girl murmurou algo, parecendo satisfeita com a decisão. — Alguém mais?

Os outros se entreolharam.

— Eu vou ficar. — Hiro ergueu a mão. — Não entenda mal, eu não luto nada, mas eu tomo a vaga de alguém da classe de heróis e é um problema a menos mais para frente, como o combinado.

Izuku se sentiria mal pela estratégia, mas tudo valia na guerra.

..............................................

— Três alunos do suporte não vão poder passar adiante. Quem vai ficar no lugar deles?

Nedzu olhou os resultados, olhando quem se aproximou mais em pontuação.

— Os outros vão continuar?

— Sim.

O diretor não escondeu um sorriso, separando os nomes dos participantes que ganhariam uma outra chance.

Izuku Midoriya sabia como jogar, sem dúvidas.

...............................................

Quando Izuku saiu da enfermaria, depois dos outros o assegurarem que ficariam bem, ele deu de cara com Shoto o esperando.

Ao que parece, era hora de conversarem.

...............................................

Notas finais

Sim, estou viva. Eu estava com um bloqueio imenso para escrever essa fanfic em questão de continuidade. Como ter já o arco de Stain, mas não o do festival. Vai entender.

Mas agora estou de volta e no próximo teremos confrontos, uma revelação que esperei dar por muito tempo e as lutas começam!

E sim, por esse capítulo, acho que alguns de vocês já perceberam quem é o filho de Takashi.

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In which Daniel Ricciardo accidentally adds a stranger into his F1 group chat instead of Carlos Sainz.