Três dias depois, eu ainda estava terminando de arrumar a única mochila que eu levaria. Não precisava de muitas roupas e nem muitas coisas.
A frase que Steve usou no restaurante ainda pairava na minha cabeça. Se ele não me odiava pela minha pessoa, ele me odiava pelo quê?!
Mais uma vez, decidi ignorar isso e voltei a dobrar duas calças jeans. Enfiei na minha mochila. Peguei quatro blusas e dobrei. Joguei algumas calcinhas e sutiãs aleatórios lá dentro e fui pegar escova de dentes e pasta.
Mas depois, voltei e tive o cuidado de procurar as calcinhas e o sutiãs que combinassem. Não que eu fosse usar (Afinal, mesmo se, por um milagre, Bucky correspondesse meus sentimentos, eu não ia conseguir transar tão cedo), mas me senti melhor quando fiz isso.
Terminei de arrumar a maquiagem que eu ia levar em uma bolsinha e coloquei na mochila.
A porta do meu quarto abriu.
-Você ainda está arrumando a mochila, Naomi?! - Bucky me encarou, incrédulo.
Bufei.
-É claro!
Ele deu um tapa na própria testa.
-O nosso vôo sai em vinte minutos, mulher! Se arruma logo!
-Já vou! - Reclamei.
Eu estava enrolando de propósito. Eu queria, ao máximo, evitar ficar sozinha com ele. Mas não ia ter jeito mesmo...
Me despedi do pessoal (e só nessa hora reparei que eu e Bucky íamos passar o Natal sozinhos e que devia ter sido por isso que ele me chamou, para não ficar sozinho completamente no Natal), especialmente, Sam e Natasha, além de Clint, Tony e Bruce.
Fiz questão de me despedir até de Wanda ( e surpreendentemente, ela também se despediu de mim). Milagres natalinos acontecem, não?
Então, Bucky me arrastou pela mão, reclamando igual uma velha, que eu demorava demais para me arrumar e que isso tinha sido porque eu só arrumei uma (!) Mochila... Imagina se fossem várias malas!
Entramos no jatinho particular da Shield e sentei em uma cadeira na janela. Bucky guardou nossas coisas no porta malas (ou sei lá como aquilo era chamado) e achei que ele ia sentar na minha frente, do outro lado da mesa.
Mas ele sentou do meu lado e me puxou para ele pelos ombros, me dando um beijo demorado na bochecha. Meu corpo gelou.
-Está nervosa?
-Um pouco... - Mas não pelo motivo que ele achava.
-Relaxa, vai dar tudo certo, Abelhinha. - Ele fez uma pausa, pegando minha mão, com a outra mão que não estava circulando meus ombros. - Você ainda não contou porquê eu te chamo de Abelhinha...
-Nem vou contar agora. - Afirmei. - Só em Washington.
Ele revirou os olhos, mas não falou nada.
Depois de um tempo abraçada com ele, acabei relaxando e dormindo. Depois do que pareceram várias horas, senti Bucky me sacudindo.
-Hm? Que?
-Chegamos. Anda, põe o cinto. - Bucky me ajudou a sentar (já que vergonhosamente eu estava deitada em cima das pernas dele). - Vamos pousar.
-Ah, tá. Pousar. Okay. - Eu estava com tanto sono que não consegui fechar o cinto de segurança.
Bucky riu e se inclinou para frente, o pegando das minhas mãos e me ajudando a prender. As mãos dele esbarraram na minha barriga e eu agradeci a Deus por estar de casaco, se não, ele teria visto o arrepio que me causou.
Se essa sensação não passasse logo, eu ia processar o psicólogo!
O avião pousou tão levemente que eu só vi que tínhamos parado quando Bucky tirou o cinto e levantou. Olhei pela janela e reparei que estávamos em algum tipo de depósito de aviões.
Tirei o cinto e segui Bucky, que já estava com nossas duas mochilas. Reclamei um pouco, mas ele fez questão de levar elas. Saímos do avião e, apesar de estar um frio do caramba, também tinha um sol forte (gelado, mas com muita claridade).
Um homem chamado Finn Daves, que era secretário de alguém que eu não entendi o nome, veio nos receber e nos acompanhar até o carro. Depois de algum tempo, percebi que era o Diplomata que Bucky tinha que encontrar.
-É um prazer recebê-lo, Senhor Barnes. - O cara falou pela milionésima vez, quando entrou no carro conosco. - Essa deve ser a senhora Barnes, suponho?
Tentei, em vão, não ficar vermelha. Bucky riu, meio sem graça e negou com a cabeça.
-Essa é a minha melhor amiga, Senhor Daves. E se puder me chamar só de Bucky, agradeço.
O garoto também ficou levemente envergonhado.
-Ah, sim! Desculpe-me. Chame-me apenas de Finn, também. - Ele olhou para mim. - E a Senhorita seria...?
-Naomi. Só Naomi.
Ele sorriu.
-Okay, Só Naomi...
Eu ri baixo. O que fez Bucky me olhar torto. E só depois disso percebi que o cara estava dando em cima de mim. Mereço.
Fomos quase em silêncio o percurso de cerca de quarenta minutos. No final da viagem, Finn começou a falar com o chefe dele e ficou branco quando o Diplomata perguntou se eu e Barnes éramos um casal e o menino disse que não.
-Algum problema? - Questionei.
-Ah... - Finn coçou o alto da cabeça. - É que não sabíamos que o Senhor Barnes vinha acompanhado, então, não reservamos dois quartos. Mas posso começar a contatar o hotel para tentar resolver isso, apesar da alta temporada e...
Vi Bucky colocar a mão metálica no ombro de Finn e ele estremecer de susto. Bucky sorriu.
-Cara, se acalma... Eu e a Naomi dividimos a cama. Sempre. Não tem o menor problema...
Franzi a testa e o encarei, mas ele estava de costas (quase) para mim.
Vi Finn olhar de mim para ele e vi Bucky manear positivamente a cabeça. Finn assentiu, ficando cor de beterraba.
Mas que diabos foi isso?!
-Okay, certo. Me desculpe, Senhor Barnes. Eu não fazia idéia.
-Tudo bem. - Bucky virou de frente de novo e notei um sorriso idiota no rosto dele.
Logo a seguir, paramos na porta do Hotel e Finn nos ajudou a fazer o Check-in. Dava para ver que o Diplomata não economizou um único centavo, até porque, pelo que Finn nos contou, além de ser uma forma de se desculpar por interromper o Natal, ele era fã do Capitão América e, consequentemente, também era fã do Soldado Invernal. E como Bucky sussurrou em seguida para mim, foi para isso que Fury o mandou. Para impressionar o cara e fazer ele assinar o contrato que estava na mochila de Bucky.
Muito esperto, mesmo.
Finn nos acompanhou até a porta do quarto e, depois de nos despedir e ele dar o número do quarto dele, confirmando algumas reuniões com Bucky, entramos.
Era um quarto bem grande para uma pessoa só. As paredes eram altas e claras e havia um janelão que deixava a claridade entrar no apartamento. Havia tipo uma sala (bem grande) com cabideiro, sofá, um móvel, uma mesa de centro, uma televisão e um tapete macio.
E haviam duas portas no fundo. Deviam ser o banheiro e o quarto.
-Você sempre faz isso? - Questionei, tirando o casaco de cima e o de baixo.
Bucky me olhou franzindo a testa.
-Isso o que?
-Essa ponte entre o Fury e outros lugares... Se hospedar em hotéis ricos...
Ele riu, negando.
-Ah, não. Normalmente, é a Natasha, o Tony, o Steve e até o Sam. Mas eu já fiz também. - Ele colocou o quadril no móvel e cruzou os braços. - Eles nunca querem fazer durante os feriados e aí, sou eu quem faço.
Assenti. Ele começou a querer rir, enquanto limpava os óculos.
-O que é engraçado?
Ele os recolocou e jogou os cabelos para trás, prendendo .
-Eu estava procurando essa blusa que nem um louco!
Fiquei vermelha instantaneamente. Ele continuou sorrindo e deu de ombros.
-Ficou boa em você, na verdade. Pode ficar, ela me aperta um pouco. Vem, vamos ver o quarto.
Segui ele, tentando voltar a respirar novamente. O quarto era bem simples. Tinha um cabideiro e espelhos em uma parede e no teto. Também tinha um tapete peludo e uma janela grande, embora as paredes fossem de um tom escuro de creme.
Olhei para a cama. Era bem grande até. Parecia de casal...
-Até que o Mahrmud tem gosto... - Bucky comentou, jogando as mochilas no canto, perto da cama.
-É...- Olhei para o teto de novo. - Para quê serve esse espelho?
Bucky acompanhou meu olhar. Depois, ficou levemente avermelhado.
-Ah, então... Essa suíte é Presidencial...
Encarei ele, sentando na cama.
-E...?
-E que quando não está sendo usada para congressos, está sendo usada para Lua de Mel... - Bucky coçou a nuca.
-E...?
Ele ficou mais avermelhado.
-Um dia eu te explico, Naomi.
-Você podia explicar agora.
-Você vai me contar porque te chamo de Abelhinha? - Não respondi. - Foi o que pensei...
Ele abriu a mochila e pegou uma blusa.
-Vou trocar a blusa, tá?
-Vai até o banheiro para trocar uma blusa? - Questionei.
Ele afirmou.
-Cê sabe que eu já vi você pelado, né?
Bucky quase escorregou no chão e me encarou, vermelho. Eu comecei a rir.
-O quê?!
-Eu já vi você pelado, Bucky. Não tem nada demais...
Ele cruzou os braços e sentou ao meu lado na cama.
-Como?
-Você tinha acabado de sair do banho, ué. - Dei de ombros. - Eu já tinha ido pro quarto.
Ele enterrou o rosto nas mãos.
-Que vergonha, Naomi! Acho que preferia não lembrar disso!
Comecei a rir de novo.
-Por quê? Você não é dos piores, sabe... Na verdade... - Mordi a boca, enquanto ele me encarava. - Na verdade, foi uma visão bem bonita, considerando tudo que já vi. Uma das melhores...
Bucky levantou de um salto.
-Tá, obrigado. Eu prefiro trocar a roupa no banheiro...
Continuei rindo.
-Bucky?
-Que? - Ele olhou para mim antes de sair do quarto.
-Eu não vou atacar você, não se preocupe.
Ele bufei e murmurou algo como "Não é bem esse o meu medo..." e saiu.
Deitei na cama e fiquei me encarando pelo espelho.
Já tinha achado um erro vir. Como eu ia aguentar mais uma semana? Pelo que entendi, Bucky tinha uma pré-Reunião naquele fim de tarde. Olhei ao redor. O que eu ia fazer enquanto ele não estivesse por alí?
Depois, lembrei do meu celular e da televisão. Pelo menos, de tédio eu não ia morrer.
Comecei a teclar com a Natasha contando que estava bem e falando dos detalhes que ela me perguntava.
Quando Bucky saiu do banheiro, ele terminou de se arrumar e se despediu de mim.
Falei que ia esperar ele acordada, mas no fim, acabei dormindo.
E, por consequência, acabei levando um verdadeiro susto quando senti alguém deitar ao meu lado, na cama, me abraçando. Mas assim que senti o braço dele, relaxei.
-Sou eu, calma.
-Percebi agora, não é, Gênio?
Ele riu.
-Que horas são, Bucky?
-Duas e pouca...
-Da manhã?!
-Não, Naomi. O Sol decidiu brincar de pique-esconde, por isso está escuro!
-Grosso.
Ele se inclinou sobre mim e me deu um beijo na testa.
-Vamos dormir? Eu tô exausto!
Revirei os olhos e me aconcheguei nele.
-Eu acho que era isso que eu estava fazendo, sabe?
Ele nem respondeu. Só me puxou mais contra ele. Em dois minutos, eu dormi de novo.
Ooie, Meus Xuxus! Voltei e voltei trazendo meu capítulo favorito dessa fanfic... E não, não é esse que vocês acabaram de ler! 🤗
Sabem por que? Porquê eu trouxe atualização dupla! ❤
Perguntinha: Vocês preferem que eu poste mais vezes com um único capítulo por vez, ou menos vezes, dois capítulos por vez?
Bem...
É isso! Podem ler!
Bjs