Heroes - Jikook

By Fixsgguk

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Jeon Jungkook é o camisa 7 do time de futebol da Coréia do Sul e passou a ser reconhecido como um dos melhore... More

💫 Avisos 💫

You are a hero?

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By Fixsgguk




Jeon Jungkook desde pequeno sonhava em dar orgulho ao seu país de qualquer forma. Ele olhava para TV com seus sete anos de idade e via reportagens onde a violência era a pauta principal, mas que no final, sempre havia alguém para ser considerado digno de aclamação, fossem bombeiros, policiais, médicos ou advogados.

Seu pai sempre lhe dizia que se ele quisesse, poderia ser como eles no futuro e em uma tarde, quando estava desenhando mais uma vez o Jeon mais velho, –  que era seu herói favorito – ele o ouviu gritar da sala: “ Chuta essa bola! “ E após seguir para o cômodo e olhar o que estava acontecendo, soube que agora teria uma resposta concreta a dizer quando o perguntassem: “O que você quer ser quando crescer?”

Ver as pessoas sorrirem, gritarem e pularem quando um gol era feito parecia algo semelhante à o que ele via a população fazer quando era salva nos filmes de heróis fictícios e nos documentários investigativos. Então era isso, seria como eles, traria felicidade para os outros.

Jeon HeYoon era pai solteiro. Sua esposa havia abandonado a casa pouco tempo depois de dar a luz ao pequeno Jungkook, que para a tristeza de He, tinha muitos traços semelhantes ao da mulher que havia tentado o matar quando ainda estava em desenvolvimento em sua barriga. As coisas ficaram difíceis com a partida dela, mas Yoon foi forte e conseguiu um aumento no escritório onde trabalhava. Ele deixava Guk na pequena creche que ficava a caminho de seu trabalho e o buscava ao anoitecer para que pudesse ficar a noite inteira velando o sono do pequeno.

Ele era quem salvava Guk dos terríveis pesadelos, quem o ajudava a dar uma lição nos valentões da escola quando eles viviam pegando no seu pé por não ter uma mãe. E ele de coração, sempre respondia: Meu pai é melhor que qualquer mãe do mundo.”

Foi HeYoon quem apoiou cem porcento a suposta futura carreira do filho. Mesmo com o trabalho puxado ele matriculou Jungkook em uma escolinha de futebol e acompanhava cada jogo. As partidas perdidas eram como machucados, doíam, mas com o tempo iam cicatrizando e quando o time pequeno vencia, era com se estivesse passando remédio para que as feridas se fechassem mais rápido. E Guk sempre dizia: “Papai é o herói mais poderoso do mundo.” Porque ele, em todos aqueles anos nunca deixou que fosse infeliz.

O menino Jeon possuía um talento nato, ele sabia como dominar a bola, sabia fazer dela sua melhor amiga e apesar de ser canhoto, ele conseguia colocar força e agilidade em cada chute, além de parecer um verdadeiro foguete enquanto estava no campo. Ele não se cansava facilmente e conforme fora crescendo e ganhado corpo, altura e experiência, ficava cada vez mais difícil ignorar seu talento.

Ele virou capitão do time de futebol do colégio e ganhou ainda mais visibilidade ao que mais vitórias foram surgindo. Medalhas, troféus... Aos poucos a pequena casa dos Jeon começava a parecer ainda menor pela grande quantidade daqueles artefatos.

A fama chegou juntamente com mais um título ganho pelos Blue Tigers – o time que era composto integralmente pelos alunos. Um olheiro estava na arquibancada observando cada passe dos jogadores e quando viu Jungkook fazer três gols naquela partida, ele sabia quem gostaria de levar para um dos times profissionais do estado.

Não foi tão fácil conciliar o terceiro ano com os treinos puxados. Ele ainda era um adolescente, e os jogadores veteranos juntamente com o treinador dos Killers não conseguiam enxergar todo o potencial que ele tinha. Foram meses até que pudesse sair do banco de reservas somente para jogar pelos dez últimos minutos, mas ele fazia valer a pena cada segundo, e seu pai sempre o recebia de braços abertos elogiando sua performance.

Quando escola chegou ao fim, os poucos amigos que tinha seguiram com suas vidas. A maioria decidira fazer um curso superior, entretanto fazer faculdade não era algo que Jungkook queria e as vezes ele se sentia mal por não querer crescer com uma carreira profissional sólida como os outros, porém seu pai sempre tentava o fazer entender que tudo bem ser diferente, porque cada um tem sonhos, objetivos e desejos e o dele era ser um jogador conhecido e trazer orgulho a nação coreana com isso.

Então, assim como ele via os estudantes dedicarem-se e darem tudo de si por suas carreiras, também passou a treinar incansavelmente até que fosse bom o suficiente para que pudesse jogar uma partida inteira.

Ele mudou de time para outro que tinha sua concentração em uma cidade um pouco mais longe que a sua e seu pai fora junto consigo. HeYoon pediu demissão de seu emprego e foi para essa nova cidade com o dinheiro das economias guardadas e com as bagagens cheias de metas e sonhos a serem realizados.

Foram morar em uma casinha ainda mais pequena e em um bairro não muito movimentado, porém que era perto do clube onde Jungkook jogaria. E parece que com a persistência e dedicação do rapaz tudo pareceu caminhar.

Conseguiu uma chance para mostrar suas habilidades em um amistoso qualquer e fez dele um palco para um dos melhores e fantásticos shows futebolísticos. A pequena torcida ficou fervorosa com seus passes e os dribles dados com tanta categoria. A partir dali a vida pareceu sorrir para si e a cada jogo ele se destacava mais e ganhava lugar no time. Os torcedores que antes eram poucos agora lotavam o pequeno estádio para ver o grande JK dar o seu espetáculo. O nome que estava em sua camisa era gritado por diversas vozes em uníssono.

Os Fillers conseguiram chegar até a final do campeonato estadual e com um pênalti decisivo, Jeon balançou a rede com uma pancada forte. Ele fora levantado e exaltado e lá do alto, enquanto estava sendo erguido pelos braços dos companheiros ele viu o ruivinho acanhado e sorridente comemorando a vitória do time com seus amigos. Sua camisa possuía as duas mesmas letras. JK era o que estava escrito juntamente com o 15 que era seu número.

Quando fora posto no chão ainda olhava intensamente para o garoto animado que agora focava seu olhar no gramado. Jeon somente desviou o olhar quando quase fora derrubado por He que veio correndo em sua direção para o tirar do chão e gritar: “Esse é o meu garoto! Esse é o meu garoto!”

Levantar uma taça não tão grande, mas extremamente significativa igual aquela foi algo emocionante. Sem perceber suas lágrimas acabaram escorrendo sem permissão e quando se deu conta, soluçava olhando para o céus ainda com ela erguida. Eu sou um jogador.

Jungkook passou a ganhar uma quantia considerável com os jogos, às vezes o time perdia, porém na maioria das partidas ele fazia seus gols. A casa dos jeon aos poucos fora sendo reformada. O terreno onde ela ficava foi sendo expandido até que os cômodos fossem confortáveis o bastante e as contas não fossem algo perturbador como antes. HeYoon começava a perceber que todo esforço estava valendo a pena, seu filho sempre valeu mais que cada gota de suor sua.

O Jeon mais velho conseguiu um trabalho na seguradora da cidade. Ele trabalhava de manhã por tanto quando os jogos aconteciam nesse período ele não podia estar presente, contudo levantava cedo e ia desejar boa sorte ao seu filhote ao raiar do sol.

Jungkook se sentia feliz, finalmente estava conseguindo espaço no mercado de trabalho e com algo que ele realmente amava. Acabou fazendo uma conta nas redes sociais naquela noite de domingo com o celular que foi sua última aquisição. Ele se assustou com o tanto de seguidores que conseguiu, os vídeos de seus gols e passes estavam por todo lugar. Até vídeos dos treinos foram postados, contudo não fora só isso que o deixou embasbacado, mas sim o fato de que um certo ruivinho foi uma das pessoas que começou a segui-lo.

Guk entrou em seu perfil somente para poder aprecia-lo ainda mais e como ele sabia que era o cara certo? Fácil, ninguém era tão belo e encantador como o rapaz que logo descobriu se chamar Jimin.

Num surto de coragem ele decidiu mandar uma mensagem para o ruivo.

Minutos depois, jungkook ouviu de seu quarto gritos na casa vizinha. Parecia uma voz masculina e ele se alertou, chegando perto da janela para observar o que acontecia. Ele achava que havia sido um roubo, briga, crise de choro, ou qualquer outra coisa, porém nunca iria imaginar que o dono da gritaria fosse Jimin, que ao menos percebeu sua presença mesmo que seu olhar tão fixo pudesse perfurar as vidraças das janelas que o impedia de vê-lo melhor.

Nem Jeon, nem Park haviam notado o quão perto um do outro eles moravam. Fora algo surreal quando ainda boquiaberto o atacante de cabelos escuros acenou com uma das mãos e mostrou o celular ainda na aba da conversa na direção do outro que quando finalmente o notou, levou as mãos a boca e arregalou os olhos pequenos, antes de fechar a cortina com rapidez e deixar Jungkook confuso.

Ele esperou que o ruivo mandasse uma mensagem, ou que aparecesse novamente, mas não foi o que aconteceu e isso de alguma forma o deixou triste. Poxa, Jeon havia o assustado?

Decidiu por fim colocar o celular na escrivaninha, deitando-se esparramado na cama, puxando a barra de seu pijama do homem de ferro, em uma mania de acalmar o nervosismo que tinha. Olhou para o teto do quarto pensando em diversas possibilidades. E se ele acha que eu sou um maníaco? Um perseguidor, ou pior, um pervertido?

Não teve muito tempo de reflexão, pois após alguns bons minutos ele ouviu leves batidas na janela e se levantou rapidamente. Assim que pôs os olhos nela e viu Jimin ali, com as bochechas vermelhas, um óculos arredondado preto no rosto e o corpo sendo engolido pelo pijama de pintinhos que usava, soluçou assustado.

Batidinhas leves foram dadas pelo garoto e Jeon logo tratou de ir até ele, abrindo os vidros e dando passagem ao ruivo. Foi estranho, um silêncio meio desconfortável tomou conta do lugar, contudo Park começou a falar sobre como havia gostado da performance do garoto e os dois se viram imersos em uma bolha somente feita para eles.

A amizade surgiu depois de muitas visitas noturnas feitas por Jimin e as idas aos treinos de Guk. O ruivo apresentou seus amigos, Kim Namjoon – o rapaz alto e tatuado que tinha uma oficina e gostava de apostar em times de futebol – e Kim Taehyung – seu amigo de infância e ex namorado de Nam, inclusive foi ele quem apresentou Jimin ao garoto um pouco intimidante e musculoso – que foram super receptivos e fizeram uma grande armação para que Jeon e Park ficassem juntos.

E não é que deu certo? Em menos de três meses eles não conseguiam se largar mais. O primeiro beijo havia acontecido no carro do jogador quando eles voltavam para casa depois de um jogo, e o eu te amo saiu semanas depois, quando estavam sentados na calçada da casa de Jimin vendo a lua e as poucas estrelas cadentes passarem. Foi em uma confissão secreta e indiscreta ao mesmo tempo feita em direção a elas que as três palavrinhas saíram.

— Digam a ele que eu o amo. – Sussurrou de olhos fechados e se assustou quando seu rosto foi puxado por um Park sorridente.

Ele aqui, também te ama Jeongguk.


O beijo caiu como uma luva para aquele momento inesquecível e os dois pombinhos não poderiam estar mais felizes. Eles deveriam se adaptar a uma rotina, mas não conseguiam segui-la com fervor. Outro momento marcante fora o pedido de namoro simples, contudo cheio de amor que Jeon havia feito enquanto eles estavam deitados em sua cama, com as mãos unidas, sorrindo sem que houvesse um motivo aparente.

Guk viu o ruivo chorar de alegria e pular em seu pescoço repetindo sim diversas vezes e ele guardaria aquela cena em sua memória, porém com o passar do tempo ele foi percebendo que aquilo era pouco demais, porque Park começava a criar raízes profundas em seu coração.

Jimin estava lá quando Jungkook recebeu o primeiro comentário negativo, a primeira crítica construtiva e viu também o começo do reconhecimento do talento do jogador. E Guk também estava junto a Park quando uma onda de ameaças perturbadoras começaram a chegar em sua caixa de mensagens. Pessoas que se diziam fãs do grande JK queriam que o ruivo morresse somente para que o caminho ficasse livre para elas.

Foi uma das épocas mais conturbadas na vida do recém casal, todavia eles enfrentaram esses problemas como adultos. Até na delegacia eles foram quando a situação saiu fora do controle, contudo quando viram que não daria certo o plano de separação dos dois, as pessoas e os perfis simplesmente sumiram assim que os processos iriam ser efetuados.

Eles também estavam juntos quando o time de Jungkook ganhou mais um jogo do campeonato estadual e com isso chegou nas semifinais. A comemoração foi feita na casa do ruivo quando a mãe deste não estava. Estavam tão felizes, e quando Jimin olhou para os lábios vermelhos de seu namorado, não consegui conter a vontade de beijá-lo bem ali no sofá.

Jeon até tentou não ficar excitado com Park em cima de si, mordendo e lambendo seu pescoço como se fosse um filhote de gato faminto, mas o seu autocontrole foi para o espaço quando sentiu as ondulações involuntárias causadas pelo quadril largo. A carne farta da bunda do outro fora pressionada com tanta força contra sua pelve que ele jurou ter sentido o calor da pele alheia.

Os cabelos ruivos foram agarrados e a cintura fina também para que a fricção ficasse ainda mais forte. Jimin gemeu tão manhoso e de forma prolongada ao mesmo tempo que passou a apertar ainda mais os fios escuros do outro que começou a chupar sua mandíbula. Jeon arrepiou-se por inteiro com o som.

Eles começaram na sala. As roupas ficaram espalhadas pelo chão ao mesmo tempo em que se beijavam desejosamente e de maneira afobada. Park até tentou iniciar uma felação no membro do outro, porém o moreno foi mais rápido em colocá-lo apoiado no estofado com a cabeça apoiada em um dos braços do móvel e as pernas de coxas grossas bem abertas perto de seu rosto.

Jungkook maltratou tanto a carne farta concentrada ali que era uma certeza dizer que ao amanhecer todo local estaria arroxeado, mas ele não se ateve somente lá, sua língua ávida percorreu desde a virilha até sua entrada que começava a contrair-se levemente, depois que retirou a boxer esverdeada que o outro usava.

Jimin era tão sensível que gritava toda vez em que o músculo molhado era pressionado em sua abertura rosinha e enrugada. Ele tentou por várias vezes fechar as pernas, contudo as mãos fortes de Jeon não deixavam que o fizesse e um sorrisinho travesso aparecia no rosto do moreno a cada elevação de voz.

— G-Gukie… Vamos… Ah! – Parou para soltar mais um gemido manhoso e segurar com um pouco de força os cabelos alheios para que o outro parasse, mas este começou a dar menos intervalos entre as lambidas e chupadas, mexendo sua cabeça para frente e para trás quando enfiou a língua ali com uma rapidez impressionante. Jimin engasgou-se com a própria saliva, gritando o nome de Jungkook para que a rua ouvisse.

Aquele não foi o único grito dado por ele e muito menos por Jeon, entretanto aquela noite foi única para eles. Foi ali que Guk percebeu qual era a diferença entre fazer sexo e fazer amor.

Não havia razão para serem rápidos, eles fizeram tudo de maneira lenta e caprichosa e podiam jurar terem visto fogos de artifício explodirem em seus olhos quando chegaram ao ápice juntos. Eram bregas a esse ponto.

Inevitavelmente ficaram ainda mais colados depois daquilo e repetiram a dose mais algumas vezes. Em uma conversa corriqueira e completamente inofensiva eles se perguntaram se gostariam de ter filhos no futuro e ambos constataram que sim, aquele desejo era mútuo e até brincaram de escolher os nomes. Se tivessem uma menina, seria Sarang e se tivessem um menino, iriam chamar de Jihyun. Entre gargalhadas eles imaginaram como seria.

Mas semanas depois a brincadeira e a imaginação tornou-se uma realidade. Jimin não deixava que Guk ficasse ao seu lado quando de madrugada a vontade de vomitar vinha com toda força, ou quando sua pressão baixava de repente e ele precisava sentar-se em algum lugar rapidamente. Jeon nem sabia o que estava acontecendo, porque Park fez questão de esconder aquilo de si. Se viu sem saída quando aqueles sintomas persistiram por semanas e sendo orientado pela mãe, fez três testes de farmácia e todos os três comprovavam suas suspeitas, estava grávido.

Como contaria isso para Jungkook? "Oi… É...Você se lembra do dia em que não usamos camisinha e que gozou dentro de mim? bem… Agora eu tô grávido." ?

Então ele passou dias arquitetando como seria o melhor jeito de contá-lo. E não é como se Jimin odiasse a ideia de estar esperando um bebê, pelo contrário, ele sempre teve esse sonho, porém ele não esperava que iria realizá-lo tão cedo e principalmente naquele momento em que seu namorado estava tentando crescer na vida e ele concluía sua faculdade de administração.

Era uma sexta-feira, Jungkook estava jogando quando seu assessor chegou correndo pela arquibancada ao encontro de HeYoon. Ele parou na frente do homem completamente ofegante, murmurando alguma coisa e gesticulando afobadamente.

— Respire Lee, o que aconteceu? – He segurou o amigo pelos ombros. Tentando ensina-lo a respirar normalmente.

— O Guk foi convocado para jogar na seleção.

Jimin havia achado estranho a cara de espanto e depois a expressão de alegria nos rostos dos homens e o abraço apertado que deram, porém ele estava muito longe para ouvir o que eles falavam. Passou o jogo inteiro distraído, retraído e nervoso no lado mais isolado da arquibancada e dessa vez nem usava a sua típica camisa do time, e quando viu que a partida terminou, ele rumou para um dos becos que ficava à frente do pequeno estádio, o que sempre costumava ficar para esperar Jeon sair.

Começou a roer as unhas, andou de um lado para o outro, tocou sua barriga que começava a ficar mais redondinha e inchadinha e quase morreu de susto quando sentiu mãos grandes segurarem as suas bem naquela região, contudo ao ouvir a voz rouca de JK perguntando se tudo estava bem, ele se acalmou. Não totalmente, entretanto respirou fundo e olhou para o rosto alegre do outro. Ele parecia radiante e não demorou muito a falar, porém não esperava que Park dissesse a mesma frase ao mesmo tempo.

— Ji, eu tenho uma coisa pra te falar! – A voz de Jeon saiu animada.

— Guk, eu tenho uma coisa pra te falar! – Já voz de Jimin saiu um pouco trêmula. — Fala você primeiro. – Park forçou um sorriso.

— Eu fui convocado para jogar no time da seleção sul coreana de futebol!

O queixo do ruivo foi ao chão. Ele abraçou Guk fortemente e de maneira inesperada quase derrubando o rapaz, começando a soluçar logo em seguida. Ele havia estragado tudo! A vida de Jeon estava melhorando e ele não podia estragar ela agora. Jungkook não merecia ficar preso a ele e Jimin sabia que se contasse, o moreno provavelmente desistiria de ir até a base do time mais renomado em toda a Coréia, porque agora teria que trabalhar ainda mais para sustentar Park e o filho.

— O que houve Minie? – Abraçou o mais baixo de volta, passando as suas mãos nos fios de cabelo dele para o acalmar, mas o corpo do ruivo tremia cada vez mais.

Ele não podia deixar isso acontecer. Criaria seu filho sozinho para que não atrapalhasse a vida do seu amor. Os sonhos dele precisavam ser realizados, por isso ele decidiu omitir.

— E-Eu… Estou tão... F-Feliz.

Foi o que disse, escondendo o rosto contra o pescoço de Jungkook e se havia uma coisa em que Park era expert, essa coisa era fingir. Tanto que a noite se passou e quando questionado sobre o que ele iria falar anteriormente, apenas disse a primeira coisa que pensou, indagando após um tempo que estava um pouco cansado.

E Jeon apesar de notar que algo estava estranho, preferiu confiar nas palavras de Jimin. Depois de deixá-lo em frente a casa vizinha e beijar seus lábios por alguns segundos, seguiu para a sua, abraçando seu pai de maneira quase sufocante e eles gritaram e comemoraram como se não houvesse amanhã. Ele jogaria pela seleção.

Contudo, as coisas não ficaram tão boas como ele achava, Jimin passou a ignorar suas mensagens, ignorar suas ligações e até mesmo as suas idas até a casa dele. Como ele o pediria em casamento agora? Os dias também ficaram ainda mais corridos. Além de ter algumas questões burocráticas para resolver, ele participava de reuniões toda semana para que pudesse finalmente ser considerado um jogador da seleção.

Estava cansado, queria que Jimin estivesse consigo para o apoiar e para assistir filmes, sorrir e fazer besteiras como eram acostumados. Ele sentia falta do ruivinho e quando saiu da última reunião – aquela onde havia finalmente sido admitido no time – saiu a procura de Park pela cidade.

Rondou por horas depois de sair do carro de seu empresário, que o deixou perto de um parque onde costumava ir com Jimin, assim que pediu. Estava escurecendo quando conseguiu ver o garoto sentado em um tronco de árvore, com a cabeça baixa, respiração ofegante e o corpo trêmulo.

— Jimin!

Ao gritar, Park levantou o olhar em sua direção assustado e passou a chorar alto, abrindo os braços com o corpo dando solavancos fortes. Jungkook se jogou no chão perto dele, se encaixando entre seus braços, o apertando com força, como se ele fosse uma mera visão que desapareceria a qualquer momento.

— De-Desculpa… Me desculpa… – Agarrou o tecido da camiseta branca que o moreno usava. As pessoas que andavam ao redor pareciam não ligar para aquela cena.

— Shii, ta tudo bem. – Falou, mas Jimin o empurrou levemente para que olhasse em seus olhos.

— Não tá tudo bem, Gukie! Eu tô grávido, eu estraguei tudo! – Seu olhar caiu para o chão, voltando a chorar esganiçado.

Por um momento pareceu que Jungkook ficou mudo, ele não conseguia ouvir os barulhos dos carros, dos passos das pessoas nem do choro de jimin. Ele iria ser pai?

— Isso é verdade Minie? – Disse de maneira quebrada. — Meu Deus! – Gritou em choque, quando o outro balançou a cabeça positivamente. — Obrigado! Obrigado! Obrigado!

— Eu arruinei sua vida Guk, porque está me agradecendo? – O cenho do ruivo estava franzido e ainda tinha o rosto molhado.

— Arruinar minha vida? Jimin, nós fizemos amor e não nos cuidamos devidamente algumas vezes, mas eu não me arrependo! Eu estou te agradecendo por fazer de mim um cara sortudo do caralho que vai poder chamar esse brotinho ai de filho! – Falou com um sorriso enorme, segurando a barriga dele.

— Mas você vai precisar viajar, você não pode desistir dos seus sonhos.

— E quem disse que eu preciso fazer isso? Meu bem, eu posso muito bem jogar bola e ser pai ao mesmo tempo. Se eu deixasse vocês para trás, aí sim eu estaria desistindo dos meus sonhos.

O beijo apaixonado que se seguiu fora o responsável por unir aqueles dois corações novamente. E quando ficaram bem de novo, foi como se o mundo passasse a gargalhar novamente para Guk. Com uma parcela do salário gordo que passou a ganhar, ele comprou um carro simples, entretanto fora o seu primeiro. Aos poucos ele ia atingindo seus objetivos e isso dava orgulho ao seu pai. Ele havia crescido tanto.

Outra grande conquista fora a casinha que Jungkook comprou no mesmo bairro em que vivia antes. Ela era mais espaçosa e tinha um grande quintal que serviria como parque de diversões para seu filho no futuro. Para o casal, era o melhor a se fazer porque mesmo saindo da casa dos pais, eles ainda teriam a companhia deles a poucos metros de distância. E como os holofotes estavam sobre a cabeça de jeon, um muro alto fora construído ao redor somente por precaução e tanto a casa deles como de seus familiares agora possuíam um bom sistema de segurança.

Afinal, ele era o novo contratado da seleção e havia ganhado amigos famosos por lá. O seu choque foi tremendo quando viu Kim SeokJin – um dos caras que havia lhe inspirado, mesmo sendo goleiro – de perto. Seu cabelo roxo foi a primeira coisa que Jungkook percebeu e depois viu o rosto simpático sorrir para si enquanto era apresentado oficialmente ao clube. Hoseok – o artilheiro que também havia sido extremamente gentil consigo – e seu namorado Min Yoongi, o lateral da seleção foram os primeiros a lhe dar um aperto de mão amistoso.

A empatia entre eles fora tão grande, Jeon era um cara tão humilde, tão sonhador e otimista que contagiava todo mundo, tanto que em poucos dias ele já havia fortalecido uma grande amizade com seus colegas. Viviam tirando fotos, zoando nas redes sociais e eles foram as pessoas que apoiaram e deram os parabéns quando Jungkook expôs nos meios de comunicação  que seria pai e estava em um relacionamento sério com Park Jimin.

O ruivo fora apresentado ao time e assim como o namorado, ele ganhou o coração daqueles marmanjos com suas bochechas e temperamento quente. Ele costumava dar bronca nos jogadores para que jogassem direito e os demais levavam sempre na brincadeira, rindo quando viam o rosto vermelho de Jimin e seu olhar mortífero quando erravam passes de propósito. Ele era um fanático por futebol mesmo.

Enquanto dentro do estádio eles se divertiam e riam, fora parecia que uma guerra havia sido criada. A mídia, além de publicar uma matéria exclusiva sobre o menino que antes jogava em clubes pequenos e agora havia chegado com muita persistência na seleção, passou a comentar também sobre a paternidade do jogador em ascensão. Houveram muitas críticas, afinal eles viviam em um país relativamente fechado para as diferenças, contudo nada estragaria a felicidade que o casal sentia.

Cada ultrassom era uma sessão diferente de choros e sorrisos bobos. Os pais babões não sabiam o sexo ainda, pois queriam revelar em uma cerimônia especial e íntima. Bom, era isso que Jimin queria.

Mas então em uma quarta feira, Jungkook havia pedido que Jimin fosse para um dos treinos com seus amigos, porque queria lhe fazer uma surpresa, a hora havia finalmente chegado. Ele sabia que o ruivo odiava a sensação de ansiedade que todo aquele suspense trazia, todavia viu que não adiantaria tentar retrucar quando o mais novo lhe deu um beijo calmo e saiu porta a fora, deixando Park sozinho olhando para o nada, indignado.

Quando chegou ao local, notou que um lado da arquibancada estava relativamente cheio. Ele tentou perguntar para Namjoon e Taehyung, porém ambos apenas sorriram e o levavam para o centro do campo que possuía as cores vermelhas, brancas e azuis nas cadeiras e a bandeira coreana nas laterais da cobertura. Tae cobriu os olhos do ruivo resmungão e ansioso, o deixando ainda mais bravo. Ouviu a pequena movimentação e sentiu o bebê movimentar-se também na barriga mediana de quatro meses.

— O que está acontecendo? O bebê está mexendo mais que pipoca na panela, ele também tá curioso! Querem matar o meu filho? – Jimin disse alto para quem quer que fosse ouvir. Ele conseguiu reconhecer as risadas de Jin, Hoseok e Yoongi em meio a outras, entretanto seu corpo arrepiou-se completamente ao ouvir a voz de seu namorado.

— Por que tão dramático, meu bem? – A risada infantil do homem lhe deu vontade de xingar e quando abriu a boca para o fazer, ele viu o que Jeon havia armado.

Os jogadores estavam todos enfileirados do lado esquerdo e seu amor estava à uns 3 metros de si, olhando em sua direção com seu típico sorriso de coelho e segurava uma bola. O cenho de Jimin franziu e ele ouviu um choro baixo, virando-se para a arquibancada, vendo que quase toda a sua família estava ali, sua mãe chorava murmurando alguma coisa que Park não conseguia entender.

— Pronto pra saber o sexo do nosso brotinho? – O chapéu avermelhado em sua cabeça não impediu com que o ruivo visse sua sobrancelha arqueada. A roupa que ele usava nos treinos não estava suada como deveria estar, ele não havia treinado aquele dia. Os outros meninos também não. Era tudo uma mentira para que a surpresa desse certo.

Jimin demorou alguns segundos para processar aquela pergunta e embasbacado, levou as mãos à barriguinha, balançando a cabeça positivamente. Sentiu braços lhe abraçarem de lado para impedir que ele desmaiasse ali mesmo.

Então Jungkook se afastou ainda mais, seu corpo forte e definido dando passadas decididas para por fim colocar a bola no chão e voltar para onde estava. Park mordeu os lábios com a visão da bundinha redonda naquele short pequeno branco. Ah, mas Jeon que lute para apagar o fogo dele mais tarde.

— Azul para menino, rosa para menina. Puff. – Soltou, estalando a língua ao acabar de ler o papelzinho de instruções. — As cores não são importantes, seja menino, ou menina; seja uma menina com alma de menino ou um menino com alma de menina, nós iremos amá-lo para sempre, não é meu bem?

— S-Sim. – A voz saiu quebrada e falha. Jimin nem percebeu quando as lágrimas começaram a brotar no canto dos olhos. Ele não estava entendendo nada. Cor? de onde sairia a cor?

O moreno mandou um beijo voador na direção de Jimin, que chorando, ergueu as mãos para "pegá-lo" e levar até seu peito. O jogador se virou mais uma vez e começou a contar de maneira regressiva, sendo acompanhado pelos outros.

3...2...1 – O uníssono contou com força na voz e por fim Jungkook chutou a bola, porém essa se desfez no ar, trazendo uma fumaça azul no lugar. O time e arquibancada vibrou, gritando e as pessoas antes sentadas correram até o centro para abraçar o casal. Eles teriam um menino.

Jeon foi na direção de Jimin que era abraçado por algumas pessoas e estas logo deram espaço para o moreno se aproximar. Ele pegou o rostinho rechonchudo com uma das mãos e a outra pousou em sua barriga.

— O nosso Jihyun veio primeiro, Minie. – Beijou a testa do amado, depois encostando seus narizes com um sorriso gigantesco no rosto.

— Guk, acho que tem alguma coisa aqui ainda. – Hoseok chamou a atenção do aglomerado, caminhando até eles com o rosto em uma falsa confusão e Jeon completamente cínico, pegou a caixinha que agora estava ainda mais azulada e ficou observando-a como se fosse algo anormal.

Então ele fingiu se lembrar de algo, levantando o dedo no processo e pegou as mãos de Jimin, se ajoelhando aos seus pés e com uma declaração completamente extensa e fofa, pediu o garoto em casamento. Mais uma vez o segundo sim veio de forma gritada e chorosa e aquele pedido foi completamente inesperado, até as suas famílias ficaram surpresas, mas o time coreano não. Estavam felizes.

Bem, ao passar o tempo, com o time coreano ganhando, a chance de participar da copa do mundo surgiu e os jogadores não poderiam estar mais satisfeitos. Com certeza aquilo não era real. Eles precisavam ganhar, precisavam ficar entre os trinta e dois países, precisavam mostrar que era tão bons quantos qualquer outra seleção.

As fases de grupos da Ásia estava prestes a acabar, faltavam poucos jogos para que eles conseguissem se classificar entre os seis melhores e viajarem para próxima sede da copa, todavia eles não contavam que um carrinho derrubasse jungkook e o tirasse do jogo gritando de dor.

Jimin com sua barriga ainda pequena saiu apressado passando pelas cadeiras, segurando seu crachá até os vestiários e a enfermaria. Ele quase se perdeu naquele estádio que ficava em uma cidade longe da que eles moravam. Foi guiado pelos resmungos doloridos de Jeon, passando pelos corredores e vendo a sala onde uma concentração pequena de médicos e o fisioterapeuta do time estava.

— Amor! – Tentou se aproximar da marca onde Jungkook permanecia estirado, contudo fora impedido por um dos médicos.

— Foi apenas uma distensão muscular Jimin, não se preocupe, JK vai ficar bem. – Bryan o americano que cuidava do condicionamento físico da equipe disse, para acalmar o rapaz grávido. Guk tentou sorrir, mas falou quando a compressa de gelo fora pressionada em sua coxa.

Aquele fora outro dos muitos momentos difíceis que tiveram que enfrentar. O medo de ficar sem jogar atingiu e afetou Jeon de maneira assombrosa. Jimin durante uma semana entre massagens e aplicações de compressas de gelo, se viu contornando a situação com beijos, abraços, muito carinho e compreensão. As lágrimas que o moreno derramava eram secadas pelos lábios do ruivo que sempre tentava o animar de todas as formas. A sua barriga já estava começando a crescer e ficar evidente e ele usava isso ao seu favor para distrair o noivo. Jungkook conversava com o bebê e cantava musiquinhas de criança pra ele todo abobalhado.

E parece que aquilo o deu forças pra se recuperar mais rápido por que no final da segunda semana, ele já estava inteiro novamente e bem a tempo do último jogo pela seleção até a viagem para a copa. Eles ganharam aquela partida e foram comemorar em um restaurante no centro. Comeram, dançaram, alguns beberam e foi muito divertido, entretanto quando os que restaram já estavam perto de ir embora, Jungkook percebeu que Jimin, não havia voltado do banheiro.

Correndo o mais rápido que pôde, ele não se importou ao empurrar a porta fortemente e seu desespero aumentou ao ver que o garoto tocava sua barriga aos prantos, enquanto segurava-se na pia do banheiro, tendo uma pequena poça de sangue em seus pés e a calça manchada.

Tudo aconteceu em questões de minutos. Jeon pegou Park no colo, gritando para seus companheiros que havia algo errado com o bebê e que eles precisavam ir para o hospital urgentemente. Jin, Yoongi e Hoseok – que ainda estavam no local – ajudaram a colocar Jimin no carro de Jungkook e eles seguiram para a instituição hospitalar mais próxima. A todo momento Guk perguntava o que o ruivo estava sentindo e segurava sua mão enquanto mantinha a outra firme no volante, o olhando de vez em quando.

Ao chegarem, ele entrou com Park no local chamando a atenção de todos na recepção. Uma maca fora disponibilizada e ele registrou o garoto de maneira ágil. Depois disso eles levaram seu noivo que não parava de chorar e gemer de dor para longe.

Jeon deixou-se cair em um dos bancos. As pernas tremiam e tentava a todo momento não chorar. Sentiu uma mão em seu ombro. Jin estava ali e atrás dele Yoon e Hobi também. Assim Jungkook não aguentou e desabou. Não havia como se distrair sabendo que seu filho e seu noivo estavam em perigo. Ele sentia seu coração pesar e várias coisas se passaram por sua mente.

Se ele tivesse ficado ao lado de Jimin, se estivesse com ele naquele banheiro.

Quando um médico alto e loiro perguntou quem era o responsável por Park Jimin, Guk quase o atropelou, agarrando-o pelo braço. Ele nem se importava com as pessoas ao seu redor que naquele momento tiravam fotos e gravavam vídeos do jogador completamente alterado.

— Como eles estão? Me diga que os dois estão bem! Foi grave? Ele precisam de sangue? o coraçãozinho do meu Jihyun ainda ta batendo forte e…

— Acalme-se senhor Jeon. Respire fundo. – O médico percebeu que ele estava prestes a ter um infarto. Segurou em seus ombros enquanto via o peito do garoto subir e descer rapidamente. — Eles estão bem. O sangramento foi causado pela acomodação do saco gestacional. Creio que por hoje eles fiquem aqui em observação, repousar fará bem.

Assim que autorizado, jungkook entrou no quarto. Ele viu o seu ruivinho ali, todo encolhidinho e quando Jimin percebeu que o moreno estava no quarto, estirou os braços o convidando para um abraço.

Guk chorava e tremia, quase cancelou a viagem para os EUA no dia seguinte, mas Jimin o fez prometer. "Eu luto para manter Jihyun vivo e você luta para trazer o título pra casa." Ele não quis partir mesmo assim, porém mesmo sentindo seu coração ser estrangulado, por ter que deixar seu amado e seu filho Jungkook foi, e estava mais determinado que nunca.

Não foram semanas fáceis, ele treinava todos os dias e enquanto os outros descansavam ele continuava a chutar a bola na rede do campo vazio, mas o que acalentava a sua alma eram as ligações que jimin fazia depois de cada treino. Ver a cara enchadinha do ruivo – que tinha seus cabelos mais escuros agora – assim como a barriguinha de cinco meses grandinha, lhe dava forças para continuar. HeYoon, que também tinha viajado consigo o consolava nas noites em que somente ver Park não era o suficiente. Ele era uma das bases que mantinham Jungkook de pé.

A luta de Jimin para que Jihyun permanecesse bem em sua barriga não fora nada fácil também. Tiveram dias em que sentia dores insuportáveis e seus pés estavam cada vez mais inchados, mas ele continuava a fazer o que o médico mandava. Ele estava aguentando firme pelo garotinho e não demonstrava seu cansaço para Jungkook, porque ele sabia o quanto ele deveria se esforçar e se manter focado naquele momento.

Tanto que como imaginado, os primeiros jogos da fase de eliminatória foram extremamente difíceis. Os times sul-americanos quase os mandaram de volta para casa. A Coréia, ao contrário desses países não tratava futebol como um costume, então era bem evidente que eles estavam em desvantagem, por isso a equipe passou a treinar incansavelmente para melhorar sua forma de jogar.

Pensando em algo para tranquilizar o noivo antes dos jogos, Jimin adquiriu uma mania de ligar para ele, algumas horas antes da partida, quando Jeon estivesse no ônibus indo para o estádio. E lá estava Park, a barriga pintada com tinta escrito "Papai é o melhor" e o rosto com duas listas de cada lado, vermelho e azul. Taehyung e Namjoon também estavam por perto e essas ligações sempre acabavam com um Jeon emocionado dizendo que estava com saudade e que amava eles.

Quando encerravam, Park ia sentar-se no sofá para esperar o jogo começar. A Casa onde eles moravam vivia adornada com bandeirinhas da coreia e bexigas vermelhas e azuis. A cada momento em que o time entrava em campo uma gritaria começava e os xingamentos e pulos no estofado quando o time adversário estava com a bola eram inevitáveis, contudo sempre acabava bem porque no final do sufoco eles venciam.

E aquilo era algo inesperado, pois por mais que tivessem perdido uma das partidas na fase inicial, eles continuavam firmes e fortes tirando grandes seleções das disputas com resultados razoáveis.

Era um marco nunca atingido, eles estavam fazendo história e em cada estádio, cada jogo, o grito de guerra e as preces silenciosas eram eternizados lá. Uma corrente elétrica sempre passava por suas veias assim que encaravam o gramado.

A mídia se encontrava fervorosa e nas entrevistas a pauta principal quando se tratava de jeon era além da paternidade, o casamento e Guk sempre dizia: "Eles foram os melhores presentes da minha vida e eu estou morrendo de saudades." E mesmo que dissessem que ele era tão jovem, com tantas coisas para viver, ele sempre escolheria vive-las ao lado de Park.

Jimin ao ouvir aquilo, chorou copiosamente. Ele também estava com saudade do garoto. O suor escorrendo por seu corpo, a maneira como ele bebia água nos intervalos, o seu rosto focado quando chutava a boa e seus cabelos morenos agora grandes balançando em câmera lenta no replay. Tudo aquilo era uma tortura. Park iria aprontar e ninguém o impediria.

Jeon estava tão embasbacado que a todo momento ele beliscava sua pele para constar se estava sonhando ou não. Entrou em um estado de torpor tão grande que começou a jogar no automático e quando menos percebeu faltavam apenas dois jogos para que acabarem as semifinais.

Seu corpo e mente estavam completamente exaustos, ele ia dormir cansado e acordava completamente quebrado, mas então ele lembrava-se de Jimin e sorria bobo para o nada. Ele sempre lhe dava forças mesmo que indiretamente e quando estava nervoso, percebia embasbacado os aplausos e seu nome sendo clamado até pela torcida adversária quando estava entrando e se preparando, ou quando era substituído nos últimos minutos por outro jogador depois de uma boa performance.

Seu nome começava a crescer como o nível de água de um rio quando caía uma chuva muito forte, ele não parava de ganhar admiradores e mesmo que às vezes a seleção coreana se atrapalhasse com alguns passes, não deixava de brilhar.

Jeon era tão novo e tão talentoso que sempre estava em sites de fofoca das piores espécies tanto sendo elogiado, como detonado algumas vezes, todavia isso não o deixava triste. Ele sabia que manter sua cabeça no lugar era essencial para conseguir vencer.

No penúltimo jogo da semifinal, pareceu que os deuses estavam raivosos com os jogadores sul-coreanos, nenhuma bola entrava, os passes não se encaixavam direito e Jungkook – que tinha o número sete nas costas – não conseguia finalizar os lances. O jogo estava empatado no zero a zero. Não tiveram chances de contra-ataque e muito menos fizeram lances perigosos. A chuva começou a cair e foi como se tudo estivesse perdido. Jeon olhou para o céu quando uma falta fora cometida pelo outro time. Era uma posição perigosa. Se tivesse foco, ele conseguiria acertar, contudo ele precisava de uma ajudinha.

Porque futebol é assim, não adianta ter um bom time, bons jogadores, ou habilidades secretas, precisa-se de mais um única coisa para ganhar uma partida: sorte. E a corrente de energias positivas vinda de lá da Coréia fora sentida em cada canto do corpo forte de Jungkook.

O apito fora ouvido, autorizando seu chute depois dele ter posicionado a bola na marcação esbranquiçada feita pelo juiz. Encarou bem a barreira, o ângulo, e idealizou com qual parte do pé ele iria bater. Segundos depois, ele chutou, fechando levemente os olhos, os abrindo de maneira abrupta quando ouviu os gritos de seus companheiros. Ele havia feito o gol.

Abraçou Hoseok que veio correndo em sua direção para dançar em uma comemoração exclusiva dele. Então tiveram que aguentar por mais alguns poucos minutos de acréscimos para ouvirem o fino som vindo do juiz, finalizando o jogo. O campo estava liso, suas roupas estavam encharcadas, mas todo o time fez questão de se jogar de peito na grama. Ainda estavam na competição.

Era tão surreal. Não conseguiam conter a alegria e pareceu que com o fim daquele jogo os jogadores ficaram ainda mais unidos e focados em ganhar. Eles foram julgados no começo, muitos acreditavam que eles seriam eliminados na primeira fase, porém lá estavam.

O mundo nunca havia presenciado um acontecimento tão histórico como aquele. Um time que era considerado fraco demais até para ser convocado, estava prestes a chegar na final e a primeira coisa que Jungkook fez assim que chegou no hotel depois de comer e beber no quarto onde seu pai ficava, foi ligar para Jimin.

— Nunca mais demore pra fazer um gol! Eu quase infartei, Jeon Jungkook! – A voz raivosa do agora não tão ruivo assim soou pelo telefone e Guk caiu na gargalhada.

Eles ficaram conversando até o cair da noite. Jimin constatou que doutor Choi – seu médico – disse que Jihyun estava crescendo bem e saudável e também contou que o garotinho estava ficando muito inquieto durante o dia, mexendo-se para todos os lados, mas que quando ouvia a voz do jogador, ele parecia se acalmar.

E com isso, Jeon acabou por cantar um música de ninar qualquer, abaixando o tom de voz quando percebeu que seu noivo aos poucos ia pegando no sono e se entregou a ele também depois de sussurrar um: "Eu amo vocês." bem baixinho.

Nos dias que se seguiram Jeon não teve tempo para ver Park. Ele saia para treinar e voltava arrastado direto para cama. Jin não parava de lhe dar sermão, porém sempre o acompanhava até tarde. Todos eles sentiam ansiedade, estavam tão perto da final, tão perto de conquistar o impossível que quando o dia da partida chegou, parecia que o desafio era ver quem conseguia furar o chão do ônibus somente com o sobe e desce frenético de calcanhares.

Eles tinham que ganhar, era o último degrau até a final e eles precisavam da vitória para que todo aquele esforço valesse a pena. As conversas aleatórias surgiram no intuito de distrai-los, contudo fizeram eles ficarem ainda mais nervosos. Aquele estádio era um pouco mais distante do hotel onde estavam hospedados.

O jogo seria complicado, os argentinos eram conhecidos como batedores vitimistas. Eles não aceitavam perder e quando viam que estavam em desvantagem começavam com a pancadaria e consequentemente as faltas. E não demorou muito para que os jogadores coreanos sentissem na pele o que eram somente teorias comprovadas. A partida mal havia começado e toda vez que havia uma chance de um contra-ataque ou quando a equipe de Jeon avançava até a pequena área, uma falta era cometida.

O segundo tempo foi ainda mais conturbado, porque eles estavam loucos para fazerem um gol e não conseguiam sair da linha de meio campo. Estavam todos dispersos enquanto a Coréia continuava com sua marcação cerrada e seu time fechado.

Foi em uma bobeira da saga argentina que Hoseok conseguiu se infiltrar e sozinho, deu um chute da grande área que foi direto entre as pernas do goleiro, marcando o primeiro gol do jogo e aparentemente único, na casa dos quarenta e dois minutos do segundo tempo.

O jogo seguiu com uma postura ainda mais agressiva do time adversário até que quando faltavam apenas dois minutos para a partida terminar, um dos argentinos fez questão de pisar no calcanhar de Hoseok. O volante ficou caído, enquanto se embolava com a dor, parecia ter sido uma torção. Um dos jogadores começou a gritar com o jung em espanhol, porque queria que ele levantasse logo e com isso o sangue de Jungkook que já estava quente, transbordou em forma de fúria. Ele empurrou o rapaz com força o xingando em inglês, que revidou e também empurrou Jeon, apontando dedo em seu rosto como numa advertência. Guk puxou aquele dedo entortando-o e iria quebrar aquele folgado no soco se não fosse o juiz e seus companheiros que o puxaram para o outro lado. Tanto Jk, quanto o argentino levaram cartão amarelo e o treinador da seleção coreana achou melhor substituir tanto Hoseok quanto Jungkook.

O apito marcou o fim da partida e os argentinos em peso foram choramingar para a equipe técnica. A torcida gritava: Coréia como se fossem nascidos lá e tivessem orgulho da seleção, contudo a maioria das pessoas eram americanas.

O nome Jung Hoseok fora gritado também e de lá da enfermaria ele estava chateado, porque estava fora do próximo jogo, mas estava vivendo um sonho coletivo, então ver seus companheiros ganhando, seria uma vitória para si também. Terminou tendo que ir até um hospital próximo para enfaixar aquela área e mesmo restrito ele burlou as orientações para comemorar com seus amigos no restaurante do hotel.

A noite foi regada de bebidas, limões e muito sal. Yoongi ficou tão bêbado que subiu em uma das mesas, fazendo um strip-tease, deixando-se levar pela absurda quantidade de álcool no sangue e da gritaria generalizada. Para finalizar ele pegou sua camisa de botões, passando entre as pernas, começando a puxar para frente e para trás como já havia visto os homens dos filmes fazerem. Seu namorado ria e o incentivava a fazer mais coisas constrangedoras.

Obviamente o dia seguinte a essa loucura, o time em peso, a comissão técnica e afins estavam completamente enfadados. Os treinos foram cancelados, porque nenhum deles tinha condições de pensar direito, contudo quando a folga acabou, a moleza foi expulsa de seus corpos.

O time precisou de três dias para se entrosarem novamente. Jung Hoseok fazia falta, então tiveram que reorganizar suas estratégias, jogadas ensaiadas, formas de marcação e passes para estarem novamente completos. O psicológico deles não poderia ser abalado, precisavam estar inteiros de corpo e alma para final.

E na noite anterior a ela Jungkook não conseguiu dormir, ele ficou cantarolando na sacada para se acalmar, sentindo a brisa fria balançar seu corpo e seus cabelos. Um filme passou por sua cabeça, quem diria que o garoto magricela que era zoado por não ter uma mãe e que quase não teve chance de vir ao mundo por conta dela, iria chegar até onde chegou?

Pessoas se inspiravam nele, crianças e adolescentes sonhadores mandavam mensagens para suas redes sociais atrás de dicas e até jogadores famosos entraram em contato consigo para elogiar seu talento e performance. Era uma carga muito grande a ser segurada. Vivar um herói não era tão fácil.

O dia nunca amanheceu tão rápido. Tomou seu banho, vestiu o casaco do time e colocou o boné vermelho deixando o cabelo que caia em seus ombros, solto. Ele também pegou dois potinhos de tinta que havia comprado antes da festa de comemoração onde eles quase fizeram merda por estarem bêbados demais. Iria fazer uma surpresa para Jimin e se tudo desse certo, ele iria fazer seu benzinho chorar, mas de amor.

Falando nele, assim que o ônibus que levaria os jogadores até o último jogo depois daquela jornada árdua começou a andar, Park mandou uma foto para Jungkook e o moreno jurou ter sentido seu coração parar de bater. Seus olhos ficaram tão arregalados que tudo parecia desfocado agora. Ele agarrou o celular com toda força, não notando quando o sorriso grande e bobo passou a adornar sua face.

A imagem era de dentro do estádio que em algumas horas a decisão aconteceria. Hoseok estava no meio, fazendo careta para a câmera, do seu lado estava Taehyung que fazia um "V" com as mãos e abraçava de lado HeYoon ambos sorrindo. Atrás deles estava NamJoon apontando para o boné vermelho que tinha a bandeira da Coréia estampada e, no cantinho da fotografia havia um Jimin sorridente, com as bochechas pintadas com as típicas duas listrinhas vermelha e azul, apontando para a barriga de sete meses coberta pela camisa que tinha escrito: "JK" e "7" logo a cima. Seu cabelo estava quase marrom por completo e Jungkook não se conteve ao ligar para o noivo de maneira desesperada.

— Você é louco, meu bem! – Falou assim que foi atendido no segundo toque. Havia um barulho enorme das várias vozes da arquibancada. Porque por mais que eles estivessem na área restrita às famílias dos jogadores, não estavam isentos do barulho e gritaria. — Você se arriscou de mais pra vim até aqui!

— Amor! Eu e o JiJi estávamos morrendo de saudades de você e outra, o doutor Choi me autorizou a vir! – Tampou um dos ouvidos para poder escutar melhor. — Agora vem logo pra cá e mostra à esses belgas como se joga! Jihyun está chutando aqui da minha barriga para inspirar você.

Ah, o coração mole de Jungkook não conseguiu ouvir aquilo sem derramar algumas lágrimas.

— Prometo que farei o meu melhor, eu lutarei por vocês! – Puxou levemente os próprios cabelos, ajeitando o boné. – Amo vocês.

Assim desligou a ligação e depois de alguns minutos tentando limpar as bochechas molhadas, Yoongi o abraçou de lado, sorrindo. Foi ali que Jeon entregou os dois potinhos que estavam em seus bolsos e explicou o que o Min deveria fazer.



O ônibus chegou no estádio e muitas pessoas esperavam do lado de fora aos gritos e aplausos, os jogadores saírem de dentro dele. JungKook cobria grande parte do rosto com o capuz do casaco de time e nas fotos, seu rosto nunca saia nitidamente.

No vestiário, todos respiravam fundo. Eles iram sair para se aquecerem e voltarem para tirar os casacos e irem para o jogo. Fizeram uma pequena roda de orações para que tudo desse certo, depois se abraçaram para enfim sair ouvindo mais gritaria das arquibancadas.

Jeon evitou que seu rosto ficasse muito amostra, ele tinha que esconder a surpresa por mais alguns minutinhos. Entre chutes e cabeçadas ainda não conseguia acreditar. Estava nos Estados Unidos, vestindo a camisa da seleção coreana, vendo o gramado verde e vívido daquele estádio que se os céus quisessem, presenciaria a primeira vitória da Coréia em uma copa e ainda veria a sua transformação em super-herói. Sentiu seus pelos arrepiarem-se por completo apenas com o pensamento.

E assim que voltou para o vestiário, quando retirou o casaco com cuidado, olhou para um dos espelhos que haviam por ali e viu as listas em suas bochechas, duas em cada lado nas cores vermelha e azul assim como as de Jimin. O cabelo mediano fora amarrado e ele respirou fundo antes de verificar o cadarço de sua chuteira.

A comissão fora chamar o time para que o jogo começasse e antes eles deram uma última vez o grito de guerra característico. No corredor, encontraram seus rivais, os belgas, já posicionados na fila indiana com o nervosismo aparente.

Jungkook ficou em sua posição e ao seu lado uma garotinha de aparentemente cinco anos, foi colocada. Ele olhou para a criança, sorrindo ao ver as duas janelinhas causadas pela falta dos dentes da frente. Sua mão passou a ser apertada por ela, como se ela quisesse o tranquilizar. E Jeon de um jeito completamente bobo, acariciou os cabelos morenos da garota, imaginando num futuro próximo ter uma filha com Jimin, uma garotinha para fazer companhia ao seu brotinho, Jihyun.

O número sete destacado na camiseta vermelha balançava com o vento. Os poucos fios de cabelo que haviam escapado do coque também faziam o mesmo movimento. Guk engolia a sua saliva com dificuldade a cada passo que dava depois que a entrada dos jogadores foi autorizada. Eles passaram bem perto da taça e discretamente, Jeon tocou-a com a ponta dos dedos das mãos livres. Pediu aos céus forças mais uma vez e procurou com os olhos a figura que para si representava o significado daquela palavra, e encontrou Jimin no canto esquerdo do estádio, em pé, aplaudindo e gritando seu nome de maneira histérica. Guk sorriu, olhando naquela direção e virou-se de costas para que os hinos fossem tocados. A garotinha fechou os olhos, sentindo toda aquela energia que emanava do estado e Jeon quase morreu de fofura quando ela teve que ir embora porque ela lhe desejou boa sorte, em inglês de maneira extremamente fofa.

Após alguns minutos, os times já estavam posicionados no campo. Os belgas começariam com a posse de bola. E eles não perderiam o objeto redondo do pé, tanto que passou-se quinze minutos e as chances perigosas na área foram feitas por eles. A Coréia precisava ganhar espaço, mas estava extremamente difícil. O corpo a corpo era desvantagioso, já que a Bélgica tinha jogadores corpulentos e altos. Eles não cometiam tanta falta, porém a marcação no capitão Jeon estava completamente acirrada.

O gol do adversário aos trinta e quatro do primeiro tempo pareceu desestabilizar o time coreano, todavia eles não podiam se deixar abater. A resposta positiva veio em forma de uma falha do goleiro, juntamente ao gol da equipe coreana, que agora estava mais tranquila. A estratégia de jogo foi completamente modificada, era arriscado, entretanto eles tinham que tentar. Os ânimos estavam a flor da pele. Yoongi xingava baixinho enquanto tomava goles grandes de água, juntamente a Jungkook que passou a empurra-lo com o ombro para que se distraísse.

Foi difícil ficar calado quando no fim do segundo tempo da prorrogação, o Juiz marcou uma falta que claramente não havia sido feita por Yoongi. Jimin xingou, gritou, os jogadores foram conversar, mas de nada adiantou, o segundo gol veio com ela e a indignação fora tanta que Park teve que ser segurado na cadeira para não se levantar e invadir o campo.

A tensão era palpável, os dedos quase sangravam de tanto que as unhas foram maltratadas e ele quase arrancou um deles fora quando nos acréscimos, uma pancada forte fora dada da meia lua e entrou, balançando a rede. Estava tudo empatado novamente.

Era inacreditável, agora a decisão seria nos pênaltis. Os rapazes estavam jogados no gramado descansando por alguns minutos. A seleção coreana precisava ter sorte, calma e categoria. Jungkook havia treinado com Jin tantas vezes, que esperava que dessa, conseguisse acertar.

Seriam 5 chutes para cada time. SeokJin começaria defendendo. Os times ficaram em uma fila um afastados da trave. O belga camisa 3 que havia várias vezes empurrado o corpo contra Jeon, ia em direção a área, assim como Jin seguia para perto da trave.

O batedor tomou uma distância razoável e bateu com o apito do juíz, fazendo o gol. Um lado do estádio vibrou e o outro começou a gritar que os belgas não iriam ganhar mesmo assim. Taehyung virava o rosto a cada pênalti e comemorava quando necessário, mas Jimin não, ele nem conseguia respirar ou piscar. Yoongi tinha feito o gol dele, Jin havia defendido dois pênaltis, contudo a vitória estava nas mãos de um certo alguém.

Jungkook era o último, aquele que decidiria a partida. Se fizesse o gol, o jogo acabava. Ele olhou para cada canto daquela trave, cada ângulo disponível e lembrou de cada técnica de como fazer a bola não ir tão alto, todavia também conseguir sair tão forte que o goleiro não poderia pegar. Fechou os olhos assim que ouviu o apito e tudo ficou em câmera lenta, seu suor, seus batimentos, – que agora podiam ser ouvidos com facilidade de tão altos – suas lufadas e seus movimentos. Jeon mirou no cantinho esquerdo, lá no alto, sentindo que ali o adversário não conseguiria alcançar, e chutou.

A bola em sua mente foi de modo torturante em direção aquela área. Ela foi rodando e rodando e tudo por um momento ficou silencioso, até que a rede fora balançada e ele ver o corpo do goleiro caído no chão do lado contrário. A torcida foi ao delírio. Os jogadores correram para derrubar Jungkook que parecia estar paralisado, mas logo começou a correr em direção aos companheiros aos berros. Enquanto corria se lembrava das noites mal dormidas, das idas de madrugada para academia, dos vídeos que assistia para melhorar seu desempenho, das incansáveis horas de treino e de suas recusas quando o assunto era descanso.

Na arquibancada Jimin pulava e gritava tanto que se não tivesse cuidado se machucaria com toda certeza, entretanto ele estava feliz. Tocou sua barriguinha, falando alto para que seu filho pudesse ouvir em meio a toda aquela gritaria: "Seu pai é um herói Ji!"

Então ao olhar para o campo, Park percebeu que o time inteiro tinha bolas nas mãos e vinha para o lado onde ele estava, comemorando aos abraços e gritos com seu sogro e seus amigos. O camisa 7 tinha os olhos marejados e a tinta que ele havia passado estava quase saindo por completo. Os jogadores pararam e cada um virou a bola que segurava de maneira sincronizada, formando uma frase. "Campeões" e quando chegou a vez de Jungkook, a dele estava escrita " Jihyun". Ela logo sumiu de vista quando o jogador a colocou por baixo da camisa como se imitasse a barriguinha de grávido de Jimin e começou a correr pelo estádio, gritando a plenos pulmões, agitando as pessoas. "Essa é pra vocês!" disse alto para que as câmeras pudessem gravar, balançando os braços como se estivesse ninando um bebê invisível no ar.

O garoto correu mais uma vez, voltando para onde Park estava e pulou a grade, deixando a bola personalizada para trás, ouvindo os gritos aumentarem. As pessoas daquele pedaço sorriam para si e lhe deram espaço para que ele pudesse chegar até Jimin e quando parou na frente do noivo, ele o beijou com gana. O ex ruivo nem se importou com o suor alheio, somente puxou seu amor contra seu corpo, libertando o cabelo igualmente molhado e grandinho para que pudesse embrenhar seus dedos nele.

— JK, VAMOS! TEMOS UMA TAÇA PARA ERGUER! – Ouviram SeokJin gritar do gramado, fazendo o casal se separar sorrindo.

— Vai lá campeão. – Jimin disse com os olhinhos quase se fechando por conta do sorriso enorme. Jeon riu gostosamente, antes de levantar a camisa que o noivo usava e beijou a barriguinha várias vezes, causando cosquinha em Park.

— Eu amo vocês! – Olhou para o lado vendo seu pai emburrado, lá no canto. — Também te amo papai. – Sorriu para o homem, que tinha os olhos cheios de lágrimas, seu filhinho havia conseguido. — Obrigado por vir gente. – acenou para NamJoon e Taehyung que estavam sorrindo em sua direção. — Vamos campeão. – passou o braço pelas costas de um Hoseok choroso e resmungão que tinha o tornozelo enfaixado.

Ele seguiu em passos apressados, olhando pra trás algumas vezes somente para ver Jimin e seu rosto agora com a tinta borrada nas bochechas. Pulou a grade novamente, ajudando o Jung e seguiu até SeokJin, que o auxiliou com Hoseok, até que chegassem até o pequeno pódio, onde o time estava reunido. Uma cadeira foi colocada para que o jogador machucado se sentasse.

A comissão técnica do evento estava em uma fila, ao lado da taça. Eles seguravam medalhas e o time ia de um em um recebendo-as, ganhando abraços e incentivos. Jungkook pegou uma das medalhas para Hoseok, que havia recebido uma muleta do fisioterapeuta do time. O técnico abraçou o camisa 7 de forma apertada, agradecendo pelo trabalho árduo, porque agora a Coréia do Sul poderia dizer que era campeã mundial.

Quando a entrega de medalhas acabou, O coordenador geral daquele evento pegou a taça brilhante e amarelada, indo em direção a aglomeração de jogadores eufóricos. Jeon se apressou para pega-la com um sorriso extremamente grande. Aos flashs e gritos, ele pegou a tão sonhada peça em mãos, com medo de derruba-la. Andou apressadamente em direção aos seus companheiros e ficou à frente deles para contar até três e no final os braços fortes ergueram a peça folheada, causando uma nova euforia em todos.

Levantando aquela taça que havia tocado assim que entrou em campo no alto, com o choro preso na garganta e um sorriso enorme no rosto, com seu corpo sendo erguido pelos seus companheiros que lutaram junto para que aquele sonho fosse realizado, ele olhou para o céu límpido refletiu.

Agora o pequeno Jihyun poderia dizer: “Eu venho de uma família repleta de heróis.”

E um dia, Jungkook torce para que seu pequenino perceba que a sua existência já faz dele um, porque se houve uma coisa que aprendeu com toda essa jornada, foi que heróis não precisam ter super poderes, eles só precisam acolher quando necessário, lutar quando tudo parece desmoronar, acreditar que até as coisas consideradas impossíveis podem ser alcançadas e, amar e zelar pela vida de quem quer que seja, mesmo sem conhecer.

Sendo assim, caro leitor. Você se considera um herói?






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