ᴅᴏʟʟʜᴏᴜsᴇ | ᴋᴛʜ + ᴍʏɢ

By SOSCrystal

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❝Lugares, lugares, vão para os seus lugares Vista seu vestido e coloquem seus rostos de bonecas Todos pensam... More

1. The birthdays
2. Carrot cake
3. Welcome to the neighborhood
4. Dollhouse
5. Love really hurts without you
6. The doctor character
7. His body is like an art
8. Inside the house
9. You make me begin
10. BunnyKookie
11. Baekhyun
12. Thank you
13. Shit!
15. It was that motherfucker tattoo!
16. Friendly neighborhood poltergeist
17. Shining through the city
18. Ambrosia
19. The Call
20. Gathering information
21. The truth untold
22. Daddy's boy
23. Hit Academy
24. A new doll
25. I will always be with you
26. Just wait, Taehyung
27. Pain
28. Taking him home
29. Cold
Epílogo
Agradecimentos

14. Memories

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By SOSCrystal

— Quem era aquele homem de hoje cedo? — Jennie revira o pirulito na boca enquanto apoia os pés na minha mesa. Fecho a porta rapidamente para que ninguém nos veja.

— Você não deveria estar, sei lá, vendo se algum paciente precisa usar o banheiro? — sento na cadeira de frente à mulher e apoio a prancheta na mesa, terminando de assinar alguns prontuários.

— Você pareceu todo preocupadinho. — ela ri. Sorrio, sem nenhum ânimo. — Então você é gay? — como não respondo, ela continua. — Bissexual? Pansexual?

— Não. — respondo, vagamente. Pego meu carimbo na mesa e insiro um por um em cada folha.

— Não o quê? — insiste. Resisto a vontade de carimbar a cara dela.

— Não te interessa, porra. — ela ri, e eu me pergunto o motivo.

— Você é tão delicado. — ela retira os pés da mesa e se inclina na minha direção. — Sabe aquelas caixinhas de música? Pra mim você é uma delas. — paro de carimbar os papéis e a observo. Jennie tem os cabelos castanhos trançados de forma elegante, se ela não fosse tão irritante eu pediria para me ensinar a fazer aquele penteado, acho que Jisoo gostaria. — Se eu girar a chave do lado... o que eu vou ouvir?

Eu não consigo entendê-la, por mais que eu tente. Jennie é esperta, sabe quando está passando dos limites, por outro lado, parece que ela quer conhecer o limite, talvez até ultrapassá-lo. Não gosto da curiosidade dela, mas tenho que admitir que é uma pessoa interessante.

Eu me inclino na direção dela, Jennie nem sequer pisca por eu estar perto demais. Observo o contorno do rosto da mulher e pela primeira vez... gosto do que vejo. Com cautela, levo minha mão ao rosto da mulher, meus dedos percorrem a maçã do rosto em direção a orelha. Gosto da pele dela, é macia, me lembra... sim, a pele da Jisoo.

— Você não deveria rodar a chave, Jennie. — alerto, em um sussurro.

— É o que os boatos dizem do intocável Min Yoongi. — percorro o maxilar dela com a ponta do meu dedo. — Mas talvez eu queira correr o risco. — sinto um sorriso surgir nos meus lábios.

— Risco... é uma palavra interessante. — comento. Jennie chega mais perto, nossos rostos estão a poucos centímetros um do outro.

— Eu gosto dessa palavra. — confidencia.

Me afasto, ainda sorrindo, porque talvez eu não leve apenas Taehyung. Talvez, e só talvez, Jennie possa ser uma bela boneca na minha casa.

Se ela está decepcionada pela minha recusa momentânea, não demonstra. Apenas levanta da cadeira e joga o pirulito no lixeiro.

— Você tem meu número, não é? — pergunta, arrumando o jaleco.

— E por que eu teria? — rebato, só para provocar. Eu tenho o número dela.

— Vou levar isso como um sim. — ela pega duas luvas na caixa que está em cima da minha mesa. — Se quiser fazer alguma coisa algum dia, me ligue. — a luva estala quando ela puxa o material de borracha nas mãos.

— Talvez eu ligue. — digo, antes que ela saia da sala.

— Tenha um bom dia, Dr. Min. — ela fecha a porta.

***

Coloco o carro na garagem assim que chego do hospital, o relógio no meu pulso avisa que são nove horas da noite. Antes que eu feche a porta, olho para a casa de Taehyung. O movimento é rápido, e por um momento penso ter visto a cortina do segundo andar se fechando.

Permaneço olhando para o local esperando qualquer movimento, quando nada acontece, reconheço que foi apenas minha visão cansada.

O vento gelado faz meu nariz doer enquanto permaneço parado com metade do corpo dentro da garagem, e metade fora. Será que Taehyung acharia inconveniente se eu fosse ver como ele está? Talvez o gesto parecesse romântico em algum ponto, mas o horário não me parece um dos melhores. Se bem que ele veio devolver meu boleiro tarde da noite... mas será que ele está dormindo? Talvez tenha deitado cedo depois de ter dor de cabeça, não me parece improvável.

E se eu fosse até lá, o que aconteceria? Será que ele me receberia na porta daquele jeito de quem não sabe o que fazer? O que me faz lembrar... será que ele lembra que quase nos beijamos? Será que ele tem noção de que quase tivemos um contato maior do que o esperado para dois vizinhos que acabaram de se conhecer?

Ele não está apaixonado por mim, não é difícil de notar isso, principalmente porque Taehyung é alguém que não sabe controlar suas emoções exteriores. Por outro lado, uma relação não se constrói apenas com paixão, ele pode facilmente estar apenas atraído sexualmente por mim, e isso parece mais provável e fácil de acontecer. Foi assim que consegui Hoseok.

Meu corpo é tomado por um calafrio, tremo e cruzo os braços para me manter aquecido. Dou um passo hesitante pela calçada em direção ao outro lado da rua. A luz do andar de cima ainda está acesa, seria aquele o quarto dele?

Respiro fundo, sou só Min Yoongi, o médico preocupado que quer saber notícias do seu paciente, e por que não perguntar para o amigo dele? E quem sabe aproveitar o embalo e saber dos dois ao mesmo tempo?

Encaro a campainha, ainda indeciso. Lentamente, ergo minha mão até o botão e percebo que as juntas dos meus dedos estão brancas pelo frio. Ignoro e toco o aparelho, passo uma mão rápida pelo meu cabelo e expiro lentamente.

Ouço os passos se aproximarem da porta antes que ela sequer abra, cruzo os braços porque minhas mãos estão tremendo, talvez pelo frio, talvez por ele. Talvez pelos dois.

A porta se abre e a luz amarelada de dentro ilumina meu rosto, ouço o som baixo de música vindo de dentro da casa. Mas logo esqueço todo o resto quando meus olhos se encontram com os dele. Taehyung tem os cabelos emaranhados, como se estivesse deitado. Sinto meu dedo formigar para arrumar os cachos rebeldes. Ele abre mais a porta e dá um passo pra frente, um sorriso fechado no resto.

— Espero que não seja tarde para uma visita médica. — falo. Ele estende a mão em um cumprimento, os dedos estão sujos de tinta, e por algum motivo, isso me deixa mais atraído por ele. Antes que ele retire a mão ao ver a situação dos próprios dedos, eu a seguro. O calor dele flui rapidamente pelo meu braço.

— Eu estava pintando. — diz em tom de desculpas. — Dei uma pausa quando minha cabeça recomeçou a doer.

— Agora seus cabelos estão explicados. — rio baixinho. Taehyung leva a mão aos cabelos parecendo um pouco alarmado, ele gagueja algo sobre se mexer muito na cama. Com agilidade ele faz o máximo para abaixar o volume. — Não se preocupe com isso, você está ótimo. — as palavras escorregam pela minha língua antes que eu possa sequer raciocinar o impacto que possam ter.

— Ah... não são muitas pessoas que diriam isso, — ele ri e leva as mãos às bochechas, dando batidinhas nas mesmas. — mas agradeço.

— Como está meu paciente? — pergunto, dessa vez, colocando as mãos no bolso.

— Bem, ele... aish, está frio, você deveria entrar. — Taehyung abre mais a porta esperando que eu entre. Engulo em seco, porque acho que reconheço aquela sombra atrás dele.

— Licença. — murmuro entrando na casa. Sou acometido por uma sensação de déjà-vu. A forte sensação de que já vivi aquele momento brilha clara na minha mente. Tudo igual, tudo diferente.

— Se importa se eu deixar a música ligada? — diz a voz de Taehyung, mas ela soa distante.

O sofá não é o mesmo, mas está no mesmo lugar e a mesinha de centro está com os mesmos enfeites de antes. O lustre emite a mesma cor de anos atrás.

— Está ótimo. — retruco, automaticamente.

— Vou desligar. — lentamente, olho para Taehyung. As sobrancelhas dele estão unidas em confusão, ele caminha até a vitrola que se encontra em cima do móvel e retira a agulha do disco. Não estou conseguindo permanecer indiferente, não consigo esconder essa enxurrada de emoções patéticas que surgem do nada.

— Você está bem? — não, essa pergunta não, eu que tenho que fazê-la, eu que tenho que saber o estado de saúde dos outros. — Você está pálido. — Taehyung se aproxima cuidadoso, e eu quero muito dizer que estou bem, mas uma leve fumaça vem da cozinha, e com ela o cheiro de chá de hortelã. Era o favorito do Namjoon.

— Por aqui. — com cuidado, Taehyung segura na dobra do meu braço, me puxando na direção da cozinha, na direção da fumaça.

— Só estou cansado, foi um dia cheio hoje. — cada palavra rasga minha garganta. A cada respiração o cheiro de hortelã entra nos meus pulmões, sinto meu nariz arder e uma enorme vontade de tossir.

— Não é porque você é médico que não precisa se cuidar. — ele diz puxando uma cadeira da cozinha para que eu sente. Apoio meus cotovelos na mesa e fecho os olhos, sentindo uma enorme tontura. Ouço o som dele pegando um copo no armário, o som da água preenchendo o vidro e...

Você gosta de chá de hortelã? — ele diz, mas não diz, ele disse.

Abro os olhos, Namjoon está sentado na cadeira a minha frente. A xícara branca coberta de traços folheados a ouro está cheia do líquido verde, uma pequena fumaça deixa o recipiente.

As lendas contam que muito tempo atrás Zeus e Hermes andavam pela Terra disfarçados de inocentes humanos, até que um dia foram convidados para jantar por um casal humilde. Na mesa, os anfitriões espalharam folhas de hortelã em um sinal de gratidão. Em troca de tamanha bondade, os deuses transformaram o casebre em um grande e esplendoroso palácio, o que fez da planta um símbolo de amizade, amor e hospitalidade. Eu gosto dessa história, acho que são três aspectos importantes a se manter. Você não acha, Yoongi?

Yoongi?

— O que acha, Yoongi?

— É meu favorito, Yoongi.

— Chá de hortelã, Yoongi.

— Por favor, fique longe de mim.

— Por favor, não faça isso.

Yoongi? — Taehyung olha pra mim, preocupado. Em sua mão, um copo de água. Pisco os olhos, mas Namjoon continua sentado na cadeira.

— Obrigado. — minhas mãos patéticas tremem quando seguro o copo. A água esparrama pela minha camisa.

— Deixe comigo. — aos mãos de Taehyung envolvem as minhas, sustentando o peso do copo. Bebo a água e Namjoon bebe o chá, os olhos dele estão fixos em mim, e logo a água que engulo passa a ter gosto de hortelã. — Já pensou em pegar uma folga no hospital?

— Honestamente? — depositamos o copo na mesa, as mãos de Taehyung permanecem alguns segundos sobre a minha antes de deslizarem para fora do meu alcance. — Estou pensando seriamente nesse exato momento. — Taehyung ri, passando a mão pelo cabelo. Na cadeira, Namjoon faz careta.

— E o Jungkook? — pergunto enxugando o suor que escorre pela minha testa. Taehyung anda até a cadeira onde Namjoon está sentado, e eu espero que ele sente lá, porque vou ter certeza que aquele não é o meu Joonie. Taehyung olha para a cadeira e parece mudar de ideia sobre sentar, ao invés disso, ele cruza os braços e fica em pé. Namjoon olha para Taehyung e depois para mim, erguendo a xícara em um brinde.

— Ele está bem. — Taehyung suspira pesadamente. — A mãe dele queria deixá-lo de castigo, mas não faz sentido mandar um homem de vinte e um anos pro quarto.

— É, seria estranho. — encaro o copo, sentindo vontade de vomitar.

— Mas pelo menos ele contou para os pais... Jungkook não quis me contar o que o pai dele disse. — ele murmura a última parte, quase como se estivesse pensando alto. Minha cabeça começa a doer, e eu me arrependo de ter entrado nessa casa.

— Eles não se dão bem? — pergunto, tentando parecer interessado.

— Na verdade, não. — ele não diz mais nada, e eu agradeço, porque nada sobre Jeon Jungkook me interessa.

— Pais são decepcionantes. — murmuro, esfregando minhas têmporas.

— É, de vez em quando. — eu não deveria ter dito aquilo, agora ele vai perguntar. — Você não se dá bem com seu pai? — Taehyung tem uma expressão honesta no rosto, o que quer dizer que ele realmente quer saber, não apenas por curiosidade, mas para criar laços.

Antes ou depois dele se enforcar?

— Oh! Eu sinto muito, eu... não podia imaginar... desculpe, eu não quis ser indelicado. — por um momento eu apenas o encaro, porque não sei do que ele está falando. Mas estão percebo... eu disse em voz alta?

Meu mal-estar aumenta, sinto a cor sumir do meu rosto, sinto a corda queimar meu pescoço.

— Eu era pequeno, tinha cinco anos, não lembro de muita coisa. — tento consertar meu erro, mesmo sendo uma mentira idiota. Eu lembro perfeitamente daquela noite, do corpo balançando pendurado na madeira do teto, do odor putrefato, dos gritos da minha mãe, do som da ambulância.

— Eu sinto muito, Yoongi. — a mão de Taehyung se fecha sobre a minha. — Deve ter sido difícil para você e sua mãe. — meu mundo gira como uma roda de bicicleta. Seguro na mão de Taehyung, porque não quero desaparecer. Minha respiração acelera a ponto de me fazer hiperventilar, pisco os olhos com força.

Tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado, tudo errado.

— Ei. — sinto os dedos de Taehyung tocarem meu queixo, tento me concentrar no toque dele. — Vamos lá pra fora, você precisa de um pouco de ar. Não se preocupe, estou aqui com você.

Taehyung me ajuda a levantar e me segura quando eu cambaleio. Meu corpo inteiro se arrepia assim que ele passa um braço ao redor da minha cintura, para me dar apoio. Agora que estamos lado a lado, percebo que os quatro centímetros de diferença na nossa altura parece muito maior, porque me sinto pequeno. Odeio me sentir assim. Mordo meu lábio inferior com força e me obrigo a endireitar a coluna, mesmo assim deixo que ele me guie porta à fora, porque no fim das contas... preciso dele.

***

Mais um capítulo pra vocês! Eu pessoalmente gostei de escrever esse.

Gente, eu queria dizer que esse é o último capítulo pronto que eu tenho, e estou presa no capítulo 15 há umas três semanas. Eu vou dar meu melhor para conseguir terminá-lo até próxima terça, infelizmente eu não estou tendo nenhuma inspiração, o que complica as coisas. Sem falar nas coisas acumuladas na minha vida estudantil. Então, caso eu não poste nada na terça, é porque não consegui terminar.

Enfim, lembrem de votar e até a próxima!💙

Beijinhos!💙

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