Depois Que Caímos #Rabia G!P

By srtmarinsc

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Rafaella Kalimann não é o meu tipo! Cowgirls sensuais e polêmicas são boas nos filmes, mas na vida real, pref... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26

Capítulo 16

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By srtmarinsc

Ola meus leitores, como estão? Espero que bem. Tenham um ótimo final de semana. Boa leitura ❤️

          POV Rafaella Kalimann

— Talvez mais tarde. Precisamos terminar de arrumar tudo aqui.

— Está bem. Mas não se esqueça. Ainda somos sua família, não é?
—Parecia quase uma acusação.

— Claro. — Enfiei as mãos nos bolsos, torcendo para que ela não tentasse
me abraçar novamente.

Ela sorriu como Gizelly fazia e isso me deixou tenso. — Vejo você mais tarde, então. — Sem olhar para Bianca, ela saiu.

Quando ela já estava longe, suspirei e me sentei na cadeira. Peguei minha
garrafa de água. Tomei um gole.
Bianca se abaixou lentamente até a beira do assento.

— A irmã de Gizelly? — perguntou gentilmente.

— Sim.

Ela assentiu com a cabeça. — Pensei isso. Elas se parecem, hein?

— Sim.

— Isso deve ser difícil.

Dei de ombros. — Gizelly era realmente diferente de sua irmã.

— Como assim?

— Diferentes personalidades. Interesses diferentes. — Olhei para ela. — E Gizelly nunca teria tratado você assim.

Bianca esboçou um sorriso triste.
— Eu tenho a sensação de que ela não gostou de me ver com você.

— Provavelmente porque isso é algo que eu costumava fazer com Gizelly.

Bianca inclinou a cabeça para um lado e para o outro. — Então a reação dela é compreensível.

— Talvez. Mas isso não melhora as coisas. — Suspirei, fechando os olhos
por um segundo. — Sabe, quando Gizelly estava viva, sua família nunca gostou tanto assim de mim.

Bianca pareceu chocada.— Por quê?
Dei de ombros.

— Eles achavam que ela poderia ter feito muito mais do que ficar por aqui e se casar comigo. Ela poderia ter feito mais. Eu disse isso a ela um milhão
de vezes. — Com raiva, bebi minha água novamente, desejando que fosse uísque.

— Acho difícil acreditar nisso.

— Eu não sei por que — disse com amargura. — Você viu bem como eu
sei ser idiota.

— Porque você é uma boa pessoa Rafaella. Sim, você fica com raiva e ataca. Você fica encurralada e reage como pode. E caramba, eu vi você ser uma idiota. — Sua voz se suavizou. — Mas também ouvi você se desculpar. Eu tenho visto você tratar pessoas e animais com amor e bondade. Eu vi você tratar a terra com amor e
bondade. — Eu quase sorri, ela me pegou. — Além disso... — ela disse,
inclinando-se para sussurrar em meu ouvido. — Você tem mãos habilidosas, uma língua incrível e um pau impressionante. O que mais uma alguém poderia querer?

Relutantemente, esbocei um sorriso e sacudi a cabeça. Será que ela
realmente acreditava que um pau compensava tudo o que não poderia
oferecer? Justo a Bianca?

— Uh, estabilidade? Segurança financeira? Um carro legal? Uma casa grande? Joias caras?

— Você me disse que não se importava com essas coisas.

— Mas você se importa. — Saiu do nada. Por que diabos eu compararia
Gizelly com Bianca? —  Esqueça que eu disse isso.

— Não, escute. — Ela pôs uma mão em minha perna. — Você não está
errada. Eu me importo com essas coisas. Nunca senti falta disso ou de qualquer outra coisa que o dinheiro pode comprar. Mas quer saber?

Cristo, somos tão diferentes.
— O quê?

— Falta alguma coisa na minha vida.

Eu olhei para ela. — Como o quê? O que poderia estar faltando em sua vida se você tem tudo o que sempre quis e se você não tem, pode sair e conseguir?

Ela revirou os olhos. — Eu odeio desapontá-la, mas não vendem felicidade nas lojas, Rafaella. Muitas pessoas ricas são tristes e muitas pessoas pobres estão satisfeitas.

— Concordo.

— Você e Gizelly eram ricos?

Eu bufei.— Não.

— Mas eram felizes.

— Sim, nós éramos. Felizes demais.

Ela inclinou a cabeça. — Como assim?

Jesus, por que eu disse isso? Tratar de assuntos além da tensão sexual com
ela era uma coisa, mas não queria revelar muito de mim mesmo.

— Nada.

— Você quis dizer alguma coisa, Rafaella. Conte-me.

Eu suspirei, sentindo o peso retornar aos meus ombros, um peso que não
tinha sentido durante o dia todo.

— Eu apenas quis dizer que o tipo de felicidade que tivemos não durou.

— Por que não?

— Porque era bom demais para ser verdade. Eu não merecia aquilo. —
Cala a boca, Kalimann! O que você está fazendo?

Ela me observou por um momento.
— Por que não?

— Meu Deus, Bianca. Podemos deixar isto pra lá, por favor? Eu não quero
falar sobre isso. Você não vai entender e não tem nada a ver com você. — E eu não posso começar a te contar as coisas. Simplesmente não posso.

— Mas eu...

— Chega, já disse! Gizelly e eu não somos da porra da sua conta! — E
porque minha raiva estava ameaçando me tirar do sério e eu tinha o hábito de falar demais quando isso acontecia, dei um pulo da minha cadeira e me afastei.

Eu não tinha ideia para onde estava indo, só queria uma certa distância
entre nós. Passando por outros vendedores furioso, atravessei um estacionamento público e saí pela rua. Porra, por que ela teve que começar? Eu estava de bom humor hoje. Feliz,
até. Por que ela teve que arruinar tudo insistindo na minha dor com um monte de perguntas? Só porque estava fodendo com ela não significava que ela tivesse o direito de me perguntar sobre meus sentimentos.

Entre ela e eu não existiriam
sentimentos  era sexo por sexo e nada além! Não precisávamos complicar as coisas falando sobre nossos passados, nossa dor ou sobre o que faltava em nossas vidas. No momento em que começássemos a falar, seria sinal de que aquilo estava se transformando em algo mais, algo que eu não queria e de que ela não precisava.

Respirando fundo algumas vezes, parei de andar e levei as mãos à nuca. Esperei minha frequência cardíaca diminuir. Minha agitação aliviar. Minha raiva, que transbordava, suavizar. Depois de alguns minutos, eu estava calma. E envergonhada de mim mesma.

Eu tinha falado demais. O que nela me fazia me abrir daquele jeito? Eu não
podia fazer isso, porra. E mais uma vez, fiquei brava comigo mesmo e descontei nela. Quando aprenderia que atacar as pessoas que estavam tentando ajudar só fazia com que eu me sentisse pior?

Bianca não fazia ideia de como eu me sentia culpada pela morte de Gizelly ou por que me sentia responsável por ela. E eu não contaria isso a ela não só era desnecessário, como também lançaria uma sombra sobre o que era para ser um momento bom, e também seria uma traição muito grande. Sexo era uma coisa, mas nossa conexão permaneceria puramente física.

Amigável era bom, mas romântico e intimista estavam fora de questão.
Quanto menos ela souber sobre mim, melhor. Eu tinha que ser mais cuidadosa. Por nós duas.

No caminho de volta, parei para comprar algumas flores para Bianca.
Sem saber quais flores eram suas favoritas, escolhi um pequeno arranjo de hortênsias rosa, porque a cor me lembrou de sua boca. Elas foram bem embrulhadas em papel pardo e amarradas com barbantes, mas quando a vi sentada sozinha na nossa
mesa, parecendo um pouco nervosa e muito triste, pensei que deveria ter
comprado um buquê maior.

Dei a volta ao redor da barraca e me abaixei ao lado de sua cadeira,
equilibrando-me nas solas de meus pés.

— Oi.

— Oi. — Ela continuou olhando para as mãos, que descansavam em seu
colo.

— São para você. — Entreguei as flores para ela. — Eu sinto muito.

Ela olhou para o buquê e depois para mim. Respirou fundo. — Eu também.

— Você não tem nada do que se desculpar.

— Eu tenho sim... — ela balançou a cabeça. — Não deveria ter
incomodado você com o que disse. Nunca perdi alguém como você perdeu e não sei como é. Nunca amei ninguém como você amou. — Os olhos dela encontraram os meus. — Não tenho nenhuma experiência para lhe dar conselhos. Não a culpo
por ficar irada.

— Não era com você que eu estava zangada. Eu sei que parecia que sim — disse rapidamente quando vi a dúvida em seu rosto. — Mas eu juro que não era. Estava com raiva de mim mesma e isso faz com que a raiva me tire do sério. Peço desculpas.

— Desculpas aceitas. — Ela sorriu e então enterrou o nariz nas flores que
segurava. — Eu amo hortênsias. Obrigada.

— Estou impressionada por você reconhecer as flores.

— Boa.

— A cor combina com sua boca. Foi por isso que as escolhi.

Ela abaixou o buquê e olhou para mim com surpresa, o rosto ficando
corado. Abriu um pouco a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas depois a fechou de novo. Olhando para ela, meu coração começou a bater um pouco depressa demais
para o meu gosto, então olhei em meu relógio e vi que já eram quase três horas.

— A feira está prestes a abrir. Está pronta?

— Sim. — Sorrindo, ela colocou o buquê delicadamente embaixo da mesa e ficou de pé. — O que devo fazer?

— Não os deixe irem embora sem comprar alguma coisa. — Eu me
endireitei, minhas juntas estalando.

Ela sorriu. — Mole, mole. Eu poderia vender água a um homem afogado, lembra?

— Eu me lembro — disse. — E estou contando com isso.

Ela fez sinal de positivo quando algumas pessoas se aproximaram da
barraca. Eu a observei encantá-los, sorrir e cumprimentá-los quando ela se apresentou e dei-lhe parabéns depois que saíram com uma bolsa cheia de ovos e legumes. Aconteceu várias vezes.

Bianca era tão natural. As pessoas eram atraídas para ela. Elas a
escutavam. Falavam com ela. Não me admira que ela fosse tão boa em seu
trabalho  ela era linda, doce e sincera. As pessoas queriam agradá-la. E poderia dizer que ela tinha feito sua pesquisa sobre agricultura sustentável e os benefícios da alimentação orgânica. Ela até me surpreendeu com seu conhecimento, especialmente porque sabia que ela o havia adquirido em pouco tempo. Ela era
inteligente. E estava realmente fazendo tudo isso de graça?

— Isso é incrível — disse a ela. — Eu só tenho que ficar aqui e pegar o
dinheiro enquanto você faz o trabalho.

— Não seja boba, isso não é nada. Você faz o trabalho difícil, cultivando
tudo! Sinceramente, não consigo acreditar que nunca parei para pensar de onde minha comida vinha antes ou do que tinha nela. — Ela piscou os olhos para mim. — Estou admirada com o que você faz. Além do mais, acho que isso é divertido!

Ela voltou a atenção para os próximos clientes e eu não pude resistir e a
abracei por trás.

— Cuidado, garota da cidade. Eu vou querer te manter aqui.

Ela riu quando a soltei. Mas o assustador foi o fato de eu não estar brincando tanto assim.

   

             POV Bianca Andrade

Quando a feira acabou e nós carregamos a caminhonete, Rafaella quis me levar para jantar para me agradecer pelo trabalho de hoje e eu disse a ela que não era necessário, que realmente gostei de ter ido, mas ela insistiu. Eu acho que ela ainda
se sentia mal por causa da pequena explosão, também, embora não tivéssemos tocado no assunto novamente.

Eu ainda me sentia mal por isso. Só estava tentando tranquilizá-la de que
ela era boa o suficiente para Gizelly e merecia ser feliz, mas não deveria tê-la pressionado assim. Ela me pediu para parar de tocar no assunto. Foi tão triste, mas... por que ela achava que não merecia ser feliz? Nunca ouvi alguém falar sobre si mesmo desse jeito. Meu coração ficou apertado.

Depois que ela me deixou na mesa, senti vontade de chorar. Praticamente onforcei a ir à feira, algo que ela costumava fazer com sua esposa, e ela encontrou a irmã dela, o que despertou dolorosas lembranças e, em seguida, piorei a situação insistindo em algo que não podia.

E que idiota fui, dizendo banalidades como dinheiro não compra
felicidade! Como poderia comparar minha situação, aqual provavelmente era apenas tédio, à sua trágica perda? Que menina mimada eu fui, reclamando de algo que faltava em minha vida. Eu nunca quis nada. Deus, que raiva de mim! Fiquei
imaginando como meu comentário tinha sido recebido por alguém como Rafaella, que sabia o que era lutar, lutar e sofrer.

O que eu sabia sobre qualquer uma dessas coisas? E seu pedido de desculpas foi muito doce. Eu já tinha recebido rosas de Diogo antes, mas ele sempre mandava entregar. E apesar de eu gostar da formalidade do gesto, como qualquer mulher, havia algo tão cativante e pessoal no jeito com que Rafaella me entregou o buquê naquele dia. O modo com que ela quis
assumir a culpa. O modo com que ela se abaixou ao meu lado e ofereceu as flores.

O motivo da escolha ter sido feita por elas combinarem com minha boca.
Significou muito para mim. Ela significava muito para mim. Só não tinha certeza do que era. Ela não foi dizer olá para a mãe de Gizelly e fiquei contente. Eu apreciava as
boas maneiras, mas depois de ver como Suzanne se comportou comigo, não achei que lhe devia algum favor.

Ela tornou as coisas desconfortáveis para ela quando poderia ter sido agradável. Afinal, eu não era uma ameaça à memória da irmã. Só
queria fazê-la sorrir e me sentir bem, mesmo que fosse só por um
tempinho.

— Conheço um lugar de que você vai gostar na cidade — ela disse quando
saímos do estacionamento.

— E como você sabe que eu vou gostar?

— Porque tem coisas no menu, como charcutaria, coberturas de queijo e
coquetéis finos. — Ela ergueu o dedo mindinho. — Muito chique.

Dei um tapinha nela. — Ah, não, pare. Gosto de qualquer coisa. E certamente não frequento lugares chiques. — Eu puxei a caminha para longe de meu corpo. — Estou pegajosa, suada e nojenta.

— Mesmo no seu pior dia, você não consegue ser nojenta.

Eu sorri. — Obrigada. Mas você tem certeza de que estamos vestidas
adequadamente?

— Tenho certeza. Não há muitos lugares com código de vestimenta por aqui.

Optamos por comer no pátio do restaurante e estávamos sentadas a uma mesa sob uma série de luzes de festa e um guarda-sol listrado de branco e preto. Era uma mesa para quatro e fiquei feliz quando Rafaella sentou ao meu lado e não na
minha frente.

Nós pedimos bebidas um martini para mim e uma cerveja para ela e enquanto esperávamos, consultamos o menu e escolhemos alguns itens de charcutaria, queijo e outras pequenas porções para comer. Nossos drinques chegaram e o logotipo no guardanapo lembrou-me de algo que eu queria perguntar a ela.

— Ei, como é uma beterraba quando é colhida?

Ela arqueou uma sobrancelha para mim por cima do copo de cerveja.

— Por quê?

— Porque eu preciso desenhar uma.

— Eu virei o guardanapo e peguei
uma caneta da bolsa. — Mostre-me. Desenhe três.

Ela me lançou um olhar engraçado, mas esboçou um trio de beterraba no
guardanapo.

— Assim?

— Perfeito. — Mordendo o lábio, adicionei uma pequena faixa em todas elas e escrevi as palavras Can’t Beet Kalimanns Brothers Farm sobre elas. Um pouco tímida, virei-o para ela.

Ela resmungou um pouco, mas também sorriu.— O que é isso?

— Só uma ideia para uma logotipo. Não ficaria bonito nas toalhas de mesa e na faixa? Em camisas? Sacolas de compras? — Eu estava ficando animada.

— Essas beterrabas seriam eu, Igor e Lee?

Eu balancei a cabeça afirmando, alegremente. — Poderíamos até dar carinhas às beterrabas.

— Você está acabando comigo.

— Estou criando uma marca para você. — Peguei o guardanapo de volta e o guardei com a caneta na bolsa.
— E tive muitas ideias hoje.

— Eu também. Mas nenhuma delas envolveu beterraba.

Nossos olhos se encontraram, uma pequena corrente elétrica passando
entre nós. Ela ainda me quer! Meu coração bateu mais rápido. Fiquei nervosa ao ver Suzanne hoje e a discussão depois poderia ter apagado o fogo entre nós, mas ainda se mantinha forte. Nós comemos rapidamente.

No caminho de casa, perguntei a Rafaella qual era sua refeição favorita. Tive a ideia louca de tentar cozinhá-la para ela o que provavelmente a faria rir.

— Hum. Talvez churrasco. Batatas duplamente assadas. Algum dos
vegetais do nosso jardim. — Droga. Era um pedido difícil. Eu tenho que aprender a grelhar. E batatas duplamente assadas? O que diabos era isso? Por que você assa uma batata duas vezes? Uma já não era o suficiente? Ela olhou para mim.

— Por que pergunta? Você vai cozinhar para mim?

— Não ria de mim. — Eu franzi o cenho ligeiramente. — Acho que eu
poderia fazer isso, mas não sei usar a churrasqueira no chalé.

— Por quê? É complicado?

— Não sei. Perguntei à gerente da propriedade como fazia, mas ela
começou a falar sobre carvão e fluido acendedor. — Eu balancei a cabeça.
— Isso me pareceu perigoso.

Ele soltou uma gargalhada. Eu nunca me cansaria desse som, mesmo que
fosse uma risada da minha cara.

— Jesus. Você foi muito mimada na vida, mesmo.

— Não fui, não — eu disse na defensiva.

— Ah, não? Vamos fazer uma brincadeira. — Ela me olhou de soslaio. — Eu vou citar algo, e se você nunca fez o que eu citar, tem que tirar uma peça de roupa.

— O quê? — disse indignada. — Tudo bem, mas se eu tiver feito, você
tem que tirar também.

— Por mim, tudo bem — ela disse.

— OK, então. Comece.

— Trocar um pneu.

— Ah, qual é! — Eu zombei. — Comece com uma mais fácil. Quem faz
isso sozinha?

— Muita gente. Você deveria aprender. Você tem aquele carro velho, o que vai fazer se você perceber um pneu furado?

— Ligarei para o reboque.

— E se você estiver sem telefone?

Suspirei.— Uma peça de roupa. — Ela disse como um aviso.

— Está bem. — Eu tirei uma bota.
— Próxima.

— Abastecer o próprio carro.

— Ah! Já fiz isso. — Eu apontei para ela. — Tire.

Ela sorriu.— Assuma a direção.

Eu peguei o volante e ela tirou a camiseta vermelha. Fiquei com água na boca. Mesmo na sombra escura da caminhonete, eu podia ver as protuberâncias em seus seios, sua barriga...Ela agarrou o volante novamente.

— Servir mesas.

— Ah, Jesus. — Eu tirei a outra bota.
— Eu não tive empregos de verão.
Nós viajávamos para o exterior.

Rafaella achou aquilo hilário.
— OK, OK. Uma mais fácil. Desentupir uma privada? — Lá se foi uma
meia. — Cortar grama? — Lá se foi a outra. — Fumar um baseado? — Lá se foi minha camiseta. — Dormir em uma tenda? — Eu tirei a calça jeans. Ela estava sorrindo. — Esse jogo é muito divertido.

— Espero que não sejamos paradas pela polícia — disse, cruzando os
braços.

— Eu poderia parar de qualquer maneira. — Meus dedos descalços
formigaram. — Estar numa briga.
Pensei por um segundo.

— Que tipo de briga?

— Uma luta. Com troca de socos.

— Socos, hein? Não serve bolinhos?

— O quê? — Ela olhou para mim. — De que diabos você está falando?

Comecei a rir.— Meu ex há duas semanas atrás, às duas da manhã, me pediu em casamento. Não posso acreditar nisso agora, mas eu meio que disse que pensariansobre o assunto. Na noite seguinte, ele e sua namorada estúpida apareceram em
um evento para arrecadar dinheiro para a campanha do meu pai e ela estava usando a aliança com que ele tinha me pedido em casamento. Ele foi da minha casa para a dela aquela noite.

— Que ridículo.

— Sim. Descobri que seu pai havia dito que ele tinha que parar de brincarnna vida e amadurecer e ele achou que o casamento mostraria que ele estava tomando jeito na vida. Se não fizesse isso, ele não herdaria seu fundo, do qual ele precisa para pagar as dívidas de jogo.

Rafaella balançou a cabeça.— Acho que ter dinheiro não resolve seus problemas.

— Não. Enfim, eu estava tão louca naquela noite que comecei a gritar com ele e jogar bolinhos nele.

Ela olhou para mim. — Bolinhos? Foi o melhor que conseguiu fazer? Não tinha um vaso oualgo assim? Nos filmes, pessoas ricas jogam vasos para todos os lados.

Bati em seu braço nu. — Derrubei um vaso. Isso conta? Ah! Eu também pus fogo numa toalha de mesa sem querer.

Rafaella sacudiu a cabeça novamente, mas estava sorrindo. — Você atingiu o alvo?

— Uma ou duas vezes.

— Quantos bolinhos você jogou?

Dei de ombros.— Talvez uma dúzia ou algo assim.

O sorriso se alargou.— Você não tem jeito. E não conta como uma briga.

Suspirando, levei as mãos às costas e abri meu sutiã. As alças deslizaram
por meus braços por um momento enquanto eu olhava ao redor. Estávamos em uma estrada rural que não era bem iluminada e eu não tinha visto muitos outros carros, mas ainda assim. Conseguia ouvir minha mãe dizendo que as mulheres Andrade não se despiam em veículos em movimento.

— Bem, vamos, garota da cidade. Mostre-me o que você tem.

Tirei o sutiã. Fiz uma pose. — Feliz?

Um rápido olhar à minha frente e ela franziu o cenho. — Ah. Eu não pensei nisso direito. Não sei se consigo dirigir com você nua ao meu lado.

— Rá! Deveria ter pensado nisso antes de começar essa brincadeira.

A próxima coisa que vi foi Rafaella diminuir a velocidade da caminhonete e fazer uma curva à direita para baixo, parando em uma estrada de terra estreita entre dois campos. Ela desligou o carro e tudo ficou escuro e silencioso.

— Venha aqui.

Mas antes que pudesse me mover, ela deslizou para o meu assento e me
sentou em seu colo, com as pernas envolvendo suas coxas. Nossas bocas se encontraram enquanto suas mãos serpenteavam pelas minhas costas. Ela agarrou minha bunda e puxou-me contra a protuberância em sua calça jeans. Movimentei meu quadril sobre ela, sentindo minha calcinha ficar úmida.

Minhas mãos se moveram sobre seus seios, atravessando o seu sutiã e os apertei. Braços e abdômen, minha
cabeça foi tomada pelo cheiro dela. Era inebriante pensar em nós duas fazendo essa loucura, espontânea, provavelmente ilegal, definitivamente desaconselhável na propriedade de outra pessoa. Poderíamos ser vistas. Poderíamos ser presas. Poderíamos ter problemas. Eu nunca estive realmente em apuros.

— Meu pau está duro pra caralho.
— Ela movimentou o quadril,
levantando-o do assento.

— Eu adoro isso. — Palavras que nunca tinha pronunciado antes saíram facilmente, sem fôlego.
— Quero que você me foda. Bem aqui. — Abri sua calça.

Dentro de um minuto eu tinha tirado minha calcinha e ela descido os jeans
e a cueca, o suficiente para seu pau sair livre. Me abaixei nela, observando seus olhos se fecharem, sentindo os dedos segurando meu quadril. Senti-me poderosa e forte fisicamente. Eu nunca tinha estado tão consciente do meu corpo ou me sentido tão impulsionada por um desejo. Nunca tinha sentido fome, sede ou exaustão até o ponto em que meu corpo desejasse comida, água ou sono do jeito que desejava ser preenchida por aquela mulher.

Conectada a ela. Ancorada por ela.
Quando ela estava dentro de mim, bem fundo, fiquei imóvel por um
momento, querendo guardar o sentimento em minha memória.

Ela abriu os olhos. — Sexo no carro?

Eu sorri quando comecei a me mexer.— Nunca.

— Bom. Sou uma baita de uma sortuda.

Ela moveu as mãos e a boca para meus seios enquanto eu movimentava meu quadril em cima dela, fazendo-me arquear e arfar. Eu não era muito experiente em estar por cima, mas de alguma forma meu
corpo sabia exatamente o que fazer, como rebolar e me contorcer em cima dela, esfregando meu clitóris ao longo da base de seu pênis, inclinando-me de modo que ela alcançasse aquele ponto perfeito dentro de mim. E quando gozei, foi diferente de qualquer coisa que eu já havia sentido  contrações profundas, duras, crescentes como se meu núcleo inteiro estivesse se apertando ao redor dela e o mundo virasse ouro atrás dos meus olhos..

— Estou sentindo você. — Palavras sussurradas contra meu peito. —
Posso sentir você gozar e isso me deixa louca Bianca.

— Quero sentir você. — Eu mal podia falar.

Ela assumiu, agarrando meu quadril para me fazer subir e descer enquanto seu pau entrava em mim. Depois ela mudou, segurando-me contra seu corpo e movimentando-se para a frente e para trás, fazendo com que meu clitóris começasse a tremer mais uma vez.

— Goza de novo para mim. Agora.

Porra, eu adorei quando ela me deu ordens, sua voz tão dura e rouca...

— Sim — respirei, deixando-a mover meu corpo como se ela o possuísse,
entregando-me completamente.
— Eu vou gozar.

Era como mágica, a maneira como ela sabia mexer comigo, a maneira
como meu corpo pedia e o dela oferecia. O jeito como seu corpo comandava e o meu obedecia. Nós compartilhamos tudo  a subida em espiral, o vertiginoso pico, o giro em queda livre... e enquanto nos agarrávamos, amaldiçoávamos, beijávamos e suspirávamos, comecei a desvendar algo em mim.

O leve sentimento de desconforto me acompanhou enquanto eu me vestia evoltávamos para a rodovia. Mas o que era? O sexo foi incrível, cada vez melhor. A cada vez eu me sentia mais confortável deixando meu instinto assumir. A cada vez eu sentia mais prazer em me entregar a ele e tomar o que queria. O que precisava? Temia que ela não se sentisse da mesma maneira?

Não, não podia ser. Ela estava se divertindo tanto quanto eu podia ouvir isso no jeito como ela falava, no jeito como olhava para mim. Sentir na maneira como ela se movia. Nós nos sentíamos livres uma com a outra.
Era como se a natureza temporária de nosso arranjo nos desse permissão para sermos tão selvagens como queríamos. Nós não tínhamos nada com que nos preocupar, nenhum drama de relacionamento e nem complicações.

Mas nós tínhamos um prazo. Uma data de validade. Em uma semana, essa coisa entre nós terminaria.
E se eu não quisesse que terminasse?

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