Capítulo 23

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Olá meus leitores. Como vocês estão? Espero que bem.
Boa leitura ❤️

           POV Rafaella Kalimann

As palavras de Bianca me cortaram profundamente. A verdade sempre dói.

Você é uma covarde.
Você está poupando a si mesma.
Você está jogando fora a chance de ser feliz.

Eu era uma covarde. E uma idiota. E uma medrosa. Eu sabia que telefonar
pela segunda vez era a coisa errada a fazer, mas estava tão solitária e deprimida que não conseguia pensar direito. Eu me machuquei e queria me sentir melhor,ela era a única que podia fazer com que eu me sentisse melhor, então liguei para ela.

Era a lógica de uma criança. Eu não a culpei por ficar com raiva ou me xingar de alguns nomes. Uma parte da minha mente provavelmente esperava que ela fizesse isso, eu estava muito fodida da cabeça. E estava com raiva de mim mesmo. Que direito eu tinha
de telefonar para ela, dizer aquelas coisas, machucá-la novamente?

Só tinha pensado na minha dor. Mas a dela também era real. Eu podia ouvi-la em sua voz. Tinha dito a mim mesma mil vezes nos últimos dias que minha agonia era o preço que precisava pagar por ter deixado que ela chegasse perto, mas e sobre o preço que ela estava pagando? Ficava arrasada pensando que ela estava tão arrasada quanto eu. Ela realmente pensou que terminei tudo porque não conseguia amá-la?

Era exatamente o oposto! Deitei-me na cama e cobri o rosto com as mãos. O que diabos ia fazer? Não podia viver assim, dividida entre o passado e o futuro, entre duas vidas, entre
duas Rafaella. Era como estar em uma bifurcação na estrada, um caminho não chegava a lugar nenhum e simplesmente voltava numa espiral sem fim de solidão e mesmice.

O outro que avançava, e mesmo sem ver o que havia no final dessa estrada, me oferecia a possibilidade de ser feliz novamente.Mas o que seria necessário para eu sentir que merecia uma segunda chance?

Poucas noites depois, Manoella me convidou para jantar na casa deles. Eu aceitei, grata por escapar do silêncio solitário da cabana. Lee e Olivia também estavam lá e depois do jantar fomos para o jardim da frente, onde meus irmãos ficaram no pula-pula com seus filhos.

Manoella e eu nos sentamos nos balancins da varanda, bebendo uísque com gelo e observando Igor tentar dar uma cambalhota.

— Ele vai quebrar o pescoço — eu disse, rindo um pouco.

— Ai, meu Deus, nem me fale isso.
— Ela olhou para mim. — É bom
ouvir você rir. Esteve um pouco para baixo esta semana.

Bebi um pouco de uísque. — Sim.

— Provavelmente não tenho direito de perguntar, mas vou perguntar
mesmo assim. Gostaria de falar sobre isso?

No pula-pula, meus irmãos saltavam, riam e tiravam fotos de seus garotos
sorrindo no ar.

Eu quero isso, eu quero tanto isso.
— Eu invejo vocês — disse.

Pelo canto do olho eu a vi gesticular lentamente. — Entendi.

— Eu pensei que iria morar nesta casa, um dia, que teria uma família, tudo isso.

— Não é tarde demais, você sabe?

— Você acha que não?

— De maneira nenhuma.

Pensei por um momento, desejei ser corajosa.

— Manoella, posso lhe dizer uma coisa?

— Claro.

— Eu tenho pensado ultimamente, servi com indivíduos que não voltaram. Pessoas mais fortes do que eu. Mais corajosas, mais espertas. Às vezes me pergunto por que eu sobrevivi e eles não. Qual a razão?
— Ela olhou para mim, mas não disse nada. — Eu costumava pensar que era por causa de Gizelly. Pela família que teríamos. Mas quando ela se foi, perdeu o sentido novamente.

Depois Que Caímos #Rabia G!PKde žijí příběhy. Začni objevovat