Depois Que Caímos #Rabia G!P

By srtmarinsc

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Rafaella Kalimann não é o meu tipo! Cowgirls sensuais e polêmicas são boas nos filmes, mas na vida real, pref... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26

Capítulo 4

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By srtmarinsc

Olá meus leitores ❤️
E então o que estão achando da fanfic? Deixem os seus comentários.

          POV Rafaella Kalimann

— Espere um minuto. Para bem aí.
— meus irmãos e eu estávamos
sentados na mesa da cozinha de Igor e Manoella analisando as despesas, quando Igor disse algo sobre um orçamento de marketing.

— Por que nós precisamos de um orçamento de marketing, afinal?

— Bem, para começo de conversa, a consultora de relações públicas virá
amanhã e eu tenho certeza de que ela espera ser paga pelo tempo que vai gastar — disse Lee.

Olhei para ambos. — Que consultora de relações públicas?

— A que contratamos na semana passada para nos ajudar a promover o que estamos fazendo aqui — disse Igor. — E você pode, por favor, falar baixo?

Henrique está quieto, finalmente.
— Não tenho ideia do que você está falando — disse, apesar de tentar falar mais baixo.

Meu sobrinho de um ano, Henrique, tinha dificuldade para dormir nas
noites em que Manoella estava trabalhando.

Eu o adorava, e sussurrei: — Nunca
concordei em contratar nenhuma consultora.

— Está certo, não concordou. — Lee estava estranhamente calmo. — Mas somos dois e você apenas uma. Nós temos esse negócio em sociedade e cada um de nós tem peso igual para dizer como será feito.

— Então você nem me disse que foi em frente com isso? — Eu estava
gritando de novo, mas não conseguia evitar. Eu odiava quando eles jogavam a bomba em cima de mim.

— Ei, foi você quem saiu correndo depois que não conseguiu que as coisas fossem feitas do seu jeito
— disse Igor. — Nós nos sentamos aqui e discutimos por um tempo.
E decidimos que valeria a pena a despesa adicional para contratar
alguém que nos ajudasse a promover.

— Não podemos pagar — disse, cruzando os braços.

— Também não podemos nos dar ao luxo de não fazer nada — disse Lee.
— Papai era um bom fazendeiro com ideias à frente de seu tempo, mas era um péssimo empresário, por isso herdamos uma dívida enorme quando assumimos. Então tivemos que comprar a parte da mamãe quando ela se mudou para a Flórida.

— Não sou uma idiota — disse. — Eu sei de tudo isso.

— Nós também temos família e nossas contas a pagar.

Eles tinham famílias. Eu não, e o lembrete não ajudou.

— Ei, não é problema meu se você tem uma ex-mulher que te processou
por causa da pensão alimentícia. Talvez você devesse ter pensado nisso antes de transar com ela.

— Ei — Igor tentou nos advertir.
— Não seja uma idiota. Estamos fazendo coisas boas aqui, Rafa, mas a agricultura orgânica não é barata. E que bem farão nossos princípios e trabalho intenso se não pudermos manter as contas pagas?

— E a concorrência está mais forte agora — disse Lee. — O mercado está ficando saturado. Precisamos fazer o que pudermos para nos destacar.
Eu me recostei na cadeira, com uma carranca. Não precisava de lembretes
sobre a concorrência ou saturação do mercado, ou sobre dívida ou hipotecas  nem qualquer outra coisa na lista de razões pelas quais os agricultores são os profissionais que mais se suicidam.

Igor pôs a mão no peito. — Ouça. Sou cozinheiro, não empresário, Rafa. Você é uma ex-sargenta do Exército com a agricultura em seu sangue e um compromisso de fazê-la
responsavelmente, mas se queremos manter este lugar vamos ter de começar a pensar nisso como um negócio também. — Sua voz se tornou mais baixa. — Eu sei que sempre foi um sonho seu e de Gizelly. Mas agora é mais do que um sonho, Rafaella. É realidade. Para todos nós. E se você quer mantê-lo, temos que investir
nele.

— Olhe, nós a conhecemos — disse Lee. — Estamos bem conscientes de
que você prefere fazer as coisas por conta própria, do seu jeito. E deixamos você tomar todas as decisões importantes até agora, apoiamos sua visão mesmo sabendo que seria bem caro. Porra, eu estava pronto para vender este lugar inteiro quando o
cara da soja manifestou interesse. Eu nunca quis ser um fazendeiro.

— Nem eu — disse Igor. — Eu vi os altos e baixos com que mamãe e
papai lidavam ano após ano e queria algo mais estável para a minha família. Mas você tinha uma visão, uma boa visão. Foi suficiente para me convencer a voltar e ajudar. E nós temos história aqui. Queremos que este lugar prospero. Isso não vai
acontecer a menos que as pessoas saibam que ele existe. — Do monitor no balcão veio o som de Henrique chorando e Igor suspirou. — Droga — ele começou a se levantar, mas fui mais rápida.

— É minha culpa. Pode deixar, eu vou.
— Grata pela pausa da discussão,
desliguei o monitor no balcão da cozinha e fui até o quarto de Henrique.

Meu mau humor foi embora assim que o vi e o tirei do berço. — Ei, amigo.

Ele continuou a chorar quando eu o peguei no berço com o pequeno
cobertor macio que tinha dado a ele quando ele nasceu. Era quadrado, com cerca de quarenta centímetros, azul-claro e tinha uma cabeça de coelho em um canto. “Bunny”, ou coelhinho, era uma das únicas palavras que Henrique dizia e ele
raramente estava sem aquele cobertor por perto.

Ajeitei o cobertor no ombro e aconcheguei Henrique, e ele encostou o rosto no cobertor, levando o polegar à boca e se acalmando. Sentando-me na cadeira de seu quarto, segurei seu corpo quente contra o meu, esfreguei suas costas e cantei baixinho. Ele estava um pouco inquieto no início, mas depois de alguns minutos,
senti seu corpo relaxar enquanto sua respiração se tornava mais lenta e profunda.

Beijei seus cabelos preto e macios e inalei o perfume doce do xampu de bebê, dividida entre o sentimento de ser uma tia afortunada e arrasada porque nunca seria mãe.

Eu era próxima do meu pai, e a morte dele tinha sido difícil. Aconteceu de repente, não tinha nem completado seis meses desde minha saída do exército. Minha vida estava uma bagunça aquela época, eu ainda estava me esforçando para digerir as coisas que tinha visto e feito nas missões no Iraque e Afeganistão. Ainda tentava me encaixar novamente em casa quando tudo o que eu queria fazer era me isolar.

Ainda me sentia tão no limite que cada vez que eu via um saco plástico na estrada, entrava em pânico. Eu estava bebendo demais, perdendo a paciência facilmente, tendo pesadelos e lutando contra a ansiedade
constante. Então, no meio disso, meu pai sofreu um ataque cardíaco.
Eu me senti impotente. E quis desistir de tudo.

Foi Gizelly quem me puxou de volta. Só Deus sabe o porquê, já que eu era
emocionalmente fodida e nunca a havia tratado bem quando éramos mais jovens. Ela sempre esteve do meu lado, embora, afirmava que me amava desde que tinha seis anos de idade e não pararia só por que eu estava tendo uma fase ruim.

— Eu não vou deixar você se destruir, Rafa Kalimann — disse ela, com a
voz mais forte, do alto de seus 1,65m. — Você me prometeu que voltaria e
cumpriu. Eu prometi que estaria aqui, e estou. — Sua voz amoleceu. — Fica
comigo.

Com seu apoio, fui a um médico para tratar meus problemas de sono, a um
terapeuta para tratar o estresse pós-traumático e parei com o excesso de álcool. Passei a pensar mais sobre o que estava colocando em meu corpo e li sobre os benefícios das plantações orgânicas tanto no consumo quanto no cultivo.

Lembrei-me das crenças de meu pai sobre agricultura responsável e pesquisei abordagens modernas para a agricultura em pequena escala e sustentável. Isso me deu um propósito. Parecia uma maneira de honrar meu pai e me fazia sentir uma conexão com a natureza, o que não sentia com as pessoas.

Demorou um pouco, mas eu fiquei melhor. Não curada, mas melhor. E
Gizelly estava lá, ao meu lado, o tempo todo. Nós nos casamos no ano seguinte e trabalhamos muito na fazenda, com um plano para comprar a parte dos meus irmãos dentro de cinco anos.

Menos de dois anos depois, ela se foi.
Deus, eu sinto sua falta, Gizelly. Você deveria estar aqui comigo. Eu sempre
me senti melhor com você ao meu lado. Agora eu estava presa com uma desconhecida aqui me dizendo o que fazer, entrando e querendo fazer mudanças pois assim, nós poderíamos realmente crescer.

Provavelmente, ela inventaria um piada de publicidade e esperaria que eu participasse. Bem, eu não queria me destacar. Eu só queria fazer o que fazia e levar uma vida tranquila. E não éramos pobres. Também não éramos ricos, mas estávamos bem. Certamente melhor do que nossos pais já tinham estado. Franzindo o cenho, me levantei e deitei Henrique com cuidado, virado de lado em seu berço. Beijando meus dedos, toquei sua testa uma última vez e saí do quarto.

— Ele dormiu? — Igor olhou para mim, com esperança, quando entrei na cozinha.

— Sim — respondi e liguei o monitor novamente.

— Obrigado. Você é muito boa com ele.

Eu dei os ombros, embora secretamente me agradasse pensar que era boa com Henrique. Era péssima com os adultos em minha família. O que isso dizia sobre mim?

— Você conseguiu pensar no que dissemos? — perguntou Lee.
Permaneci em pé, com os braços cruzados.

— Eu só não acho que seja necessário e aposto que é caro. Como uma
garota da cidade saberá nos ajudar aqui?

— Talvez não saiba — admitiu Igor.
— Mas vamos descobrir. Ela estará
aqui amanhã no horário do almoço. Você vem?

Fiz uma careta. Eu não queria ir à tal maldita reunião porque isso
implicaria em ceder, mas se eu não fosse, poderia acabar sem argumentos sobre o assunto e sem saber sobre o que eles concordaram em fazer ou quanto disporiam para pagá-la.
O que era pior?

Decidiria amanhã, mas não quis demonstrar que estava cedendo.

— Tanto faz. Vocês podem lidar com ela. Eu não quero saber desse
assunto. — Caminhei, furiosa, pela cozinha até a porta dos fundos, mas tive o cuidado de não batê-la para não acordar Henrique.

O sol estava se pondo atrás das árvores enquanto eu caminhava pelo
jardim. Eu morava em uma antiga cabana escondida na floresta, o que me servia perfeitamente. Estava na propriedade quando meus avós compraram a terra e meus pais tinham vivido nela quando se casaram; depois eles a haviam usado como casa de hóspedes. Quando voltei, sua privacidade e simplicidade atraíram-me e eu perguntei se poderia alugá-la e viver lá.

Fiz algumas melhorias estruturais e quando Gizelly se mudou, passava todo seu tempo livre deixando-a mais bonita  com pintura nova, almofadas e quadros.

Nosso pequeno refúgio do mundo, ela dizia. Não que ela sempre quisesse se
esconder, pois era uma pessoa muito social, mas sabia que eu às vezes precisava, e não se importava com isso. Ela nunca tentou me transformar em alguém que eu não era, ao contrário do resto da minha família.

Assim que entrei na cabana, o gato de Gizelly saltou do peitoril da janela e
se retorceu ao redor dos meus pés.

— Oi, Bridget. Você está feliz em me ver? — No momento em que me
ajoelhei e a acariciei, senti a raiva diminuir um pouco.

Eu sempre fui uma pessoa afeita a cães, mas Gizelly era alérgica a cachorros. Quando ela chegou em casa com um gatinho, alguns meses depois de nosso casamento, eu resmunguei, mas caramba, aquela gata me conquistou. Sempre que eu tinha pesadelos, ela pulava na cama e rastejava sobre mim, ronronando suavemente. Isso me lembrava a maneira como Gizelly costumava sussurrar para mim durante aquelas longas noites intensas, suadas, com as mãos fazendo círculos lentos e reconfortantes em minhas costas.

Quando se cansou da atenção recebida, Bridget foi para a cozinha, e eu olhei ao redor, na esperança de ver algo para fazer, alguma tarefa para me distrair até a hora de ir para a cama. Mas não havia nada. Eu sempre lavava os pratos logo após comer e nunca deixava as roupas sujas se acumularem.

Tinha limpado o banheiro há dois dias e a cozinha no fim de semana. As prateleiras estavam organizadas, os móveis espanados, os vidros limpos. Manoella sempre se espantava ao ver como eu conseguia manter a casa limpa.

— Seu irmão poderia aprender com você — ela dizia. — Ele é um idiota.

Havia apenas uma tarefa que eu me recusava a fazer, e era retirar as roupas da Gizelly do armário. Manoella havia se oferecido para fazer isso. A irmã de Gizelly, se ofereceu para fazer isso. Até minha mãe disse que poderia pegar um voo para vir me ajudar a cuidar das coisas dela.

Mas eu sempre disse que não. Qual seria o propósito? Fazer com que
ficasse mais fácil para mim viver sem as coisas dela lá? Eu não queria que fosse mais fácil. E se minha família não conseguia entender isso, bem, foda-se.

Era a minha dor. Eu merecia. Eu a manteria por perto.

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