Iceland {SM}

By mendesperfectt

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Sonho (s.m) É a semente mais querida do jardim da nossa vida, e a mais difícil de fazer florescer. Tem que re... More

Prólogo
Queridinha da América
A ficha não caiu
O melhor um mês e meio da vida de vocês
E eu já superei sim
Nunca estive tão bem
O destino parecia estar pregando uma peça
Você precisa urgentemente aprender a patinar
Certas coisas não são como parecem ser
É quando a minha alma beija a de outra pessoa
Pode ter certeza que eu pesquisei
Olha se não é o seu garoto ali
Qualquer um poderia ser aquele cara
A verdade é que você não faz a mínima ideia do que está fazendo
Você só vai se tocar de novo quando ela for embora?
Nosso destino está selado então
Você que tá se intrometendo no meu passeio
Obrigada por perguntar antes
O que vocês dois tem a dizer sobre isso?
Caso esta seja a última coisa que eu veja
Dane-se, dane-se e dane-se
Todos os advérbios de modo possíveis
Tudo significava nada
Cem bilhões de galáxias

Perdeu alguma coisa?

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By mendesperfectt

Shawn Mendes

• ❖ •

— Não acredito que você disse realmente para ela que vocês são só amigos — disse Maya na ponta dos pés segurando os meus ombros, como se estivesse esperando que eu disse que era brincadeira. Mesmo com a nossa frustração, não deixei de soltar uma risada por ela se esforçar tanto para me alcançar.

— O que você queria que eu dissesse? Que eu sou apaixonado por ela mesmo tendo uma namorada? — perguntei fazendo aspas com os dedos para enfatizar a última palavra. — Se eu dissesse isso, a possibilidade dela me socar por estar traindo Camila nos meus pensamentos ia ser enorme.

— Falhei em deixá-los a sós, deveria ter sacado que vocês provavelmente falariam sobre Camila — disse enquanto passava a mão no cabelo na tentativa de acalmar seus pensamentos. — Não tem problema, da próxima vez vai dar certo.

— Maya... — disse segurando seus pulsos para que ela parasse de mexer no cabelo. — Está tudo bem! Obrigado por tudo, principalmente por hoje, mas tem coisas que só eu posso resolver, e só tem uma solução para esse nosso problema e todos aqui nesse apartamento sabem qual é, agora sai daqui e vai tomar banho que seu treino começa daqui a pouco.

A expressão facial triste de Maya fez com que eu a abraçasse. Não sabia que para ela era tão importante assim que eu ficasse com Hana de uma vez por todas, mas saber que ela me apoiava e que fazia de tudo para me ver feliz era o suficiente.

— Te vejo mais tarde? — perguntou.

— Te vejo mais tarde — confirmei e ela deu um sorriso antes de sair de vez do meu apartamento.

Joguei-me sobre o sofá e respirei fundo. Realmente a minha tarde não foi como eu esperava. Hana disse que eu deveria comemorar minhas pequenas conquistas, então mentalizei que pelo menos conversamos bastante e pude externar, mesmo que para pessoas desconhecidas, coisas que tem me atormentado.

Um passo de cada vez, mesmo que cada passo seja milimétrico e o meu destino esteja a quilômetros.

"Oi seu banana, como foi sua tarde?" Perguntou Camila ao mandar uma mensagem.

"Não foi como eu esperava :/ "

"Estou me arrumando para o treino agora e acho que vai terminar tarde, mas podemos jantar juntos, pode ser?"

"Pode ser, bom treino, amo você"

"Boa noite, amo você também ;)"

Reuni todo o restante de energia que tinha e me levantei do sofá, andando quase que arrastado pelo corredor até chegar no meu quarto. Ao entrar, deparei-me com Ruel sentado na minha cama com o meu violão em mãos, arqueei as sobrancelhas ao notar seu sorriso travesso.

— Me deixa usá-lo, to fazendo um negócio legal aqui — disse apontando para o seu celular que estava aberto nas notas.

— E o que seria? — perguntei fechando a porta atrás de mim.

— Maya — disse como se fosse óbvio. — Pensei em uma coisa legal e pensei em colocar em prática, mas ninguém sabe e é segredo, então não abre o bico.

— Não estou vendo nada — disse. — Mas da pra pelo menos ficar na sua cama?

— Já vai dormir? Daqui a pouco vamos sair pra jantar na cantina — perguntou e eu neguei.

— Sobre o que vocês estão conversando? — perguntou Connor entrando no quarto apenas com uma toalha na cintura e com a escova de dentes ainda na boca.

— Sobre nada — disse Ruel. — Por favor, termine o seu banho no banheiro Connor, não está vendo que está pingando água do seu cabelo?

— Eu disse que ele acordou insuportável hoje — gritou Brian do outro quarto.

— O que você disse? Que está pingando água do meu cabelo? — perguntou Connor com a cara de quem estava prestes a aprontar.

Estava acostumado já com as brincadeiras constantes dos meus amigos, mas ver Connor balançando a cabeça perto de Ruel para que respingasse água nele foi impagável.

— Eu te odeio Connor, de verdade — disse Ruel tentando enxugar as gotas de água do seu rosto.

— Eu sei — ele respondeu com um sorriso debochado e saiu do quarto voltando para o seu banho.

— Era só o que me faltava — disse Ruel enquanto mexia no celular. — Convocação para um treino de última hora.

— Não é possível — disse e procurei o meu celular dentro do bolso da minha jaqueta, vendo apenas um emoji de palhaço que Ruel havia me enviado. — Me dá um motivo agora pra não te jogar da varanda.

— Hana me ama — respondeu e deu uma piscada. — Você está muito estressadinho, vamos ver Maya e Camila treinando.

Não parecia uma má ideia. Connor e Brian decidiram ficar no apartamento para descansar enquanto sai do prédio com Ruel a caminho da pista de gelo.

Mais cedo, queria matar Maya por ter marcado tão em cima da hora um passeio com Hana e suas amigas. Entretanto, passar um tempo com a minha antiga amiga depois da nossa noite anterior foi bom, mesmo que não tenha sido tudo como o planejado.

Sabia que Hana continuaria apertando na tecla de "Onde está Camila?" ou "Como Camila está?" e era compreensível. Havia decorado quase todas as suas expressões faciais, e se ela prestasse atenção nas minhas, notaria que sempre fico surpreso quando ela toca no nome da minha suposta namorada.

Ela estava realmente bonita hoje, mas eu era suspeito para falar. Na noite anterior, quando a mesma estava suada e só com uma roupa normal de treino, eu também a achei muito bonita. Na realidade, ela sempre está. Gosto da forma que ela mudou completamente fisicamente, mas continua a mesma, e é muito bom ter alguém com que você possa conversar sobre diversas coisas, desde babaquices até assuntos sérios.

Sabia que Hana se importava comigo, e que talvez até nutrisse algum sentimento amoroso ainda, tentei não deixá-la constrangida ao notar que ela me encarava mais cedo ou quando ela segurou a minha mão sem que ninguém visse debaixo da mesa. Ela é incrível e só queria um dia poder dizer tudo o que eu sinto.

Na verdade, é meio óbvio que das diversas músicas que escrevi para Hana, escolheria uma delas para cantar pra ela ao invés de falar, porque sempre tive dificuldades para falar o que sinto.

— Você viu o salto que ela deu agora? — perguntou Ruel animado apontando para Maya na pista. — Ela e a Camila estão indo muito bem, presta atenção.

Já vi o treino da Hana três vezes, e mesmo com a exigência enorme da sua treinadora, nem chega perto da rigidez da treinadora de Maya, Lauren, Camila e Normani. Em todos os treinos, Ruel sempre está presente para incentivar a namorada, e na maior parte deles eu o acompanho também.

Maya e Camila são muito importantes para mim, e é exaustivo e frustrante vê-las sendo humilhadas a cada meia hora. A pior parte é que não podemos fazer nada, uma vez que o código de respeito entre atleta e técnico era muito respeitado entre a delegação canadense. Contudo, considerava o código defasado, já que o respeito não era mútuo.

Esse é um dos motivos que fizeram com que eu aceitasse ser o namorado de mentira de Camila. Se a treinadora surtava com desequilíbrio e falta de postura, não imagino como seria se descobrisse que duas de suas meninas namoram, ainda mais que é estritamente proibido namoro entre pessoas de uma mesma modalidade para não desfocar, o que não fazia sentido, já que o namoro com pessoas de outras modalidades era permitido.

E era quase certo que a treinadora das meninas odiava quando eu e Ruel acompanhávamos o treino delas, visto que passávamos a maior parte do tempo gritando e elogiando-as, igual como estamos fazendo agora.

Acompanho Maya há anos e sei o quanto ela se esforça para dar o seu melhor, assim como Camila, que abdicou de muitas coisas para focar na vida de patinadora.

Quando o treino delas finalizou, eu e Ruel descemos as arquibancadas correndo para encontrá-las na saída da pista. Elas pareciam esgotadas, e eu entendia exatamente a sensação.

— Se eu não sair daqui em instantes, vou surtar — disse Maya segundos antes de abraçar Ruel.

— Quer um abraço também? — perguntei para Camila, e pelo seu olhar triste ficou óbvio qual seria sua resposta e abri os meus braços para que seu corpo encaixasse no meu.

— Só vamos embora logo, o clima não está bom — disse Normani ao pegar suas coisas com um dos assistentes.

— Vamos jantar, estou faminta — disse Lauren ao passar por mim e dar um sorriso fraco.

Apesar da nossa condição de "dividir" Camila, somos próximos e ela sempre comenta o quanto é grata pelo o que estou fazendo. Entendo que pra ela é difícil também ver sua garota beijando outro, porque que combinamos só dar uns selinhos em público as vezes, sem nenhum compromisso ou sentimento amoroso envolvido, a não ser o amor de amigo.

Camila era como uma irmã, e muitas vezes era estranho ter que beijá-la. Gosto de lembrar quando nos conhecemos, e coincidentemente foi em um dia muito especial para a minha carreira. Foi em um dos jogos do Maple Leafs em que mais me destaquei e ajudei o time logo no início de tudo. Como uma patinadora já aclamada pelo país, sua presença foi marcante para a abertura do jogo, fazendo todos ficarem encantados com o modo que patinava.

Naquela época, ela e Lauren nem sonhavam em ficar juntas – ou talvez já – e não tinha nenhum segredo entre nós. Ela me ajudou com muitas coisas, inclusive com a minha relação com meus pais e minha irmã, porque antes eu só conseguia vê-los quando estava livre e agenda vazia, mas a maneira como ela sempre inclui os seus pais e sua irmã em tudo, mesmo que seja para assisti-los a um campeonato nacional ou internacional me incentivou a levar a minha família comigo para qualquer lugar.

Desde então, meus pais me acompanham de perto sempre que possível e logo logo Aaliyah vai morar comigo em Toronto por conta dos estudos por exigência minha. Não desprezando Pickering, lá sempre vai ser o meu lar, mas eu tenho condições para dar tudo do bom e do melhor para a minha família e quero que a minha irmã tenha uma educação melhor que a minha, já que o conhecimento é um dos principais legados que pretendo deixar para ela. Sem dúvidas, ajudar os meus pais e poder comprar tudo o que eles querem é incrível, é como se pudesse de alguma forma agradecê-los por tudo que já fizeram por mim, mas nada no mundo vai ser o suficiente para suprir essa dívida.

Mesmo insistindo, eles não aceitam com frequência meu dinheiro e dizem que eu devo guardar para o meu futuro. No entanto, com Aaliyah é completamente diferente. Desde que decidi criar uma conta poupança para poder depositar dinheiro para ela, quase toda semana ela pedia mais e isso começou a incomodar os meus pais, que fizeram um acordo comigo de depositar mensalmente apenas um valor fixo para que ela pudesse comprar suas coisas, mas sempre com responsabilidade e com consciência de que dinheiro não cresce em árvore, uma vez que o medo deles era de que ela ficasse mal acostumada.

— Me contem mais sobre como foi hoje de tarde! Ficamos ansiosas em casa — disse Camila enquanto comia um pedaço enorme de uma pizza havaiana.

— Em geral foi bom — respondi ocultando a parte que o clima com Hana não foi um dos melhores, não me sentia confortável falando sobre esse assunto na frente de todos.

— Você viu a bolsa que comprei? Acho que vou dar para a minha mãe de presente — perguntou Maya.

E como sempre faziam, Maya, Normani, Camila e Lauren começaram a conversar entre si, como se eu e os meninos não estivéssemos lá.

— Como foi com Alyssa no carro? — perguntei para Connor. — Eu quero saber o que está rolando ou o que você pretende que role.

De primeira, ele fingiu que não tinha escutado a pergunta, mas com Ruel e Brian o encarando para obter a resposta da minha pergunta fez com que ele cedesse.

— Ela é legal e gostamos de várias coisas em comuns, ela está prestes a começar a especialização em biologia e sonha em trabalhar em um santuário de tartarugas e isso é incrível! — contou animado, mas com a voz baixa para que as meninas entretidas em seu próprio círculo de conversa não escutassem.

— E desde quando você gosta de tartarugas? — perguntou Ruel, coisa que também fiquei pensativo sobre.

— Desde sempre — disse Connor e tentei segurar a risada ao vê-lo forçando a barra apenas pra ter assunto para conversar com Alyssa. — Contei sobre como gosto de fotografias, apesar de ser apenas por diversão, e aí que por impulso pedi a ela para que saíssemos e ela fosse modelo.

— Não era você que iria ficar com uma menina de cada país e dizia que esse negócio de se envolver só com uma pessoa não dava certo? — perguntou Brian, tocando certeiramente na contradição de Connor, que parecia não estar mais tão interessado em meninas de outros países, apenas de um.

Como resposta, Connor revirou os olhos e mostrou o dedo do meio para Brian, o que fez ainda com que a situação ficasse mais engraçada.

Coincidentemente, no mesmo momento em que falávamos delas, Hana e suas amigas passaram pela porta da cantina. E enquanto Alyssa, Jenna e Madison riam entre si, Hana estava com cara de poucos amigos, além de parecer estar mais concentrada na tela do celular do que ao notar as coisas ao seu redor.

A verdade é que ela parecia estar triste, fato que mesmo de longe era constatado devido a sua cara fechada. Como estávamos distantes, elas não nos viram e sentaram exatamente do lado oposto do refeitório. E foi inevitável não fazer uma careta quando vi Matthew e seus três amigos se juntando a elas.

— Ciúmes? — sussurrou Ruel, fazendo com que eu me afogasse com a água que estava tomando. — Se assustou? Tava concentrado olhando.

— Não sei ele, mas eu to concentrado — brincou Connor apontando discretamente para Alyssa, que parecia nem conseguir respirar de tanto rir de algo que Matthew estava contando, ao passo que Hana estava com o rosto escondido sobre os braços em cima da mesa.

Desviei o olhar da mesa deles e foquei no pedaço de pizza com abacaxi, que Camila havia insistido em pedir por ser seu sabor favorito, mas definitivamente não chegava nem perto da minha lista de sabores prediletos. Com certeza comeria alguma besteira ao chegar no apartamento para compensar a fome.

Não demorou muito e decidimos voltar para o edifício que estávamos residindo. Era bom passar um tempo com as meninas, mesmo que tenha sido só meia hora.

Estava cansado e exausto, mas pela primeira vez em muito tempo estava me sentindo bem. Talvez ansioso pela cerimônia de abertura daqui dois dias, mas esse era um sentimento compartilhado por todos, já que é um momento único.

Apesar do relógio marcar apenas oito e cinquenta e três da noite, o meu sono não me permitiu ficar acordado por mais tempo, o que me ajudaria a acordar mais disposto para o treino cedo.

Não estava nem perto de conquistar Hana, mas só de saber que ela estava no mesmo lugar que eu e que estamos reconectando os nossos laços fazia com que o sentimento bom fluísse em mim.

Depois de comer um pacote de cheetos e tomar um banho, despedi-me dos meninos que estavam na sala assistindo Brooklyn-99 e me joguei na cama cansado. Se hoje o dia foi longo, o de amanhã seria duas vezes mais.

• ❖ •

— Não imagina a minha felicidade em ter que ficar só jogando isso pra você pegar — ironizou Ruel ao lançar o puck, disco de borracha do hóquei, para mim, que lancei mais forte propositalmente, de modo que ele não conseguiu arremessar de volta com o taco e o disco parou do outro lado do ringue. — Parabéns, Shawn.

— De nada! — respondi com um sorriso debochado, o que aumentou ainda mais o mau humor matinal dele, uma vez que ele teve que patinar até o outro lado da pista atrás do puck.

Hoje é o último dia de treino normal, visto que a abertura das olimpíadas é amanhã e a minha estreia oficial nos jogos daqui dois dias apenas. Em um curto momento de sensatez, nosso técnico decidiu não pegar mais tão pesado, principalmente hoje, de maneira que metade do estresse de Ruel é por estar só lançando o disco para mim e vice e versa, e não treinando de verdade.

Em partes também ficava chateado, conseguia fazer isso de olhos fechados, mas treinar o básico é o mais importante, e dado a importância do campeonato, não dá para desprezar facilmente nada, nem que seja apenas lançamento de disco.

E por mais meia hora, nós dois continuamos lançando o puck um para o outro, enquanto Brian fazia dupla com o goleiro e tentava lançar o disco dentro da baliza. Do outro lado da pista, Connor fazia o mesmo que eu e Ruel, só que na presença de Taylor.

A monotonia do treino estava me estressando, o que é paradoxal, já que se estivesse treinando de verdade também estaria estressado.

Assim que marcou no telão do ringue dez horas da manhã, não escondi o meu sorriso quando o treinador fez sinal para que saíssemos da pista. Se tudo desse certo, a próxima vez que entraria em um ringue de patinação seria para competir pela medalha de ouro pelo meu país.

Deixei todos os equipamentos que usava com um dos assistentes e peguei uma garrafinha de água. A impaciência de Ruel fez com que ele apenas deixasse seus equipamentos e fosse embora de vez da pista, nem um pouco sentimental como eu estava. Antes de acompanhar Brian e Connor até a saída, olhei uma última vez o ringue e tentei não surtar pensando que nada ainda nem começou, e que tudo a partir de amanhã mudaria.

— Então, é amanhã né — disse Connor enquanto caminhávamos até o ponto de parada do bondinho para voltarmos para o apartamento.

— Estou fingindo que estamos no Canadá e que a partir de amanhã não começa um dos maiores campeonatos que já participei — disse Ruel.

De uma forma bem estranha, era como se o sol de dias atrás que apareceu apenas uma vez tivesse sido apenas um delírio. O frio chinês que dava jus ao nome Olimpíadas de Inverno se fazia presente.

— Que horas chega o avião dos nossos pais mesmo? — perguntou Brian logo que entramos no veículo com inteligência artificial.

— Está ansioso? Comentei isso ontem — perguntei. — Chega amanhã às dez e uma van vai levá-los até a casa que alugamos e nos encontraremos no almoço, vamos entregar os ingressos deles para a cerimônia de abertura e nos encontraremos no intervalo entre o final da cerimônia e o início da festa.

— Acho que quem está ansioso é você, já que gravou toda a programação — debochou Ruel.

Como comecei a levar os meus pais para os países em que compito, isso incentivou meus amigos a fazerem o mesmo, e com isso nossos pais se aproximaram. Assim, para não ficar pesado para ninguém, alugamos uma casa para eles ficarem, que é casa de temporada feita especialmente para turistas, ou seja, tem tudo que eles precisam.

— É verdade, estou ansioso — confessei.

Quando chegamos no apartamento, fui o primeiro a tomar banho, decisão escolhida por meio de uma competição muito séria de pedra, papel e tesoura. Tirei o meu uniforme de treino, que contava com o meu nome gravado e o número 8, e o joguei dentro da minha mala vazia, que atualmente servia como cesto de roupa suja.

Logo que sai do banheiro, foi a vez de Connor e me juntei a Ruel e Brian na sala assim que terminei de me trocar. E da mesma forma que estavam ontem de noite, os dois assistiam Brooklyn-99 concentrados, soltando algumas risadas de vez em quando.

— Boatos de que vocês já estavam com saudades de mim — disse Maya entrando no apartamento sem ao menos bater na porta que estava destrancada, já que trancávamos apenas de noite.

— São só boatos mesmo — completou Brian, fazendo com que ela fizesse uma careta. — Como você está curly girl? Já treinou hoje?

— Já sim, inclusive hoje dividi a pista pela primeira vez com as estadunidenses e uau! Jenna hoje deu um show e Hana também, pelo menos Valery não quis gritar com a gente na frente da técnica russa delas, acho que ela viu que a técnica das meninas gritava com elas só quando necessário e elogiava também — contou ao se sentar no meu lado no sofá. — E vocês? Último treino né.

— Antes do começo dos jogos sim — respondi. — Como Hana estava?

— Como sempre, mas hoje ela estava com duas tranças e um traje simples, ela e as meninas estavam usando roupas de competição mesmo, só que bem mais básicas, acho que é a versão simples da roupa que elas vão usar — começou. — Ela parecia bem feliz.

— Que bom — respondi dando um sorriso fraco.

— Ah, e Camila pediu para avisar que é pra você passar agora lá no nosso apartamento, ela quer conversar com você — disse e a olhei com uma das sobrancelhas arqueadas. — Também não faço a mínima ideia do que seja.

— Espero que não demore — disse ao me levantar do sofá, deixando espaço o suficiente para que Maya jogasse seu corpo sobre as pernas de Ruel.

— Também não, já estou sentindo sua falta amigo — brincou Brian e eu revirei os olhos.

Sempre conversava com Camila sobre tudo, mas normalmente era algo espontâneo, e da última vez que ela pediu para conversar comigo nós viramos namorados.

Para cessar com a minha ansiedade e nervosismo para saber do que se tratava, cogitei em descer as escadas correndo, mas estaria morto antes mesmo de ter a chance de saber o que ela queria. Então entrei no elevador e apertei freneticamente o botão do décimo terceiro andar, como se de alguma forma isso fizesse ele descer mais rápido.

Assim que ele parou, corri até a porta de Camila, sem antes deixar de notar que Hana também morava naquele andar, mas não sabia em qual apartamento.

— Oi? — perguntei ao bater na porta, que em questão de segundos foi aberta por Lauren.

— Bom dia, como você está? — perguntou dando espaço para eu entrar.

— Estou bem, e você? — perguntei de volta.

— Estou bem, senta aí no sofá, Camila já vem — disse antes de entrar no corredor que dava acesso aos quartos.

Apesar de ser exatamente igual ao meu, o apartamento das meninas era muito mais organizado e achava engraçado que até o cheiro era bom. E assim como Lauren disse, sentei-me no sofá e não pode deixar de soltar uma risada ao ver pausado My Little Pony na Netflix, o que automaticamente fez-me lembrar de Hana falando na tarde passada sobre como ela e as meninas assistiam vinte e quatro horas por dia Bob Esponja. Mesmo tão diferentes, elas pareciam com as minhas amigas canadenses em diversos aspectos.

— Olha se não é o meu melhor amigo — disse Camila ao se jogar no sofá ao meu lado. — Como foi o treino hoje? Meu celular descarregou, por isso pedi pra Maya te chamar.

— O treino foi normal, normal até demais — respondi. — E você? Alguma novidade?

— Na verdade sim — ela disse com um sorriso enorme no rosto, o que fez com que a minha ansiedade acerca do tal assunto aumentasse ainda mais. — Não sei como falar isso, mas vou ser bem direta, ok?

— Ok — respondi.

— O problema não é você, sou eu, então não me leve a mal, mas estou terminando com você e espero que você siga sua vida, conheça outras pessoas, quero que você seja feliz — disse abrindo os braços para que eu a abraçasse.

Por alguns segundos, fiquei paralisado com o que ela havia dito.

Apesar de querer saber o motivo e como ela tomou essa decisão, a única coisa que conseguia pensar é que agora de uma vez por todas posso finalmente tentar algo com Hana sem nada atrapalhando.

— O que houve? — perguntei abraçando-a.

Ontem mesmo vi um dos seus treinos e constatei que sua treinadora permanecia a mesma casca dura de sempre, então a possibilidade dela ter aceito Camila e Lauren juntas era nula.

— Você é uma das melhores pessoas que a vida me deu, não é justo te usar e te privar de ficar com a garota que você ama, sei como é não poder ter de verdade alguém que nos faz bem e que amamos, e eu real não faço a mínima ideia do que vai rolar daqui pra frente, mas se você estiver feliz e com Hana ao seu lado, pode ter certeza que vou ser a pessoa mais feliz do mundo — disse e apertei ainda mais seu pequeno corpo sobre o meu.

— Obrigado — foi a única coisa que consegui dizer. Nesse momento, minha cabeça estava prestes a explodir com o fato de que finalmente posso contar tudo para Hana.

— 134 — disse e novamente demorei para entender o que ela quis dizer. — Vai lá logo, ela não está no treino, treinamos juntas hoje.

— O que te fez mudar de ideia? — perguntei.

— Vi a forma que você a olhou ontem no refeitório — respondeu sorrindo. — Tá esperando o que? Vai logo lá com ela!

Pensei muitas vezes o que faria quando esse momento chegasse, quando finalmente Camila estivesse bem com Lauren e eu pudesse finalmente contar a verdade para Hana. Meus amigos me acharam louco quando contei que estava namorando de mentira com Camila, mas não conseguiria dormir em paz sabendo que uma das melhores pessoas do meu mundo não estava bem.

Estava sem reação e provavelmente não estava raciocinando direito, mas Camila começou a me chutar no sofá para que eu levantasse e saísse do seu apartamento.

Reuni toda a coragem do mundo e me levantei, lançando um último sorriso para ela, que parecia estar tão animada e ansiosa quanto eu. E nem precisei procurar o apartamento 134, pois ele estava exatamente da minha frente, só que do outro lado do corredor.

Quase cem porcento de chances de que as amigas dela também estavam no apartamento, mas nessa altura do campeonato não me importava mais. Angariei toda a coragem que consegui e bati na porta.

Contudo, toda a animação e pensamentos sobre as formas de contar para Hana o que estava acontecendo desapareceram assim que Matthew Hollister abriu a porta apenas com uma toalha enrolada na cintura.

— Perdeu alguma coisa? — perguntou ríspido.

Não era segredo que ele e Hana eram amigos, mas não sabia que eles eram tão íntimos ao ponto dele ficar só de toalha na sua casa.

— Porta errada — respondi no mesmo tom de voz que o seu e ele fechou a porta na minha cara.

— Quem era? — escutei a voz de Hana vindo de dentro do apartamento.

— Ninguém — ele respondeu.

E antes que pudesse escutar mais coisas da conversa deles, virei de costas e caminhei até o elevador, pedindo por favor para que ele descesse rápido. Não queria ficar com os meus amigos agora, dado que eles perguntariam o que rolou. A Vila Olímpica era enorme, e tinham vários lugares para eu me esconder.

Sentia-me burro por pensar que Hana e Matthew eram apenas amigos. Conheço muito bem o tipo dele e ele não é de ter amigas, não se não puder beijá-las ou transar com elas. E não conseguia imaginá-la sendo amiga dele dessa forma.

Não posso culpá-la por nada, eu estava namorando há alguns minutos atrás. A verdade é que de todas as pessoas do mundo, a única culpada por fazer besteiras na minha vida sou eu.

E de novo, parecia que estava caindo no abismo cada vez mais profundo que constituía os meus pensamentos. Talvez fosse só uma coincidência ou eles realmente estão juntos, mas essa parte foi completamente ignorada pelo meu subconsciente, que parecia cada vez mais focado em me jogar para dentro do abismo de vez.

E eu estava realmente certo, a partir de amanhã as coisas mudariam completamente, mas não sabia que mudariam para pior. Além de que parecia que nada estava ao meu favor, já que de todas as pessoas do mundo, Hana decidiu se relacionar justamente com Matthew Hollister.

••••••••••••••••••• ❖ •••••••••••••••••••

Oii amores!!

Como o prometido, trouxe uma atualização bem rapidinha pra vocês <3

O que vocês acharam do capítulo? O tombo veio?

Daqui uns dias vocês vão entender o que rolou pelo ponto de vista da Hana e espero postar o mais rápido possível também.

Beijos e até o próximo!!

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