Ele não é tão Cego Assim

By isabelledinizz

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Arthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um me... More

Prólogo
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Capitulo 10
Capitulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capítulo 17
Capitulo 18
Capítulo 19
Capitulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Epílogo

Capítulo 1

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By isabelledinizz

A porta do escritório se abriu e por ela passou um jovem, um jovem alto e magro, ele usava um terno com uma gravata vermelha, o cabelo castanho estava absolutamente bagunçado, o que fazia com que sua aparência arrumada fosse arruinada. Ele também tinha uma bengala em sua a mão, e a batia levemente no chão ao andar, e em seu rosto, usava óculos escuros.

O recinto era grande demais para um escritório, havia uma grande estante com livros, muitos deles em braile, uma grande janela que mostrava toda a cidade de Hollywood. Havia também uma grande poltrona, virada para uma mesa de madeira escura polida, atrás desta mesa estavam duas cadeiras sofisticadas.

A poltrona era ocupada por nada menos que o reitor da melhor escola de cinema do estado, Fred Harrinson. E em uma das cadeiras estava seu caçula, Trevor, que jogava um jogo em seu celular.

O empresário levantou seu olhar do jornal que estava lendo ao ouvir as batidas no chão:

-Arthur - disse ele - Como vai?

- Como sempre. - disse o filho mais velho, que tateava a mesa para encontrar a cadeira.

Trevor olhou para o irmão, levantou - se e puxou a cadeira ao lado, guiando Arthur até ele se sentar, então voltou para o seu jogo.

-Obrigado- agradeceu Arthur.

Fred se levantou e foi andando em direção a porta.

-Temos um assunto sério para discutir - disse ele antes de sair do escritório - esperem aqui.

O pai saiu e o silêncio caiu na sala, um silêncio que logo foi quebrado pelo som do jogo no celular de Trevor.

Arthur tinha certeza que o irmão havia se esquecido da audição aguçada dos cegos, o barulho estava começando a lhe dar dor de cabeça.

-Trevor, pode desligar o volume? - ele pediu.

-Ah sim, desculpe.

Arthur ouviu o som de uma tela de celular sendo desligada e sentiu seu irmão se endireitar na cadeira.

-Então... O que fez no ultimo ano em que esteve fora? - Trevor perguntou.

-Viajei pelos primeiros dois meses, então percebi que não valia a pena e fiquei morando pelos arredores.

-E não nos contatou. - observou o caçula.

Arthur sentiu um peso na consciência. Ele não havia mandado sinais de vida por um ano inteiro, provavelmente deixando sua mãe de cabelos em pé. Porém, no fim do ano, seu pai havia conseguido o seu contato e o chamara para a reunião em que ele estava agora.

Mas não foi por isso que sentiu esse peso. Arthur se sentiu culpado porque ele não ligava.

No momento seguinte, seu pai entrou no escritório com alguns papéis sentou-se em sua poltrona novamente.

-Bom, meninos, eu realmente não sei como dizer isso para vocês, mas... - começou - Bem, há duas semanas comecei a sentir muitas dores de cabeças, mais frequentes do que o normal, náuseas e até esqueci algumas... Palavras. Sua mãe decidiu me levar ao hospital e eu fiz muitos exames, e o médico disse que eu tinha um tipo de tumor, no meu cérebro e...

-O QUE?! - Trevor se manifestou - Isso não pode estar acontecendo, por favor, me diga que é mentira.

-... Que ele já estava bem desenvolvido. - continuou Fred - O dr. Rodnway me deu seis meses.

Naquele momento, Arthur havia se esquecido de como respirar. Ele ouvia o que o pai estava falando, mas não captava. Sabia que seu irmão Trevor estava do mesmo jeito, pois ouvira sua respiração acelerar.

Arthur apertou bem sua bengala, com muita força, tentando disfarçar o nervosismo. Não pode estar acontecendo, pensou.

-Qual...Qual é o tipo? - perguntou Trevor, excitante.

-Eu não tenho a menor ideia - Fred riu, como se já tivesse se contentado com a doença - Mas sua mãe deve saber.

-Como o senhor consegue rir em um momento como esse? - Arthur falou pela primeira vez.

-Bem... Não tem jeito, não tem cura. A hora de todo mundo chega, a minha está perto, não vou ficar chorando e agindo como uma vítima quando posso aproveitar o resto da minha vida. - explicou Fred

-Então, não tem cura? - Trevor perguntou.

-Infelizmente, não - respondeu Fred - Mas não foi bem por isso que camei vocês aqui, na verdade, foi, mas eu tenho que falar outra coisa... Sobre a direção da escola.

Arthur já sabia do que ele estava falando, desde pequeno, seu pai dizia que não confiava em ninguém para administrar a escola a não ser os próprios filhos, já que Katie havia deixado bem claro que cinema não era sua ''praia''.

-Precisarei que um de vocês assuma a escola. - disse o pai - Sabem que não confio em ninguém para cuidar deste lugar.

-Pai, o...O senhor sabe que não posso, eu... Eu quero ser médico, já comecei a faculdade e... - começou Trevor

-Eu sei, eu sei... Chamei os dois aqui não porque quero que qualquer um de vocês pode administrar esse lugar. Chamei os dois aqui porque sei que a pessoa que estudou para isso com certeza vai contestar. - murmurou Fred.

Arthur sentiu todos os olhares voltarem para si.

-Não é mesmo? - disse Fred.

-Olhem, eu só não acho que tenho responsabilidade nem condições suficientes para... - explicou-se Arthur, Olhando para um canto que imaginava ser seu pai.

-Vire a cabeça para a esquerda, está olhando para as estantes.

Arthur fez como pediu.

- O fato é que... - continuou

-O fato é que você já tem 20 anos e é inteligente o suficiente para já ter terminado a faculdade de administração. - seu pai interrompeu - Desde que você era pequeno nós falamos sobre isso. Sei que você não pensava que ia assumir tão cedo, mas nós não decidimos o futuro.

-Mas eu não quero - disse Arthur.

-Mas você vai. E ponto final.

Arthur se levantou cadeira. Ele realmente não se sentia pronto, sabia que um dia teria que tomar a administração da escola para si, mas queria um tempo para processar o que acontecia. A doença de seu pai, o dever que ele esperava ter só em alguns anos... Aquilo estava lhe causando uma grande vontade de contrariar tudo o que as pessoas diziam.

E, sem esperar nenhuma palavra de seu pai, ele sai do escritório.

-Obrigado- agradeceu Arthur.

Fred se levantou e foi andando em direção a porta.

-Temos um assunto sério para discutir - disse ele antes de sair do escritório - esperem aqui.

O pai saiu e o silêncio caiu na sala, um silêncio que logo foi quebrado pelo som do jogo no celular de Trevor.

Arthur tinha certeza que o irmão havia se esquecido da audição aguçada dos cegos, o barulho estava começando a lhe dar dor de cabeça.

-Trevor, pode desligar o volume? - ele pediu.

-Ah sim, desculpe.

Arthur ouviu o som de uma tela de celular sendo desligada e sentiu seu irmão se endireitar na cadeira.

-Então... O que fez no ultimo ano em que esteve fora? - Trevor perguntou.

-Viajei pelos primeiros dois meses, então percebi que não valia a pena e fiquei morando pelos arredores.

-E não nos contatou. - observou o caçula.

Arthur sentiu um peso na consciência. Ele não havia mandado sinais de vida por um ano inteiro, provavelmente deixando sua mãe de cabelos em pé. Porém, no fim do ano, seu pai havia conseguido o seu contato e o chamara para a reunião em que ele estava agora.

Mas não foi por isso que sentiu esse peso. Arthur se sentiu culpado porque ele não ligava.

No momento seguinte, seu pai entrou no escritório com alguns papéis sentou-se em sua poltrona novamente.

-Bom, meninos, eu realmente não sei como dizer isso para vocês, mas... - começou - Bem, há duas semanas comecei a sentir muitas dores de cabeças, mais frequentes do que o normal, náuseas e até esqueci algumas... Palavras. Sua mãe decidiu me levar ao hospital e eu fiz muitos exames, e o médico disse que eu tinha um tipo de tumor, no meu cérebro e...

-O QUE?! - Trevor se manifestou - Isso não pode estar acontecendo, por favor, me diga que é mentira.

-... Que ele já estava bem desenvolvido. - continuou Fred - O dr. Rodnway me deu seis meses.

Naquele momento, Arthur havia se esquecido de como respirar. Ele ouvia o que o pai estava falando, mas não captava. Sabia que seu irmão Trevor estava do mesmo jeito, pois ouvira sua respiração acelerar.

Arthur apertou bem sua bengala, com muita força, tentando disfarçar o nervosismo. Não pode estar acontecendo, pensou.

-Qual...Qual é o tipo? - perguntou Trevor, excitante.

-Eu não tenho a menor ideia - Fred riu, como se já tivesse se contentado com a doença - Mas sua mãe deve saber.

-Como o senhor consegue rir em um momento como esse? - Arthur falou pela primeira vez.

-Bem... Não tem jeito, não tem cura. A hora de todo mundo chega, a minha está perto, não vou ficar chorando e agindo como uma vítima quando posso aproveitar o resto da minha vida. - explicou Fred

-Então, não tem cura? - Trevor perguntou.

-Infelizmente, não - respondeu Fred - Mas não foi bem por isso que camei vocês aqui, na verdade, foi, mas eu tenho que falar outra coisa... Sobre a direção da escola.

Arthur já sabia do que ele estava falando, desde pequeno, seu pai dizia que não confiava em ninguém para administrar a escola a não ser os próprios filhos, já que Katie havia deixado bem claro que cinema não era sua ''praia''.

-Precisarei que um de vocês assuma a escola. - disse o pai - Sabem que não confio em ninguém para cuidar deste lugar.

-Pai, o...O senhor sabe que não posso, eu... Eu quero ser médico, já comecei a faculdade e... - começou Trevor

-Eu sei, eu sei... Chamei os dois aqui não porque quero que qualquer um de vocês pode administrar esse lugar. Chamei os dois aqui porque sei que a pessoa que estudou para isso com certeza vai contestar. - murmurou Fred.

Arthur sentiu todos os olhares voltarem para si.

-Não é mesmo? - disse Fred.

-Olhem, eu só não acho que tenho responsabilidade nem condições suficientes para... - explicou-se Arthur, Olhando para um canto que imaginava ser seu pai.

-Vire a cabeça para a esquerda, está olhando para as estantes.

Arthur fez como pediu.

- O fato é que... - continuou

-O fato é que você já tem 20 anos e é inteligente o suficiente para já ter terminado a faculdade de administração. - seu pai interrompeu - Desde que você era pequeno nós falamos sobre isso. Sei que você não pensava que ia assumir tão cedo, mas nós não decidimos o futuro.

-Mas eu não quero - disse Arthur.

-Mas você vai. E ponto final.

Arthur se levantou cadeira. Ele realmente não se sentia pronto, sabia que um dia teria que tomar a administração da escola para si, mas queria um tempo para processar o que acontecia. A doença de seu pai, o dever que ele esperava ter só em alguns anos... Aquilo estava lhe causando uma grande vontade de contrariar tudo o que as pessoas diziam.

E, sem esperar nenhuma palavra de seu pai, ele sai do escritório.

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