Camila Cabello's point of view
-Isso Cabello, viu como foi fácil?. -Dinah apertou meu ombro enquanto eu encarava o buraco fechado que eu havia enterrado Rosalinda. -Você à matou, tudo bem, foi um acidente. Ninguém nunca vai descobrir sobre isso.
Eu encarava aquele buraco como se a minha vida dependesse daquilo. Larguei a pá e me ajoelhei, sentindo as lágrimas começarem a cair e sentia os meus pulmões arderem.
Comecei a gritar, gritar e gritar. Precisava jogar fora toda a raiva, toda aquela maldita raiva. Eu era oficialmente alguém sem família, eu era a última da linhagem Cabello e queria me jogar naquele buraco com a minha tia.
-Sei o que está pensando. -Ouvi a voz de Dinah e fechei os olhos. -Estarei no carro te esperando, tem o tempo que precisar para pensar sobre a proposta que te fiz. -Ela beijou minha cabeça e então escutei seus passos para longe.
Abri meus olhos e me inclinei, enfiando minhas mãos na terra seca e solucei.
-Me perdoa. -Sussurrei, fraca. -Eu não pude fazer nada eu...Me perdoa, me perdoa por favor. -Choraminguei tentando não gritar mais uma vez.
Fiquei ali por volta de uns cinco minutos, até que decidi levantar, limpar minhas mãos, pegar a pá e caminhar até o carro de Dinah. Ela estava mexendo em seu celular escutando uma música baixa, engoli à seco.
-Eu não quero nada vindo de você. -Rosnei e ela me olhou. -Você é um ser humano horrível, frio e eu não vou deixar você me afetar. -Ela colocou os óculos escuros no cabelo loiro e então sorriu desafiadora.
-Tem certeza de que é isso que quer?. -Tranquei a mandíbula.
-Tenho. -Ela assentiu e ligou o carro me fazendo suspirar.
Quando eu ia abrir a porta, ela arrancou, me deixando naquele terreno distante da cidade completamente sozinha, sem dinheiro e sem um maldito transporte.
-Maldita. -Rosnei olhando ao redor e me lamentei por toda aquela merda.
...Um mês depois...
Atravessei o campo de futebol do Raydell e suspirei vendo todas as líderes reunidas. Dinah viu que eu me aproximava e então veio na minha direção, junto com suas duas fiéis escudeiras.
-Olha só se não é a ratinha. -Ela disse parando quando ficamos cara a cara.
-Sobre a proposta...Você ainda quer?. -Questionei sentindo meu orgulho se ferir.
-O que te fez mudar de ideia?. -Suspirei tirando a mochila e joguei em seus braços.
-Isso foi a única coisa que me restou, a minha tia já tinha um mês sem pagar o aluguel e eles me deram uma semana pra sair. Eu não consigo um emprego, como também não tenho nada de dinheiro, então eles me chutaram e eu não pude pegar as únicas coisas que minha tia tinha que eram retratos dos meus pais e álbuns de fotos. -Falei com o pouco do orgulho que existia em mim e ela abriu a mochila, vasculhando ali e então me analisou.
-Veio com essa roupa semana passada. -Comentou e eu olhei para o meu corpo, depois para ela. -Camila, essas são as únicas roupas que você tem?. -Ela questionou dando a mochila para Heather.
-Sim, o que acha?Não tenho dinheiro Dinah. -Rosnei e ela jogou os cabelos para trás respirando fundo.
-Certo...Hoje você fica na minha casa, amanhã resolvemos a questão de onde você vai ficar. -Assenti cruzando os braços. -Jogue essas coisas e essa mochila fora Heather...
-Não, as minhas...
-Iremos ao shopping com você e vamos comprar roupas, sapatos, acessórios, perfumes e essas coisas. Você está com a gente agora, é uma de nós, não vai andar igual uma mendiga. -Revirei os olhos e Heather caminhou para longe de nós.
-É bom saber que aceitou Camila. -Leah disse sorrindo e eu olhei para Dinah.
-Vamos, vou te apresentar às meninas. -Ela sorriu grande e me abraçou pelos ombros, me puxando para perto das outras.
...
-Essa é a casa. -Dinah disse após estacionar em uma enorme casa branca e azul marinho.
-Uau, é enorme e linda. -Falei sorrindo e olhei para ela. -Como vou morar sozinha numa casa tão grande?. -Perguntei sorrindo animada.
-Contratei secretárias do lar, mordomos, governantas e um motorista já que você ainda não tirou sua carteira. -Brinquei com meus dedos. -Não se preocupe, eu vou pagar tudo e a casa já vem incluída com os móveis, você pode decorar o seu quarto da maneira que você quiser, faça uma lista e eu comprarei tudo. -À olhei. -Sua carteira de motorista também ficará por minha conta e você começa na escola de direção essa semana.
-Eu não sei o que dizer. -Ela sorriu e eu respirei fundo olhando para a casa.
-Você não precisa dizer obrigada, nem esse tipo de coisa, só pegue e não diga nada, não precisamos de agradecimentos, precisamos de sexo. -Ela destravou o carro. -Agora vá, conheça a casa e as pessoas que trabalharão pra você. -Saí do carro e ela o arrastou me fazendo respirar fundo encarando a casa enorme.
...Um ano depois...
Quando você faz dezoito anos, você não sabe exatamente o que fazer. Eu não tinha uma família, não tinha irmãos e nem amigos. Eu só tinha à mim mesma, isso era um tanto confuso pra mim. Sentada naquela enorme cama no quarto decorado, eu me perguntava no que me tornei.
Sonhava em ser médica quando criança e agora não passava de uma acomodada. E me perguntava quando tudo isso iria acabar?Porque à qualquer momento, elas me deixariam na mão e eu não teria absolutamente mais nada, seria uma zero à esquerda, como sempre.
A campainha tocou e como a governanta estava na casa, decidi levantar para tomar um banho e deixar quem quiser que fosse, esperar um pouco.
Depois de bons minutos no banho que estava incrivelmente bom, me vesti confortável com a roupa que havia levado para o banheiro e então saí do banheiro, me deparando com Dinah sentada na cama.
-Feliz aniversário ratinha. -Ela disse sorrindo e eu fiz um bico torto.
-Obrigada. -Cruzei os braços. -O que faz aqui?.
-Vou dar uma festa hoje, do seu aniversário, você não tem amigos, exceto pelas meninas. -Caminhei até a cama e me sentei ao seu lado.
-Não quero uma festa. -Murmurei.
-Não estou te oferecendo uma festa. -Ela virou pra mim. -Vai ser...Uma brincadeira, todas juntas. -Ela sorriu animada e eu arregalei os olhos.
-Eu sou só uma, não consigo transar com todas...
-Você consegue sim. -Ela acariciou minha nuca e eu olhei para meu colo.
-E você vai estar no meio?. -Questionei apoiando meu corpo em minhas mãos.
-Hum, digamos que não. -Ela fez um bico. -Você pode ter dezoito anos agora, mas ainda sinto o cheiro de imaturidade em você, não transo com pessoas assim. -Ela se ergueu e eu suspirei.
-Não querendo ser ingrata mas já sendo, se eu e você não transamos, por que está me dando tudo?. -Ela me olhou após colocar uma música leve e baixa no som.
-Você é um peixe. -Ela dançou pelo quarto. -Precisa ser tratado, cuidado, ensinado. -Me olhou e riu. -Você ainda tem muito o que aprender, se quer o meu corpo, vai ter que evoluir em muitas coisas. -Me ergui da cama e caminhei até ela, seguindo-a enquanto ela dançava.
-Tipo em que?. -Questionei tocando sua cintura e ela tinha os olhos fechados.
-Atitudes, palavras, conhecimento. -Ela caminhou até o som e eu fui atrás, grudada em seu encalço. -Você parece uma criança em certas situações e isso não me excita. -Beijei seu ombro e sua pele se arrepiou.
-O que excita você?Manipular as pessoas?. -Ela se virou e desferiu-me um tapa.
-Acho melhor você tomar cuidado com o que fala. -Rosnei e respirei fundo.
-Desculpa. -Ela ajeitou os meus cabelos e então sorriu.
-O que me excita é saber que eu vou ter uma noite gloriosa de prazer, sem que a pessoa que esteja me comendo, pergunte o que me excita. -Ela piscou e abriu a porta. -Aproveite o seu presente de aniversário, use camisinha, não queremos ninguém grávida. -Ela fechou a porta e eu desliguei o som antes de bater na mesinha.
Dinah sabia como me irritar, me deixar ansiosa e excitada ao mesmo tempo. Ela era um lobo na pele de uma ovelha. Ela me manipulava e eu tinha a total certeza de que gostava disso.
...
Eu mordia meu dedo, assistindo um garoto no encalço de Dinah enquanto ela enchia o copo de bebida. Tinha muitas garotas ali e eu já estava cansada de ser babada por elas e transar à rodo.
O garoto segurou o braço de Dinah com força e deu-lhe um tapa em seu rosto me fazendo arregalar os olhos. Fechei os punhos tentando levantar, mas duas garotas me seguravam. Ele à puxou para a parte de fora da casa e eu empurrei as mãos das meninas e me levantei nas pressas.
O quintal estava completamente vazio, aquilo me fazia tremer. Mas a raiva encheu os meus pulmões ao ver o garoto tentar infiltrar a mão na saia de Dinah e era visível que ela não queria aquilo.
-Ei. -Gritei correndo na direção deles e o garoto se afastou.
-O que você... -Soquei seu rosto e ele deu uns passos para trás, levando as mãos até o nariz que passou a sangrar.
-Camila não, por favor. -Dinah me segurou pela cintura.
-Sua vadia. -Ele veio na minha direção e eu desviei fazendo-o cair na grama.
-Você é um babaca, não devia bater em mulher e nem força-las à transar com você. -Chutei sua barriga.
-Camila por favor. -Dinah pedia e eu sentia minha mão começar a tremer.
-Você...É uma...Vadia. -Ele pulou em mim, me pegando de surpresa e caímos na grama.
Ele tentou me socar, mas eu desviei, acertando um soco no seu rosto e consegui trocar nossas posição. Comecei a desferir diversos socos em seu rosto e não conseguia me controlar de jeito nenhum. A minha mente havia entrado em um beco sem saída e eu sentia as minhas mãos latejarem de tantos socos que eu havia dado naquele babaca.
-Camila para. -Dinah gritou me tirando do abismo de pensamento e eu caí ao lado do garoto, completamente ensanguentada. -Meu Deus, Camila, o que você fez?. -Dinah parecia absurdamente preocupada, olhando o rosto do garoto completamente desfigurado e então me olhou.
Seus olhos tinham horror e eu não sabia exatamente o que sentir naquele momento, enquanto ela me olhava daquela maneira.
-Você tem sangue nas mãos. -Ela murmurou e eu olhei para minhas mãos que tremiam. -Precisamos dar um jeito nele antes que todos da casa decidam vir até aqui. -Assenti perdida demais e ela pediu que eu ajudasse-a a levanta-lo.