10/Julho
CHARLIE DEAN
Nos levantamos com 3 pares de olhos presos em nossas nucas e fomos rapidamente para o deck onde teve a cerimônia do casamento.
Eu podia prever um quase infarto a cada passo que dava ao lado dele, e quando Chris finalmente parou de andar e se virou em minha direção, tive que firmar meus pés no chão.
Ele permaneceu em silêncio por um tempo, parecendo tentar arrumar uma forma para dizer o que queria.
– Sim, Christopher? – Questionei, impaciente com toda aquela demora.
– Eu sou um idiota.
Uma sombra de um sorriso apareceu no canto da minha boca. – Ok, mas eu já sabia disso... só nos trouxe aqui para falar isso?
– Me enganei com você.
Bufei – Ótimo, e agora está me ofendendo. – Dei dois passos para trás – Tchau, Christopher.
– Charlie, não é isso que eu quis dizer. – Suspirou lentamente antes de continuar –Eu te esperei e respeitei o tempo que você queria... até compreendi quando você se distanciou e parou até de responder as minhas mensagens.
Esperou? Compreendeu?
Cruzei os meus braços, fazendo movimentos negativos com a cabeça em pura descrença.
– Charlie, eu fui para Londres no seu aniversário.
O quê?
– Candice havia me dado o endereço da sua mãe antes mesmo de você ir para lá. Falei que talvez faria essa surpresa, mas não dei garantias pra ela que realmente ia por causa das gravações. Mas eu fui...
– E porque não apareceu?
Ele uniu as sobrancelhas, desviando os olhos para baixo.
– Essa é a questão, eu fui. Quando estava aproximando com o carro eu a vi abraçada com um homem. Estampavam na porta da casa... –
Espera... ele me viu com Richard?
– Quando vi aquilo... o carinho que vocês estavam demonstrando pelo outro... e-eu apenas juntei as peças e...
– E presumiu que estávamos juntos? – O cortei em um rompante, não querendo acreditar em tudo aquilo.
Chris ergueu os olhos até os meus, assentindo de forma envergonhada.
– Você parou de me responder e seus irmãos falaram que você estava ótima... e bem, disse para eu não te esperar e seguir em frente. Pensei naquele momento que desde o início você já estava planejando que aquele dia na sua casa poderia ser o nosso último...
– E então você seguiu em frente.
– Tentei.
Soltei uma risada irônica – Bom, a tal Eva não deve pensar dessa forma...
– Eva? – Indagou de forma confusa, mas logo então riu – Ah... Eva. Esse era só um nome inventado para o Nick.
– Quem era a morena de toalha? Aquela que estava na sua casa?
– Chama Miranda, mas não foi nada.
– E ela sabe disso?
– Sabe, mas terei que deixar ainda mais claro.
Soltei uma risada clínica – Você não muda não é Chris? Sempre engatando relacionamentos mesmo estando envolvido com ex's, isso é ridículo da sua parte! Não me transforme em Minka!
– Nunca será como ela, Charlie. Nós dois sabemos que o que tivemos foi diferente de tudo.
– Eu sei? – Esbravejei – Admito. Eu posso ser a pessoa mais complicada do mundo, mas as vezes você consegue ser bem pior do que eu!
– Cometi um erro, Charlie.
– É... – Grasnei com veemência – Você comete erros pra caralho!
– Veja pelo meu lado, Charlie! Quando você apareceu na minha casa, foi como uma rasteira! Nunca que eu imaginaria que você fosse voltar! Nunca! E aí você surta, pega Dodger e quando te encontro horas depois, está com Baelish! Como quer que eu pense direito?
– Vai me julgar por dormir com ele quando você passou todo esse tempo com outra mulher?
– Não estou te julgando, só tenta ver por outro ângulo... tem noção do quanto acabou comigo te ver daquela forma em Londres?
– Com o namorado da minha mãe, abraçando ele porque estava feliz dele ter dito que ia a pedir em casamento?
– E como eu iria saber disso?
– Perguntando!
– Perguntando? – Rebateu duramente.
– É! Que você saísse do carro e perguntasse!
– 15 de Abril, às onze e quarenta e cinco da manhã.
Uni as sobrancelhas, sem o entender – O quê?
– Você mandou um ''preciso me afastar''. Essa foi a sua última mensagem para mim... sem mais explicações, atender minhas ligações ou me contatar... desde esse dia tive que mendigar qualquer que fosse as informações de seus irmãos para saber como estava. E eu admito... fiquei extremamente feliz por saber que estava progredindo, mas ao mesmo tempo, me matava ver que parecia estar perfeitamente bem comigo fora da sua vida. Por isso que eu te digo, olha o meu lado... Quando te vi o abraçando, eu tive todos os motivos do mundo para me afastar. Não quis, mas tive. Não por orgulho ferido, mas sim porque tive a sensação de que você finalmente estava feliz e em paz. Não pude ousar interferir naquilo... mas sim. – Fez uma pausa, contorcendo o rosto em uma expressão furiosa – Eu fiquei puto de ódio por Baelish. Dentre tantos em Nova Iorque, porque ele?
Inalei o ar, assentindo – É... isso foi um erro...
– É... – Ele suspirou – Por que erramos?
Isso me fez pensar. Repassar em minha mente tudo o que havia dito. Inferno, todos os seus atos tinha uma justificativa agora.
– Eu não sei... – Respondi, sincera – Minha vida virou meio que uma bagunça desde que você entrou nela.
Ele sorriu apesar do que eu disse.
– No começo, pensei que seria ao contrário.
– Não, Chris. O que eu quero dizer é que a minha vida se tornou uma bagunçada por que eu sou uma bagunça, só não era capaz de ver tão claramente antes...
– O que faremos agora?
Meu coração acelerou e eu passei os braços ao redor do meu corpo, me abraçando com força.
– O que quer dizer?
– Sabe o que quero dizer.
– Está com Miranda.
– Comecei a sair com ela menos de uma semana antes de você chegar, acha mesmo que ela chega a ter um mínimo de relevância comparado a você?
– Eu sinceramente não sei mais o que pensar em relação a isso.
– Eu amo você, Charlie. Por que é tão teimosa para entender isso?
– Não sei, talvez porque já tenha me feito desacreditar nisso algumas vezes? – Questionei ironicamente.
Ele se aproximou, pegando o meu rosto entre as mãos – Isso não vai acontecer novamente, tem a minha palavra. Sei que errei e te peço desculpas por isso, mas foi tudo um grande engano.
– Suas ex-namoradas tendem a não entender quando o relacionamento não acabou. Miranda sabe que vocês não estão juntos?
– Ela não é minha namorada. Encerrei o que tínhamos no mesmo dia que você apareceu na minha casa.
Ok, eu não esperava isso.
– Mas o seu aniversário...
– Nós continuamos conversando ocasionalmente e eu já havia convidado antes, mas nada além disso. Prometo.
– Me lembro bem dela pulando em cima de voc...
– Por isso... – Interrompeu-me – ... eu te disse que terei que reforçar com ela que não temos mais nada.
– Não sei se é certo simplesmente decidirmos ficar juntos...
– Eu espero você estar pronta. – Chris falou pacientemente, esboçando um sorrindo. Sua naturalidade ao lidar com aquilo era invejável, eu estava um caco.
– E se eu demorar um mês até ter certeza?
Ele deu entre ombros – Ok, eu espero.
– Na verdade, devo levar uns três meses.
– Tudo bem.
– Seis meses. – Ele sorriu e assentiu – Nove meses...?
– Vou esperar.
– Um ano.
– Se for algo tão a longo prazo, temos que sentar para conversar sobre as visitas do Dodger. Mas sim... continuarei te esperando.
– Deus! – Grunhi, afastando-me do seu toque, passando a mão pelos cabelos nervosamente – Como encara isso com tanta calma?
– Por que sei o que eu quero, Charlie. E entendo se quiser mais tempo, estou completamente disposto a dá-lo.
Quem eu queria enganar? Eu não precisava de um tempo, precisava dele.
– Não podemos ferrar isso! – Apontei meu dedo em sua direção – Temos que aprender a dialogar melhor! – Chris riu e concordou – Vai me escutar quando eu disser que alguém é louco, já está mais que comprovado que eu estava certa sobre Minka e você não! – Ele sussurrou um ok e deu um passo na minha direção – Quando viajar para gravar, vamos tentar nos ver pelo menos uma vez a cada duas semanas. – Sorriu e se aproximou mais – Eu quero que viajemos pelo menos uma vez ao ano para visitar a minha mãe e a sua. – Chris apoiou suas mãos em meus ombros e os acariciou com seus dedos – Nunca dormiremos brigados, mesmo que tenhamos que discutir a madrugada inteira, não vamos fazer isso!
Ele assentiu mais uma vez, me encarando com firmeza – Acabou? – Perguntou após alguns segundos.
– Acho que sim.
– Meus termos são... – Encostou sua boca em minha testa – Quero amanhecer do seu lado pelo menos três vezes na semana. – Beijou a região e segurou o meu rosto com as mãos – Quero que passemos alguns dias em Boston, minha mãe está louca para poder te conhecer de verdade. – Girou meu rosto e depositou um beijo na minha bochecha – Quero que me dê abertura para me dar sua confiança. – Subiu os seus lábios e beijou o lóbulo da minha orelha – Quero que me acompanhe no tapete vermelho sempre que puder. – Arrastou seus lábios e beijou o nariz – Gostaria que continuasse usando essas mini-lingeries... – Eu ri com aquilo e fechei os olhos, sentindo uma lágrima traçar todo o caminho da minha bochecha – Quero que trabalhemos em um futuro. Planos, viagens, uma vida juntos... tudo. – Apoiou nossas testas e suspirou – Quero que você sempre busque sua felicidade, sua paz, que continue nesse processo de se encontrar e ser melhor. Você disse uma vez que eu te ensinei a amadurecer, que te fiz começar a olhar para frente, pensar no que pode ser daqui alguns anos pros seus filhos e que tipo de ensinamentos iria passar para eles. O que eu te digo é que se depender de mim, daqui alguns anos iremos contar toda essa nossa história louca, maravilhosa e apaixonante aos nossos filhos e os guiaremos juntos a serem pessoas incrivelmente extraordinárias, assim como a mãe.
Soltei um suspiro e por fim, abri os meus olhos, encontrando os dele debaixo de um mar de lágrimas.
– E o pai. – Corrigi, o fazendo sorrir ainda mais.
– Charlie Dean Pearson, vou te fazer a mulher mais feliz do mundo.
– Acho que já sou... – Chris se inclinou em minha direção, mas antes que nos beijássemos, escutamos gritinhos histéricos atrás de nós.
Carla, Adam e o pequeno Mike pareciam celebrar toda aquela cena.
Eu soltei uma longa lufada de ar, incrédula – Quer mesmo ter mais de uma dessas coisinhas?