Nothing To Lose¹ • JJ

By itadwori

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"- Quando meu pai me olhou daquele jeito, eu sabia que tinha encontrado algo grande." ───────────── 𝙖𝙧𝙩 𝙘... More

apresentações
prólogo
um
dois
três
quatro
cinco
seis
oito
nove
dez
onze
doze
treze
quatorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
Epílogo
ᴄᴏɴᴛɪɴᴜᴀᴄᴀ̃ᴏ

sete

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By itadwori

Outer Banks


 

  Nunca tinha visto um corpo de perto, alguém morto, pele pálida, os olhos fechados, dedos levemente arrocheados. Nunca. Ainda mais assassinado, ver uma poça de sangue embaixo de uma pessoa é algo assustador para mim. E eu não quero ter essa experiência com dezesseis anos.

Por isso quando me aproximei do que percebi ser o garoto jogado, eu caminhava para mais perto tensa, com pesos sobre os meus ombros e a pressão na minha cabeça de como se eu estivesse embaixo da água.

Ao chegar mais perto, vejo o rosto com vários hematomas. Uma vermelhidão meio arrocheada em um olho inteiro e um lábio inferior machucado, uma marca na bochecha completava e a vermelhidão em seus ossos da mão demonstravam que ele tinha passado por uma briga.

Mas não tinha nenhuma poça de sangue.

– Quem está aí? -Pulo para trás com a sensação de que alguém pegou meu coração com a mão e apertou, minha pele arrepia e meus batimentos cardíacos disparam quando vejo o garoto não tão morto assim, abrindo os olhos.

– Você está de brincadeira? Atiram e você fica estirado no chão como um morto? -Pergunto sentindo uma pontada de raiva pelo susto, o garoto se senta na areia e percebo que já tinha visto ele algumas vezes, era o mesmo do píer, e ele tinha me falado o nome dele, mas eu sinceramente não lembro.

– Eu quis ficar um pouco quieto, chegou atrasada para a festa -Diz irônico e rio nasalado.

– Percebi -Digo no mesmo tom

– Senta aí -Diz e olho em volta, a praia estava vazia, dou de ombros e me sento na areia sentindo-a um pouco gelada.

– Bateram feio em você -Comento, com certeza ele ficaria com um olho roxo por uns dias. Certeza que foi um cruzado.

– Foi o Topper, conhece? -Franzo o cenho, Topper? Que nome estranho – Ele namora a Sarah Cameron, loiro, kook. -Descreve e lembro de quando tive que ir no Figure 8 com meu tio, ele foi fazer uma entrega de alguma peça de barco para o Ward Cameron, os Cameron, uma das famílias mais ricas daqui, ele tem um filho viciado que só de longe percebi a quase abstinência, uma filha mais nova que me encarava de forma estranha e uma filha que parecia uma princesa, e ao lado dela claro que tinha um garoto forte com cara de engomadinho. Kooks.

– O ken humano de blusa para dentro da calça? Ele é forte -Argumento, agora está explicado os machucados.

– Ele tentou me afogar -Deu de ombros – Por isso os tiros -Completa e arregalo os olhos

– Atiraram nele? -Pergunto surpresa

– Oque? Não! JJ atirou para cima... Merda, não conta para ninguém que disse que foi ele -Se atrapalhou me olhando.

Lembro desse nome... JJ.

Claro, era o garoto robótico! O bonitinho que surfa bem. Surfa bem e tem uma arma pelo jeito.

– Minha boca é um túmulo... Mas ele fez certo, Topper é o tipo de cara que mataria um pogue -Digo lembrando a forma que ele olhava para o meu tio sem nem o conhecer.

– Não sei, mas meus amigos começaram a brigar e implorei para ficar aqui, longe disso tudo -Diz e concordo, acho que o nome dele era John B, acho. – Mas você tem um novo curativo na cara, surfando? -Pergunta e me olha

– Mais ou menos -Dou de ombros olhando para a água.

– Você é bem misteriosa, é engraçado- Se deita apoiando o peso no braço e olho para seu rosto, arqueando as sobrancelhas. John B me olhava sorrindo, e até que ele é bem bonito.

– Misteriosa? -Pergunto achando engraçado. Misteriosa...

– Sim, nunca te vi acompanhada, ninguém sabe quase nada da sua vida, só te vemos surfando ou com um machucado novo na cara -Solto uma risada e me sento mais de lado de frente para ele. – Fora que mentiu sobre o leash -Reviro os olhos, legal, pelo jeito todos sabem disso.

Porém John B tinha um pai que também foi dado como morto, ele entenderia, certo?

– Vi um barco e podia jurar que era o Canadian do meu pai -Disparo – Mas não era, e percebi isso quando cheguei perto -Decido dizer na esperança que ele entenda enquanto olho para meus tênis encardidos e sujos de areia.

– Surfou até aquele barco branco? Ele estava bem longe -O olho, ele não me chamou de maluca. Pelo contrário... Tinha a feição de surpreso.

– Meu pai me ensinou bem a nadar -Dou de ombros. Foi uma das melhores coisas que ele me ensinou. "Nadar antes de escrever" ele dizia.

– Era um Grady White? -Pergunta e o olho curiosa, como ele percebeu ser um Grady White se estava tão longe?

– Sim, aquele barco vale uma fortuna -Digo, quinhentos mil dólares talvez.

– Tinha alguém lá? -Pergunta e mordo a bochecha pelo lado de dentro, não sei porque estou falando desses assuntos com ele, não sou uma pessoa que aceita sentar do lado de qualquer estranho que apanhou na praia.

Mas John B parecia ser um garoto legal e... Não sei, me sinto confortável. Coisa que não me sinto faz muito tempo. É bom isso, como se... Tivesse alguém para me ouvir.

Suspiro.

– O homem que morreu, ele... Eu só disse meu nome e ele apareceu atirando em mim -Digo e vejo seus traços faciais mudarem de curioso para assustado, com seus olhos levemente arregalados e rugas na testa.

– Ele atirou em você? -Perguntou com o tom de voz automaticamente mais baixo.

– Sorte que a mira dele foi ruim -Digo irônica – Depois disso saltei do barco e corri até em casa -Explico, John B assentiu e parecia pensativo enquanto olhava para a areia em sua mão.

– Encontramos o barco, foi parar no canal -O olho confusa, o barco naufragou?

– Não avisaram para a polícia? -Pergunto e ele nega com a cabeça, a polícia tinha fechado o canal hoje em busca dele.

– Eles não nos ouviram, mas quando voltamos lá uns caras atiraram na gente, assim como Scooter fez com você -Diz, por que ele estava me contando isso também?

– Tem algo no barco que ninguém quer que outra pessoa veja então -Digo e ele concorda olhando para a areia. Ele ficou quieto, e com o silêncio aproveito para olhar para o mar, as ondas batiam de forma calma, bem diferente do dia da tempestade.

– Jamay, com oque seu pai trabalhava? -John B corta o silêncio e volto meu olhar para ele.

– Especialista em encontrar barcos naufragados -Respondo e ele morde o lado de dentro da bochecha, provavelmente pensando assim como eu quando fiz isso.

– Sabe quem o chamou? -Nego com a cabeça.

– Meu pai antes de dizer que íamos nos mudar para cá ficou horas no escritório em uma ligação, disse para a pessoa que a veria em duas semanas, só -Digo lembrando de ter ouvido essa parte da conversa antes de ir para a cozinha.

– Meu pai procurava tesouros, e... As vezes acredito que ele possa estar vivo -Diz. Procurando tesouros?

– Acho estranho meu pai ter sumido assim, ele... Ficar no mar era oque ele mais fazia sabe? Ele foi preparado e... -Interrompo meus pensamentos parando de falar, falar sobre o meu pai ainda é estranho. Não sinto como se ele estivesse morto, mas posso estar me enganando.

– Acredita que ele está vivo não é? -Pergunta e levanto meu olhar para o seu rosto, confirmo assentindo com a cabeça. Ele me olhava com os olhos brilhando, atento, e realmente prestando atenção no que eu falava, parecia partilhar do mesmo sentimento.

– Você também não é? -Pergunto da mesma forma, ele tem o mesmo olhar que o meu.

– Sim, ele disse que ia voltar -Concordo – No barco tinha uma bússola, a bússola dele -Franzo o cenho, como seria possível?

– Oque a bússola do seu pai estava fazendo no barco do Scooter? -Pergunto curiosa.

– Também não sei, e sabe o mais estranho? Scooter vivia pedindo dinheiro, como comprou um Grady White e uma arma? -Me questiona.

– Tráfico? -Pergunto, sei que uma das coisas que mais tem aqui são drogas, e como em qualquer lugar, traficantes.

– Também pensei nisso -Diz e vejo ele desenhar linhas aleatórias na areia.

– Você e seus amigos estão investigando isso não é? -Pergunto e ele me olha confuso –Encontraram o barco, voltaram para ver oque tem dentro, e considerando que a arma dentro da água não funcionaria, foram na casa do cara -Exponho minha dúvida e ao ele ficar sem palavras confirmo minha tese.

– Estão se metendo em merda, chegaram uns caras estranhos na cidade e com certeza um deles foi oque atirou em vocês -O alerto. Não quero mais pessoas mortas.

– Como sabe? -Pergunta me olhando

– Trabalho no The Wreck, vi eles entrando -Dou de ombros, pelo pouco que eu vi, eram dois.

– Trabalha no The Wreck? Pro pai da Kiara? -Me pergunta e concordo.

– Pogues sempre trabalham para kooks -Digo e ele ri concordando.

– Se seu pai veio aqui a trabalho, qual barco ele estava procurando? -John B me pergunta e suspiro. Espero que seja qualquer um, menos o El Dourado.

– É uma ótima pergunta para fazer para ele, ele nunca me contou. Trabalho é trabalho -Digo a frase que ele sempre me dizia e John B concorda.

– Meu pai também era assim -Diz abaixando a cabeça.

– Seria louco pensar que seu pai chamou o meu -Comento a ideia e ele me olha rindo de leve e concordando.

– Admito que eu já pensei nisso -Solto uma risada – Qual o nome do seu pai? -Pergunta

– Paul -

– John e Paul juntos, loucura -Diz e solto uma risada, mas concordo.

– Está ficando tarde John B, quer ajuda? -Pergunto reparando na sua mão na costela, com certeza levou um soco ou chute.

– Não precisa -Diz e arqueio a sobrancelha, com certeza as duas, não sou a Kiara.

– Bora -Me levanto e ergo a mão, ele revira os olhos e estica me fazendo tomar cuidado ao puxar.

– Você é bem legal Jamay -Diz se ajeitando e solto uma risada

– Obrigada John B, se você tomasse um banho, seria legal e limpo -Digo o fazendo gargalhar.

– Muito engraçada -Me da um empurrão de leve e rio passando seu braço pelo meu pescoço, ele com certeza estava com falta de ar pelo chute.

– Onde você mora? -Pergunto

– Perto do canal, sabe onde é? -Pergunta e concordo

– Sim, fui já lá -Respondo, uma vez esperei meu pai no carro quando ele foi resolver alguma coisa em uma casa em frente ao canal. Era grande, e tinha até um galinheiro.

Começo a andar mais devagar e acho que vai demorar bastante até eu chegar com ele nesse ritmo. Vai ser uma longa caminhada...

– Você quem faz esses curativos ou é o seu tio? -Solto uma risada interna, seria engraçado meu tio fazer os machucados e depois cuidar deles.

– Eu mesma, como me machuco sempre, aprendi a cuidar deles. Deveria fazer isso também, deve ter machucado feio a costela -Comento.

– Acho que... Ficar com a cabeça presa em baixo da água piorou o chute na costela -Diz irônico, trinco os dentes só de imaginar aquele idiota batendo assim em alguém.

– Seu amigo devia ter atirado nele -Disparo

– Para ele ser preso? -Me olha enquanto batia os pés no asfalto tentando tirar o resto de areia enquanto andava.

– Aposto que a xerife abriria uma exceção, kooks são ridículos -Digo e ele ri baixo, provavelmente pelo machucado.

– Um dia vou me tornar um kook só para eles terem que me aturar nas festas -Gargalho imaginando a cena. Um pogue no meio de kooks.

– Com certeza seria bem engraçado -Digo ajeitando o boné com a mão livre e ele sorri.

– Seu boné é igual ao do JJ -Diz e franzo o cenho, mas sorrio de lado.

– JJ tem um bom gosto então -Digo sorrindo e ele ri negando com a cabeça, provavelmente não concordando.

– Bem, agora já posso ver você na rua e te cumprimentar sem você me achar um louco -Solto uma risada leve enquanto viro a rua, mais uma vazia.

– Antes eu não te acharia um louco, só... Simpático demais -Brinco e ele segura a barriga para gargalhar. A risada dele é engraçada.

– Eu e o JJ estamos atrás pra falar com você fazem quase dois meses, sempre você desaparecia ou corria -O olho sem acreditar, eles eram tipo stalkers?

– Eu fui pegar minha prancha com vocês e seu amigo ficou estatalado -Comento lembrando até hoje do loiro. Ele realmente ficou com medo.

– Achamos que estava morta, ficamos assustados, principalmente o JJ -Rio mais.

– Eu percebi, eu não sei como ele conseguiu ficar tanto tempo de olhos arregalados -Digo e John B ri indicando a rua que era para entrar, olho em volta vendo o canal do outro lado e franzo o cenho.

– Espera, você mora aqui? -Pergunto

– Sim -

– Foi aqui que vim com meu pai -Digo olhando o galinheiro de madeira, John B me olha confuso.

– Por que seu pai veio se... O meu não estava aqui? -Pergunta

– Eu não sei -John B tira seu braço – Mas ele, ele foi andando para cá -Caminho pelo quintal dele tentando lembrar, lembro que ele olhava muito em volta, como se estivesse... Procurando algo. – E ele parou aqui -Digo vendo a árvore grande, John B caminha mancando até mim e contorno a árvore, tinha um buraco nela – Tem um buraco aqui... -Comento e enfio o braço dentro.

– Tem alguma coisa aí? -John B pergunta na mesma hora que sinto um aspecto gelado nos meus dedos, puxo e vejo a sacola, vazia.

– Talvez não seja tão loucura assim achar que foi o seu pai quem chamou o meu -Comento vendo a sacola transparente, tinha alguma coisa aqui dentro, e o meu pai levou.

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