Meu Romance Proibido

By DaiGuima8

142K 11.4K 4.7K

[+16] Era para ser apenas uma noite de ano novo, mas o destino tem planos controversos e questionáveis. Em p... More

Capítulo 1 - Réveillon
Capítulo 2 - Novo começo
Capítulo 3 - Beco
Capítulo 4 - Vênus
Capítulo 5 - Fim da noite
Capítulo 6 - Loft
Capítulo 7 - A louca da Vic
Capítulo 8 - Amor ou negócios?
Capítulo 9 - Murphy
Capítulo 10 - É você
Capítulo 11 - A entrevista
Capítulo 12 - Barzinho
Capítulo 13 - Refrigerante de uva
Capítulo 14 - Não me ligue
Capítulo 15 - Flashback
Capítulo 16 - Niklaus
Capítulo 17 - Entre amigos
Capítulo 18 - A Carta
Capítulo 19 - Eu senti sua falta.
Capítulo 20 - Não posso
Capítulo 21- Dias difíceis
Capítulo 22 - De novo não
Capítulo 23 - Que desaforo
Capítulo 24 - Maré de azar
Capítulo 25 - Se não sabe brincar, não brinca.
Capítulo 26 - Escolhas egoístas.
Capítulo 27 - Trouxe-lhe o café que pediu.
Capítulo 28 - Há possibilidades
Capítulo 29 - Chega de blocos
Capítulo 30 - Pecando por prazer
Capítulo 31 - Maremoto
Capítulo 32 - Decida um caminho
Capítulo 33 - Você ainda o ama.
Capítulo 34 - Você por aqui.
Capítulo 35 - Nem tudo é o que parece ser
Capítulo 36 - EU NÃO ACREDITO
Capítulo 37 - Nem tão boa aluna
Capítulo 39 - Aquilo que não vi
Capítulo 40 - Interpretações
Capítulo 41 - Declínio sabor Laranja
Capítulo 42 - Carma
Capítulo 43 - Contraditório
Capítulo 44 - Um otário com razão
Capítulo 45 - Que comecem os jogos!
Capítulo 46- Turbulência de Sentimentos
Capítulo 47 - Consequências

Capítulo 38 - Vozes de um passado

1.6K 116 21
By DaiGuima8

Heitor

O peso no meu ombro indicava o cansaço de estar trabalhando em um sábado ou talvez era apenas a dor do soco que Vic havia desferido no treino de ontem. Aquela manipuladora ardilosa! 

Havia proposto uma aposta aparentemente inocente quando na verdade já tinha um plano em mente, mesmo tendo ganhado ela precisou da sua grande insistência para me convencer, deixando-me sem saber se sou uma boa pessoa em tentar ajuda-la ou um completo idiota em arriscar levar uma aluna em uma competição clandestina sem a autorização dos pais.

"Não se esqueça, as 19:00 na frente da academia." — ela enviou uma mensagem.

"Já me arrependi de passar meu número de telefone." — respondi.

Tomei um gole de café e voltei a fitar a sala repleta de pais que conversavam sobre seus filhos, já tinha dito que a reunião havia acabado e basicamente eles precisavam ir embora.

— Com licença. Acho que nós já nos conhecemos.

A senhora de olhos castanhos e voz calma estendeu a mão em minha direção. Segurei com mais firmeza o copo frágil e quente observando-a por alguns instantes.

— Prazer, Heitor. — retribui o aperto de mão finalmente tentando manter a tranquilidade. Era inevitável não a achar parecida com Kate com aquele cabelo castanho escuro. — A senhora?

— Joana. — respondeu sorridente com seus olhos a me encarar com poucas rugas ao redor. — Nos conhecemos em uma padaria, se recorda? Havia um rapaz com o senhor.

Retirei minha mão a colocando no bolso ainda segurando o café com a outra, com receio de qual era a verdadeira intenção daquele contato. Respirei fundo com um sorriso na tentativa de eliminar a tensão. Aquela senhora sabia sobre a minha relação com sua filha?

— Acredito que devo me desculpar pelo mal entendido. O garoto estava um pouco atordoado.

— Imagina! Sabe como são nessa idade. — pareceu insinuar algo, causando ardor na minha garganta. — Kate não falou que também era professor dela, não me surpreende, ela anda tão distante.

— É uma idade difícil.

Era difícil me referir a Vênus como apenas uma garota.

— Bom, na verdade gostaria de parabenizá-lo. — falou de forma cordial deixando-me confuso. — Em tantos anos nesta escola é o professor fixo mais jovem que conheci, olha que eu e meu marido estudamos aqui. Normalmente é entediante essas reuniões, porém o senhor a ministrou tão bem que fiquei atenta a cada detalhe, abordou assuntos importantes com clareza.

O alívio pareceu se estender por toda a extensão do meu peito a cada palavra dita.

— Agradeço! Significa muito, me dedico para honrar a oportunidade que me ofereceram aqui.

E era verdade, estava me dedicando como nunca havia feito antes, não só na escola, mas em casa planejando trabalhos, realizando pesquisas para cativar alunos desinteressados, corrigindo provas. Nos únicos momentos de folga Kate ia até o loft, nós transavamos calorosamente, conversamos, ela brincava com Niklaus e depois partia. Era irônico o fato do único momento que não estava trabalhando, estar causando justamente o que poderia arruinar tudo.

— Amor? — um senhor de camiseta social surgiu na porta da sala chamando atenção de Joana. — Finalmente a reunião do Cass acabou, podemos ir?

Ele perguntou entrando na sala, só parou ao me observar com as sobrancelhas franzidas.

— Querido, este é Heitor, o professor de língua portuguesa dos nossos filhos. — Joana colou a mão delicadamente no ombro do marido.

— JOSÉ PAULO MONTEIRO. — ele estendeu a mão, apressei ao retribuir. — Pai da adorável Katharine Monteiro, boa aluna, responsável. E do Lucas Monteiro, cujo acabei de descobrir ser um tranqueira.

Disse de forma divertida com uma risada cativante no final. Ri junto, enquanto Joana sacudia a cabeça em discordância ao descobrir que o filho aparentemente estava indo mal nas matérias.

— Lucas é um bom garoto, se me permite dizer. O excesso de criatividade tira-o do foco as vezes, mas ele tem potencial, só precisa se direcionado ao ponto certo.

— E o que o senhor sugere? — cruzou os braços em cima da sua barriga um tanto avantajada.

— Fica de olho nele, para que não desande ou desanime. O resto ele já está fazendo. — aconselhei. — Tive a oportunidade de conversar com ele algumas vezes e esse canal com pegadinhas não o limita, ele é bom roteirizado, escreve bem. Por isso a nota dele na minha matéria é boa, já em matemática, acredito que não seja.

Eles se entreolharam ao me ouvir falar.

— Bom, isso foi mais agradável de escutar, diferente do que o outro professor disse. Acabou de livrar meu filho de um castigo. — ele bateu no meu ombro dolorido. — As vezes acho que aquele menino irá me deixar maluco.

Sorri educadamente, era estranho está conversando com eles sabendo ser os pais de Vênus.

— Vamos querido. A Cami irá almoçar conosco hoje. — Joana segurou a mão do marido.

Despediram-se junto com alguns outros pais que passavam pela porta de saída finalmente deixando a sala vazia. Organizei a minha mesa desconectando o notebook do telão, precisava o devolver na secretaria, pois o meu havia queimado depois de derrubar um copo d'água quando botei Kate em cima da bancada a beijando. Porra, não estava dentro do orçamento comprar um notebook agora. Todavia, havia valido apenas ouvir Kate gozar gemendo meu nome.

Me repreendi, após lembrar que os pais dela haviam acabado de sair daquela sala. Merda!

Os corredores estavam vazios e os mestres já deveriam estar reunidos. Os únicos colegas não estavam aqui hoje, o que tornava incômodo estar em uma sala com aqueles professores.

Além de Carlos e Antônio, não havia conseguido fazer mais amizades, a não ser Paula que ora ou outra jogava alguma cantada escrachada. Carlos insistia que eles não iam com a minha cara por inveja, por outro lado eu tentava não ver desta forma, todos ali já tinha seu cargo, sua credibilidade.

A escola era consideravelmente grande, diversas salas espaçosas que nos davam liberdade de trabalhar. Lembrava escolas americanas, embora não tivessem aqueles armários embutidos que os adolescentes tanto desejavam. Carregava a papelada e o notebook de forma desajeitada pelo longo corredor quando escutei um choramingo baixo.

Ainda tinha alguém ali?

Diminui o passo tentando descobrir de qual sala havia vindo aquele som, até que um soluço me direcionou. Abri a porta devagar para não assustar a possível pessoa que estava do outro lado.

— Está tudo bem? — ela passou os dedos no rosto secando uma lágrima ao me vê.

— Sim, está tudo bem. — fechou um livro rapidamente arrumando alguns lápis em sua mesa.

— Não achei que estaria aqui hoje.

— É! — Susan continuava ajeitando as coisas na mesa. — Ofereci ajuda a professora Paula, achei que seria uma boa experiência.

— E não foi?

Secou mais uma lágrima persistente. Não havia como esconder, seu nariz estava tão vermelho quanto a maçãs do seu rosto por mais que ela evitasse me encarar.

— Está tudo bem Heitor. — sorriu com tristeza. — Ficará tudo bem.

"Ficará tudo bem" essa frase havia saído diversas vezes da minha boca na tentativa de confortá-la no passado. Olhei para lousa onde estava marcado a data de hoje comprovando minha teoria.

— Hoje é o seu dia de tristeza. — era assim que ela costumava chamar esse dia.

— Eu estou bem.

— Era o que você falava, e sempre era mentira.

Susan soltou o ar largando os lápis e as canetas ao recosta suas costas na cadeira, colocando um fio solto do seu cabelo arruivado na orelha. Coloquei as coisas que segurava na mesa e puxei a cadeira para perto dela me sentando ao seu lado, toquei em suas costas. Sabia que aquele dia era difícil para ela.

— Achei que não sentiria a dor desse dia desta vez, realmente acreditei. — lembrou-me das vezes que havia passados aquele dia ao seu lado. — Mas justamente hoje tive que aturar tantos pais com a suas filhas.

— Eu entendo. — tentei confortá-la.

— Não, você não entende. — afirmou com rispidez, logo se arrependeu e me olhou nos olhos pela primeira vez. — Você precisa ir ver ele.

— Susan esse é o limite. — levantei, mas ela segurou minha mão.

— Só faça isso. Você precisa aproveitar que ele está aqui Heitor. — seus olhos erguidos me fitavam com seriedade.

Foram anos juntos e a ligação era incontestável.

— Já faz tanto tempo, como vou aparecer lá agora? — falei com toda sinceridade sobre aquele sentimento que não divida com ninguém.

— Ele não vai saber que você não o visitou antes. Essa é a vantagem. — brincou dando um sorriso em meio a um soluço e suas lágrimas, me obrigando sentar novamente ao seu lado.

— E você, pare de chorar. — limpei uma das suas lágrimas. — Já faz muito tempo.

Fitou a parede a sua frente parecendo pensar por alguns segundos e de repente voltou a falar:

— Ele fez muitas coisas ruins, coisas que na época eu não tinha noção do quão graves elas eram. Vi pessoas o chamando de monstro, e aqueles rostos, daquelas pessoas que o odiavam tanto ainda estão marcados na minha cabeça. Lembro que ele me abraçou e me pediu perdão. — ela olhou para mim. — Então ele não podia ser um monstro, monstros não sentem afeto.

— Ele te amava. E você sabe que lá no fundo, existia uma versão dele que era boa, e isso é o que importa. — a abracei.

Aquilo abalou sua vida de forma drástica. Susan sofreu durante anos pela morte do pai que se enforcou no porão de casa, ela quem achou o corpo quando chegou do colégio. Foi com ajuda de psicólogos que ela conseguiu seguir, ainda assim, era como se ela revivesse tudo aquilo de novo sempre que essa data chegava. Durantes os três anos e meio em que ficamos juntos eu a ajudava a lidar com as crises.

Após deixar de abraçá-la ela tentou sorrir.

— Acho que preciso ir ver a minha mãe, talvez seja bom ajudá-la com algum casamento. — referiu-se ao trabalho da mãe. — Você também tem que ir ver a sua. Ela está muito brava.

— Já entendi, sou um péssimo filho que não dá atenção para os pais. — tentei brincar vendo um sorriso brotar em seu rosto.

A amizade dela com a minha mão foi uma das coisas que mais me afastaram de Susan, além do excesso de ciúme e pressão para o casamento, de repente em todas as nossas conversas eu parecia estar conversando com a minha mãe ao invés da minha namorada.

— Obrigada Heitor. — me encarou. — Não suportava mais a distância em que você nos afastou.

— Não foi minha intenção te machuc... — as macias mãos de Susan envolveram rapidamente meu pescoço e antes que eu pudesse reagir senti seus lábios carnudos de gosto familiar me beijar com necessidade sentindo seu corpo se aproximar do meu.

A afastei devagar perdido entre a sensação que ela me proporcionou. Não esperava que ela tomasse tal atitude. Porra. O que foi que ela fez?

— Heitor? — ouvi, já de costas pegando o notebook a fim de sair dali. — Eu..

— Você não deveria ter feito isso.

— Tem outra pessoa? — Susan levantou rapidamente.

— Isso não importa.

— Porque você está arriscando tudo? — ela disse me fazendo parar.

— Do que você está falando? — perguntei e seu olhos me fitavam com certa audácia. Mas ela não respondeu, apenas sustentou meu olhar com a mesma veracidade. — Você não está bem Susan, você não costuma pensar direito quando está assim.

— Está me chamando de louca? — questionou em um tom de choro.

Me aproximei rapidamente, ela não poderia dizer aquilo, não depois de tudo. De tantos anos a defendendo de todos.

— Vou fingir que não ouvi essa merda de pergunta. — falei observando a engoli o choro. Mesmo sofrendo ela ainda tentava manipular a situação.

Sai da sala a passos largos, após bater à porta atrás de mim.

Minha cabeça latejava com vozes de um passado um tanto conturbado ao lado de Susan. Recordava todos os momentos bons, dos risos e abraços, das aventuras de dois jovens idealistas e da leveza da alma jovial de Susan, mas era como se houvesse duas versões de uma mesma pessoa ou de uma história, como se tudo escurecesse e as dúvidas tirassem tudo do ritmo e trouxesse as mentiras junto em uma valsa desconcertante.

Deixei minhas costas baterem na parede do corredor tentando me livrar das lembranças que voltaram com agressividades. Susan chorando e sorrindo, a instabilidade de algo que ia do amor para a insegurança em segundos. Porra!

— Parece pálido querido. — A sra. Rosangela apareceu de repente. Apenas sinalizei tranquilizando-a — Você perdeu a reunião com os professores.

— Sinto muito. — merda! Ela me analisou desconfiada.

— Não tem problema, levando em consideração a quantidade de elogios que recebeu dos pais dos alunos devo dizer que ministrou a reunião com maestria, então está liberado.

— Obrigado. — agradeci ainda desconfortável. — Irei apenas devolver essas coisas.

Passei por Rosangela incomodado por não conseguir sentir alegria pelo reconhecimento, apenas lembranças antigas pareciam fazer parte da minha linha de raciocínio naquele momento.

Somente quando cheguei em casa, tomei um banho e acordei de um cochilo sentir minha cabeça relaxar, mas logo outro peso bombardeou-a ao receber uma nova mensagem de Vic lembrando-me sobre a competição, faltando poucos minutos para o horário que havíamos combinado. Corri para vestir uma roupa, Niklaus observava miando até receber sua ração e ir dormir.

Aprecei ao descer até o estacionamento e da partida, indo em encontro a dançarina clandestina que me esperava algumas quadras dali.

— Saiu melhor que a encomenda! — Vic celebrou ao entrar no carro. — Só precisava de um maior de idade, mas consegui até um carro.

Ligou o rádio como se fosse comum aquela situação, escolhendo uma estação.

Usava uma blusa transparente por cima de algo que mais parecia um sutiã preto, já era ruim o suficiente estar levando-a em um lugar sem a autorização dos pais, ela ainda precisava ir assim?

— O endereço que você me passou está a uns quarenta minutos daqui. — falei realizando o retorno. — Certeza que não terá ninguém conhecido lá?

— Aí está! — comemorou ao encontrar uma estação que tocava rap. Levou seus dedos curtos aos seus vastos cabelos loiros, os prendendo em um coque improvisado sem elástico. — Relaxa! Os playboys da escola não andam pra lá, o lado escuro é temido por eles.

— Espera! Lado escuro? — Rebeka havia falado sobre esse lugar. Comentou fazer parte de onde havíamos feito a campanha de bolsas para escola.

— Calma! É um pouco depois do lado escuro. E pelo prêmio que estão oferecendo não deve ser mal frequentado. — tentou amenizar amarrando o cadarço da bota que parecia gigante pra ela. — Mesmo que fosse de fato lá, vai me dizer que você teria medo?

— É claro que não porra, não fala merda.

— O professor fala palavrão? — Vic olhou para mim com um sorriso debochado. Deu risada e só assim percebi que esse tempo todo ainda tentava manter a postura de professor com ela.

— Deixa de besteira. — falei atravessando o farol verde.

— Espera! Vira aqui. — alarmou ao puxar meu braço. — Para!

Freei bruscamente sem entender.

— O que você está fazendo?

— Você achou mesmo que eu ia sem a minha comparsa? — questionou esticando-se para abrir a porta traseira do seu lado, quando uma garota de casaco militar com patches entrou rapidamente se ajeitando. Paralisou ao me vê.

— Que droga é essa? — a garota indagou com espanto.

— Está de sacanagem comigo? — berrei para Victória que nos olhava tranquila, com alguns fios de cabelo soltos.

— O que é? — virou para Kate. — Precisava de alguém maior de idade, aqui está, eu disse que consegui.

— Só esqueceu de avisar que era o... Professor. — Kate também parecia brava. — Você pirou?

— Não sei qual a surpresa, afinal você nunca me chamou de Vic a sã. Sempre fui a louca da Vic. — deu de ombros virando-se colocando seu pé no painel. — Agora vai ou vamos nos atrasar.

Observei Kate apreensiva. Vic me assustou ao bater em meu ombro dolorido apontando para a estrada insistente.

Liguei o carro novamente. Vic não parecia nada constrangida com o encontro que havia proporcionado. Passou o caminho inteiro cantando ou reclamando da voz do GPS, contando coisas aleatórias para Kate que limitava as suas palavras para "sério" "que legal". Enquanto eu, me concentrava em não lembrar do que Vênus havia feito naquele mesmo carro dias atrás.

— Aqui! — Vic berrou de repente antes mesmo da voz feminina do GPS dizer que estávamos no local desejado. — Legal!

Saltou do carro sem eu mal ter estacionado, caminhando na direção do local soltando seu cabelo longo loiro que esvoaçava pela rapidez em que andava até o sobrado.

— Você sabia? — a voz de Kate foi direcionada a mim pela primeira vez durante toda a viagem.

Coloquei o braço atrás do banco do passageiro, virando para facilitar analisá-la que usava mais maquiagem do que já tinha visto antes. Estava bonita, com o cabelo alisado completamente.

— É claro que não. — sai do carro depressa e abrir a porta traseira para que Kate saísse também entre o pouco espaço que eu havia deixado, provocando seu corpo esfregar no meu. — A Victoria sabe de alguma coisa?

Seus olhos pensativos me fitaram antes sacudir a cabeça em negativo. Ela estava tão próxima e por um segundo recordei os olhos de Susan tão próximos quanto sufocando-me.

— Mas agora não sei mais. — desvencilhei-me dos pensamentos contraditórios. Kate virou o rosto a procura de Vic que já conversava com outros jovens na frente de um sobrado sem iluminação.

Só agora podia ver que por baixo daquele casaco Kate usava apenas um vestido preto justo, com um decote reto estimulante. Queria passar a mão em cada extensão daquele espaço bronzeado. Porra. Me aproximei ainda mais de Kate que estufou o seio em uma respiração pesada.

— Ei! — Vic gritou fazendo Kate virar e eu me afastar abruptamente. — Vocês não vêm?

Kate foi a primeira a ir até a amiga com os braços cruzados me deixando para trás ao caminhar usando uma bota de salto grosso que a tornava ainda mais sexy ao andar. Isso ia ser difícil.

O sobrado parecia abandonado, até entrarmos em um corredor longo e estreito tentando desviar de algumas pessoas. Vic nos guiava como se já conhecesse o local e a cada passo que dávamos o som que antes era inexistente começava a ficar cada vez mais alto, em uma batida eletrônica. Coloquei a mão na cintura de Kate a afastando de olhares pervertidos de caras já alcoolizados aproveitando a distração de Vic, quando o corredor chegou ao final nos dando acesso a uma grande área de pessoas dançantes e luzes de néon com um palco no centro.

Era difícil acompanhar Vic que se movia rápido entre todas aquelas pessoas por ser pequena e ágil, diferente de Kate ela usava uma bota sem salto com cadarço quase desamarrado e uma calça jogger deixando confortável e descolada no estilo Victoria, me tornando um deslocado ao usar uma blusa branca e jaqueta jeans preta diferente das pessoas dali que usavam coisas swag.

A loira parou ao conversar com um cara de cavanhaque usando óculos escuro dentro de um estabelecimento fechado e de pouca luz. Era de se suspeitar. Não dava para escutar o que Vic dizia, puxei Kate pela cintura para atrás de mim tentando me aproximar de Vic.

— ... ele é meu tio. — Vic mentiu para o homem que parecia desconfiado ao levantar os óculos escuros e me olhar de cima a baixo. — Mostra o documento tio.

Vic me olhou com um sorriso falso no rosto.

— Algum problema? — perguntei entregando meu RG para ele que analisava a cédula. — Sabe como é, fui tio muito cedo. Essa geração...

Ajudei na mentira de Vic vendo seu sorriso falso dar lugar para uma expressão de impaciência.

— Vai! Pelo amor de Deus. Já trouxe meu tio aqui, o que você quer mais? Me deixa entrar.

— Ele tem que autorizar sua entrada sozinha, não temos espaço para responsáveis ou acompanhantes. — olhou por cima do meu ombro. Segurei a cintura de Kate com firmeza.

— Não tem problema. — Vic passou antes que eu pudesse dar algum veredito.

No mesmo instante o cara fechou o caminho com uma faixa na porta impedindo a entrada de outras pessoas que tentavam falar com ele, não era mais possível ver Vic. Sentir um toque suave em meu ombro descer até minha mão me puxando em outra direção, paramos em um canto ainda movimentado, não tinha muito espaço e a música era alta.

— Não é uma boa ideia a deixar sozinha, a gente nem conhece esse lugar. — não parecia seguro.

— Quem corre risco são aquelas pessoas com a Vic por perto. — avisou séria, mas sorriu ao ver meu rosto. — Relaxa! Nós duas já passamos por isso mais vezes que possa contar.

As duas sozinhas em lugares como esse não era uma ideia cabível, no entanto saber que Vic poderia quebrar o braço de qualquer um que se aproximasse era mais tranquilizante.

— Vai demorar viu! Conheço esse filme. — encostou as costas na parede. — Ela entra lá e parece uma eternidade até a hora que finalmente aparece no palco, ganha e podemos enfim ir embora.

— Ela sempre ganha? — perguntei com a voz elevada por conta do barulho.

— Já faz muito tempo que não vejo uma derrota. — ela sorriu. — tenho até medo se isso acontecer, é capaz da Vic matar o vencedor. Ela é muito competitiva e nada modesta.

Era uma boa definição de Victória, ela não saia do tatame até ter uma vitória.

— Ela contou que o pai dela não aprova.

— Ele é um ultrapassado, com ideias egoístas que sempre quis um filho homem, só que a mãe dela não pode mais engravidar. Daí ele a trata como se fosse um garoto. — reclamou fitando a movimentação. — Pra piorar, o bisavô serviu na segunda guerra mundial, o avô militar, tio avôs também e entre alguns deles policiais, já o pai se tornou delegado. Ele colocou no ombro dela o desejo de seguir a tradição. Por ela se pequena e frágil ele começou a levar para caçar, colocou para lutar muay thai antes de começar o ensino fundamental, e assim foi...

— Pra caçar?

— É! Não são histórias legais. — Kate me encarou. — A Vic conheceu o hip hop quando tinha uns sete anos eu acho e se apaixonou completamente por tudo que envolvia isso.

Não pude evitar o sorriso em meu rosto ao ver a doce risada de Vênus com orgulho da amiga.

— Não acredito! — Kate colou suas mãos com firmeza em meus braços olhando por cima do meu ombro.

— O que foi? — paralisei segurando-a com receia do que podia ser.

— Essa música! — afirmou deixando-me confuso. — Amo essa música! Você tem que vir comigo.

Segurou minhas mãos andando de costas, tentei escapar, mas sua cintura começou a se mover de um lado para o outro lentamente jogando seu cabelo pra trás. Kate conseguiu nos levar até o centro daquelas pessoas. Passou seus dedos longos entre os meus, levantando nossas mãos com a melodia da música Na Na do Trey Songz.

— Vai! Eu sei que você conhece essa. — sacudiu seus ombros. — Todo mundo conhece!

Minha cabeça parecia estar em uma rotação alucinante enxergando aquela cena em loop, com as luzes piscantes azuladas a cada volta que sua cintura dava. Kate voltou a olhar para mim com seus olhos de sombra escura erguidos ao me encarar.

— Eu não sei dançar.

— Duvido. — murmurou aproximando-se. — Esqueceu que vi do que você é capaz?

Porra Vênus! Que safada. Argh!

— Não me provoca. — avisei. Ela deu um pulo quando notou uma nova música soar.

— Então dança comigo! É The Black Eyed Peas. — Kate se soltou de mim acelerando o ritmo ao levantar as mãos para o alto, arriscando um passo desajeitado apontando para mim no final, com um sorriso divertido no rosto. — Qual é! Eu juro que não vou rir.

Ela não ia desistir. Com relutância apostei em um passo robozinho a instigando a rir ainda mais.

— Você consegue fazer melhor que isso. — ela disse cruzando as mão em baixo e depois em cima, desceu em forma de onda antes de dar uma voltar e parar passando as mãos no joelho. — Sei a coreografia, aprendi com a Fergie.

Minha risada soou alto. Ela iria se arrepender de me provocar.

Comecei com a cabeça e ombro, pra cima e pra baixo um tanto desengonçado seguindo com o resto do corpo em movimentos diferentes. Ela sorria ao ver a tentativa satisfeita acompanhando os passos com os braços erguidos, feliz por ter conseguido o que queria.

Movi o abdome em batidas a fazendo comemorar por ter arrancado um passo diferente de mim. Usei o peso do corpo para me locomover a sua volta deslizando em função dos movimentos.

Uau! Essa em não esperava. — ela gritou por cima do som alto se divertindo com a situação.

— Talvez eu tenha ido em uma festa ou outra na faculdade.

— Uma ou outra né. — deu um tapinha em meu ombro com um olhar desconfiado.

Seus pés saíram do chão em saltos agitados e seu cabelo dançavam pairando no ar. E de repente só aquilo importava, o sorriso que não saia do rosto de Vênus que parecia se divertir ao dançar cada música sem se importar com o tempo e espaço.

Aquelas não eram minhas músicas favoritas, não era o lugar que eu frequentava e nada disso importava. Kate estava feliz e suas mãos mantendo-me perto de si faziam-me esquecer até que caras ali pudessem estar a desejando, ela estava comigo. Porra. Aquela garota estava comigo.

Kate deslizou as mãos entre seus braços, com alguns fios de cabelo cobrindo seu rosto de olhos fechados, ao mesmo tempo em que sua boca cantarolava a música movendo-se suavemente. Queria ter sido mais delicado, porém minha mão gananciosa a puxou com certa brutalidade e rapidez podendo ouvir um gemido quando mordi sua orelha a lambendo por fim.

— Eu quero te tirar daqui. — murmurei em seu ouvido.

— Não conhecemos ninguém aqui.

Não era disso que se tratava, respirei fundo segurando seu rosto macio.

— O que eu quero fazer, não deve ser em público.

Kate parou de se mover e seus olhos prenderam-se a mim, como se não houvesse mais pessoas ali. O gosto da sua boca aumentava a vontade de sentir o sabor do seu corpo por inteiro. Me distanciei olhando em volta e talvez pela necessidade que sentia foi fácil encontrar uma porta em meio a tanta gente, peguei em sua mão a tirando dali.

— Ei. — ouvi alguém reclamar ao esbarrar sem me importar passando pela multidão.

Era difícil andar pela sensação que aquelas luzes traziam, como se tudo estivesse funcionando em flashes e cada movimento era pixelizado.

— Dá licença. — mandei ao entrar no banheiro masculino. — Os três caras que ali estavam me encararam com estranheza parecendo relutantes. Kate se escondeu em minhas costas. — Vai. — vociferei. — Saiam!

Dois saíram reclamando algo, enquanto continuei a encarar o maldito que lavava a mão devagar, saiu sem pressa do banheiro nos observando. Puxei Kate para o centro do banheiro, voltei ao ver que mais gente começava a entrar.

— Vaza. Está ocupado. — avisei fechando a porta com urgência passando o trinco para garantir que ninguém entraria mais e voltei puxando a cintura de Kate para mim. — Vem cá.

— Você é maluc... — a interrompi com emergência ao beijá-la.

Enfiei minha mão por dentro do casaco finalmente encontrando suas curvas. Puta que pariu! Que mulher deliciosa. Desci com firmeza até sua bunda erguendo Kate com facilidade, era nítido o desejo emergente que nos corpos latentes gritavam com suas unhas cravadas em meu ombro.

A coloquei sentada na grande pia com suas pernas livres e minha mão logo encontrou a umidade. Porra Vênus. Não pensei duas vezes ao tirar aquele tecido de renda. Meus dedos tocaram Vênus de forma íntima e circulares estimulando-a, observei sua boca entreaberta suplicar com alguns fios de cabelo bagunçados no rosto.

— É assim que você gosta? — perguntei com um sorriso saciado no rosto.

— Esse sorriso safado. — segurou meu queixo com força, sentir o ardor das suas unhas. — Me destrói.

Ela fechou os olhos descansando sua testa na minha. Uma vibração estranha tomou conta do meu peito, me sentia vivo com Kate sobre a minha posse nem que fosse por aquele instante, por ela ter deixado aqueles garotos de lado.

— Eu estou pronta Heitor. — levantou sua cabeça falando em um gemido abafado, tirei o cabelo que havia em seu rosto os prendendo em meus dedos com força. — Por favor.

Cacete! Era alucinante ouvi-la, como se precisasse pedir. Porra Kate!

Tirei minha mão de Kate a ouvindo reclamar e procurei pela minha carteira, mas achei meu celular, o joguei na pia e voltei a procurar no bolso até achar e tirar de lá uma camisinha. Vênus se apressou em abrir meu cinto. Ah! Caralho. Encaixei com facilidade.

— Tira isso. — arranquei seu casaco. — Abre a perna para mim Vênus.

Kate não só abriu, como também me puxou pra si, com suas pernas envolvidas ao meu redor nos proporcionando o êxtase de prazer, como uma droga que operava em cada parte dos nossos corpos, na estimulante necessidade de movimentos rápidos e precisos.

As mãos de Vênus apoiaram-se no espelho e na pia procurando equilíbrio, por mais que eu a segurasse firme em minhas mãos. Não me cansava de ouvir meu nome ecoar pela sua boca, já da minha apenas palavrões soavam com rigidez.

Nossos corpos trabalhavam juntos em frenesi atingido picos de delírio, durante o tempo em que batidas na porta eram ignoradas. Já começava a sentir o alívio se aproximar. Peguei o decote reto do seu vestido e o puxei deixando a vista a cena que eu queria avistar desde que ela entrou naquele carro, os abocanhei por necessidade e por desejar levar Vênus lá primeiro.

— Heit... — ela prendeu meu rosto em seu seio, quando notei seu corpo estremecer perdendo forças. — Eu...

Ela não conseguia completar e isso me aquecia, mantive o ritmo por nós dois até esvaziar a adrenalina que havíamos produzido. A respiração falhada e o suor confessavam nosso pecado, os lábios vermelhos de Vênus me davam vontade de beijá-la ainda mais.

Seus braços passaram por meu ombro em um abraço, após subir minhas calças e abaixar seu vestido. Sentia o perfume do seu shampoo ao afagar seu cabelo longo, apreciando seu peito subir e descer preso ao meu.

Batidas na porta voltaram com alguns ruídos inaudíveis, devido a música que vinha de fora.

— Esse povo é muito mal educado. Não sabem dar privacidade. — brinquei ouvindo o som gostoso da sua gargalhada.

— A gente tem que ir antes que derrubem essa porta.

— Deixa que façam. — beijei seu ombro.

— Não! — riu. — A Vic deve estar prestes a se apresentar, se a gente perder de novo não sei do que ela é capaz de fazer.

— Que se foda. — falei beijando seu outro ombro.

Ela bateu no meu peito em repreensão e pulou para o chão pegando seu casaco.

— A gente precisa ir. — vestiu o casaco que eu já queria tirar novamente, mas o som do meu celular chamou nossas atenção — Susan?

Kate questionou ao fitar a tela do celular que mostrava uma notificação de mensagem, o peguei rapidamente.

"Precisamos conversar" — Susan

— Melhor ligar para ela. — seu semblante havia mudado, sinal que não era uma boa ideia.

— Não deve ser nada importante. — aproximei e ela se afastou com o rosto sério. — Deve ser coisa do trabalho Kate.

Menti. Merda!

— Que não podem ser conversadas no trabalho?

— Como eu posso saber? — menti de novo. Porra. Susan havia cometido um erro devido seu estado emocional fragilizado. Aquilo tinha que ser apagado. — Esquece isso.

Mandei mais grosseiro do que achei que soaria. Droga. Kate não tinha que se meter naquilo. Passei por Kate indo em direção a porta puxando o trinco que havia garantido nossa privacidade por aqueles minutos, escutando alguns reclamar alcoolizados e entrar rapidamente no banheiro.

Kate saiu me deixando pra trás em meio a toda aquela gente, apressei o passo. A música era diferente e as luzes estavam concentradas no palco onde um garoto rodopiava.

— Droga! As apresentações começaram. — Kate reclamou sem olhar em meus olhos.

Procurei por algum sinal da participante e nada. Agora era um pouco mais fácil andar, pois as luzes se estabilizaram e as pessoas haviam parado de dançar, estavam todas vidradas na apresentação e gritavam incentivando o adversário de Vic que se exibia com um mortal. Kate parou quando chegamos na beira do palco.

— Ela está ali. — apontei para Vic ao avistá-la em um canto escuro do palco aguardando.

Acenei para a garota que bateu o pé no chão e passou a mão no pescoço como uma lâmina falando algo que não dava para ouvir obviamente, mas que pareciam palavrões, finalizando ao colocar dois dedos nos olhos e os virar para gente com as sobrancelhas erguidas.

— Ela é a próxima. — ouvi Kate dizer, parecia brava.

— E você entendeu isso com aqueles sinais?

— Ah! Não. Aquilo era ela dizendo que vai nos matar se sairmos de novo. — explicou distraída olhando para um telão antes de apontar para ele. — Ali que está dizendo que ela é a próxima.

O garoto saiu regado de aplausos e assovios calorosos, até uma voz anunciar o nome de Vic. A garota entrou no palco com audácia realizando uma meia lua reversão no centro do palco. O público gritou animado com a agilidade em que ela voltou.

— Ela também fez capoeira um tempo. — Kate contou batendo palma em incentivo, eu já sabia.

Vic pediu música incentivando o urro da plateia ao levantar os braços, assim que conseguiu os gritos de histeria ela arrancou a blusa transparente jogando-a para o fundo do palco. Moveu seu braço com tanta agilidade que levou sua cintura no mesmo gingado em paços agressivos, após a batida da música ter dado início a sua apresentação.

ARRASA! — Kate berrou ao pular acenando para a amiga.

Ela girava e brincava com a facilidade em se mover conforme cada vibração da batida, como se não tivesse dificuldade em fazer aqueles passos deslizando com velocidade. Vic tinha carisma e a euforia da plateia comprovava a aprovação em cada combinação de passos e jogo de cintura.

— Acho que ela já ganhou.

— Você tinha dúvidas? — Kate contemplava a amiga que finalizou deslizando de joelhos até a ponta do palco ofegante entre seus fios loiros bagunçado. Com seus olhos fechado e braços levantados demonstrava o quando se entregou para aquela coreografia. — Que orgulho!

Kate acompanhava as palma e gritos, me rendi a comemoração vendo a sair do palco.

Foram poucas apresentações depois de Vic, a vibração pelos outros competidores não chegou nem perto do fervor da torcida da garota atrevida quando anunciaram sua vitória. Vic se jogou na plateia como se fosse um rockstar, por sorte era pequena e leve, fácil segurada pela aglomeração. O que o cara que apertou sua bunda no meio do processo não sabia era que, o que ela tinha de aparência frágil, ela tinha de mão pesa. Fui obrigado a arrancá-la de cima dele, enquanto Kate segurava o prêmio da amiga. A tiramos de lá, que se acalmou apenas no carro quando já estávamos quase chegando em casa.

— Eu quero é o dinheiro. — Vic reclamou no banco de trás do carro. Olhei pelo retrovisor e a flagrei olhando com estranheza para o troféu que havia recebido. Kate mexia no celular no banco do passageiro desta vez, seu ar de seriedade havia voltado. Estava encabulada?

— Fica tranquila! O Heitor pegou o cheque. — Kate disse virando-se para a amiga. — Em breve você terá sua grana.

Uma mão pequena, porém, pesada esfregou minha cabeça, tentei me livrar.

Ai sim! Valeu. — seu rosto apareceu de repente do meu lado apoiando suas mãos no banco. — Até diria que estou te devendo essa, só que nós dois sabemos que você perdeu uma aposta.

Voltou para seu lugar, após bater em meu ombro me dando visão ao rosto confuso de Kate. Dei de ombros. Talvez eu precisasse conversar com ela.

— Pode me deixar aqui, minha casa é logo ali na frente. — Vic tirou o cinto, estacionei. — Obrigada e até a próxima!

Saltou do carro largando seu troféu pra trás, seguindo pela rua que segundo ela dava acesso a sua casa. Eu sabia onde era a casa de Kate, então seguir com o carro analisando seu silêncio, certamente não podia deixá-la na frente de casa, seus pais me reconheceriam. Agora talvez seria uma boa hora em pedir desculpa pelo meu tom rude de mais cedo.

O som do celular de Kate não teve tempo de tocar a primeira nota, ela logo o colocou na orelha.

— Oi? — seu tom de voz soou excitante. — Onde você tá?

Virei a esquina entrando na rua que dava acesso a casa dela.

— Espera, calma! — Kate descolou suas costas do banco me fazendo fita-la. — Quem está aí?... Que barulho foi esse?... Fica aonde está! Eu vou te encontrar. Só precisa me dizer onde está.

Ela tirou o celular da orelha e começou a digitar rapidamente.

— Para o carro. — mandou.

— O que está acontecendo? — coloquei a mão em seu ombro, tentando chamar sua atenção.

— Anda, anda, atende, atende. — suplicava com o telefone na lateral do rosto.

— Kate o que está acontecendo? — exigi uma explicação novamente. — Kate? Diz alguma coisa!

— Rafa. — constatou extasiada para a pessoa na linha. — Escuta... Preciso de você.

Kate abriu a porta do carro e saiu a passos largos entrando em sua rua, merda! Eu não podia ir atrás. Ela não olhou para trás e mal olhou para o farol ao atravessar berrando algo preocupada no telefone. O que aconteceu? 


________________________________________

Gostou? Então não esquece de votar.

________________________________________

Como alguns de você já sabem, estou divulgando bastante sobre o livro no instagram. Lá estou contando novidades sobre o livro e muitos mais, com muito meme e uns spoirles de leve hahaha. Então segue lá @ GUIMA.DAI e fica de olho nas novidades. Ah! e conversem comigo, bora trocar uma ideia. 


bjssss! E até próximo sábado. 

Continue Reading

You'll Also Like

88.9K 7.3K 55
Talvez eu não merecesse ter ela. Ela era boa demais. Doce demais. Linda demais. Ela era pura. Inocente. Quase um anjo. Eu não tinha um pingo d...
20.7K 1.3K 23
Celine é uma mulher guerreira e amorosa, ela sabe valorizar tudo que conquistou com tanto esforço nesse mundo e ama sua vida, mesmo sendo tão simples...
1.8M 152K 100
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
281K 17.7K 47
ENEMIES TO LOVERS + MAFIA + LUTAS CLANDESTINAS Tudo muda para Charlotte quando ela descobre que seu melhor amigo está envolvido em lutas clandesti...