Capítulo 44 - Um otário com razão

1.4K 123 38
                                    

Heitor

Meus pés descalços tocaram o chão frio em meio a peças de roupas largadas, peça essas que eu não reconhecia. Na ponta da cama pensando no porque sentia que algo estava errado, enquanto o sol entrava pela janela iluminando o espaço que já foi mais organizado. O loft já não tinha tanta graça e Niklaus não parecia contente.

Semanas se passaram, a raiva foi e voltou mais vezes que pudesse contar e ainda assim todas as vozes em minha cabeça eram inconvenientes, tentando decidir se era tortura ou castigo ver Vênus em meu local de trabalho e ignorar que um dia esteve aqui, passeando pelo loft enrolada apenas por um cobertor.

Deveria estar feliz em notar que ela faltou uma semana inteira, tornava as aulas mais fáceis. Então porque não consegui parar de tentar adivinhar o motivo da sua ausência? Era difícil interpretar seu relacionamento com Théo, sua melhor amiga Ana conversava com o rapaz normalmente e os outros não pareciam ligar. Por mais que não tivesse mais os flagrado conversando, Kate não demonstrava incomodo com a presença dele e pra ser sincero o único que verdadeiramente mantinha distância era Sebastian.

Mas afinal, o que eu tinha a ver com isso?

Esfreguei minha barba por fazer na tentativa de despertar definitivamente e livrar-me da imagem do seu rosto em minha cabeça. Uma mão pequena passeou pelo meu abdome e beijos foram depositados em minhas costas, entre mordidas em um gemido de quem acordava. Lembrando-me de que não dormi só esta noite.

As mãos subiram passeando por toda a extensão do meu corpo coberto apenas por uma cueca, o que não era o caso da mulher que parecia pronta para outro round ao encostar seus seios em minha pele. Sua língua acariciou minha orelha e seus fios loiros penderam em meu ombro.

— Você pegou no sono. — perguntei tirando seu cabelo loiro do meu rosto e escutei um grunhido a sentindo se afastar.

Virei e a fitei sentada em minha cama à vontade, sem mal se cobrir com os lençóis, sem pudor ou receio de mostrar seu corpo nu e cabelo loiros bagunçados. Suas artimanhas foram notadas, o combinado era ir embora depois do sexo, só que ela ainda estava ali.

— O que podia fazer? Você me deixou exausta. — Paula tirou o cabelo do ombro o deixando livres. Seus seios eram belos, provei bem deles ontem à noite, mas nesta manhã eles já não pareciam tão atrativos. — O que vai fazer hoje?

Aquela pergunta me pareceu suspeita e minha resposta seria um risco, qualquer coisa que fizesse ela continuar por aqui não sairia da minha boca. Paula era mais velha, inteligente, sabia que aquilo era só sexo. Pelo menos esperava que soubesse.

— Tenho que arrumar algumas coisas, finalizar antes de ir. — levantei vestindo uma calça, referindo-me ao acampamento que os alunos tanto falavam.

— Os alunos estão ansiosos. — esticou-se para pegar sua blusa de manga longa caída ao lado da cama. — É isso que importa para eles.

Peguei o pacote e despejei a comida de Niklaus no pote, o felino correu em meio a miados agradecidos. O garotão crescido me dava cada vez mais trabalho, não gostava muito das minhas visitas e agia como se fosse o dono do lugar. As únicas pessoas que gostava era Léo, Lara e parecia sentir falta da Kate que o mimou.

Passei pelo balcão pegando um copo, abri a geladeira e tirei de lá uma garrafa d'água, necessitava passar no mercado, vazia como se ninguém morasse ali. Há dias comia apenas fast-food de novo, sem ânimo e nem paciência de cozinhar, o cheiro de arroz queimado foi difícil de tirar e às vezes ainda podia perceber resquícios dele em alguma parte do loft.

— Presumo que esteja esperando que eu vá embora. — a voz de Paula voltou a soar, me fazendo lembrar que ainda tinha outra pessoa naquele apartamento.

Meu Romance ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora