THE TRIP | RABIA

By whopim

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Já faz um ano desde o fim do programa e manu teve o sonho de unir os 'brothers' e fazer uma viagem em comemor... More

✫ personagens ✫
✫ prólogo ✫
✫ capítulo um ✫
✫ capítulo dois ✫
✫ capítulo três ✫
✫ capítulo quatro ✫
✫ capítulo cinco ✫
✫ capítulo seis ✫
✫ capítulo sete ✫
✫ capítulo oito ✫
✫ capítulo nove ✫
✫ capítulo dez ✫
✫ capítulo onze ✫
✫ capítulo doze ✫
✫ capítulo treze ✫
✫ capítulo quatorze ✫
✫ capítulo quinze ✫
✫ capítulo dezesseis ✫
✫ capítulo dezessete ✫
✫ capítulo dezoito ✫
✫ capítulo dezenove ✫
✫ capítulo vinte ✫
✫ capítulo vinte e um ✫
✫ capítulo vinte e dois ✫
✫ capítulo vinte e três ✫
✫ capítulo vinte e quatro ✫
✫ capítulo vinte e cinco ✫
✫ capítulo vinte e seis ✫
✫ capítulo vinte e sete ✫
✫ capítulo vinte e oito ✫
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.1
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.2
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.3
✫ capítulo trinta ✫ - part. 2
✫ capítulo trinta ✫ - part. 3
✫ capítulo trinta e um ✫
✫ capítulo trinta e dois ✫ - part.1
✫ capítulo trinta e dois ✫ - part. 2
oi

✫ capítulo trinta ✫ - part. 1

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By whopim


esse cap tá até grandinho mas novamente estou tendo problemas com a quantidade de fotos.

portanto, vou ter que dividir esse cap em partes e pretendo postar a segunda logo.

obg pela compreensão, bjs.

"Eu não acredito que ele fez isso..." Bianca disse, passando as mãos pelo rosto, abalada por tudo o que havia escutado pela manhã.

A carioca e as outras meninas estavam na cozinha, sentadas sobre a mesa, conversando sobre toda a situação que envolvia Jonas e Mari. Definitivamente aquilo era uma notícia chocante, e ao mesmo tempo extremamente triste. Bia sabia o quanto Mariana amava Jonas, e ele ter magoada ela daquela maneira parecia injusto e, acima de tudo, era muito revoltante.

"Ele fez isso com a Mari." Bia deu ênfase, arregalando os olhos enquanto, exaltada, lançava os próprios braços para o alto para que eles descessem estalando sobre suas coxas. "A Mari não faz mal nem a uma mosca." A empresária ressaltou, indignada, enquanto ajeitava-se em sua cadeira. Ela percebeu alguns dedos procurarem os seus, e notou a mão de Rafa, que estava ao seu lado, tentar acalmá-la. Bianca entrelaçou-se na outra mulher e depois ficou cabisbaixa, ainda sentindo seu peito arder em raiva. Enfim, depois de pensar um pouco, ela levantou a cabeça e bufou. "Eu quero acabar com ele."

"Todas nós, Bianca." Flay afirmou, como se fosse óbvio, colocando uma das mãos na cabeça, coçando-a. "Mas, agora, a gente precisa focar na Mari. Ela e a Manu nem saíram do quarto ainda." A cantora disse, e observou a carioca balançar a cabeça positivamente.

"Eu sei, mas é..." Ela suspirou. "É muito revoltante." Bianca completou, apertando a mão de Rafaella.

A sua namorada estava fazendo um carinho delicado com o polegar, desenhando alguns círculos pela pele suave da mão de Bia, aproveitando a textura e delineando as marquinhas dos ossos ressaltados. A morena, então, deitou-se na direção de Rafa, que a segurou, envolvendo-a em um abraço relaxante e protetor, e por fim, plantou um beijo sobre o topo de sua cabeça. Gizelly, ao observar a cena colocou a língua para fora e um dedo bem acima do músculo, simulando enjoo e arrancando uma risada boba do casal, que se agarrou ainda mais.

"A gente espera elas?" Gabi questionou, curiosa.

"Acho melhor ninguém entrar no quarto até a Manu achar que é uma boa." Rafaella afirmou, arrumando seu aperto sobre a mais baixa que estava encostada contra seu peito. Aquele não era a posição mais confortável do mundo, mas Bianca estava feliz só de ficar perto da missionária. "É melhor, pra não causar nenhum estresse. A Mari já vai estar muito mexida, melhor não fazer nada precipitadamente."

Bianca bufou, refletindo sobre o assunto."Eu só estou tão puta com ele." Ela concluiu, trincando o maxilar e engolindo em seco.

"A gente sentiu a mesma coisa com o Diego aqui, né..." Gizelly disse, erguendo uma das sobrancelhas em uma expressão divertida, observando Bianca revirar os olhos a fala. Rafa, no entanto, balançou a cabeça milimetricamente, concordando sigilosamente com a fala da amiga. Gi, então, levantou os braços no ar e estendeu as mãos. "Só to falando, a Manu, ainda quer bater nele. Qualquer coisa a gente junta os dois e usa de saco de pancada." A advogada caçoou, socando o ar, enquanto arrancava um sorriso de Bia, que estava relutante em achar graça daquilo.

"Gizelly, eu te amo." Rafa afirmou, com um riso, ocasionando mais um rolar dos olhos de Bianca.

"Gente, a Mari falou com ele?" Thelma questionou, em seguida, tomando um gole de água, ao mesmo tempo em que alternava entre olhar para Rafaella e Flayslane, que eram as únicas relativamente sóbrias durante a noite passada. Porém, as duas pareciam não saber nenhuma informação sobre aquele tópico. "É importante que ela fale."

"Concordo com a Thelminha." Marcela disse, apontando sutilmente para a anestesista com seu indicador, ainda com o cotovelos apoiados sobre a mesa. "É importante ela esclarecer, logo, as coisas com ele. Se ela quiser continuar, ou não." A loira adicionou, mas semicerrou os olhos, parando alguns segundos para voltar a falar. "Vocês duas..." Ela falou, referindo-se a Bianca e Flay. "Como que ele é?" A médica questionou, curiosa. "Eu lembro que saíram um bando de notícias ano passado de como ele ferrou com o jogo na Mari no reality. O pessoal tava caindo em cima."

"Ele é ok." Flay afirmou. "As pessoas tendem a achar que ele é um príncipe por causa da cara dele."

"Ele nunca me tratou mal, eu acho." Bianca respondeu, tentando se lembrar das poucas ocasiões que havia visto ou falado com o homem. "Ele não me passava nenhuma impressão ruim, pra falar a verdade."

"Nunca fui com a cara dele." Gizelly afirmou, cruzando os braços e se derramando pela cadeira. Em seguida, ela virou-se para Rafaella, semicerrando os olhos levemente com um sorrisinho nos lábios. "Eu tenho um radar bom." A advogada disse, subentendendo algo a missionária. Obviamente, ela estava referindo-se a Bárbara, e ao drama da noite passada. Apesar de todos estarem encantados, Gi não havia gostado dela, e desconfiava fielmente na índole da Dj. "E eu sempre acerto." Concluiu, erguendo uma sobrancelha.

As outras meninas, sentindo uma tensão na troca de olhares entre Rafaella e Gizelly, encaram-nas confusas. Bia, principalmente, não havia entendido o que estava acontecendo, mas permaneceu quieta, enquanto tentava compreender o que ocorria.

Rafaella, no entanto, não querendo voltar àquele assunto após o ter resolvido com a carioca, apenas respirou fundo, sorrindo ao pensar em qualquer outra coisa. "Eu e a Bia estamos namorando." Ela anunciou, mudando de tópico repentinamente, fazendo Bia unir as sobrancelhas. As outras meninas, no entanto, ficaram boquiabertas, enquanto sentiam algum momento de alegria, finalmente, passar por aquela manhã.

"Eu achei que a gente ia esperar pra falar pra todo mundo." Bia disse, soltando-se de Rafaella, e virando-se para ela.

"Acho que não tem problema falar agora." A mais alta disse, comprimindo os lábios, com medo de ter feito besteira ao falar sobre o seu novo rótulo de relacionamento com a mais baixa.

Entretanto, Bianca meramente franziu a testa e aproximou seu rosto o suficiente para deixar um beijo na ponta do nariz da missionária, em uma demonstração de carinho. Ela virou-se para as outras meninas e abriu um largo e brilhante sorriso, irradiando alegria ao lembrar-se do momento.

"Eu pedi hoje cedo." Bia disse, voltando para sua posição original, sendo abraçada por Rafaella. "Ela meio que quase me matou do coração, mas de resto foi perfeito." Ela acrescentou, e observou algumas das meninas lançarem feições desnorteadas. "Deixa pra lá." A empresária afirmou, dando um tapa no ar com sua mão mole.

"Fico feliz, por vocês, meninas." Ivy falou, transmitindo felicidade ao casal. "A gente estava precisando de alguma notícia boa."

"Ai que bom!" Mah exclamou completamente alegre, batendo palminhas, energética pela notícia.

"Parabéns, meninas." Thelma falou, com um sorriso meigo, apertando o ombro de Bia.

Entretanto, Flay e Gizelly se entreolharam por alguns segundos, quase como se estivessem conversando por telepatia. A advogada, quebrando o raciocínio, voltou-se para a missionária. "A Manu vai matar vocês." Ela comunicou e Flay sorriu, percebendo que havia pensado exatamente a mesma coisa que a outra mulher.

Enquanto Rafa abriu a boca, sem saber o que falar, Bianca confundiu-se. "Ué? Por quê?"

"Você pediu a Rafaella em namoro sem comprar fogos de artifício ou fazer uma festa de arromba." Gi afirmou, explicando com humor para Bia, que pareceu ficar ainda mais perdida.

"Eu tinha que ter feito isso?"

"Não." Flay corrigiu, com uma risada, colocando uma mão sobre os olhos. Ela lambeu os lábios e encarou a amiga. "É forma de falar."

Rafaella, já entendendo o ponto da conversa, limpou a garganta. "É que a Manu é romântica." A mineira explicou, observando Bia franzir o rosto. A empresária, no entanto, soltou-se mais uma vez de sua namorada para poder admirá-la, melhor.

Bianca contorceu o rosto em uma feição de falsa ofensa. "O pedido foi muito romântico, eu tava quase morrendo." Bianca disse, mal conseguindo suprir uma risada. Entretanto, ela mordeu o lábio inferior e fechou um pouquinho as pálpebras, pensando. "Mas, ok." Ela disse, cruzando os braços e sentando-se em sua cadeira, sendo observada por Rafa.

"Ok, o que?" Ela perguntou, sem entender.

"Nada." Bia disse, com um risinho, olhando para baixo, perdida em seus devaneios.

Rafa franziu o cenho e uniu as sobrancelhas, encarando a namorada com desconfiança. Em seguida, ela com calma levantou-se de sua cadeira."Depois você vai me falar desse negócio, hein." Ela disse e deixou um beijo na testa da morena. "Vou terminar o almoço, ok?" Comunicou, retornando sua visão para o fogão e a bancada da cozinha.

Bianca, no entanto, percebeu Rafaella estava sozinha preparando a refeição, e enfim, girou sua cabeça no sentido da mais alta. "Vai querer ajuda?"

"NÃO!" Gizelly disse, praticamente pulando de sua própria cadeira. Bianca encarou-a de olhos arregalados, assim como Rafaella. Gizelly, então, passou as mãos pelos fios de seu cabelo e depois sorriu, tentando amenizar sua exaltação. "Quer dizer, ela não precisa não, ela sabe fazer as coisas." A advogada disse, observando Flay, que a olhava com um riso preso. "Só. Sozinha. Na dela. Sem ninguém." Ela concluiu, depois de se enrolar no que estava falando.

Rafa, então, ignorando todos os seus instintos que faziam-na recusar a ajuda de Bianca, acalmou-se e afirmou: "Eu adoraria, Bia."

E enquanto Bianca se levantava, alegre como uma criança em uma noite de natal, Gizelly murmurou, esfregando a testa, inconformada. "Vai mata a casa inteira de intoxicação alimentar." Disse em um sopro.

"Que?" A empresária questionou, confusa.

"Nada." Gi disse e abriu um enorme e exagerado sorriso.

Bianca, então, andou até Rafaella. Ambas caminharam na direção da bancada da cozinha, e Rafa abriu uma das gavetas até conseguir encontrar um utensílio que Bia conseguisse utilizar sem muita dificuldade. "Olha, você sabe cortar as coisas?"

"Eu não sou tapada." A carioca disse, com uma gargalhada. "Eu sei cozinhar." Ela afirmou, fazendo Rafa arregalar os olhos.

"É." Rafa falou, simples, tentando não prolongar o assunto. Ela entregou a lâmina para a namorada, ainda hesitante, "Olha, só faz a salada, não tem muito onde errar, então corta a cenoura, o tomate e depois o pepino, ok?" Ela disse, apontando para as comidas disponibilizadas acima da bancada.

"Sim senhora." Bia disse, batendo o pé como se fosse um soldado, e ao o fazer, remexeu a faca nas mãos, em uma moção rápida que praticamente fez a respiração de Rafa parar.

A missionária colocou uma das mãos sobre a testa, se preocupando. "Cuidado com a faca."

"Essa aqui?" Bia disse, chacoalhando o objeto, enquanto implicava propositalmente com Rafaella.

"Jesus Cristo." A mais alta, no entanto, suspirou. Ela disse, tentando voltar sua atenção para o fogão, preferindo não se estressar com Bia. "Só tenta não se cortar, tá?" Ela pediu e Bianca sorriu, balançando a cabeça positivamente, repetidas vezes.

Na mesa, as meninas estavam entretidas em outro assunto. Entretanto, Gi era a única que estava quieta, observando Bia e Rafa. Ela realmente estava com medo do que raios iria sair daquela cozinha depois do bolo de vinagre. Então, ao observar Bianca brincando com uma lâmina a advogada deu-se por vencida, levantando-se.

"Gizelly, tá indo aonde?" Thelma perguntou, sem entender a atitude da amiga.

"A Bianca ta com uma faca de cozinha, sem condições de eu ficar nesse cômodo." Ela concluiu, retirando-se do local.

Mari já estava há um tempo acordada. Na verdade, desde que despertou de madrugada, ela não havia conseguido dormir, o que renderam-na algumas horas para pensar sobre a bagunça que havia se tornado sua vida. Mariana refletiu principalmente na ironia de ter achado que conhecia o amor de sua vida. Aparentemente, não, ela não conhecia. Entretanto, além disso, ela volta e meia acabava deixando seu olhar cair pela pequena figura de Manoela, que dormia pacificamente ao seu lado.

A modelo estava exausta. Não só mentalmente, mas era como se seu desgaste emocional estivesse diretamente ligado com sua fraqueza física e no momento ela estava sem forças nem para ficar de pé. Então, ela permaneceu ali, apenas pensando sobre a última noite, sem entender ao certo o que ela iria fazer adiante.

Os pensamentos de perdão quanto à Jonas passavam por sua mente, mas não algo que a agradasse. Afinal, de algum modo era só o mais confortável a se fazer. Ela não teria que se incomodar com a mudança, principalmente levando em conta a magnitude do que ela iria ter que alterar. Entretanto, isso seria se humilhar demais e apesar de amá-lo, Mariana estava tentando, talvez pela primeira vez em sua vida, lutar um pouco por si.

Ela estava em uma batalha incessante para não tomar um rumo que ela achasse que fosse agradar mais aos outros. Afinal, ela sabia muito bem o que os tabloides diziam sobre ela e Jonas. A perfeição em forma de casal, e sinceramente, ela até gostava. Porém, Mari não sabia se realmente estava disposta a se render e apenas aceitar ser abatida.

Se colocar em primeiro lugar e analisar toda a sua dor era essencial para que ela descobrisse o que iria fazer, no entanto, por mais que soubesse a resposta, ela ainda precisava de coragem.

E então, retirando-a de suas reflexões, ela percebeu Manoela revirar-se na cama, espreguiçando-se feito um felino, bocejando e piscando algumas vezes. A mais baixa levantou seu olhar rapidamente, dando-se conta de suas memórias, e sentiu novamente seu coração cair ao observar o semblante tristonho de Mari. Manu, com a voz rouca, lambeu os próprios lábios, antes de falar: "Bom dia." Ela esfregou os olhos e ergueu as costas para poder encarar a mais alta, sentando-se.

"Bom dia." Mari falou, em um tom baixo.

Manoela conseguiu observar o rosto inchado de Mari, e como os olhos  estavam avermelhados e brilhantes, assim como a ponta do nariz da mesma. Ela definitivamente havia chorado em silêncio durante aquela noite, e a cantora ficou frustrada, desejando que a modelo houvesse a acordado. "Como você tá?"

"Bem." Mari reafirmou, abrindo com esforço um pequeno sorriso, claramente sem vontade alguma.

A mais baixa revirou os olhos, enquanto ajeitava sua coberta, puxando-a para si. "Achei que a gente já tinha passado por isso." Manoela falou, lembrando-se e assemelhando a postura de Mariana à da noite anterior. Mari limpou a garganta e assentiu um pouco.

A modelo ficou alguns segundos em silêncio e suspirou. "Eu acho que eu to ficando parabólica." Mariana disse, fazendo Manoela franzir a testa com um riso nos lábios.

"Parabólica?" A cantora questionou, empenhando-se ao máximo para conseguir conter  uma gargalhada, fazendo a modelo ficar confusa.

"É?" Ela confirmou, sem entender o que estava acontecendo, unindo as sobrancelhas. "Ué, tipo noiada, sabe?" Explicou o termo, tentando facilitar a compreensão de Manoela, que alargou seu sorriso.

"Acho que você quis dizer paranoica." Manu corrigiu, com um tom divertido, observando Mari soltar uma risada fraca.

O som fez a mais baixa se alegrar, porque ela realmente estava sentindo falta de ver a mais alta alegre. Afinal, Mari era como uma bola de luz, incandescente e feliz. Ou pelo menos era essa a melhor definição que passava pela cabeça de Manu quando ela pensava na outra mulher. Entretanto, desde ontem era como se algo na figura da baiana houvesse se esfacelado, e o brilho que existia nela, se apagado. Então, um simples indício da volta da animação da modelo, já deixava a cantora meramente mais contente.

"É" Mariana confirmou. "Desculpa, eu me embolei."

"Foi bonitinho." Manu disse, desligada, sem perceber as palavras que haviam escapado de seus lábios. Ao tomar noção, ela arregalou os olhos e endireitou sua postura encarando qualquer local que não fosse o rosto de Mari. Ela engoliu em seco e logo depois respirou fundo, buscando ar. "É... Eu também troco palavras, sabe? O tempo todo." Ela deu de ombros nervosamente. "Tá tudo bem." Conclui apressadamente, voltando a admirar Mari e suspirando profundamente.

Mari sorriu, e sim, ela abriu finalmente um sorriso verdadeiro e Manoela sentiu-se ficar sem chão, derretendo ali mesmo. O seu coração parecia galopar e ela sentiu suas mãos suarem. A saudade de ver aquela feição era tanta, que ao enxergá-la, a mais baixa sentiu seu estômago começar a formigar de tanta euforia. Ela tensionou o maxilar, perguntando-se o que raios estava acontecendo com seu corpo naquela manhã.

A mais baixa até pensou em voltar no assunto de ontem e perguntar mais à modelo, mas ela realmente não queria destruir aquele resquício de felicidade que havia surgido em meio a tantas trevas que assombravam a mente de Mariana.

Então, ela abriu a boca e olhou para as próprias mãos, sem graça. "Você devia... Sorrir mais." Manu afirmou, sentindo que iria desmaiar. Cada palavra que saia de seus lábios parecia ser um soco em seu abdômen, que no momento, estava anestesiado ao perceber que havia prolongado a expressão suavemente alegre da baiana. Manoela voltou a olhar suas unhas, tentando demonstrar estar menos afetada do que realmente estava. "Combina com você." Ela completou e assentiu uma vez, involuntariamente.

"Obrigada." Mari disse, e por um momento ela realmente havia esquecido Jonas, deixando sua mente voar por um curto instante... Até que seu corpo chocou contra o chão bruto de realidade. Assim, ela voltou a se fechar, fazendo Manoela entristecer-se com a mudança rápida e óbvia de humor. Um flash de dor passou pelo rosto de Mari e ela inspiro antes de voltar a conversar com a mais baixa. "Eu vou... enfrentar a situação, e, bom... Ligar pro coisa lá." Mariana afirmou, com um tom enojado em sua frase, enquanto Manu concordava com a cabeça. "Eu só preciso de um tempinho pra arrumar coragem." Ela explicou.

Manoela, percebendo a insegurança na fala da mais alta, sentiu-se mal. Em uma tentativa de ajudá-la, ela ofereceu: "Se você quiser desabafar... Eu sou boa ouvinte." Manu colocou uma de suas mãos sobre o pulso de Mariana, tocando-o de leve.

"Eu... Tenho medo." Mari admitiu. Falar sobre aquilo era como jogar sal em uma ferida, arde e parece ser algo sem sentido. Entretanto, o que não se sabe, é que o sal é um antisséptico cicatrizante, que em algum momento curaria aquele machucado tão doloroso. "Eu acho que eu consegui destruir a visão que eu tinha do Jonas." Ela afirmou, sentindo-se borbulhar internamente.

"Você sabe que não foi você que destruiu, né?" Manu garantiu, tentado ajudar a mais alta. "Ele que fez isso. Nada mais natural do que você ficar magoada."

Mari permaneceu calada, e enfim sentiu os dedos de Manu fazerem um delicado carinho em sua pele. Ela deixou seus olhos recaírem pela cena, observando o cuidado que a mais baixa tinha em fazer aquilo.

Ela abriu e fechou a boca, tentando voltar a falar. O problema era que Mariana não se sentia preparada para lidar com tudo aquilo. Era como se ela estivesse se afogando, e a pressão era tanta em sua cabeça, que ela sentia que iria explodir. Enfim, para tentar aliviar aquela sensação, ela deixou algumas gotas deslizarem por sua face, finalmente soltando seu choro.

"Eu tenho medo, porque eu já tenho uma vida feita." Ela disse e deu uma risada sofrida, fungando rapidamente, enquanto enxugava uma das lágrimas que escorriam por seu rosto. "Eu já tenho casa, carros, cães, planos... Tudo feito e preparado... Com ele." Ela trincou os dentes, sentindo seu peito vazio. "Então, eu não sei o que vai ser de mim, sem isso tudo." Ela virou seu olhar ferido para Manoela, sugando a parte interna de suas bochechas como distração para tentar diminuir sua vontade de chorar.  "O que me resta é um coração partido." Mariana deu de ombros, engolindo em seco. "Eu não tenho mais nada."

Manu franziu o rosto. "Você tem a gente." Ela corrigiu, achando a visão da outra mulher rasa demais sobre todo o aspecto real. "Eu, Rafa, Bia, Flay, Gi... Todas as meninas." Manoela disse e riu fraco "E até alguns meninos." A mais baixa desceu ainda mais o seu toque cariciando os dedos de Mariana, delineando-os, sem nem mesmo perceber que o estava fazendo. "Você tem os seus amigos, a sua família." Ela adicionou. "Você tem até a sua fama, o seu nome." Manu disse apertando a mão de Mari. "Você tem você, e é isso que importa, ok? De resto, tudo vai ficar bem." Ela abriu um sorriso meigo, em uma expressão calorosa. "Eu tinha prometido, não tinha?"

"Sim." Mari disse,  assentindo algumas vezes, em um movimento fraco.

Manu, então, gargalhou."E quem raios é Jonas perto de Mari Gonzalez?" Ela incentivou, tentando arrancar algum semblante alegre da outra mulher, que no momento, havia sorrido mais uma vez, para a contentamento da mais baixa. "Who the fuck is Jo... Qual o sobrenome dele?" Ela questionou, se 'autointerrompendo'.

"Sulzbach."

"Who the fuck is Jonas Sulzbach?" Manoela zombou, estalando os dedos e imitando o conhecido termo conhecido que havia viralizado durante seu período de confinamento na casa do BBB 20.

"Você é um amor." Mari disse e aproximou sua face do rosto de Manu, fazendo a mais baixa travar a própria respiração, subitamente. Manoela paralisou, lembrando-se de um momento específico da noite passada, o qual Mari estava tão próxima de si, quanto ela estava agora, no atual instante.

No entanto, a mais alta virou seu rosto, inclinando-o o suficiente para deixar um suave beijo na bochecha de Manu, que pareceu sentir seu coração bater em sua goela. Manoela notou o quão macios os lábios de Mari eram e estranhou profundamente ter percebido esse detalhe. Seu rosto se esquentou e ela tinha certeza de que estava ficando corada. Portanto, Manu ficou cabisbaixa, tentando ao máximo esconder o quão impactada pelo ato, ela estava.

"Obrigada." Mari agradeceu, e observou Manu balançar a cabeça positivamente algumas vezes. A mais baixa ficou calada, ainda sentindo sua respiração engatada em sua garganta, sem forças para poder responder qualquer coisa. "Acho que eu devia falar com as outras meninas..."

"É." Manoela respondeu, com esforço. Respirou fundo e, por fim, voltou a admirar Mari. "Elas estavam bem preocupadas ontem." Ela disse, e continuou. "Eu... Todo mundo se importa." Manu disse, destrambelhando-se entre as palavras e se xingando mentalmente por tê-lo feito.

"Eu só, não sei se eu quero sair daqui." Mari desabafou.

"Se quiser eu to aqui."

E enfim, a cantora parou quieta, completamente confusa sobre todas aquelas novas emoções repentinas que haviam surgido. E pior do que isso, porque diabos ela nunca havia sentido isso tudo antes?

Depois de pronto, metade do almoço foi direcionado para o quarto feminino no qual a baiana e a cantora se encontravam. Nele, as meninas se espalharam pelas camas com suas bandejas em mãos, deixando-as de lado por um momento para dar foco total à Mariana. Entretanto, ao adentrarem o aposento, a primeira a ir na direção de Mari foi Flay, que deixou sua refeição sobre um dos colchões e deu um longo e apertado abraço na amiga.

Enquanto isso, Bia e Gabi sentaram-se ao lado da modelo, esperando para conseguir falar com ela. Manoela permanecia na mesma cama de Mari, mas estava em frente a modelo, de pernas cruzadas, admirando a imagem da mais alta abraçada à Flayslane. Rafaella caminhou até ficar atrás de Bianca, e Gizelly ao outro lado repetiu a pose da missionária. Thelma, Ivy e Marcela se encontravam em pé, observando a cena. Era um silêncio completo no quarto, e sinceramente estava começando a se tornar incômodo.

Assim que a cantora sertaneja se desvencilhou da mais alta, ela ajoelhou-se sobre o colchão, esperando a outra falar algo.

Bianca colocou uma de suas mãos sobre a de Mariana, entrelaçando seus dedos em um ato protetor, garantindo-a segurança. Os olhos grandes e escuros de Bia, estavam tristes ao perceber o quão diferente a modelo estava. "Como você tá?" Ela questionou a amiga, que estava cabisbaixa, com um semblante chateado.

Mariana entreabriu os lábios e virou-se para Manoela. A mais baixa estava bem à sua frente, encarando-a de forma doce e com ternura. Ela esperava por uma resposta e dessa vez, ela estava com a expectativa de que uma realmente verdadeira viesse. Então, a mais alta abriu um sorriso dolorido e disse: "Não muito bem." Ela admitiu, olhando os seus dedos entrecruzados com os de Bia.

"Ô amiga." Biana choramingou, em um tom reconfortante, suspirando pesadamente. "Olha, eu não sei o que você quer fazer, mas eu vou te apoiar em tudo." Ela garantiu, sendo o mais sincera possível.

"Acho que todas nós." Manu afirmou e analisou o olhar de Mariana sobre si.

Mari parou de encarar a atriz e olhou ao seu redor, percebendo as outras meninas a encarando com expressões meigas. Ela sentiu seu coração, antes partido, voltar a se realinhar. Era bom ter alguém que ajudasse em um momento como aquele, e aparentemente, todas as garotas estavam dispostas a o fazer. Portanto, Mariana conseguiu respirar fundo trincar os dentes e engolir em seco, preparando-se para falar.

"Eu agradeço." Ela soltou em sopro e lambeu os próprios lábios. Mariana levou sua mão livre até o canto de seus olhos limpando a formação de lágrimas quê se encontrava ali. A modelo não estava triste, não totalmente ao menos, porque, naquele instante ela se encontrava emocionada. Portanto, ela sorriu, alegre. "É... Eu acho que tô me sentindo melhor. Então..." Ela soltou uma risada anasalada e seca. "Obrigada."

"Olha, pro que precisar, Mari." Rafa disse e a modelo assentiu na direção da missionária.

"Até pra matar o Jonas." Gizelly zombou e observou todas as meninas a encararem de uma só vez. "Se quiser bater nele eu posso te defender se ele te processar." A advogada adicionou e arrancou uma risada baixa de Mariana. "Eu fico feliz que você esteja melhor, Mari. Tava todo mundo louco, querendo saber como você tava." Ela afirmou, ganhando uma expressão tranquila da outra mulher.

"A Manu me ajudou demais." A baiana disse, deixando seus olhos recaírem sobre a figura da mais baixa, que mantinha uma visão brilhante direcionada a modelo. "Eu não sei o que eu teria feito sem ela me apoiando."

E então o coração de Manoela parou. Era outro momento em que ela se pegava se questionando o que estava acontecendo consigo. Ela não queria sentir tanto, mas elas estava, e era agonizante e ao mesmo tempo... caloroso e dava-a uma sensação de encanto. Manu se sentia enfeitiçada e ela nem sabia o que havia a amaldiçoado daquele jeito.

"A gente ficou muito mal de não estar aqui pra te ajudar." Flay falou e percebeu as outras meninas confirmando em aceno com a cabeça. "Mas a gente fica muito grata pela Manu ter estado." A cantora disse e olhou para Manoela, que desligou-se de seus pensamentos e abriu um pequeno sorriso.

"É importante que a gente fique sempre juntas pra se apoiar." Marcela afirmou, ainda em pé, encarando a rodinha de meninas. Ela respirou profundamente enquanto gesticulava com as mãos. "Seja com essa questão sua Mari, ou com qualquer coisa." Ela completou. "A gente fica mais forte."

"É." Gizelly concordou, engolindo em seco e observando a visão da loira ser imediatamente direcionada para si, em surpresa. "Você tá certa." Ela admitiu e observou um olhar agradecido e suave da médica vir em sua direção. Gizelly suspirou e arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços, enquanto refletia sobre o assunto. "Você já olhou a internet, ou mexeu no seu celular?"

"Nada." Mariana respondeu. "Eu só vi a notícia no telefone da Manu e não mexi em mais nada." A modelo explicou, relembrando-se da noite passada com um incomodo em seu estômago. Ele revirou algumas vezes e Mariana sentiu-se passar mal, até que ela prendeu a respiração e voltou a sua atenção á atualidade. "Eu não queria piorar a minha cabeça, ou sei lá."

"Fez certo." Thelma afirmou. "A internet explodiu e não é uma boa você ficar olhando muito." A anestesista aconselhou, percebendo a modelo assentindo algumas repetidas vezes para ela mesma.

"Eu sei." Mariana confirmou. "Eu só vou pegar o celular pra falar com o... Jonas." Ela disse, sentindo o seu coração arder só de falar o nome de seu noivo. Ou ex noivo. Bom, nem ela sabia mais ao certo. As outras meninas se entreolharam e Mari tensionou a mandíbula, pensando. "Eu acho que vou acabar logo com tudo..." A baiana falou, com pesar, sentindo um nó se formar em sua garganta. "Eu só preciso de um pouquinho de coragem." Ela disse, e esfregou o rosto, tentando amenizar sua vontade de chorar. "Ele me magoou muito, e eu não sei se ainda tenho o minimo de confiança pra continuar em uma relação com ele."

O quarto ficou em silêncio. A informação era dura e um pouco demais para se absorver, mas não era algo inesperado. Por fim, Gabi resolveu relaxar a amiga e afirmou, com um sorrisinho triste decorando sua face: "Você faz o que você achar melhor, Mari."

"É, mas lembre-se de pensar só em você. No que você quer." Manoela enfatizou. "Não deixa o que os outros pensam, e principalmente o que ele pensa afetar. Não joga sua vida fora, pelos outros, ok?" A mais baixa disse tudo o que queria e notou a outra mulher concordando, em uma moção lenta com a cabeça.

Mariana, satisfeita com a conversa, mordeu seu lábio inferior. "Eu amo vocês." Ela admitiu, e percebeu as outras meninas sorrirem em sua direção.

"A gente também, boba." Bia disse, soltando a mão de Mari para poder dar um rápido e forte abraço na amiga.

"Ok..." Mari falou, ao se desvencilhar de Bianca. Ela olhou ao seu redor, dando-se conta de um pequeno detalhe. "A comida vai esfriar." Ela notou. "Vamos almoçar, e depois eu acho que vou ligar pro Jonas, não sei ainda."

"Faz o que for melhor pra você." Manu disse, e observou o rosto da modelo ficar tranquilo. Imediatamente, o coração da atriz errou uma batida e ela sentiu a própria garganta secar. Ela já estava começando a ficar cansada de todas essas reações aleatórias, e, portanto, desviou sua visão, encarando uma das refeições que as meninas haviam trazido. "Ok, agora vamos comer que eu to faminta."

"Bia, você pode ir pegar um guardanapo pra mim?" Rafa sugeriu assentir meio confusa. Ela deu um tchauzinho rápido para Mari,levantou-se do colchão e deu um selinho nos lábios de Rafa, em seguida, indo até a porta do quarto. Assim que a figura da empresária se foi, a missionária voltou sua cabeça para o grupo. "Ninguém prova a salada." Rafaella avisou, séria.

"Eu já não ia, meu amor." Gizelly afirmou com uma risada, enquanto brincava com seu garfo. "Você sabe que em algum momento vai ter que mandar a real pra ela e parar de ser frouxa, né?" A advogada disse com humor na fala. "Fala assim: Eu não gosto da sua comida, mas eu gosto do seu beijo." Ela gargalhou sozinha.

"O que tem a salada? Eu não entendi. " Manu questionou, desnorteada.

"A Bianca que fez." Flayslane explicou como se fosse óbvio, deixando a mais baixa ainda mais confusa. "O que ela colocou?" A cantora perguntou para a missionária.

"Tabasco." Rafaella disse.

"Ué, normal, gente." Manu afirmou, já garfando um pedaço de alface e trazendo até sua boca.

Entretanto, antes que ela conseguisse, Rafa soltou: "Muito tabasco."

"Você não tentou avisar, não?" Gizelly afirmou, ainda com os braços cruzados. Ela sorriu abertamente e negou com a cabeça ao perceber o semblante hesitante de Rafa. "Tô falando que é frouxa." Rafaella imediatamente deu a língua para ela, feito uma criança birrenta. "A tua sorte foi que eu joguei aquele bolo fora, senão você ia se forçar a comer ele todo."

"Ah!" Rafa exclamou. "Então foi você!"

"Deus me livre." Mari falou em um suspiro, relembrando-se de algumas tramoias de Bia na cozinha. "Ela já ofereceu de fazer guacamole pra mim e eu quase morri porque era pimenta pura. Tipo só tinha pimenta."

"Jesus." Rafa exclamou, passando as mãos pelo rosto.

Manoela soltou uma gargalhada alta ao entender o que acontecia. "Quando vocês começarem a namorar, se casarem e tiverem filhos, já saiba que você não vai poder deixar ela cozinhar pra eles." A atriz falou, com um sorriso divertido e um tom bem humorado.

Rafa, então, abriu a boca por alguns segundos, sem reação. "Falando nisso... Meio que a gente já..." Ela começou, incerta sobre como falar. "Tá... Namorando."

"QUE?!"

Assim que o almoço acabou, Mariana já estava com o celular em mãos. A baiana pediu para ficar sozinha por um momento, e assim, relutantemente, as outras garotas deixaram-na só, no quarto. Ela parecia estar tremendo ao perceber as inúmeras notificações que estava recebendo, e enfim, abriu a tela, deparando-se com variadas mensagens. Entretanto, algumas em especifico chamaram sua atenção.



Mariana observou o desespero em seu estado mais puro surgindo pelas mensagens de Jonas. Por um mísero segundo ela se perguntou se ele poderia estar falando a verdade. Como ela desejava do fundo de seu ser que ele estivesse.

Porém, devido a todas as provas que indicavam o contrário, Mari teve que se esforçar mentalmente para não se 'autoenganar', preferindo inspirar e expirar fundo antes de responder ao homem.



"Oi." Jonas disse. Mariana, no entanto, nem ao menos respondeu, permanecendo calada por alguns segundos. Só de escutar a voz dele ela sentiu uma pontada no peito e estava tentando se concentrar em não chorar, ou se abalar mais durante aquela conversa. "Amor, eu não sei o que você escutou, mas eu preciso que você acredite em mim. Você sabe que eu não faria esse tipo de coisa com você." E então, toda a declaração deixou algo quente e borbulhante percorrer as veias da modelo.

Ela sentiu raiva. Era frustrante saber que apesar de tudo ele insistia na mentira. A machucava intensamente e ela não sabia como reagir a dor que estava sentido. Mari tinha vontade de gritar com ele, de bater nele, e mesmo assim era como se seu corpo estivesse travado, preso em todas as memórias e vivências com seu noivo, deixando-a petrificada. Imóvel.

Mariana teve chacoalhar a cabeça para conseguir sair de seus próprios pensamentos e escutar as próximas palavras e justificativas que eram ditas pelo homem. Portanto, Mariana se resumiu em aceitar que ele não estava falando a verdade, e ela sabia muito bem disso.

"Eu só quero a gente bem." Ele afirmou e Mari conseguiu praticamente ver o sorriso dele com a fala. Então, subitamente ele mudou de assunto. "Você consegue voltar da viagem antes pra gente conversar pessoalmente? Eu já arrumei uma entrevista em casal e estava vendo as passagens e..."

E então tudo ficou confuso. Ele estava realmente tratando ela daquela maneira? Como se houvesse acontecido nada?

"Não." Mariana interrompeu-o, finalmente obtendo esforço o suficiente para colocar uma palavra pra fora. Mari sentiu palpitações no fundo de sua garganta deixarem-na dolorida e, além disso, suas mãos formigavam graças á seu nervosismo. "Não. Não. Não." Ela repetiu.

"O que?" Ele perguntou, confuso.

"Não vou voltar de viagem." Mariana afirmou, e respirou fundo, tomando fôlego para continuar a falar. "E eu também não vou fingir que tá tudo bem."

"Amor..." Ele disse em um tom desapontado. "Eu sei o que parece, mas eu te prometo que é tudo fofoca. É só mídia." Ele completou e Mari franziu sua testa, não acreditando no que ele falava. "Agora, quanto a viagem..."

"Jonas, você não está entendendo." Mari novamente parou a frase do homem. "Você não consegue nem admitir, consegue?" Ela perguntou, sentindo seu coração começar a se acelerar. Se antes ele havia sido quebrado e depois remendado pelas meninas, agora, ele estava completamente estilhaçado, em farelos cristalizados espalhados pelo chão. Daquele tipo que corta ao menor toque. "Você consegue ser sincero comigo?"

"Eu estou sendo, meu amor." Ele reafirmou, já agoniado.

Tendo aquilo como resposta, Mariana, em um ato de raiva e mágoa, abriu a boca. "Acabou." E antes que ela conseguisse movimentar o celular para desligá-lo, ela escutou a voz trêmula de seu noivo contra o celular.

"Por favor, não faz isso!" Ele gritou, em um tom choroso. Mariana nunca na vida havia ouvido a voz dele daquela forma, e seu peito pareceu se afundar. Ela se sentiu muito mal, mas não necessariamente como se tivesse se arrependido. O que ela sentia era pena. "Por favor. Eu prometo que foi um deslize. Não vai acontecer de novo." Jonas afirmou, com a voz falha.

Alguns momentos em silêncio pareciam como séculos naquela ligação, até que Mari conseguiu dizer: Você acabou de me falar que me prometia que era fofoca. Agora, você promete que foi só um deslize." Mari disse, e suspirou. "Que credibilidade você tem?"

"Eu só... Acho que seria melhor se nós déssemos um tempo." Jonas disse, tentando recuperar-se do baque que havia levado de sua noiva. "Você fica ai, se distrai e curte à vontade. Quando voltar, a gente conversa melhor." Ele deu a ideia e arfou. "Eu só te peço isso, em consideração a tudo o que nós passamos."

E então, Mariana pareceu parar de funcionar. Era como se cada momento feliz ao lado de Jonas estivesse passando por sua cabeça. Cada aniversário, cada encontro, cada carinho, cada beijo. Tudo de uma vez. e ela não aguentou negar a súplica do rapaz, e por fim, soltou um fraco: "Não sei." A modelo sentiu as palavras arderem ao saírem de sua boca, quase como se estivesse se arrependendo de imediato. No entanto ela ainda complementou. "Eu não quero mais saber de você até a gente se encontrar pessoalmente, tchau."

Ela rapidamente desligou o celular, ainda trêmula. Amodelo observou a tela do mesmo, percebendo que tudo o que era seu obtinha uma foto do homem. Os papéis de parede, as fotos de perfil e até mesmo sua senha. E ela fez questão de alterar tudo, ao mesmo tempo em que deixava lágrimas escorrerem pelos seus olhos. Se era para ela se desintoxicar, que ela o fizesse direto, sem nem pestanejar.



Finalmente, ela trincou o maxilar e sentiu suas pernas bambas, além de não conseguir utilizar sua mente. Mariana estava com ódio, não era mais tristeza o seu problema, apenas a fúria que exalava de seu corpo. Ela meramente respirava de modo correto, praticamente bufando ar, como se estivesse soltando fogo. Eram inúmeras sensações horríveis, mas, pelo menos, o alívio de ter posto seus sentimentos para fora, a restava.

Alguns minutos antes...

"Ela já está naquele quarto há muito tempo." Manu exclamou, sentindo-se aflita. Ela passou as mãos pelo cabelo, ajeitando-se no sofá da sala, enquanto sentia sua cabeça vagar pelos motivos que poderiam justificar a demora de Mariana na conversa.

As meninas e os meninos se encontravam na sala, enquanto alguns estavam sentados pela mesa, outros assistiam um filme de ação qualquer. No caso, os únicos que prestavam atenção eram Guilherme e Gizelly, que até trocavam alguns comentários enquanto o longa-metragem rolava. De algum modo, a conversa que eles haviam tido na noite passada, acabou por deixarem-nos mais à vontade entre si. O resto estava ocupado demais, ou conversando entre si, ou simplesmente mexendo em seus próprios celulares.

"Calma, ela está resolvendo o que ela precisa resolver." Rafa disse, tentando acalmar a mais baixa, que remexia-se inquieta sobre o sofá.

"E se ele manipular ela? E se ele falar que vai acabar com ela? E se ele ameaçar os cães dela?" Manu suspirou profundamente, deixando os tendões de seu pescoço amostra, enquanto ela buscava urgentemente por ar. "Deus..."

"Manu, acho que você está mais nervosa que a Mari." Gi disse, desviando seu olhar da tela da Tv. Ela franziu o rosto e virou-o levemente para poder observar a outra mulher. "O que aconteceu com você hoje?"

A mais baixa trincou o maxilar e lambeu os lábios, refletindo sobre todas as reações bizarras que havia tido no dia. Ela inspirou fundo e disse: "Eu só tô com um humor esquisito."

Gizelly semicerrou os olhos, percebendo algo de errado, mas deixando pra lá. Gizelly encarou a tela da Tv e deu de ombros, conformando-se com o que a atriz havia lhe dito. "Ok." Ela falou, simples, deixando sua mente voltar ao filme.

"Alguém checa pra ver como que a internet está falando dele?" Manu pediu, nervosa, enquanto procurava seu celular por entre as almofadas do móvel.

"Ok." Bianca disse, pegando o seu aparelho do carregador próximo ao braço do sofá e o ligando. Porém, o que ela menos esperava era que ela obtivesse mensagens novas, que acabassem por retirar sua atenção do pedido de Manu.


"Não." Rafaella negou, sendo curta e direta.

Bia havia dito tudo sobre sua breve conversa com Bárbara para a namorada, ali mesmo. E no momento, elas estavam em uma espécie de discussão branda, no meio da sala de estar. Bianca franziu a testa. "Como assim não?"

"Você quer chapéu? Eu te compro um chapéu novo." Rafa disse, gesticulando a mão em um círculo, levantando-se do sofá para poder encarar melhor a namorada. "Se quiser eu te dou dez, cada um de uma cor diferente." Ela ofereceu, já com a entonação impaciente. "Só não bota essa menina nessa casa, pelo amor de Deus."

"Se quiser eu ajudo a comprar os chapéus." Gi falou, sem tirar os olhos da televisão, enquanto arrancava um sorriso de Guilherme, que havia achado o comentário engraçado.

Longe deles, Ivy soltou uma gargalhada. "Mas não é que a Rafa é ciumenta?" Comentou.

"Eu não sou." A missionária corrigiu, cruzando seus braços, emburrada.

"Porra..." Bia exalou a palavra, arregalando os olhos.

"Não entendi." Rafa falou, arqueando uma sobrancelha, encarando Bianca com fervor. "Eu não sou." Ela reafirmou, percebendo a carioca suspirar. Ao observar o ato, a missionária acabou por ficar ainda mais irritada. "Só acho que a gente não tem nem um dia completo de namoro e já vem essa infeliz destruir." A mineira explicou, observando a empresária tensionar o maxilar.

"Eu concordo com a Rafa." Gizelly adicionou, ainda prestando atenção em seu filme.

"Gizelly, se eu fosse você eu não me metia." Gui comentou, com um riso baixo.

A advogada retirou seus olhos da tela e encarou o homem, com olhos semicerrados, e depois voltou sua visão para a missionária. "Eu só ia dizer que eu acho essa Labres um porre." Ela comentou.

"Gizelly, você pode se meter a vontade." Rafaella disse, sorrindo, satisfeita com o que a sua amiga havia dito.

Entretanto, achando que o espaço estava livre para comentários, Marcela afirmou: "Eu acho que não tem nada demais em ela vir aqui um dia pra entregar um chapéu." A loira explicou, dando de ombros.

"Marcela, você não pode se meter." Rafa disse seca, e observou Bianca erguer as sobrancelhas, indignada com a posição da namorada.

"Entendi. Só quem concorda com você pode opinar?" A empresária questionou a mais alta, sentindo-se começar a se estressar mais do que o normal. O clima ficou tenso e imediatamente Rafa abriu a boca, percebendo que havia saído um pouco dos trilhos.

"Desculpa, Marcela." Ela pediu, e observou a médica assentir, sendo sincera, sem levar o que havia ocorrido a sério. Mah sabia que o comentário de Rafa havia sido fruto de puro estresse, e portanto, não havia se magoado. A missionária respirou fundo e voltou a se sentar ao lado de Bia. Ela olhou para para baixo e sentiu-se culpada. "Desculpa. Eu me recuso a brigar com você por causa disso."

"Tá tudo bem." Bia afirmou, ainda com um tom meio receoso. Entretanto, ela encaixou seus dedos nos de Rafa, dando mãos a mais alta. "Ela só vai entregar um chapéu. Não é tanta coisa."

"Concordo." Gabi falou baixo, sem querer se intrometer, mas ao mesmo tempo tentando impor sua visão sobre o problema.

"Óbvio, as únicas que não concordam somos eu... Flay e Rafa." Gizelly disse, irritada. Ela já estava cansada de todos agirem como se Bárbara fosse um anjo. Desde que ela havia posto seus olhos sobre a figura da Dj ela não havia sentido firmeza, mas, todos pareciam sempre duvidar de seus julgamentos. "O resto não sabe distinguir o que é cobra e o que é cipó." Ela concluiu, cruzando os braços.

"Gizelly, não é pra tanto." Ivy afirmou, tentando dar rédias as palavras da outra mulher. Entretanto, ela apenas recebeu um olhar afiado da advogada, que no momento, não estava conseguindo se controlar.

"Eu também não gosto dela." Gui assoprou as palavras, desistindo de tentar ver o longa-metragem, percebendo que as meninas não iriam parar de falar tão cedo. Ele bufou e passou as mãos pelo rosto, esfregando-o e coçando sua barba.

"Mais um com cabeça boa!" Gizelly exclamou, animada.

"Mas eu não vejo problema nela vindo aqui por causa de um chapéu." O modelo completou.

"Esquece." Ela falou, lançando a palavra em um tom cansado. "Outro cabeça de vento." Concluiu, ganhando um rolar de olhos de Guilherme.

Enfim, já irritada com aquela situação, Manu simplesmente disse: "A gente estava há uma hora atrás falando sobre união. Agora estamos querendo nos matar." A atriz já estava cheia de toda a discussão sem sentido que seus amigos persistiam em ter. Ela apontou para a empresária. "Bia, você não bebe e não extrapola." Manoela soltou rapidamente, e imediatamente girou sua cabeça para encarar a missionária. "Rafa, você não exagera com o ciúmes." Ela engoliu em seco e voltou-se para o grupo inteiro. "O resto cala a boca e espera a Mariana voltar. Quem tá precisando de atenção é ela, e não a porra da Labres!" Ela exclamou, com a respiração alterada.

Se não bastasse o problema de Mari e Jonas, a turma parecia estar tentando arrumar mais intriga e Manu realmente não estava com paciência para isso. Ela, enfim, trincou os dentes e ficou calada, ainda recuperando-se da velocidade na qual havia dito seu monólogo.

Em choque pela postura de Manu, todos ficaram quietos. Porém, o silêncio foi quebrado por Rafa que sussurrou para Bia. "Se isso que a Manu disse acontecer, eu não me oponho." A missionária afirmou, olhando profundamente nos olhos escuros de Bia. Elas permaneciam com as mãos entrelaçadas, e o aperto pareceu se intensificar. A mais baixa apenas assentiu uma única vez, sem falar nada. Rafa abriu um singelo sorriso e estalou um beijo na testa de Bianca. "Vou confiar em você." Ela sussurrou e Bianca moveu a cabeça mais uma vez.

Por fim, a figura alta e abatida de Mariana surgiu pelo corredor da sala. Ela sentiu todos os olhares quentes sobre o seu corpo e, então, ela respirou fundo. Manoela, atônita, virou-se repentinamente para a modelo, na expectativa. "Tá tudo bem?" Ela questionou e Mariana fungou, balançando seu crânio de maneira positiva. Ela deu alguns passos para conseguir se aproximar de Manu, sentando-se ao lado dela sobre o sofá. "Terminou o noivado?"

"Aham." Mariana afirmou, instantaneamente medindo suas palavras e semicerrando seus olhos. "Ou eu acho que sim."

"Como você 'acha que sim'?" Gi perguntou, sem compreender sobre o que a outra estava falando.

"Eu disse que não iria querer sabe dele até a gente se encontrar pessoalmente." A baiana tentou explicar e suspirou. "Mas eu acho que eu não vou mais querer saber dele em geral." Ela abriu um sorriso triste e virou-se para Manu. A atriz percebeu os olhos vermelhos e novamente, ela sabia que Mariana havia chorado. "E isso dói." Mariana contorceu o rosto, parecendo perdida em pensamentos. "Ele ficou falando como se eu já tivesse perdoado ele, sabe?"

"Que?!" Manoela exclamou, sentindo-se ficar irritada.

"É." Mari confirmou.

Gizelly, frustrada com toda a tensão da casa, posicionou uma de suas mãos sobre o pulso de Mariana tocando-a de leve. "Eu posso jogar lenha na internet?" Ela perguntou, curiosa. "Quero tacar fogo no parquinho pra ensinar uma lição pra esse paspalho." A advogada admitiu, tentando vingar a amiga de um modo mais limpo e sem muita confusão. Afinal, aquilo era melhor do que bater nele.

Mariana, então, sem sentir remorso e sentindo-se levemente chateada com toda a posição de seu ex, em persistir em uma mentira, soltou: "Pode."

Gi, então, sorriu. "Perfeito."


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