Lado a lado || Sope

By sopeeana

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[CONCLUÍDA] Jung Hoseok precisa de um roommate para dividir o apartamento e as contas. Min Yoongi precisa ur... More

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By sopeeana

YOONGI

Havia passado quase duas semanas. Quase duas semanas e eu sozinho naquele apartamento. Tudo me fazia lembrar o Hoseok, tudo tinha a cara dele ao mesmo tempo que faltava sua presença. Faltava sua risada escandalosa, sua postura elétrica, sua vida, sua energia. Faltava ele. E isso doía.

Havíamos trocado apenas algumas mensagens em que eu pedi para ele voltar para casa, que ficaria no Jungkook, enquanto procuraria outro lugar para morar. Ele respondeu que não precisava, que eu morava ali tanto quanto ele e que ele tinha família na cidade, enquanto a minha estava longe, etc, etc, etc.

Não conversamos sobre a gente e eu não sabia mais o que éramos. Namorados? Ex-namorados? Roomates? Ex-roomates? Amigos? Ex-amigos? Ninguém havia colocado um ponto final, mas também não fazia sentido dizer que namorávamos se não trocávamos nem cinco frases seguidas.

Talvez essa fosse a ideia do Hoseok de terminar. Talvez ele estivesse apenas esperando aparecer outra pessoa, se aproximar, ter um encontro e aí terminar comigo. Talvez ele quisesse me manter em banho maria. Ou nem isso. Apenas guardado na despensa, isolado e sozinho.

Eu não conseguia dormir direito. Acordava no meio da noite e relembrava nossa briga ou os momentos bons que tivemos, então me arrastava até o quarto dele e dormia ali, sentindo pelo menos um pouco daquele cheiro e presença tão familiares e cotidianos para mim.

Jungkook e Namjoon tentavam me fazer sair, me chamavam para beber, ver filme, jogar basquete ou qualquer outra coisa e eu negava. Por mais difícil que fosse ficar ali naquele apartamento, parecia ainda pior sair dele. Eu queria fazer alguma coisa para ocupar a cabeça, mas não conseguia fazer nada e aí continuava nesse ciclo vicioso de vazio, apatia, solidão e incapacidade de sair de casa.

Os únicos lugares que eu havia ido a semana inteira tinham sido o supermercado e três apartamentos que estavam para alugar. Mas nenhum deles parecia bom o bastante, porque nenhum deles tinha o Hoseok como roomate. E aí eu sempre inventava alguma desculpa: está caro, longe da faculdade, pequeno, grande, etc. A verdade é que eu ficava esperando o minuto, a hora, o dia seguinte para decidir, na esperança de que Hoseok iria me ligar e pedir para esquecermos tudo. Mas esse dia não chegava. E por mais que ele dissesse que não tinha problema eu ficar ali, eu sabia que tinha. Não daria mais para morarmos juntos depois daquilo. Não se não conseguíamos nem ao menos trocar um bom dia ou um oi sem nos sentirmos magoados e machucados um com o outro.

Eu havia pedido. Várias e várias vezes, para que ele ficasse. Eu sabia que se ele saísse naquele dia, não saberíamos mais consertar e nossa relação continuaria quebrada. Mas ele saiu. Me deixando sozinho e chorando por tanto tempo, que eu dormi chorando, sonhei que estava chorando e acordei ainda chorando.

Eu estava deitado no sofá, ainda de pijama, mesmo já sendo duas horas da tarde, quando a campainha tocou. Claro que meu coração parecia um carro da Fórmula 1, agitado, correndo, na esperança de ser o Hoseok. Mas não era. Abri e porta e dei de cara com o Jungkook.

Ele me obrigou a tormar um banho, praticamente me colocando embaixo do chuveiro, trouxe uma mala cheia de roupas de neve para me emprestar, jogou umas cuecas minhas dentro e, quando me dei conta, eu estava no carro com Jungkook dirigindo, Namjoon no banco do passageiro e eu atrás sozinho, vendo a paisagem coberta de neve e a estrada curva e íngreme da montanha passar.

Jungkook conversava sobre ele e Jimin e eu me cocei para perguntar se eles haviam visto o Hoseok.

- Eu não o vi - Explicou me olhando pelo retrovisor como se conseguisse ler meus pensamentos - Ele também não tá saindo muito.

Era difícil ouvir o nome dele e Jungkook parecia notar isso, então sempre tinha cuidado de não menciona-lo na minha frente.

Eu realmente não queria ter vindo, mas Jungkook e Namjoon insistiram tanto que não tive como negar.

Já fazia quase três horas que tínhamos saído de casa e eu não tinha falado nada até aquele momento.

- Falta muito?

- Não - Jungkook respondeu no banco da frente - Cinco minutos.

Dobramos em uma estrada estreita, com espaço para apenas um carro até pararmos em frente a um portão antigo de madeira, que pelo tamanho e aspecto, parecia esconder uma mansão atrás dele.

Jungkook buzinou de dentro do carro.

- De quem é a casa mesmo? - Perguntei enquanto o portão se mexia, provavelmente acionado por algum controle remoto.

- Um amigo.

Andamos mais alguns minutos por um caminho ladeado por árvores e camadas branquinhas de neve até avistarmos a casa enorme, onde dois outros carros estavam estacionados.

- Você não me disse que vinha mais gente.

Droga.

Tudo que eu não queria era interagir com pessoas. Ainda mais desconhecidas. Afundei ainda mais no banco e o carro parou. Quando olhei em volta, congelei.

Não.

Ele não podia ter feito isso!

Jimin, Tae, Jin e Jackson estavam em pé em frente à entrada da casa, acenando alegres e sorridentes. Varri o local procurando por Hoseok, enquanto meu coração pulava enlouquecido no peito.

- Não acredito que você fez isso.

- Foi pra ver se vocês conversam!

- Ele não quer conversar comigo! - As palavras saíram com dificuldade - Ele deixou isso muito claro quando saiu do próprio apartamento apenas para não ficar comigo. E eu não preciso que vocês me lembrem disso me fazendo vê-lo.

- Vai por mim, Yoon. A gente sabe o que tá fazendo.

- Eu não vou descer!

- Deixa de ser infantil.

Segurei seu braço com força.

- Ah é? Pois se você me deixar aqui, eu conto pro Jimin que você fez um The Sims seu e dele e colocou os dois pra namorar.

Ele arregalou os olhos.

- Você não faria isso, Yoongi!

- Quer apostar?

Jungkook tentou pular para o banco de trás e tapar minha boca. Eu me debatia, lutando para segurar os braços dele.

- Parem com isso - Namjoon se metia no meio, tentando acabar com a confusão - Parecem duas crianças.

- Me solta, Nam - Jungkook gritava.

- Sai, Jungkook! Ou eu deveria dizer Park Jungkook.

- Fala baixo, Yoongi!

- O que está acontecendo aqui?

Jimin e Jin abriram as portas do carro e estavam parados incrédulos, observando a confusão. A cena era ridícula. Eu quase deitado no banco de trás, Jungkook com a mão na minha boca, eu segurando os pulsos dele e Namjoon agarrando-o pela cintura.

Trocamos olhares ameaçadores e silenciosos.

- Eu tô tentando convencer o Yoongi a descer do carro.

Soltei os braços dele e ele voltou para o banco da frente em silêncio. Jungkook abriu a porta, mas parou antes de descer do banco e virou para mim gentil e calmo.

- São só quatro dias, Yoon. Você pode ficar trancado no quarto se quiser.

- Vocês me enganaram - Resmunguei igual uma criança.

- Porque te amamos - Namjoon completou descendo do carro e me deixando sozinho.

O resto dos meninos acenou para que eu descesse. Mas eu não conseguia. Não se isso significasse encontrá-lo. Era dolorido e humilhante demais ficar ali trancado com os meninos vindo me chamar de tempos em tempos, mas era ainda mais dolorido sair e arriscar encontrar o Hoseok como se nada tivesse acontecido. Como se meu coração não estivesse destroçado.

O carro estava cada vez mais frio.

Mais alguém bateu no vidro.

- Yoongi, abre.

Era ele. Claro que era ele.

Meu coração errou uma batida e ar ficou pesado e espesso demais, difícil de respirar.

Eu não queria vê-lo, estava com medo, machucado, inseguro, sentia que poderia quebrar no instante em que colocasse os olhos nele e percebesse que tudo estava estranho e distante, que não passávamos de ex-qualquer-coisa. Mas ao mesmo tempo eu queria vê-lo, matar a saudade do seu sorriso em formato de coração, suas covinhas adoráveis, sua risada escandalosa, as orelhinhas dobradas quando usava alguma touca ou chapéu.

Me olhei no retrovisor esperando ver alguém que não fosse eu, mas infelizmente era eu. Em toda a minha glória: olheiras, olhos brilhando, levemente úmidos das lágrimas que insistiam em me fazer companhia, cabelo assanhado e expressão irritada. Levantei o corpo e me sentei. Felizmente o vidro estava embaçado e ele não conseguia me ver.

Puxei o ar com força, uma, duas, três, várias vezes. Abri a porta e desci do carro.

- Oi.

- Oi.

Silêncio.

- Você deve tá congelando.

Eu estava.

- Não, não. Tô bem.

Fui até o porta-malas.

- Quer ajuda?

- Não precisa - Era apenas uma mala e uma
mochila.

Coloquei a mochilas nas costas, tirei a mala do carro, segurando pela alça, Hoseok me acompanhou e me ajudou a carrega-la. Nossos dedos encostaram alguns milimetros, a mão dele na frente, a minha logo atrás. Eu deveria soltar ou puxar e dizer que estava tudo bem, que conseguia carregá-la sozinho, mas não pude. Fazia  muito tempo que eu ansiava por sentir a pele de novo, nem que fosse por alguns segundos. Eu não ia conseguir recusar aquela sensação tão facilmente assim.

Fomos andando um ao lado do outros, em silêncio, pelo que pareceu uma eternidade, mas eram apenas alguns metros de jardim e neve.

Os meninos estavam espalhados pela sala, conversando e bebendo.

- Onde é o meu quarto? - Perguntei a ninguém específico.

- Lá em cima, segunda porta à direita - Jackson explicou e recebeu uma encarada silenciosa e dura do Hoseok.

Ele me ajudou a subir com a mala. Era desconfortável estar assim em sua companhia, mas era ainda mais desconfortável ficar sem ela. Paramos em frente a uma das portas e ele a abriu. Havia uma mala e uma mochila lá dentro. Não uma mochila qualquer. A mochila do Hoseok.

Ele colocou minha mala no chão, perto da cômoda e sentou na cama.

- Tudo bem pra você? Dividirmos o quarto? Eu insisti para trocarem, mas... Você sabe... Eles...

Ele insistiu para não ficar comigo.

- Tudo bem. Nós morávamos juntos, né?

- Morávamos?

Não respondi. Fazia quase quinze que mal nos falávamos e eu já estava procurando outro lugar para morar. Eu não conseguia conjugar aquele verbo em outro tempo que não fosse no passado.

O clime estava pesado, tenso, desconfortável. Eu sentia como se existissem milhares de alfinetes cutucando meu corpo, pensamento, órgãos, veias, tudo.

Peguei algumas coisas na mala e fui ao banheiro melhorar minha aparência. Quando voltei, Hoseok não estava mais no quarto.

Desci. Os meninos estavam bebendo na sala, enquanto Hoseok e Jackson fumavam no terraço do lado de fora. Sentei no cantinho do sofá e lá fiquei o resto do dia.

🐱

Já era noite. Eu esperei, muito, sentado no sofá para que Hoseok já estivesse dormindo quando eu entrasse no quarto. Mas ele não estava. Fui ao banheiro, coloquei meu pijama e sentei na ponta da cama, inseguro.

Não reparei para onde ele estava olhando, não tinha coragem de levantar o rosto. Deitei o mais próximo da borda possível e fiquei mirando o teto.

O quarto parecia ainda mais abafado. Lá fora a temperatura era negativa, mas ali, embaixo do cobertor, sentindo o corpo do Hoseok tão próximo do meu, eu estava queimando. A penumbra e o fio de luz da Lua que entrava pelas frestas da cortina deixavam a atmosfera ainda mais sobrecarregada.

Não sei quanto tempo fiquei naquela posição, me recusando a mover um músculo sequer. Com medo de encostar nele, mas ao mesmo tempo torcendo para que ele encostasse em mim.

Patético, Yoongi.

Virei de costas para ele, ficando de lado na cama. Senti seu corpo se mexendo ao meu lado.

Ele ainda estava acordado?

Girei o corpo mais uma vez e fiquei frente a frente com ele. Hoseok estava acordado. De olhos abertos. Me fitando.

Ele estava assim há muito tempo?

Hoseok não desviou o olhar. Não fingiu que estava dormindo. Não se moveu. Ao invés disso continuou encarando meu rosto, intenso, profundo, pesado. Lembrei do quanto essa sua mania me assustava no começo. Essa mania de olhar fixamente nos olhos das pessoas, como se quisesse enxergar o que estava por dentro delas.

Fechei os olhos com medo de que ele enxergasse o quão desesperado eu estava para que ele me abraçasse e dissesse que ainda gostava de mim.

Me mexi na cama, dando as costas para ele mais uma vez. Evitei encara-lo o resto da noite. E ela foi longa. Muito longa.

*****

Breve (nada breve) explicação.

Nas minhas fics... Não que eu tenha muitas, são só duas, mas ainda assim é plural, né? Desculpem, tô divagando.
Continuando... Eu não costumo fazer um capítulo de apresentação dos personagens ou explicar o local onde eles moram, deixo isso pra interpretação de cada um de acordo com sua vivência, identificação e etc.
Sendo assim, eu jamais determinei onde se passa a fic.
O ponto é: desde que assisti o Winter Package fiquei doida criando cenas dos Sope brincando na neve e pensei: Por que não colocar isso numa fic?
Então... nesse local imaginário em que os meninos moram tem sete anjos coreanos, tem praia, tem montanha, tem pagode e churrasco. Onde ele fica? Você e sua imaginação escolhem. Um Brasil coreano ou uma Coreia brasileira ou mesmo algum país imaginário que você criou. Cada leitor imagina um local diferente assim como eu tenho o meu aqui na cabeça. Estamos combinados?

Voltando pros comentários da autora....

Oi, meus amores?
Como estão?
Espero que bem.

Trouxe mais um capítulo pra vcs.
Desculpem pelo capítulo lento, mas é proposital.
O capítulo passado teve muito diálogo pro ritmo ficar ágil e rápido, como normalmente são as brigas e discussões. Esse agora é pra transmitir a sensação de lentidão e tristeza do Guinho durante esse "tempo" dos sope.

Espero que estejam gostando.
Obrigada pelo carinho e comentários sempre.
Vcs são uns anjos.

Se cuidem.
Beijos.

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