THE TRIP | RABIA

By whopim

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Já faz um ano desde o fim do programa e manu teve o sonho de unir os 'brothers' e fazer uma viagem em comemor... More

✫ personagens ✫
✫ prólogo ✫
✫ capítulo um ✫
✫ capítulo dois ✫
✫ capítulo três ✫
✫ capítulo quatro ✫
✫ capítulo cinco ✫
✫ capítulo seis ✫
✫ capítulo sete ✫
✫ capítulo oito ✫
✫ capítulo nove ✫
✫ capítulo dez ✫
✫ capítulo onze ✫
✫ capítulo doze ✫
✫ capítulo treze ✫
✫ capítulo quatorze ✫
✫ capítulo quinze ✫
✫ capítulo dezesseis ✫
✫ capítulo dezessete ✫
✫ capítulo dezoito ✫
✫ capítulo dezenove ✫
✫ capítulo vinte e um ✫
✫ capítulo vinte e dois ✫
✫ capítulo vinte e três ✫
✫ capítulo vinte e quatro ✫
✫ capítulo vinte e cinco ✫
✫ capítulo vinte e seis ✫
✫ capítulo vinte e sete ✫
✫ capítulo vinte e oito ✫
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.1
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.2
✫ capítulo vinte e nove ✫ - part.3
✫ capítulo trinta ✫ - part. 1
✫ capítulo trinta ✫ - part. 2
✫ capítulo trinta ✫ - part. 3
✫ capítulo trinta e um ✫
✫ capítulo trinta e dois ✫ - part.1
✫ capítulo trinta e dois ✫ - part. 2
oi

✫ capítulo vinte ✫

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By whopim




Rafaella acordou ao som de passarinhos cantando. Seus olhos se abriram, e encontraram com a visão praiana que havia tido à noite, porém, naquele horário o sol já estava presente no céu azul.

Ela se espreguiçou um pouco, e ao perceber que tinha espaço o suficiente para não incomodar Manu, Rafa virou-se. Só que Manoela não estava mais ali. Então, assim que completou o movimento, seus olhos se arregalaram pelo susto proporcionado pela proximidade com a qual estava de Bianca.

Sua respiração ficou presa, e ela paralisou, não conseguindo se afastar para longe durante alguns segundos. E enfim, quando conseguiu movimentar-se, finalmente, Rafaella percebeu que suas pernas estavam entrelaçadas nas de Bia, e mais uma vez ela sentiu seus pulmões travarem.

A missionária forçou-se a parar de surtar, acalmando-se, tentando respirar profundamente e organizar seus pensamentos. Entretanto, era difícil raciocinar direito tão próxima da face de Bianca.

Rafa estava utilizando o tempo para analisar os detalhes do rosto de Bia. Era algo que Rafaella realmente gostava de fazer. Agora, de olhos fechados, a morena tinha uma aparência tão serena que era até surpreendente para alguém tão agitada quanto ela costumava ser. E o pior era que ela conseguia sentir sua mão coçar de tanta vontade de tocar a pele da empresária, que parecia ser tão macia. Ela engoliu em seco, só de pensar em fazer isso.

E foi quando as pálpebras de Bianca se abriram, e os olhos escuros e ainda sonolentos da mesma fitaram o rosto petrificado de Rafaella. Uma expressão confusa tomou conta do rosto de Bia, e ela piscou algumas vezes.

''Rafa?'' Ela perguntou, com o tom de voz rouco.

A missionária foi rápida para erguer suas costas dali, afastando-se de Bianca em um solavanco. O problema era que devido à rapidez, ela praticamente deu um pulo, o que a fez bater a sua cabeça no teto do carro.

''Ai.'' Ela disse, colocando a palma da mão na testa.

''Ei, tá tudo bem?'' Bianca perguntou ainda sonolenta, colocando suas mãos no braço de Rafa, procurando apoio para se levantar e poder ver como estava a cabeça da missionária.

No entanto, a mais alta foi rápida em sair dos cobertores, praticamente lançando-se para fora do carro e dando um tropeço nada angelical ou elegante, como era de sua postura de costume. Ela endireitou sua pose, voltando-se para Bia.

''Eu tô bem.'' Rafa disse, com um sorriso falso. ''Bom dia.'' Ela girou, ficando de costas para Bia e saindo na direção do sanitário, preparando-se para sua higiene matinal.

Assim que saiu do campo de visão de Bianca, Rafa novamente posicionou suas mãos em sua testa, enquanto andava mancando, ainda se recuperando de seu leve tombo.

''Tá tudo bem?'' A figura de Manu com uma xícara de chá estava encarando Rafaella com uma expressão desconcertada.

''Onde você tava?'' A missionária perguntou, ignorando o questionamento de Manoela.

A mais baixa aproximou-se, tomando um gole de sua bebida. Em seguida, Gizelly chegou perto, com um rosto ainda cansado pela ressaca da noite passada.

''Eu não consegui dormir com vocês.'' Manu respondeu.

''Ela tava com medo de acordar com vocês se comendo do lado dela.'' Gizelly resumiu, com uma risada, enquanto coçava os olhos. Rafa a fitou séria, ganhando uma careta da advogada. ''Bom dia, flor do dia, seu humor tá nota mil hoje, hein.''

''Eu consegui bater a cabeça no teto do carro e quase torcer o pé.'' Rafa explicou, ainda massageando o topo de seu crânio.

''O sexo foi forte, então, né.'' A advogada caçoou, tentando descontrair o clima. Rafa, já irritada, simplesmente saiu daquela conversa, andando até o sanitário em silêncio. Gizelly e Manu se entreolharam e a mais baixa foi rápida em mandar para a outra um olhar reprovador. ''Eu tava só brincando.''

''Gi, eu tô achando que ela tá gostando de verdade da Bia. Não é só atração, é tipo de verdade, mesmo. Não fica brincando. Pode acabar magoando ela.'' Manu explicou.

Gizelly suspirou, arrependendo-se.

''Okay, eu vou pedir desculpas.'' Ela passou as mãos pelos seus longos fios de cabelo, medindo às pontas como se fosse um hábito seu. Depois, ela voltou a olhar para Manu. ''Mas vocês abrem brecha pra eu ficar falando asneira, também, né.''

''Titchela, você escancara qualquer conversa e arranja brecha. Ô lingua afiada essa, sua.''

''A minha língua é boa em outras coisas, também.'' A advogada levantou as sobrancelhas sugestivamente para Manoela, colocando a língua entre dentes assim que recebeu o olhar cansado da mais baixa. A cantora revirou seus olhos, andando para longe dali.

''Tchau.'' Ela disse, no meio de suas passadas, dando um aceno curto para a outra.

''Manu. Manu Gavassi! Ei, eu só tava de sacanagem...'' Ela falou, correndo atrás da amiga, enquanto ria boba de suas próprias falas.



A primeira a acordar naquela manhã tinha sido Mari, e desde cedo ela já estava alimentando sua curiosidade pelo segredo de Manu.

Então, depois de comer três barrinhas-de-cereal e escovar os dentes, Mariana aprontou-se para uma trilha matinal, e em seguida conseguiu convencer Manu a acompanhá-la.

Manoela, depois de conversar com Rafa de manhãzinha, e de acordar de vez, estava formulando o que iria dizer para a modelo, e assim, preferiu afastar-se do acampamento para poder falar a sós com a mulher.

Como em um pacote, Gizelly uniu-se às outras duas, já que ela, de alguma maneira, estava envolvida naquela situação, e portanto, era importante que Manoela obtivesse sua presença no momento em que fosse falar a verdade para a baiana.

Naquele instante, o trio já estava caminhando por entre o mato. Mari na frente - desviando das pedras e plantas com facilidade, e as outras duas atrás, já sem fôlego.

A ideia da modelo ser uma máquina estava passando pela cabeça de Manu, que já exausta, custava em acompanhar a outra.

Gizelly, completamente dolorida e sentindo falta de ar, estava parada, curvada e apoiada sobre seus joelhos.

A cantora virou-se para a amiga.

''Gi, vamos que eu já percebi que ela não vai parar.'' Manu falou recebendo um grunhido de Gizelly, que ergueu sua coluna, andando pesadamente na direção da amiga.

As duas tiveram que apressar o passo para conseguirem alcançar Mari, que sinceramente, estava achando aquilo levemente divertido.

''Você bem que podia tentar ir mais devagar, né?'' Gizelly falou, direcionando-se à Mariana.

''Preciso fazer meu treino diário.'' A modelo disse, balançando os ombros. Gi revirou os olhos, impaciente. ''E vocês precisavam falar comigo...'' Ela falou, dando abertura para o assunto começar.

''Seguinte.'' Manu parou de falar, respirando profundamente. ''Olha eu sou sedentária, tá? Isso é bem malvado da sua parte.''

''Manu, não enrola.'' A modelo pediu, ainda mantendo o mesmo ritmo de sua caminhada. Seus movimentos faziam seu rabo de cavalo balançar de um lado para o outro, às vezes batendo no rosto de Gizelly, que já irritada, estava quase puxando os fios de cabelo de Mariana. ''Eu sou curiosa.''

''Tá, é, eu e a Gi, a gente tá suspeitando da Bia e da Rafa estarem provavelmente sentindo algum tipo de atração uma pela a outra.''

''Impossível.'' Mari falou com uma risada. ''Eu e a Flay até brincamos com isso, porque a Bia acha a Rafa toda gostosona, mas sem condições.''

''Mari, a gente tem praticamente certeza de que está rolando alguma coisa.'' Gizelly falou, com seu tom de voz sério, chamando a atenção da baiana. Ela franziu o cenho, confusa, e parou de andar, felizmente. As outras duas estacionaram seus corpos e olharam para Mari, que estava com uma expressão duvidosa. ''Misericórdia, Senhor! Obrigada!'' Gizelly exclamou, agradecendo por ter um momento de descanso.

''Isso é sério?'' Mariana questionou pela última vez.

''Muito sério. Seríssimo. Eu nunca vi a Rafa agir da maneira que ela anda agindo ultimamente.'' Manu respondeu.

''É, tá bem bizarro.'' Gizelly comentou.

''Gente, mas elas não se odiavam, há sei lá, uma semana atrás?'' Mari não estava conseguindo levar aquela conversa a sério. Parecia uma brincadeira de mal-gosto.

''O nome disso é tesão incubado. Existem estudiosos que afirmam que o seu acúmulo pode gerar como efeito colateral ódio.'' Gi explicou, com uma óbvia tonalidade de sarcasmo em sua voz.

''Sério?'' A modelo perguntou inocente.

''Não, menina.'' Gizelly respondeu com uma risada, não acreditando na reação de Mariana. ''O que importa é o seguinte Mari, eu e a Manu estamos nos comprometendo a ajudar a efetivar essa relação e...''

''Tô dentro!'' Mariana falou, com um sorriso.

''Quê? Já?'' Gizelly falou desnorteada. ''Foi até mais fácil do que eu pensei.'' Ela disse para Manu.

''Desde que a Bia não fique chateada comigo eu acho uma ótima ideia. A Bianca fica pulando de relacionamento tóxico para relacionamento tóxico. Ela tá precisando de alguém do bem.''

''A Rafa tá no mesmo barco com esse negócio do Léo.'' Gi completou, já frustrada só em se lembrar do homem, fazendo Mariana concordar ainda mais com a sugestão.

''Nossa, que fácil.'' Manu disse surpresa. ''Eu já tinha preparado meia bíblia de discurso pra te convencer a nos ajudar.''

''Se prepara pra usar com a Flay, porque aquela ali não vai apoiar isso nem se Jesus Cristo pedir pra ela." Mari riu sozinha. "E obviamente ela vai precisar saber disso, caso contrário, e isso da Bia e da Rafa realmente ocorra e ela só saiba de última hora, ela vai fazer um circo.'' A baiana comentou com um riso.

Manu parou alguns segundos, não tendo pensado por esse lado. Gizelly, no entanto, começou a formular uma ideia no canto de sua cabeça.

''Se o Prior pedir ela apoia?'' A advogada perguntou, curiosa.

Mari ficou quieta por alguns segundos refletindo sobre aquela possibilidade. Ela lambeu os lábios, e colocou a mão queixo.

Depois disso, ela abriu um sorrisinho travesso, como se o que Gizelly estivesse falando realmente tivesse algum sentido.

''Talvez.''

''Ótimo.'' Manu sorriu diabolicamente, satisfeita com a informação.


''Nem fudendo.'' Flay repetiu, pela trigésima vez naquela manhã. ''Não vou deixar a Bianca passar por isso, não.'' A cantora sertaneja disse, completamente indignada pela posição de seus amigos.

Flayslane já estava quase levantando da rodinha que eles haviam feito no meio da areia para 'tratar de um assunto importante' como Manu havia dito. No entanto, ela se mantinha ali, tentando colocar um pouco de senso na cabeça dos outros.

''Não vai acontecer. Primeiro que não existe a possibilidade real...''

''Então, por quê você tinha dito que a Bianca estava gostando da Rafa no supermercado?'' Manu questionou, cortando a fala de Flay.

''Eu...'' Ela parou para pensar um pouco, até conseguir retrucar aquela pergunta proposta por Manoela. ''Eu e a Mari brincamos com isso às vezes. A Bia já disse que daria uns beijos na Rafa se ela não fosse um porre, mas ela é. Não tem muito o que eu fazer.'' Flay terminou, cruzando os braços. ''Se vocês estiverem dispostos a dar um novo cérebro pra Rafaella, talvez esse plano funcione.''

''Poxa, meu, tu bem que podia ser mais fácil de lidar, né, Flay.'' Disse Prior, irritado. Em menos de cinco minutos as meninas haviam conseguido convencer ele a ajudar no plano, e Flay, no entanto, já tinha demorado mais de uma hora apenas na tentativa. ''Cabeça-dura da porra.''

''Eu estou visando o bem da minha amiga.'' Flay disse.

Manu que já estava se sentindo apreensiva após algumas ameaças de Flay contar tudo para Bianca, despirocou depois da frase que saiu dos lábios da cantora sertaneja, sentindo seu interior flamejar.

''Se tu tivesse fazendo isso, tu ia ver que é a melhor opção pra Bianca. Ou tu prefere ver ela com o marmanjo do Guilherme, o trouxa do Diogo e a... Eu não sei o que a Labres fez de errado, mas ainda prefiro a Rafa com a Bia.'' Manu disse, com seu tom de voz nervoso. Devido à sua irritação, era possível ver uma veia ressaltada de seu pescoço, o que era completamente desnatural para a imagem tranquila da mais baixa. ''E cá entre nós, a única razão de você não estar apoiando isso é porque você não gosta da Rafa. Vo-cê. Porque até a Bianca já se resolveu com ela há dias. Então para de ser egoísta e de gastar o tempo de todo mundo, e ajuda logo nessa porra!'' Manoela terminou, já com o tom de voz alto.

O resto do grupo ficou quieto, enquanto Manu ainda recuperava ar depois de falar muito intensamente. Flay não conseguia nem olhar mais no olho de Manoela, depois de tudo que havia sido dito para si.

''Manu, eu acho que você exagerou um pouco.'' Gizelly sussurrou.

''Vai se foder.''

''Eita, porra.'' Gi exclamou, depois de receber um fora da mais baixa.

Alguns segundos se passaram em silêncio e Manoela se arrependeu por ter se exaltado. E no momento em que ela abriu a boca para pedir desculpas, foi interrompida.

''Flay, a Manu tá certa no que ela disse, e você sabe.'' Prior complementou.

A cantora sertaneja trincou o maxilar um pouco, raciocinando. Ela engoliu em seco, e virou-se para Manoela.

''Olha, se a Bianca sair machucada disso eu vou caçar a sua bunda, a do Felipe, a da Mari, a da Gizelly e obviamente a da Rafa. Entendidas?'' Flay estendeu a mão para Manu, que sorriu levemente, desprendendo-se do seu estresse de alguns minutos antes.

''Entendidas.'' Manoela entrelaçou sua mão na de Flay, feliz por ter conseguido mudar o ponto de vista da outra.

''Okay, agora é guerra pra unir as sapatas.'' Flay falou, com um tom divertido, arrancando algumas risadas do grupo à sua volta.


A tarde começou ótima para o grupo.

Depois da conversa na praia com Flay, Manu comunicou a todos de que haveria uma caminhada até a cachoeira tão bem falada por Bruna, e que eles poderiam escolher entre passar o dia na praia ou ir junto até o lago.

Babu, Prior, Hadson, e Lucas preferiram ficar pela praia observando Chumbo manobrar sua prancha de surf pelas ondas. O resto estava disposto a fazer a trilha e ir para a cachoeira.

Manu já estava exausta, porque aquela era a sua segunda caminhada do dia.

Ela olhou para Mariana, à sua frente, que parecia tão bem quanto de manhã cedo, e xingou-a mentalmente por não ter limites, pelo menos não aparentemente.

Ao seu lado estava Gizelly, que a acompanhava fielmente em sua caminhada, enquanto Rafa, e a própria Mari lideravam o grupo.

Bianca, Flay e Guilherme estavam em um canto andando enquanto conversavam e riam abertamente. Afinal, depois de Gui insistir em pedir perdão por seu comportamento na noite passada, Bia não teve problema em concedê-lo, resolvendo-se logo com o rapaz.

Na diagonal de Manu, Gabi escutava mais uma das palestras de Victor Hugo, apesar da loira apertar o passo para tentar fugir insistentemente da conversa.

Perto dali, Marcela e Thelminha, junto com Daniel e Ivy caminhavam em duplas, mas mal trocavam palavras entre si.

A cantora virou-se para Gi, percebendo que ela fitava raivosamente a figura de Marcela. Assim que a advogada percebeu que Manoela a vigiava, ela desviou o olhar, encarando o chão, sentindo-se exposta por ter sido descoberta olhando para a médica.

E então veio o silêncio incômodo, que deixava Manu completamente inquieta.

''Você não me falou nada sobre a briga de ontem...'' Manu puxou o assunto, quebrando o gelo instaurado.

''Não tem o que eu falar.'' Gizelly disse, de forma curta e grossa, claramente desconfortável com o assunto.

''Okay.'' A mais baixa falou, preferindo não insistir no tópico e acabar deixando a amiga mais irritada.

Gizelly virou seu olhar para Manu, que encarava um ponto fixo à sua frente, enquanto andava. Ela respirou fundo, já arrependendo-se de cogitar falar sobre o que estava sentindo.

''Eu... Eu ainda tenho bastante mágoa da Marcela, e eu não sei me dar cem por cento bem com ela na amizade. Entendeu? Então ela querer ser minha amiga, de alguma maneira me machuca.'' A advogada disse, séria, com um tom seco. Percebendo o clima pesado, ela deu um risinho, tentando descontrair-se e deixar o seu discurso mais leve. ''Ainda mais depois de eu ter sido chacota nacional com aquele vídeo em que eu tava chorando e comendo no meio da festa de carnaval.''

''Aquele vídeo é sensacional.'' Manoela riu, lembrando-se.

''Eu sei.'' A advogada riu, colocando as mãos na testa graças à vergonha que sentiu por alguns segundos.

Novamente elas se aquietaram, mas Manu foi rápida em perguntar:

''Você acha que vai conseguir em algum momento ficar amiga dela, sem que isso custe pra você?'' A advogada imediatamente retraiu sua pose, como se estivesse sobre ataque, e aquilo machucou o coração de Manu, que percebeu o quão complicado para Gi era falar em um assunto como aquele.

''Provavelmente.'' Gizelly remexeu os ombros com um sorrisinho triste. Ela chacoalhou a cabeça, levantando-a e olhando para frente com os olhos semicerrados. ''De qualquer forma, falta muito pra gente chegar? Eu to sentindo os músculos da minha perna pedindo socorro.''

''Humm, eu acho que não. Eu to vendo só mais algumas placas indicando o caminho.'' Manu disse, apontando para os objetos de madeira, já praticamente destruídos pelo tempo. ''Olha, já dá pra ver um pouco do lago.'' Ela falou, indicando a paisagem com o queixo.

''Obrigada, Senhor!'' Gizelly exclamou, bem humorada. ''Quando eu chegar nesse lugar eu vou cagar pra Deus e o mundo!''

''Não vai não, que nós estamos aqui à trabalho.'' Manoela disse, desviando seu olhar para Rafa e depois para Bianca.

Gizelly bufou.

''Nem de férias eu tenho paz.'' A advogada lamentou com um riso sofrido.

''Exatamente.'' Manu concordou rindo.


Depois que todos já haviam se instaurado na região do lago, colocando suas mochilas e pertences na superfície de pedras e na terra ao seu redor, o próximo passo era entrar na água.

Era verdadeiramente um ambiente encantador.

Repleto de plantas, e com um lago extenso e de água cristalina. Haviam duas cachoeiras, uma bem grande, cujos os jatos de água serviam como uma cortina para o esconderijo de uma caverna adentro. Ou pelo menos era o que Manu sabia sobre aquele local. A outra, menor, poderia ser facilmente utilizada para tirar fotos, levando em conta sua simplicidade.

No entanto, muitos estavam preferindo fotografar apenas o ambiente.

Guilherme, tinha acabado de tirar uma foto em seu telefone do local e de si. Ele guardou o dispositivo em seus shorts, novamente, e voltou-se para a paisagem. Em seguida, o modelo espreguiçou-se e começou a tirar a sua camiseta, forçando seus músculos para demonstrar o seu físico e tentar atrair os olhares de uma certa morena que estava por perto.

Ela, no entanto, estava animada demais com a paisagem para prestar atenção nas tentativas de flertes do rapaz.

Porém, o ato do homem não havia passado despercebido pelo olhar de Flay, que observava atentamente o quanto ele estava secando Bianca. Flayslane balançou a cabeça negativamente antes de pegar o seu próprio celular e começar a digitar.

Flay guardou seu celular às pressas em sua mochila. Ela largou a bolsa, e virou-se para Guilherme, que no momento, estava prestando atenção demais em Bianca retirando suas vestimentas e permanecendo de biquíni. Aquilo fez a cantora sertaneja revirar os olhos lentamente.

A mulher estava bem em cima de uma pedra que funcionava quase como um trampolim devido á sua altura.

O grupo poderia usá-la para poder mergulhar na água, ou eles simplesmente poderiam dar a volta pelas rochas e andarem pela terra até o lago. Flayslane aproximou-se da ponta da rocha, e voltou a olhar para o modelo, chamando-o com um gesto, repetidas vezes.

''Gui, você passa protetor solar em mim?'' Flayslane perguntou, e observou o homem tirar os olhos de Bia lentamente, antes de encarar a figura da cantora.

Ele, andou até Flay em silêncio, afastando-se do bando que nem fez falta de sua presença. Isto é, com a exceção de Manu, que observava a cena descaradamente.

''Aham.'' Gui confirmou, pegando a embalagem em suas mãos. Assim que ele começou a passar o creme pelas costas de Flayslane, ele voltou a contemplar Bianca, distraindo-se com o corpo da empresária.

Flay, observando aquilo, já estava em desespero, sem ideias para ganhar a atenção do homem, que logo, logo, estaria mais uma vez se jogando para cima de sua amiga.

Então, em um movimento rápido, Flayslane ergueu seus braços, simplesmente empurrando-o da pedra, e fazendo o corpo do modelo atingir a superfície da água em um barulho alto.

Manoela abriu a boca surpresa, e não conseguindo se conter, soltou um riso ao perceber a atitude precipitada de Flay, A cantora sertaneja apenas enviou um olhar mortal para Manu, fazendo a outra se conter e tapar os próprios lábios.

Gui subiu até o topo do lago, buscando por ar em um longo suspiro, já que havia caído ali de surpresa.

''Flay, mas que porra?!'' Ele gritou nervoso, enxugando o rosto, ao mesmo tempo em que boiava.

''É que eu tenho espasmos nos músculos, às vezes. É uma coisa louca.'' Flay disse, tentando parecer real, com a voz presa em uma quase risada. ''Aí o meu braço fez assim...'' Ela movimentou-o sem ânimo algum.'' E puft! Você caiu.''

O modelo bufou, e enfim, ele arregalou os olhos ao se dar conta de um enorme problema que estava carregando em seu corpo.

''Meu celular! Caralho!'' Ele disse, apalpando os bolsos, percebendo que o aparelho estava em seus shorts ainda. Gui, então, segurou-se na rocha, tentando utilizá-la para subir, com o objetivo de livrar-se da água o quanto antes.

Enquanto isso, Manu que analisava os dois, percebendo Flayslane a mandar agir rápido em um sussurro, foi rápida em começar a procurar Rafaella.

Nesse meio tempo, Guilherme já havia subido na pedra.

Ele ficou de pé, ao lado de Flay e pegou o celular nas mãos, rezando para conseguir ligar o objeto.

''Graças a Deus.'' Ele beijou a tela do aparelho, abrindo um sorriso alegre, que ressalta seus dentes brancos. A primeira coisa que ele fez, assim que viu que o objeto estava funcionando foi desligar a tela e procurar Bia com o olhar. O que foi logo percebido por Flayslane. ''Nossa, Flay, quase que eu morr...'' E então a cantora empurrou as mãos do modelo, fazendo-o se destrambelhar e deixar o celular cair na água novamente. ''Flay! Não!'' Ele lamentou, observando o objeto afundar-se na água. O modelo, raivoso, encarou Flay, que olhou para ele sem saber o que dizer.

A mulher engoliu em seco.

''Espasmos.'' Ela disse, com a voz rouca de tanto segurar o riso, e depois lambeu os lábios para tentar manter a postura. Flay coçou a boca, disfarçando um sorriso.

Guilherme grunhiu. Ele passou as mãos pelos fios escuros de seu cabelo, nervoso, imediatamente lançando-se de volta na água para procurar o eletrônico.

Flay foi rápida em pular no lago, para ajudar o homem.

Infelizmente, para Guilherme, aquela havia sido a perfeita estratégia para deixá-lo ocupado com algo além de Bianca.



Manoela, depois de rir horrores graças à tentativa de distração de Flay, foi rápida ao encontrar com Rafa.

A cantora, ao observar Mari conversando com Bianca, piscou para a modelo, enquanto andava até Rafaella. A baiana assentiu de modo suave, para não chamar atenção de Bia, carregando um leve sorrisinho em seus lábios. Ela instantaneamente voltou sua atenção para a empresária.

''Oi.'' Manu disse para Rafa, que já estava em seu biquíni azul turquesa, passando protetor em seus ombros. A missionária sorriu na direção da mais baixa, saudando-a.

''Quer que eu passe em você?'' A mais alta perguntou, já posicionando a embalagem no sentido de Manu. Entretanto, a cantora negou com a cabeça.

''Já passei no acampamento. E na trilha. E quando eu cheguei aqui no lago.'' Manoela respondeu, ganhando uma risada de Rafaella. Ela teve um rápido flashback de sua última vez queimada de sol e sentiu um frio percorrer por sua espinha, arrependendo-se daquilo. ''De qualquer forma, a Bruna disse, que atrás da cachoeira, tem uma grutinha, tipo uma caverninha, e eu to querendo ir lá.'' A mulher comentou, tentando chamar a atenção da missionária.

''Sério? Que lindo!'' Rafa falou, enquanto espalhava o creme por suas pernas. ''Você vai agora? Eu quero ir junto.''

''Vou, mas eu preciso falar com o Igor, primeiro. Ele disse que tá passando muito mal, sabe?'' Falou, fazendo um rostinho tristonho. Em seguida, ela sorriu. ''Mas se você quiser ir indo, e me encontrar lá...'' Manoela sugeriu.

''Eu espero vo...'' Rafa começou, assim que terminou de passar o produto, olhando para a mais baixa, mas foi cortada quase que de imediato.

''Não, relaxa, pode ir. Eu apareço logo, logo.'' A cantora afirmou, em um tom cínico. ''Pode ir.'' Ela gesticulou para Rafa, que franziu o cenho, não entendendo a súbita mudança de Manoela. ''É que coitado! O Igor tá com problemas intestinais, e se ele souber que tem alguém por perto pra escutar os baru...''

''Deixa! Eu vou. Obrigada.'' Rafaella disse, preferindo interromper o discurso de Manu e não escutar o que quer que aquilo fosse.

''Vai por ali!'' Manu disse, apontando para uma trilhazinha que dava direto na caverna. Rafa assentiu, seguindo o caminho.

A cantora voltou seu olhar para Mari, que estava com um sorriso travesso nos lábios. A baiana já estava só, o que significava que ela havia mandado Bianca para a outra entrada da gruta. A que - mais especificamente - Rafaella não sabia.

Manu riu, alegre, aproximando-se de Mari sorrateiramente.

''Acho que vai funcionar!'' A baiana disse em um gritinho, dando as mãos para a mais baixa.

''É óbvio que vai funcionar. Eu que montei o plano.'' Manu disse, remexendo seu cabelo, tentando bancar a esnobe. O ato fez Mari negar com a cabeça com um riso preso. ''Agora, a gente vai lá porque eu sou amiga, mas também sou fofoqueira.''

Assim que Bianca adentrou o local, ela percebeu o quão grande era a caverna. A água que caia da cachoeira deixava a luz atravessar e iluminar o ambiente levemente, quebrando a escuridão natural do lugar. Era realmente lindo.

Ela andou um pouco até conseguir ter uma visão melhor do ambiente, observando o que parecia ser um portal d'água.

''O que você tá fazendo aqui?'' A voz soou, trazendo um leve eco consigo, e chamando a atenção da empresária, que revirou a cabeça rapidamente em sua direção.

Rafaella estava encostada em uma das paredes de pedra do local, de braços cruzados, observando Bia com uma feição confusa. Bianca engoliu em seco ao ver que Rafa a encarava.

''A Mari disse que conhecia isso aqui de indicação de amigas e me mandou esperar por ela.'' A morena explicou. ''E você?''

''A Manu falou a mesma coisa pra mim.'' Rafa disse, com uma sobrancelha erguida, desconfiada das similaridades das histórias.

Bianca balançou um pouco a cabeça, não vendo mal naquilo, e voltando seus olhos para a visão da água caindo pela abertura da gruta. Era quase como ter a visão embaçada do lago, e era uma obra-prima, em sua opinião.

Elas ficaram quietas por um tempo, cada uma de um lado da caverna, esperando calmamente a chegada de suas amigas.

Até que Rafaella repentinamente olhou para Bianca.

''Você falou alguma coisa?'' Rafa questionou Bia, desnorteada. Bianca negou, e a missionária apenas franziu a testa, tendo quase certeza de ter ouvido a voz de alguém naquele instante.

O olhar de Rafa buscou algum vestígio do som, mas ao não encontrar nada, ela voltou a recostar-se sobre a parede, aprofundando-se em suas ideias.

Elas deixaram aquilo de lado, voltando para a quietude.

Bia, já agoniada com a falta de diálogo, e também com um pouco de ansiedade para falar com Rafaella começou:

''E como tá a sua cabeça?'' Ela perguntou, com um sorrisinho ao lembrar-se da cena bizarra de Rafa saindo desesperada da minivan.

''Não fiquei com galo, felizmente.'' Rafaella respondeu, já sentindo a vergonha alheia tomar conta de seu corpo, fazendo seu estômago embrulhar. Suas bochechas queimaram, e ela ficou com o desejo de simplesmente sumir.

''Foi um porradão.'' A empresária comentou com um sorriso, o que fez Rafa suspirar, ainda se sentindo humilhada pela situação de mais cedo.

''Eu sei. O pior foi eu quase torcendo o pé, na hora que eu saí do porta-malas.'' A missionária comentou, com um riso nervoso, enquanto passava as mãos pelo rosto. ''Que vergonha.'' Ela sussurrou para si.

A empresária, que não sabia dessa segunda parte, contorceu sua expressão em preocupação, aproximando-se de mais alta para poder ter uma visão melhor de seus pés.

''Mas tá tudo bem?'' Bia disse fitando os calcanhares da missionária.

Rafa balançou a cabeça positivamente algumas vezes antes de responder:

''Se não tivesse tudo bem eu não tinha feito essa trilha toda.'' Ela falou com um tom óbvio, ganhando uma expressão mais tranquila da carioca.

''Faz sentido.'' Bianca riu, piscando para Rafa. Na mesma hora Rafaella desviou o olhar, limpando a garganta, deixando a carioca sem entender o porquê daquela reação.

O problema era que nem Rafaella entendia.

A morena, então, aproximou-se da parede em que Rafaella estava encostada, apoiando suas costas ali, e ficando ao lado da mais alta. Rafa acompanhou toma a movimentação com olhar, encarando as tatuagens expostas de Bia por um longo tempo, até sentir a necessidade de piscar e acordar do que parecia ser um encantamento.

''Ontem foi legal, eu acho.'' A empresária disse, olhando para Rafa ao perceber que a outra a analisava.

''É.'' Rafa assentiu, pairando sua visão sobre os olhos escuros de Bianca.

''Gostei das 'aventuras de Rafaella e o mistério do pintinho perdido'.'' A carioca caçoou com humor, fazendo Rafaella revirar os olhos e cruzar os braços. Bianca mordeu o lábio inferior, pensando um pouco. ''Gostaria de escutar mais histórias como essa.'' Ela concluiu.

Rafa, que estava cabisbaixa, balançou a cabeça positivamente, tentando ao máximo conter um sorriso em seu rosto, e falhando miseravelmente.

''Eu não teria problema em contar mais histórias pra você.'' Ela falou, utilizando seu tom de voz baixo. ''Eu era uma criança bem travessa, então, o que não me falta é história.'' A mais alta riu, ao mesmo tempo que Bianca apenas a admirava com um sorriso bobo incrustado em seu rosto.

A tensão pareceu se instalar ali, e Rafaella respirou fundo para tentar conter os efeitos que Bianca deixava em seu corpo, apenas pela proximidade.

O seu coração já estava acelerado, e era horrível não poder simplesmente controlá-lo.

Ela voltou seu olhar para Bia, que no momento, estava encarando a cortina d'água. Sentindo seu coração quase pular por sua garganta, Rafa tomou um pouco de coragem para falar:

''Você tá... Bonita. Hoje.'' A missionária, graças ao nervosismo, acabou falando em pausas.

Bianca retornou sua atenção para Rafaella com um olhar suspeito em seus olhos, como se ela não estivesse acreditando naquele comentário. Entretanto, o risinho preso em seus lábios demonstrava o quanto ela havia gostado daquilo.

''Ah, então eu não sou bonita os outros dias?'' Perguntou, confiante, deixando um riso escapar durante suas falas.

''Bianca, fica quieta. Você entendeu.'' Rafaella disse alegre, balançando a cabeça negativamente.

''Você também tá bonita.'' Bia disse, mais uma vez, usando sua confiança, mas dessa vez de uma maneira mais meiga.

Rafa, feliz com o elogio, olhou para os próprios pés. Ela estava tentando se acostumar em sua alta taxa de reatividade aos comentários e ações da empresária. A missionária, não sabendo mais o que dizer, mas querendo continuar a falar com Bia, puxou assunto: ''É, então, elas estão demorando, né?''

''Também achei esquisito.'' Ela trincou o próprio maxilar. ''Será que...''

E então um barulho alto retumbou e ecoou pela gruta, fazendo Bianca e Rafaella se assustarem. Elas olharam em volta e observaram uma movimentação perto de uma das entradas. As duas entreolharam-se com olhos confusos. Ambas se aproximaram do lugar, procurando uma causa para o som.

Até que elas conseguiram enxergar a figura de Manu tentando ajudar Mariana a se levantar. As duas atrás de uma pedra, praticamente escondidas.

Depois que a modelo - encharcada - se levantou, ela e a cantora entrecruzaram olhares, sem nem ao menos perceber Bia e Rafa às encarando.

Rafa semicerrou os olhos, questionando-se o que havia acontecido ali. Porém, ela só tinha a certeza de que Manoela teria que explicar certinho o que tinha sido todo aquele alvoroço.


Longe dali, e espreguiçando-se em cima de uma canga, estava Gizelly, que se bronzeava feliz. Ela tinha ficado com a parte mais fácil do plano e agradecia a Deus por isso.

Diferentemente de Flay que praticamente Havia quebrado o celular de Guilherme, ou de Manu e Mari que eram as intrometidas do grupo, Gizelly só precisava observar a movimentação e não deixar mais ninguém seguir a trilha para dentro da caverna. E aquilo, em sua opinião, era fácil.

Ela abaixou seus óculos escuros, contabilizando as pessoas à sua volta para ter certeza de que ninguém havia sumido de seu radar. Satisfeita com sua análise, ela voltou a tomar sol, relaxando.

Gabi, ao seu lado, a acompanhava.

A menina de vez em quando começava a falar em um assunto aleatório, e Gi, muitas vezes desinteressada, acabava deixando Gabriela falar sozinha. Porém, não era como se Gabi ligasse, até porque ela alternava entre cantar e dialogar sobre um tópico específico que vinha à sua mente, e fazia ambos com uma alta disposição.

Naquele momento, no entanto, Gabriela já estava preocupando-se com o sumiço de Mari, Manu, Bianca e Rafa, que ainda não haviam aparecido já há alguns bons minutos. O que lhe deu tempo para refletir muito no assunto.

''Você percebeu que a Bia e a Rafa estão mais próximas?'' Gabi perguntou para Gizelly, que arregalou os olhos. A sua sorte, era que seus óculos taparam sua expressão, fazendo-a parecer neutra ao assunto.

''Eu? Não.'' Gizelly negou, voltando toda a sua atenção para a cantora. ''Não.'' Repetiu.

''Sério? Eu estava até sentindo algo a mais naquelas duas. Não sei, né. A Rafa tá com o Léo, e é toda certinha lá. Não sei se ela ficaria com a Bianca, que é meio porra louca. Mas eu senti alguma coisa, uma faísca.'' Gabriela comentou, deixando seus pensamentos desorganizados saírem por seus lábios. Como consequência, Gizelly estava ainda mais apreensiva.

A advogada gostava da cantora, mas tinha medo do jeito ingênuo de Gabi acabar atrapalhando na operação, e portanto, ela estava preferindo mentir para a garota e desviar completamente daquele assunto. Até porque, Manu havia dito explicitamente para não deixar mais ninguém se intrometer, já que muitas pessoas já estavam sabendo daquilo tudo.

''Você acha? Nossa, não. Mesmo.'' Gizelly engoliu em seco, ajeitando sua posição na canga para poder olhar melhor a loira.

Gabi franziu sua testa, confusa.

''Mas, pera. Não era você que tava subindo tag e shippando elas?'' Gabriela perguntou, coçando sua cabeça.

Gizely abriu a boca, não esperando esse comentário da mais nova. A campeã do BBB 20 engoliu em seco, arrependendo-se de todas as suas implicâncias na web, e se lamentando.

''Eu? Shippar elas? Tá louca? Eu só fico zoando com a cara da Rafa por puro entretenimento.'' Gizelly respondeu, rezando para ter soado de maneira verídica.

''Aham, sei, Gi.'' Gabi disse com um riso.

''Sério.'' A advogada afirmou. ''Palavra de escoteira.'' Ela disse, imediatamente confundindo-se pelo o porquê daquilo ter saído de sua boca. Sua expressão desnorteada, logo foi reposta por uma séria, antes que Gabi notasse a mudança.

A loira abriu a boca, como uma criança surpresa.

''Nossa, Gi! Eu não sabia que você tinha sido escoteira!'' Gabriela exclamou, surpresa, e ao mesmo tempo alegre com a notícia.

A advogada levantou as sobrancelhas, raciocinando.

''Nem eu.'' Gizelly sussurrou para si, esfregando sua testa.

''Han?''

''Nada, não.'' A advogada confirmou, disfarçando a irritação de seu tom de voz.

Olhando pelo lado bom daquele comentário completamente sem sentido, o foco havia saído de Rafa e Bia, o que era uma vitória para o movimento dos cupidos - ou o que quer que Manu tivesse nomeado o quarteto de mulheres. Entretanto, agora, Gabriela estava interessada nas habilidades fictícias de Gizelly, que por não serem reais, estavam fadadas à problemas.

''Você deve estar adorando esse clima de natureza...'' Gabi comentou.

''Nossa, óbvio! Eu só reclamei no começo porque eu desacostumei um pouquinho, mas, totalmente. Ainda sou apaixonada por árvores. E pedras. E galhos.'' A advogada suspirou, escondendo sua expressão de desgosto. Ela pediu ajuda a Deus para conseguir sair daquela conversa humilhante. Gizelly não sabia onde enfiar a cara. ''Planta? Adoro! Mosquito? Maravilha!'' Ela falou, tentando controlar o sarcasmo utilizado em suas palavras.

Enfim ela suspirou, analisando todo aquele surto momentâneo.

''Mais tarde você vai ter que acender uma fogueira tipo nos filmes...'' A loira sugeriu, animada, retirando a outra de seus pensamentos.

''Nos filmes?'' Gizelly perguntou confusa, já arrependendo-se de ter começado a papear com a cantora ao seu lado.

''É, boba. Com pedra!''

''Ah, legal. Claro.'' A advogada suspirou pesadamente. ''Estilo mulher-das-cavernas. Entendi.'' Ela completou, arrancando uma risada de Gabriela. ''Meu pai amado.''

''Que?'' Gabriela perguntou.

''Nada.'' Desviou, tentando tranquilizar-se.

Ao invés do que Gizelly estava pensando no começo da tarde, quando o clima estava ameno, aquele seria um longo e cansativo dia para a advogada...


Alguns minutos antes... Na caverna.

Mari e Manu tinham acabado de adentrar no local, e presenciaram o começo das interações das outras duas por ali. Elas, próximas à uma das entradas, ficaram escondidas atrás de uma rocha para conseguirem observar tudo sem atrapalhar o processo, ou serem descobertas.

''Mari, cuidado!'' Manu sussurrou em desespero para Mariana, que ao chegar para trás, tinha se molhado um pouco no jato de água da cachoeira. A modelo engoliu em seco, depois de quase ter um troço pelo susto.

''Você falou alguma coisa?'' A voz de Rafaella fez Manu e Mari travarem. As duas levantaram suas cabeças lentamente, para analisarem Bia e Rafa se perguntando o que havia acontecido.

Manoela colocou um dedo nos lábios fazendo um símbolo de silêncio para a baiana. Mari suspirou, nervosa, odiando-se por quase ter estragado tudo.

As duas observaram toda a conversa de Bianca e Rafaella, quase como se estivessem assistindo um filme. Dependendo do comentário solto por uma delas, o coração das 'telespectadoras' aquecia e elas se entreolharam achando a situação adorável. Depois da troca de elogios, Manu conseguiu sentir borboletas subirem em seu estômago, pela felicidade que habitava seu corpo naquele momento.

Até que...

''É, então, elas estão demorando, né?'' Rafa disse por fim, chamando a atenção das outras duas, que perceberam que haviam passado tempo demais longe.

A questão foi que o comentário acabou desestabilizando Mariana. Ela estava tão focada na relação das outras duas, que acabou se esquecendo de que aquilo tudo fazia parte de um planinho no qual ela estava envolvida.

Então, desequilibrando-se graças à água ainda presente em seu corpo, e em seus sapatos, Mariana sem querer escorregou em seu próprio rastro, e caiu certeiramente no chão. O impacto fez ela gemer um pouco em dor, mas a baiana tentou se conter, sentindo as suas costas arderem.

A cantora, surpresa com o barulho, passou as mãos por seus fios escuros e curtos de cabelo, puxando-os para trás, aflita com o som feito. Manu primeiro analisou Mari para ter certeza de que nada grave havia acontecido, depois estendeu as mãos para a modelo, ajudando-a a se levantar, e depois olhou fixamente para ela.

''Mari, o barulho...'' Ela começou, até que a modelo arregalou os olhos e Manu estranhou. Mariana desviou algumas vezes seu olhar em outra direção, e o coração da cantora parou. Ela engoliu em seco, virando-se e se deparando com a imagem de Rafaella de braços cruzados à encarando e Bianca confusa, sem entender toda a tensão instaurada ali. ''Oi!'' Manu acenou com um sorriso.

''Vocês estavam aí há muito tempo?'' Bia perguntou, elevando uma de suas sobrancelhas em um tom desconfiado, aproximando-se de Mari para ver a pele avermelhada da modelo. ''Tá tudo bem?'' A baiana assentiu, com um sorriso sem graça.

Rafaella estava apenas séria. Aquela pose autoritária e gélida da mais alta estava intimidando vigorosamente Manu e Mari, que não sabiam como reagir.

''A gente? Não. A gente tava vindo pra cá e se trombou, por isso que a Mari caiu. Né, Mari?'' Manoela perguntou.

''É, Mari.'' A baiana disse, sem prestar atenção. Ela então percebeu o olhar aflito de Manu, e se deu conta do quê havia dito. ''Quer dizer: É, Manu.'' Ela piscou para a mais baixa com um sorrisinho, fazendo Manoela abaixar a cabeça e esfregar a testa com as mãos.

''Meu Deus.'' Manoela murmurou, arrependendo-se de não ter escolhido Flay no lugar de Mariana. Ela suspirou, olhando para cima. ''Vamos sair daqui?'' A cantora questionou, louca para se livrar daquela posição em que estava.

''Ué, mas vocês não acabaram de chegar?'' Rafa perguntou, com o tom de voz claramente debochado, quase como se estivesse alfinetando as outras duas.

''É, mas aqui tá chato.'' Manu retrucou no mesmo tom, demonstrando a àrea com as mãos. Ela abriu um sorriso e segurou o pulso de Mari, puxando-a. ''Vamos.''

Assim que Manoela disse aquilo, ela e Mariana foram na direção da saída rapidamente. Mari estava tentando não escorregar novamente, enquanto era praticamente carregada pela mais baixa. Ambas estavam sendo seguidas por Rafa e Bia, que andavam lado a lado quietas.

Assim que a claridade do ambiente de fora bateu nos olhos de Manu, ela sentiu uma leve dorzinha, mas voltou a caminhar. Naquele momento, ela tinha certeza de que Rafa sabia o exatamente o que estava rolando, e a cantora faria o possível e o impossível para ficar o mais longe possível da missionária. Ela estava apenas prezando por sua vida.

Rafaella, atrás da dupla dinâmica, andava em passos pesados, já tendo alguma noção do que aquilo poderia ter sido, se irritando profundamente com seus pensamentos e suas ideias insanas.

Bianca, diferentemente, ainda não tinha entendido o ocorrido, e só estranhava o comportamento da modelo e da cantora, perguntando-se o que poderia ter acontecido para elas agirem daquela maneira tão estranha.



A tarde já estava em sua metade.

Flay, no momento, estava sentada ao lado de Guilherme, em uma canga estirada no chão, enquanto ele ainda tentava ligar seu celular.

Eles haviam passado a última hora procurando pelo objeto, e finalmente, quando o encontraram a primeira coisa que Gui fez foi correr disparado para longe do lago, tentando se afastar de Flayslane e de seus movimentos repentinos.

A cantora, no entanto, estava se sentindo culpada. Ela não queria ter ferrado com o telefone do homem, mas ela não teve uma ideia melhor na hora, e aquilo parecia ter sido uma boa no momento. Ela já havia dito que iria comprar um celular novo para Guilherme, que estava emburrado e chateado, enquanto olhava os outros participantes se divertindo na água.

''O que a Bia tá fazendo com a Manu, a Mari e a Rafa lá atrás?'' Guilherme perguntou, apontando com seu indicador para o grupo.

A cantora sertaneja virou seu olhar para o quarteto que andavam em sua direção, cabisbaixas. Aquela imagem não transmitia coisa boa para Flay, fazendo-a se angustiar. Algo claramente não havia dado certo.

"Eu vou lá rapidinho." Flay afirmou, enquanto Guilherme voltava sua atenção para seu celular.

Flayslane levantou-se e foi até lá, deixando Gui sozinho, lamentando-se. Entretanto, ganhando uma abertura para ficar perto do modelo, Victor Hugo aproveitou-se para se sentar ao lado do homem, tentando confortá-lo.

''Oi, meninas.'' Ela saudou, sorrindo. Manu, em um movimento quase imperceptível balançou a cabeça negativamente. ''É, eu to precisando de uma ajuda pra encontrar minha toalha.''

''Ué, o Gui não tá sentado nela?'' Bianca perguntou, confusa, fazendo Rafa lançar seu olhar desafiador para a cantora sertaneja, que engoliu em seco.

''Não.'' Ela negou excessivamente. ''Aquela é a minha canga, eu quero minha toalha.''

''Ah, se quiser eu te ajudo...'' Bia se ofereceu, já andando na direção da amiga. Mas parando assim que a outra começou a falar:

''Não, valeu. Manu. Mari.'' Chamou as duas, saindo de perto. A modelo e a cantora seguiram-na, deixando Bianca e Rafaela a sós.

Rafa suspirou. Ela olhou em volta, percebendo a figura de Gizelly e Gabriela por perto.

''É, quer ir ficar um pouco com a Gi e a Gabi?'' Rafa questionou a outra, que apenas assentiu, calada.

As duas andaram lado a lado até a canga da advogada, sentando-se ali, enquanto adentravam em um assunto aleatório proposto por Gabriela. Rafaella, no entanto, ainda desconcertada, observava de longe o trio de mulheres conversando por entre as plantas, tentando entender o que se passava por ali.

''O que aconteceu?" Flay perguntou, já aflita.

''A gente estava lá olhando tudo. Tava lindo, e fofo, parecia um filme. Juro pra você... Só que do nada, a Mari escorregou e caiu no chão. Óbvio que fez um barulhão e elas encontraram nós duas escondidas atrás de uma pedra.'' Manoela disse impaciente, irritada com a parte que havia dado errado em seu plano.

Flayslane olhou para Mari e deu um soco no ombro da mesma.

''Ai! Doeu.'' Ela disse, fazendo um bico. Mariana esfregou o local dolorido com as mãos, olhando para Flay com uma careta.

''O que vai doer, vai ser quando a Rafaella comer o teu cu assado, sua quenga! Só do jeito que ela olhou pra mim, eu percebi que vou ser morta e fatiada.'' Flayslane disse, com o tom de voz já alterado. Manu fez um sinal para ela abaixar a voz.

''É, eu acho que ela já sacou.'' Manu concluiu, passando as mãos pela cabeça, enquanto suspirava profundamente. ''Ela vai me matar." Manoela choramingou.

''Gente, calma, tá tudo bem.'' A baiana garantiu. Ela fez um movimento para respirar fundo e soltar o ar, como se quisesse que as outras a acompanhassem. Porém, Flay e Manu apenas a observaram, frustradas. ''Olha, a Rafa nem sabe o que aconteceu, não tem motivo pra ter desespero. Ela só parecia irritada, mas talvez ela não esteja tão puta assim, né?''

''É... Eu acho. Não sei.'' A mais baixa disse, tentando se acalmar.

''Só, vamos agir naturalmente.'' Mari falou, tranquilizando as outras duas. ''Cadê a Gizelly?" Ela perguntou, dando falta do outro membro da operação. ''Ah, tá com a Rafa e a Bia.'' Ela disse calmamente.

Flay e Manu se entreolharam, arregalando os olhos enquanto já disparavam para perto da advogada. Se tinha uma coisa que a advogada não sabia fazer direito era mentir, porque ela imediatamente transparência o que estava sentindo ou simplesmente inventava algo sem sentido. Então, as três, desesperadas, foram até o grupo.

Bianca foi a primeira a avistar o grupo movimentando-se em sua direção.

''Encontraram a toalha?'' Bianca questionou, levantando a cabeça para poder olhar para o trio de meninas à sua frente. Ela semicerrou os olhos por causa dos raios de sol que iluminavam a imagem das três.

A empresária estava sentada em uma rodinha, ao lado de Rafa e Gabi, enquanto Gizelly, separada delas, estava ajoelhada na terra, perto de uma quantidade anormal de galhos amontoados.

''Encontramos.'' Manu falou, meio receosa, não entendendo o que Gi estava fazendo. ''Titchela?'' Ela perguntou, referindo-se ao que raios ela estava fazendo ali.

''Eu sou escoteira.'' A advogada disse de maneira curta e grossa, se virando para Manoela, que a olhou ainda mais desconcertada. ''Caso você não saiba.'' A mulher lambeu os lábios, falando claramente revoltada. Ela secou um pouco do suor de sua testa, sujando-a com terra. ''Aí a Gabi me pediu pra mostrar pra ela como que eu faço pra acender uma fogueira sem isqueiro ou fósforos. Que são úteis e necessários, mas que eu vou ter que abrir mão.'' Ela explicou, quase que cômicamente.

Manu, sem entender absolutamente nada, apenas balançou a cabeça lentamente observando aquilo.

''Ela tá há meia hora tentando fazer isso acontecer.'' Thelma disse, chegando perto do grupo, e olhando de Manu para Mari, que observavam aquilo atentamente. A anestesista estava envolta em uma toalha, depois de ter passado a tarde no lago unida a Marcela, Daniel e Ivy. Os outros três estavam encharcados de água, enquanto observavam Gizelly bater as pedrinhas no chão.

''Eu nem sabia que a Gi tinha sido escoteira.'' Marcela comentou, surpresa.

''É, Marcela, mas você não sabe nada sobre mim.'' Gizelly alfinetou, fazendo a loira revirar os olhos. ''Foram anos duros de aprendizagem, que eu tenho muito orgulho.''

''Meu Deus, Gi. Gentê, que legal!'' Daniel disse, agachando-se e se aproximando da advogada, observando ela tentar acender a fogueira pela milésima vez. ''Mas cadê o fogo?''

''EU ESTOU TENTANDO, OK?'' A advogada falou, com seu tom de voz alterado, surpreendendo o rapaz que foi de um sorriso animado para uma expressão intimidada. ''Desculpa.'' Ela pediu mais calma, voltando sua atenção para os galhos.

''Gi, se você quiser você não precisa fazer isso ago...'' Gabriela tentou interferir.

''Não, eu sei fazer. Só espera.'' Ela disse, focando toda sua atenção ali.

Uma leve faísca começou a aparecer e a fumaça surgiu por entre os galhos, e Gizelly foi rápida em começar a soprar, e em seguida, começar a comemorar, junto com Gabi, que estava alegre em ver aquilo com os próprios olhos.

''Cadê?'' Daniel disse, aproximando seu rosto mais uma vez, que por estar molhado, acabou deixando um pouco de água cair de sua pele e de seus fios de cabelo no protótipo de fogueira de Gizelly, que logo se apagou.

O ator arregalou os olhos, e abriu a boca, olhando em choque para a advogada, que estava perplexa com o fato de Daniel ter destruído o que ela havia se esforçado tanto para fazer.

Os outros em volta, estavam divididos entre observar a cena com um riso preso, ou simplesmente ficam em choque. A única que gargalhava abertamente ali, era Manoela, que não teve como se conter.

''Foda-se, vambora, que eu não aguento mais vocês.'' Gizelly disse, irritada, saindo de sua posição e se levantando. Ela estava oficialmente acabando com a festa de todo mundo e se preparando pra ir embora dali, já impaciente.

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