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''Licença, sai da frente!'' Gizelly disse, assim que a porta da minivan se abriu, correndo em direção a uma cabaninha para poder ir ao banheiro.
A viagem foi um pouco cansativa para a maioria deles, que estavam escutando reclamações, cantorias e orações de uma só vez, mas tudo aparentemente valia a pena ao observarem o local ao seu redor.
O carro tinha estacionado na parte de grama, onde haviam algumas árvores e uma trilha para dentro do matagal, assim como o caminho de volta para o hotel. Por ali perto, também, existiam algumas casinhas de madeira construídas, que indicavam sanitários e a compra ou aluguel de utensílios.
No entanto, aquele ambiente verde, surpreendentemente contrastava com uma mini praia particular, com extensão o suficiente para colocar as barracas. Além disso, a cor transparente da água era possível ser observada de longe, chocando a maioria dos participantes do programa.
O problema era: Manu estava puta.
Ela não tinha lido nada sobre areia, e ultimamente, ela estava tentando evitar ao máximo o sol, praia, ou qualquer coisa que a deixasse queimada. Então, ela já estava suspirando ao pensar na possibilidade de ter que ficar constantemente passando protetor solar em sua pele.
''Eu estava esperando bem mais mato e mosquitos.'' Bianca disse, dando um pulinho para sair do carro. ''Até que é aceitável.'' Ela colocou as mãos na cintura, satisfeita com a imagem que estava presenciando.
Manoela, que estava de braços cruzados, apoiada contra o veículo, suspirou profundamente, saindo de perto do local e aproximando-se de Bia.
''Óbvio que é, isso aqui é o acampamento mais moderno que eu já vi na vida. Só falta ter um fliperama.'' A cantora reclamou, irritada. ''Eu só queria um pouco de natureza e paz.'' Choramingou.
''Tecnicamente, você tem natureza. Não tem mato pra todo o lado, mas tem um pouco, né.'' Marcela disse, tentando confortar a mais baixa, que ainda estava chateada. Ela coçou um pouco os olhos, ainda com sono, depois de dormir durante todo o caminho. ''Você não procurou imagens sobre como seria aqui?''
''Eu recebi indicação da Bruna, aí eu nem me preocupei, já achando que seria bom...'' Manu explicou. Ela respirou fundo, e tentou manter um sorriso no rosto. ''Ainda dá pra ser bom, né?'' Ela olhou para Marcela, e em seguida para Bianca.
''Claro, né.'' Marcela, disse, enquanto a outra apenas assentiu.
Um assobio agudo fez todas as meninas direcionarem seus olhares para uma das cabanas de madeira.
''Gente, eles tem sauna!'' Gizelly gritou pulando e balançando os braços para cima, alegre. ''Aeeee!"
Manu esfregou o rosto, voltando a queixar-se coisas de modo inaudível.
"Eu queria um acampamento raíz, com a experiência completa. Não queria um spa.'' Manoela falou.
''Eu gostei.'' Bianca retrucou, saindo de perto e indo pegar sua mochila no porta-malas do carro.
''Sua quenga. Eu escutei você reclamando por uma hora e meia, pra você me falar isso na maior alegria.'' Disse Flay, que se espreguiçava e alongava em frente a minivan, ao lado de Mari. ''A tua sorte é que eu sou sua amiga, senão eu te metia a porrada.'' Ela completou, tentando soar irritada, porém com um leve humor em sua fala.
Bianca soltou uma risada, enquanto ainda estava com dificuldade para pegar sua mochila.
De longe, saindo do banco de motorista, Rafaella observou aquilo e tentou se aproximar para ajudar.
Porém, ela parou, assim que viu a figura de Guilherme intrometendo-se e segurando a mala de Bia em seus ombros. Ela observou o sorriso de Bianca para o modelo, e trincou seu maxilar, sentindo raiva.
Ok, talvez, desde que teve a conversa mais bizarra de sua vida com Manu e Gizelly, Rafaella estivesse realmente questionando os seus sentimentos em relação a Bianca.
O que ela tinha certeza é que: quando elas não estavam brigando, ela adorava ficar próxima a Bia. Era impressionante como apenas dividir o mesmo ambiente que a empresária já deixava seu dia mais alegre.
Então, é.
Ela estava começando a aceitar a possibilidade de não ser tão hétero quanto achava que era. Por mais estranho que isso parecesse em sua cabeça, afinal, ela não se lembrava de ter esse tipo de encantamento por alguma menina... Ou menino, pra falar a verdade.
Era quase como se suas reações a Bianca fossem únicas e especiais. E era humilhante.
Normalmente, Rafaella não era tão ciumenta, e por mais que não quisesse admitir, ela sabia que estava ultrapassando um pouco nesse sentido. Ela ficava chateada muito facilmente, por absolutamente nada. E agora, com mais essa de Guilherme, ela se encontrava em um desses surtos.
O que, novamente, era humilhante.
Ela então fechou a porta do carro, com força, mas de maneira involuntária. O barulho do ato, fez ela ganhar os olhares de todos por perto, que olharam-na confusos. Rafa andou com passos pesados até Manu, que a observava com uma expressão receosa.
''O que foi?'' Manoela perguntou, com uma sobrancelha erguida.
''Nada... Só, sei lá.'' A missionária disse, confusa em seus próprios pensamentos. ''Nada.'' Rafaella lambeu os próprios lábios, desviando o olhar para a paisagem.
Manoela riu.
''Entendi, já.'' Manu falou, com um risinho. ''Bianca.'' Ela complementou, fazendo Rafa arregalar os olhos.
''Cala a boca.'' Rafaella alertou, fazendo a cantora soltar mais um riso.
''Acertei, não acertei?''
''Tá na hora da gente montar barraca!'' Rafaella gritou para todos, chamando a atenção do grupo. Ela estava preferindo fugir daquele assunto, por hora.
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Depois de um tempo tentando montar as barrracas, as únicas que ainda não haviam completado essa tarefa eram Ivy e Gizelly, que estavam, no momento, discutindo sobre esse mesmo assunto.
Manu e Rafa, de longe, se divertiam com a dupla, que soltava gritos uma para a outra, sobre como deveriam armar aquilo.
Guilherme e Rafa já haviam tentado interferir e ajudar ali, mas Gizelly, mantendo seu orgulho, quis continuar a tentar montar a barraca sozinha, ou pelo menos, com a ajuda de sua dupla. Ivy, no entanto, estava querendo aceitar o auxílio já há alguns minutos, irritando-se com a posição da advogada.
Ambas já estavam sujas de areia e terra, de tanto mudar suas posições para instalar aquele dormitório improvisado. Naquele instante, a campeã do bbb estava secando o suor de sua testa com a parte de trás de sua mão, enquanto insistia pela última vez no término da montagem.
''Segura isso.'' A advogada disse, mandando Ivy ficar com uma haste em mãos, fincando-a no chão.
''Gi..'' Rafaella tentou avisar.
''Não, Rafa.'' Gizelly apontou para a missionária. Ela hasteou o tecido, por fim terminando a construção de sua barraca. A advogada e sua dupla se afastaram do lugar, para poderem ter uma visão mais ampla de como estava aquilo. ''Ficou até fofa, né.'' Gi comentou.
Ivy, cansada, negava com a cabeça lentamente, guardando um sorriso no rosto, como se não estivesse acreditando em todo o alvoroço que Gizelly havia feito.
''Gi, olha a barraca de todo mundo.'' Ivy pediu, apontando. A advogada exerceu o ato, percebendo que todos estavam com barracas perfeitas e lisas, sem rugas nos tecidos, ou espaços mal alinhados. ''Agora, olha a nossa.'' Gizelly o fez, percebendo que havia uma clara diferença. Ela fechou o rosto, irritada, e cruzou os braços. ''Eu acho que se a gente dormir aí, é capaz disso cair em cima de nós duas.''
A campeã do reality fez uma careta para a morena, demonstrando sua língua e adentrando os tecidos da cabana. Ela colocou apenas sua cabeça para fora, encarando Ivy.
''Para a sua informação, isso aqui está lindo.''
''Gi, isso tá horrível.'' Rafa falou, rindo, colocando as mãos na boca para tentar tapar o barulho.
''Tu não tem o que falar, que nem barraca você montou.'' A advogada disse frustrada, saindo de dentro da cabana.
A campeã ainda estava irritada com o fato de Manu e Rafa terem dividido o porta-malas da mini-van para dormir. A razão para isso era: Não tinham barracas o suficiente, e aquele era o um bom local para ficar, por ter mais espaço, e não estar no chão.
E enquanto isso, o resto das duplas estava batalhando para montar um local para dormir, ou ao menos era aquela a visão de Gizelly.
''Eu tentei oferecer ajuda, né. Mas você não aceita.'' Rafaella retrucou, aproximando-se da tenda. Ela colocou uma mão por cima do local, estremecendo-o para ter certeza de que ele não iria cair. Enquanto a mais alta fazia aquilo, Gizelly sentiu seu coração parar. ''Até que está resistente, né?'' Ela falou, terminando de balançar a barraca.
''Rafa, eu vou te matar.'' Gizelly falou, semicerrando os olhos, com um tom divertido.
A missionária soltou uma risada, enquanto a advogada fingia indignação. O riso de Rafa parou no momento em que Bianca aproximou-se do local, olhando para a cabana da advogada.
''Nossa, Gizelly, ficou... Bonitinha?'' A empresária disse, tentando ser positiva, mas claramente carregando um tom de voz meio duvidoso. Ela riu e a advogada cruzou os braços, encarando-a.
''Eu desisto de vocês.'' Gizelly concluiu com uma risada, passando as mãos pelo rosto, se sujando ainda mais de terra. "Eu devo ter tacado pedra na cruz, Senhor. Não é possível!"
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O céu já estava ganhando uma tonalidade mais arroxeada graças à tarde se esvaindo e a noite chegando. Devido ao ambiente limpo, era possível enxergar o pôr do sol perfeito em um degradê de cores chamativas. Era realmente uma visão espetacular.
Depois de arrumarem toda a área, com a construção de uma fogueira e o posicionamento de cadeiras e almofadas em seu entorno, todos se voltaram para a única necessidade do momento... Comida.
O grupo estava faminto depois de toda a viagem, e do tempo gasto organizando o local, portanto, Babu e Rafa foram os primeiros a começar a cozinhar. Eles colocaram uma grelha por cima do fogo, iniciando a fritura de legumes e carnes, fazendo pratos como hambúrgueres vegetarianos ou de carne, indicados para a escolha pessoal.
Longe do local, sentada em uma cadeira virada para a praia, Bianca apenas observava, deliciando-se com o aroma. Se tinha uma coisa em que ela realmente admirava em Rafaella, era em sua habilidade culinária. Era impressionante o fato de que tudo o que Rafa fazia conseguia ser apetitoso. Era um dom magnífico.
Ela se lembrava de alguns pratos feitos pela missionária na época do reality, que eram verdadeiramente inesquecíveis.
Depois de alguns segundos admirando Rafa, ela percebeu com o canto de seu olho que Manu a encarava, mas com um olhar um tanto indecifrável.
Bia, então, rapidamente desviou seu olhar para a paisagem da praia, observando o reflexo do céu na água, tentando agir naturalmente.
Era irritante o quanto Manoela estava sempre à espreita.
Durante os últimos dias, esse tipo de atitude era frequente.
Caso, porventura do destino Bianca chegasse a sequer encarar Rafaella por menos de um milésimo de segundo, era impressionante o quanto Manoela era rápida em observar. O que chegava até a assustar Bia, que achava aquilo bizarro. Então, ela estava tentando evitar admirar Rafaella.
Era estranho ficar sendo analisada sem motivo, ainda mais pela melhor amiga de sua... inimiga?
Não. Pensou Bianca.
Nem disso mais ela poderia chamar Rafa.
Ela estava realmente começando a simpatizar com a missionária. Como ser humano, ela tinha várias qualidades, e a empresária havia se impressionado com algumas situações que envolviam Rafaella. Como o dia em que houve a fatídica briga com Diogo. Bianca nunca esperaria aquele apoio de Rafa, o que tinha sido admirável da parte da mais alta.
Além disso, Bia se pegava em alguns momentos pensando sobre algumas ocasiões específicas que compartilhou com Rafa.
Alguns instantes mais íntimos vinham à tona e Bianca questionava-se: Eles realmente haviam acontecido?
A empresária tinha suas dúvidas porque nem ao menos conversar sobre essas situações era algo que elas faziam. Bia e Rafa simplesmente ignoravam e seguiam em frente, sem tocar no assunto, fingindo que era normal quase se beijarem em uma constância anormal. E definitivamente não era.
Então, por alguns segundos, quando a ansiedade de Bia batia, ela tinha vontade de simplesmente puxar Rafaella para uma longa conversa, sobre tudo o que havia ocorrido nos últimos dias. Entender o que estava se passando entre elas.
Bianca, atualmente, não sabia distinguir se era inimizade, amizade, ou talvez algo a mais. Poderia ser algo a mais? Era tudo tão confuso e complexo que chegava a ser exaustivo.
"Vai querer?" Manu disse, retirando Bianca de seus pensamentos. "É vegetariano." Ela ofereceu o sanduíche na direção da empresária.
Bianca foi rápida em elevar o próprio braço para aceitar a oferta da cantora.
A mais baixa olhou em volta, procurando onde se sentar. Em seguida, ela puxou uma cadeira que estava afastada, para perto de Bia, sentando-se próxima da outra.
"E aí? Tá gostando do acampamento?" Manu perguntou, tentando puxar assunto e dando outra mordida em seu próprio hambúrguer.
"Não está ruim, né." Bia disse, com um tom bem humorado. "Brincadeira, tá legal, sim."
"Que bom..." Manoela suspirou, ficando quieta por alguns segundos. "Esse sanduíche tá muito bom, a Rafa é genial na cozinha."
"É, ela é mesmo." Bianca deu uma mordida em seu próprio lanche, saboreando-se com o sabor perfeito da mistura.
"Mas só na cozinha?" Manu perguntou, recebendo um olhar confuso de Bianca.
"Quê?" A morena disse com a boca cheia, não entendendo o que Manu havia dito.
"Nada, deixa." A cantora balançou a cabeça negativamente alguns segundos, com um riso de nervoso preso nos lábios. "Eu só acho que a Rafa é maravilhosa em vários sentidos..." Manoela explicou.
"Humm." Bianca disse, ainda mastigando. Por um momento Bia retirou seus olhos da mais baixa, fincando-os na figura da missionária que ainda grelhava os alimentos.
"Você também acha?"
"Han?" A empresária perguntou, depois de não ter escutado o que a cantora havia dito.
"Deixa pra lá." Manoela falou, com uma risada sem graça, preferindo mudar de assunto. Ela já havia conseguido piorar o que já estava ruim.
"Okay,..." Bia respondeu, suspeitando levemente da outra. Ela soltou uma risada, enquanto observava a postura envergonhada de Manu. "Você é muito estranha, cara."
"Eu sei." A cantora disse, com uma gargalhada seca, passando a mão pelo rosto. Ela ficou alguns momentos em silêncio, refletindo sobre o que falar em seguida. "O que eu estava querendo falar com você é, humm... Eu só estou feliz que a sua dinâmica com a Rafa está melhor. Tipo, vocês estão se suportando mais... e convivendo."
"Ah." Bia engoliu. "É, ela até que é suportável." Bianca falou, ganhando uma revirada de olhos de Manoela. A mais baixa deu um empurrãozinho no ombro de Bia, que olhou pra ela com um sorriso. "Ela é legal, sim. Me ajudou muito em um assunto."
"Sério?" Manu exclamou, curiosa.
"É. No negocio do meu ex. E todo o problema." Bianca explicou, gesticulando um pouco, ainda com o sanduíche em mãos. "É uma coisa que mexe muito comigo."
Manu balançou a cabeça positivamente, pensando. Ela estava olhando fixamente algum ponto que Bianca não sabia identificar, ao certo, qual. Então, Bia voltou a admirar o mar.
"Eu acho, minha perspectiva como Manu Gavassi, que você deveria dar chances para novas... relações. É sempre bom renovar, e talvez te ajude a respirar melhor." Manoela disse, rezando para não ter sido óbvia demais.
Bia passou alguns segundos pensando nas palavras de Manu, sem falar nada.
Manoela, em sua cabeça, já estava se arrependendo e se martirizando por ter vindo falar com a empresária. Ela odiava essa necessidade que tinha de se intrometer e tentar ajudar. Às vezes, ela poderia acabar só bagunçando ainda mais as coisas, mesmo com a melhor das intenções.
"É, eu acho que você tá certa." Bia concluiu, deixando Manu respirar novamente, aliviada. "Eu vou pegar bebida, tô morrendo de sede." Bianca disse, levantando-se e indo até um dos coolers que eles haviam trazido.
Ela, diferentemente do que já estavam fazendo, preferiu pegar uma água ao invés de álcool, preparando-se para se manter sóbria e em alerta até o final da noite.
Não queria que Rafa repetisse o feito na noite do luau.
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Uma hora depois de ter acabado o jantar, quase todos já estavam em outro nível, festejando ao som de um amplificador e batidinhas suaves de música acústica.
Flay e Prior estavam dançando juntos de um lado da fogueira. Babu, já cansado, tinha ido dormir em sua barraca. Mari, Gabi, Victor Hugo e Chumbo estavam unidos, conversando na areia, com uma maior proximidade ao mar. Hadson e Lucas estavam bebendo cerveja e balançando a cabeça no ritmo da melodia das canções. E por fim, Gizelly, Thelma, Ivy, Marcela e Daniel estavam do outro lado do acampamento, papeando, cantando e dançando em meio à música.
A exceção quanto ao consumo de bebida era composta por Bianca, Manu e Rafa, que eram as únicas sóbrias ali. As três estavam sentadas nas almofadas da fogueira, alternando entre olhar as chamas, admirar a paisagem e observar os amigos.
Bia estava se sentindo bem, ali. Ela estava quieta, o que não era natural de seu feitio em festas ou comemorações, mas ela não estava no clima de ficar dançando ou correndo pela praia. Então, Bianca preferiu apenas observar os outros e eventualmente caso algo acontecesse, ajudá-los.
Manu não queria nem pensar na possibilidade de Rafa, ou qualquer um ali simplesmente sumir. Seria um pouco demais para a sua cabeça, portanto, ela achou melhor ficar sóbria e cuidar dos demais, assemelhando-se a Bianca.
E por último, Rafa.
A missionária estava com medo de acabar fazendo algo parecido com a noite do luau, e simplesmente se perder ou pior. Ela não estava querendo frustrar mais ninguém, e acabar prejudicando a noite de Manu ou a de Bia, novamente.
No entanto, naquele instante, quem estava dando nos nervos de Bianca, era Guilherme.
O modelo estava com a mania de circulá-la, já bêbado. Gui estava insistente naquela noite, constantemente aproximando-se e oferecendo bebida para Bia, que já estava claramente ficando irritada. Era quase como se ele quisesse realmente embebedá-la, e só a possibilidade do homem sequer pensar em fazer algo do tipo, deixava a empresária realmente magoada. Mas, ela não era a única que estava ficando com raiva.
Rafaella, analisando toda a cena, estava realmente se segurando para não voar na cara de Guilherme.
Era uma das coisas mais podres que ela havia visto o modelo fazer, e estava ficando enjoada com aquela perseguição. Já estava de bom tamanho.
''Gui, eu agradeço, mas eu não quero beber.'' Bianca concluiu, pela milésima vez, enquanto tentava desviar de uma garrafa de Ice que o homem insistia em aproximar de seu rosto. ''Sério, eu to ficando irritada.''
''Só, uma...'' A voz mole do homem indicava o quão embriagado ele realmente estava. O hálito de bebida que veio até Bianca foi forte, e ela teve que desviar o rosto para não sentir mais o cheiro intoxicante. ''Poxa, tu nem curte mais nas festas.''
''Eu curto quando eu quero. Ponto.'' Bianca finalizou, colocando as mãos nos ombros do modelo e empurrando ele de leve para longe.
Guilherme, frustrado, saiu do local em passadas raivosas, como se fosse uma criança que havia sido repreendida pelos pais.
A cabeça de Bianca remexeu-se negativamente demonstrando sua reprovação quanto à atitude de Gui. Além de infantil, era totalmente sem noção. Ela realmente não estava esperando uma coisa daquelas de Guilherme.
Depois que Bia afastou o modelo, uma leve onda de felicidade atingiu o peito da missionária, que observava atentamente. Aquilo estava dando à ela um pouco do gostinho de vitória, como se ela estivesse torcendo fielmente para um time, e esse tivesse ganho a partida. Ela estava satisfeita, e sua face não escondia isso.
Era bom ver Guilherme sofrer algum tipo de consequência depois de dias praticamente se jogando em cima de Bianca.
Até que uma movimentação esquisita começou no ambiente, ganhando a atenção de todos.
''Vai se foder!'' O grito soou, e as três meninas foram rápidas em levantar de suas cadeiras, aproximando-se do que parecia uma briga.
Logo que chegaram perto, elas conseguiram ver a imagem de Marcela no meio da praia de um lado, sendo segurada por Daniel, e Gizelly do lado contrário, sendo segurada por Ivy. Elas pareciam estar no meio de uma discussão quente, e Manu foi rápida em intervir, ficando no meio das duas.
''Gente, eu não quero nem saber o que está acontecendo aqui. Acabou.'' Manoela disse, séria, tentando cortar aquele clima.
Ela conseguia escutar Gizelly bufando de raiva ao seu lado, enquanto a mesma foi puxada por Ivy para longe. Marcela, entretanto, largou-se abruptamente de Daniel, indo até sua barraca. A loira foi seguida por Thelma, que estava disposta a ajudar a acalmá-la.
Daniel olhou em volta, desnorteado, e em seguida, aproximou-se do trio.
O homem encarou a mais baixa, sem saber ao certo o que dizer. Ele abriu e fechou a boca, sentindo a lerdeza proporcionada pelo choque do ocorrido e pelo álcool, atingirem sua fala.
''Eu...A Gizelly e a Mah. Elas estavam super bem, e eu não entendi direito, mas eu acho que a Mah perguntou se elas conseguiriam ser amigas como eram antes, e parecia que aquilo tinha tipo... Ligado um botão na Gi. E aí elas começaram a brigar, eu sei lá.'' Daniel disse, em meio a gagueiras, sem conseguir se expressar direito.
''Tá tudo bem.'' Rafa confortou o loiro, lançando um olhar meigo e acolhedor para ele.
''Elas vão se resolver, alguma hora. O nome disso é cachaça.'' Bianca disse, tentando tranquilizar o ator, apertando o ombro do mesmo.
Daniel, meio abatido, assentiu. Ele passou os dedos por seus fios dourados, chateado pelo clima que havia sido instaurado. O ator, então, acompanhou as outras três meninas até a fogueira, sentando-se ali, quieto.
Alguns minutos se passaram com eles de volta à sua posição original, em silêncio. Até que...
''Ás vezes, eu acho que elas brigam por minha culpa.'' A voz do rapaz saiu meio fraca, dando um indício de um 'pré-choro'. ''Tipo, se eu não tivesse entrado no programa, talvez a amizade delas não teria enfraquecido, sabe, gentê?''
Rafa olhou para Manu, e depois para Bianca, não sabendo ao certo como responder aquilo. Então, a cantora se pronunciou.
''Ei, não é pra você pensar assim. Todo mundo é grandinho o suficiente pra conseguir lidar com tudo. A culpa não é exatamente sua.'' Manoela afirmou para o loiro. ''Foi todo um contexto, você entende? Então, não fica mal, metade das pessoas aqui te acha um cara sensacional.'' Ela esperava ter conseguido utilizar as melhores palavras para deixar Daniel mais leve.
''A outra metade quer bater em mim.'' Daniel disse, com uma risada chorosa. Ele, então, levantou-se, espreguiçando-se um pouco e passando as mãos pelos olhos. ''Ai, gentê, essa briga foi o final do dia, pra mim, vou dormir. Boa noite.'' O loiro disse, caminhando até sua própria barraca, querendo ficar só.
''Ele sentou dois segundos pra levantar.'' Manu comentou, com um risinho fraco. Ela ainda estava meio chateada com a declaração de Daniel, e com a discussão que havia presenciado. Inspirando profundamente, ela voltou para suas reflexões, até se assustar com uma percepção. ''Gente, cadê a Flay e o Prior?'' Elas olharam em volta, vendo apenas as imagens de Hadson, Lucas, Guilherme, Gabi e Chumbo dançando. ''De novo, não.'' Manoela passou as mãos pelo rosto, já irritada por não conseguir ter controle sobre nada.
E assim que o desespero da cantora começou a crescer, a figura de Prior, saindo de dentro da barraca de Bianca e Flay, chegou à sua visão. O arquiteto carregava um sorriso, como se estivesse achando graça de algo.
Ele tentou correr de uma forma meio destrambelhada - graças ao efeito da bebida, na direção das três sentadas à frente da fogueira.
Minimamente aquilo havia realmente aliviado o coração preocupado de Manu.
Felipe parou em frente à Bianca e colocou as mãos na cintura, rindo sozinho, cabisbaixo. Se contendo, ele começou:
''Seguinte, eu estava colocando a Flay pra dormir e ela fez xixi na barraca de vocês.'' Prior avisou, fazendo Bianca trazer as mãos até seu rosto, não acreditando no que ele havia dito. ''E ela ta toda mijada.'' Bianca soltou um riso, que se uniu a de Prior.
''Eu não sei se eu rio, ou se eu choro.'' A empresária disse, passando as mãos por sua face. Ela apertou os próprios joelhos, sem saber ao certo o que fazer. ''Caramba, mas só acontece coisa assim, comigo.''
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