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Momentos antes:
O trio de meninas estava com suas energias esgotadas. Havia sido uma viagem cansativa e a ida de táxi para o casarão estava longa. Bianca estava faminta e já resmungava sobre isso desde que chegou na ilha. Flay estava reclamando sobre o choro de uma criança que durou o voo inteiro e não a deixou dormir. A única que estava quieta, refletindo profundamente era Mari.
A modelo estava se corroendo por não ter dito a verdade para Bianca mais cedo, e de acordo com o Twitter, Manu já estava na casa alugada. Aquilo significava apenas uma coisa: Rafa estava mais perto do que Bianca poderia imaginar.
Aqueles pensamentos borbulhavam na mente da baiana. Ela não sabia, ao certo, como iria falar, e se iria falar, ou o que aconteceria quando falasse... Mari e Flay haviam se metido em uma gigantesca enrascada e foram inconsequentes demais para pensar nos resultados de toda a sua tramoia.
Só de pensar em tudo aquilo a deixava enjoada. Bianca iria ficar muito irritada, e ela tinha medo disso. Medo de Bia simplesmente desistir da viagem e voltar para casa, ou pior, medo da empresária não confiar mais na dupla.
De longe, Mariana conseguia ver o pôr do sol ao olhar pela janela do carro, tentando tranquilizar-se. Era uma vista linda, mas que estava prestes a ser destruída pela tempestade que seria o humor de Bianca pelos próximos dias.
"Tá tudo bem, amiga?" Bia perguntou, colocando uma de suas mãos por cima dos braços cruzados da baiana. Desligando-se de seus pensamentos Mari virou-se para olhar o rosto da outra. "Você tá com uma carinha meio tristonha." A empresária disse e fez uma careta com um beiço de criança, fazendo Mariana balançar a cabeça e sorrir.
"Tá sim..." Mari respondeu, desviando sua visão de Bia para Flay, que a observava, compreendendo o que se passava na cabeça da modelo.
A baiana então sorriu triste e girou para frente. Trincou o maxilar, lamentando suas atitudes.
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Após finalmente conseguirem sair da recepção, depois de alguns momentos resolvendo a questão dos documentos para a entrada na casa, as meninas seguiram em direção ao local destinado. As malas já haviam sido despachadas na entrada e elas estavam livres para caminhar até a casa.
A cada passo a ansiedade de Mari aumentava. O planejamento de Flay era simplesmente deixar as coisas rolarem depois que Bia aceita-se ir na viagem de vez. Era o pior plano infalível do século.
Ela não sabia mais o que fazer.
"Ei, tá indo aonde?!" Bianca gritou, chamando a atenção de Mari. A empresária e a cantora estavam paradas, em frente ao jardim frontal de um casarão, enquanto Mariana, distraída em seus próprios sentimentos, continuou andando sem nem pensar. "Acho que é essa!"
"Flay, não dá mais, não." Mariana disse subitamente. "A gente vai precisar contar pra ela." Flayslane a encarou, espantada. Bianca olhou sem entender, de uma para a outra, enquanto Mari se aproximava.
"Contar para quem, o quê?" Bia disse confusa.
"É que a gente tem uma... surpresa pra você, lá dentro." Flay tentou explicar receosa. A cantora acabou por escolher as piores palavras possíveis, atiçando o instinto curioso da empresária.
O sorriso que Bianca deu foi de orelha a orelha. Imediatamente a menina disparou até a porta da casa, apertando inúmeras vezes a campainha. Mari arregalou os olhos e saiu correndo em direção a amiga.
"Bianca! Espera!" Falou a modelo, sendo seguida por Flay.
Antes que elas pudessem intervir, a porta havia sido aberta e Bianca se deparou justamente com quem Mariana estava temendo. O sorriso da empresária caiu e a modelo sentiu seu estômago revirar.
Mariana se aproximou da morena, junto com Flay. Ambas com o peito estufado e de maneira atenta, como se estivessem preparadas para uma batalha. Ela engoliu em seco e respirou fundo ao escutar Bianca falando:
"Que porra que você está fazendo aqui?"
Rafa franziu o cenho, em dúvida quanto a reação da empresária.
Flayslane então interviu no meio das duas e chacoalhou as mãos abertas, cantarolando: "Surpresa..."
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"Bianca?" Rafaella perguntou, sem entender ao certo o porquê daquela pergunta.
"Era pra você estar em qualquer outro lugar, menos aqui..." Bianca disse ríspida, fechando os braços e olhando para Rafa de cima a baixo. "Literalmente qualquer outro lugar."
"Eu não estou te entendendo." A missionária disse e revirou os olhos, sem sair de frente da porta.
Ela olhou para Bianca, percebendo que por mais que não fosse admitir, a empresária sabia como se apresentar... esteticamente falando. Estava vestida e maquiada de maneira impecável.
"Bia a gente vai ter que conversar com você." Mari disse e Bianca a encarou em uma mistura de confusão e irritação por esta 'boa-nova'. Ela realmente não esperava ver a missionária em carne e osso bem diante de seus olhos.
"Mari?" Bia fitou a amiga, que desviou o olhar na hora, olhando para baixo. A empresária travou a mandíbula na mesma hora. Ela virou-se para a cantora ao seu lado. "Flay?" A mesma repetiu o ato feito por Mariana. Bia engoliu em seco, e voltou a encarar Rafaella.
Para Bianca tudo estava mais do que claro. Tudo se encaixava e ela estava imensamente magoada. Ela não poderia acreditar na mentira que havia sido tramada contra ela, ainda mais por pessoas tão queridas. Haviam traído a sua confiança de uma maneira suja, e a influenciadora não suportava deslealdade.
A empresária, por fim, deu alguns passos rápidos e raivosos na direção da missionária, empurrando-a com seu ombro de maneira bruta. Ela permanecia com uma expressão indecifrável. Bianca parecia levar uma força invisível a cada passada, como se a mesma estivesse exaurindo uma aura pesada.
De longe, Manu, Thelma e Gizelly observaram a cena da mulher andando, sem nem mesmo cumprimenta-las, indo em direção ao fundo da casa, passando pelo corredor e entrando em um dos quartos. O som de algo quebrando e imediatamente uma porta se fechando acordou todas as meninas daquele transe que as deixaram apenas como observadoras, diante ao furacão que havia passado pela casa.
Rafa correu rápido para ver o que havia acontecido. Ela bufou ao analisar um vaso de plantas quebrado ao lado da porta de um dos quartos principais. A mais alta tentou entrar no cômodo, mas infelizmente estava trancado.
Poucos segundos depois, Manu apareceu atrás da missionária, olhando para baixo e vendo a bagunça da água e do cristal quebrado. Ela colocou as mãos na testa, suspirando.
"Meu Deus... mais um gasto." Aquilo teria sido engraçado se o clima não estivesse tão tenso no casarão.
Ela engoliu em seco e colocou uma das mãos na maçaneta.
"Tá trancada." Rafa alertou.
E finalmente, para completar o cenário, as fungadas e o barulho do choro de Bianca puderam ser escutados pelo outro lado da porta, quebrando o coração das duas meninas ali fora.
A viagem mal tinha começado e lágrimas já estavam sendo derramadas...
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"A Bia conseguiu quebrar um vaso e tá trancada no quarto, chorando há um século... Alguém quer me explicar que merda que aconteceu aqui?" Manu engrossou a voz, perguntando a Flay e a Mari.
Ela havia passado a última hora limpando a bagunça feita por Bianca, junto com Rafa e Gizelly. Thelma, no entanto, tentava acalmar as meninas. Mari estava destruída e Flay completamente desconcertada.
Depois da arrumação, as seis meninas estavam em uma roda na sala. Manoela em pé, virada para Flay e Mari como se fosse algum tipo de investigadora. Gizelly estava ao seu lado e Rafa do outro. Thelminha estava mais próxima de Mari. A outra dupla estava sentada no sofá, olhando para cima para poder encarar os rostos das outras mulheres.
As duas se contraíram no sofá, sendo intimidadas pela figura de um metro e meio à sua frente.
O silêncio retumbou na sala, enquanto Manu, Rafa, Thelma e Gizelly observavam as outras duas meninas.
"Meninas, por favor." Rafa pediu delicadamente. Ela estava se sentindo culpada, pois não entendia o que estava acontecendo, mas - de alguma forma, parecia ter haver com ela.
"É que..." Flay começou, mas foi imediatamente cortada por Mari.
"A gente não contou pra Bia que a Rafa estava vindo pra viagem, porque ela estava contra a ideia de vir por causa dela." Soltou de maneira rápida, quase embolando o pensamento das meninas presentes. Era algo que ela estava guardando há tanto tempo, que estava até aliviada de falar sobre.
Rafa olhou para Gizelly, lembrando-se do que havia dito há alguns dias atrás. Aquilo era típico de Bianca Andrade. A mais alta então bufou, impaciente. Infantilidade pura. A culpa já havia saído de suas costas e a mesma mantinha um semblante irritado.
"Mas ela estava, real, precisando desse momento aqui. Ela tá muito noiada com esse negocio de trabalho e ela tá vivendo um relacionamento horrível com o Melim..." Mari arregalou os olhos, e tapou a própria boca, assim que percebeu que havia dito informação demais. Flay simplesmente revirou os olhos.
"Puta que pariu, Mariana do céu..." Esfregou o rosto.
Gizelly, surpresa com a situação, ficou curiosa. Ela sabia muito bem como era estar em um relacionamento daquele tipo. Assim, ela estava, definitivamente, disposta a entender toda aquela situação, por mais louca que parecesse.
"Como assim? Eu achei que eles tinham terminado..." Menu perguntou confusa.
"Meio que eu não devia ter falado aquilo." Mari disse. Ela abaixou a cabeça e ficou balançando-a negativamente. Odiava ser tão desligada.
"Agora você fala." Gizelly disse, arqueando as sobrancelhas.
Mari trincou o maxilar pensativa. Ela respirou fundo e começou a falar, sussurrando, com medo de Bianca aparecer e escutar tudo.
"Depois que teve toda aquela situação com o Gui, o Diogo tinha sim terminado com ela. Só que ele acabou voltando e eles começaram a ficar escondido. A questão é: ele não queria assumir nada." A advogata imediatamente desviou o olhar para Rafa, que ao perceber travou sua respiração. Ela sabia o porquê daquele olhar, mas voltou a escutar. "Ela passou o ano com o Diogo, nessa de ficar e 'desficar', porque ele meio que tava nessa de se vingar dela..." Mari explicou de maneira calma.
Thelma sentou-se do lado da modelo, acariciando as costas da mesma, que parecia abatida após despejar toda aquela informação.
"É... ele aparecia com uma menina diferente, mandando foto e esfregando na cara dela que ela tinha sido uma 'puta', na visão dele, e que não queria mais saber dela... Aí depois que ele conseguia totalmente degradar ela, ele vinha com essa de 'meu amor'." Flay falou, chocando as meninas ao seu lado. "E ela é completamente apaixonada por ele, né. Aí, ela acabava deixando de lado as merdas que ele fazia, porque ele usava a desculpa dela ter feito o mesmo em rede nacional."
"Só que não é o mesmo né, gente." Thelma falou horrorizada. Mari assentiu, concordando com o comentário.
"Meu Deus." Disse Manu, por fim. Ela estava verdadeiramente chocada. A mais baixa nunca iria esperar essa posição de alguém como Diogo, que demonstrava ter a imagem de um anjo, quase que intocável.
"Que filho da puta. Safado. Desgraçado." Gizelly disse levantando-se indignada.
"E por isso tudo que a gente trouxe ela pra cá. Porque, mesmo que ela não goste de ficar perto da Rafa, é menos pior do que ela ficar nessa com o Melim, e ela aproveita pra relaxar um pouco... Toda a vez que eles brigam ela fica destruída, e dessa vez, ela vai ter uma ilha inteira pra distrair a cabeça e parar de pensar nele..." Mariana completou, abraçando Thelminha - que tentava a reconfortar.
"Tá tudo bem, okay?" A anestesista disse, acariciando as costas da outra.
Rafa observava tudo aquilo paralisada. Ela estava completamente perplexa, e por algum motivo, só de pensar no homem tendo essas atitudes a indignava de uma maneira inesperada.
Como alguém conseguiria ser tão baixo?
Ela mesma não concordava com atitudes de Bianca dentro do programa, mas isso não dava direito ao cantor de brincar com os sentimentos dela dessa maneira.
O local, então, ficou quieto e Manu achou uma boa hora para se pronunciar sobre a conversa. A voz carregada de irritação, agora, estava mais calma, e ela andava em passos pequenos e leves enquanto falava.
"Ok..." Ela respirou fundo, organizando seus pensamentos. "Eu entendo, o que aconteceu. Eu entendo que vocês fizeram isso com uma intenção boa. Eu não concordo com tudo, mas eu entendo..." Manu pausou, procurando palavras pra terminar e dizer o que estava sentindo. "A gente vai ter que se unir pra ela não ficar mal... Ou sentir a necessidade de falar com ele." A mais baixa disse.
Rafaella, por mais que não quisesse ou suportasse ideia de compartilhar o ambiente com Bianca por muito tempo, concordou com a fala de sua amiga. Era uma situação delicada, na qual ela não imaginaria a empresária participando.
"Assim que ela se sentir confortável para falar com alguém e sair do quarto a gente conversa com ela." Gizelly comentou. "E vocês..." Apontou para Mari e Flay. "Tratem de explicar tudinho."
"Amiga, ela só vai sair do quarto se for pra voar de volta pra São Paulo." Mari já segurava o choro. Aquela tensão estava deixando-a ainda mais nervosa.
"Mas ela não vai embora nem ferrando, que já tem muita gente desistindo dessa merda." A mais baixa comentou de maneira risonha, tentando arrancar risadas das meninas a sua volta e amenizar o clima. Ela então parou e virou-se para Flay e Mari. "Mas sério, sem condições dela sair daqui. Tanto pela questão do 'chernoboy' lá, quanto pela questão dos planejamentos e preços já agendados. Deu muito trabalho e já tiveram dois marmanjos desistindo..."
"Eu nem sei quem foi que desistiu..." Refletiu a modelo fitness.
"Pyong e Petrix." Respondeu Thelma. Ela sorriu antes de falar: "Não que façam muita falta, né." Mari riu levemente. Ela ainda estava chateada por toda aquela situação.
A baiana olhou para baixo, já com lágrimas descendo por sua face.
"Eu espero que a Bia perdoe a gente." A modelo fitou Flay, que olhou-a antes de voltar à sua posição cabisbaixa.
"Eu também."
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