Fuck it, I love you!

By Beatriz20091976

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Rafaella Kalimann, 26 anos, mineira, é modelo, digital influencer e empresária. Bianca Andrade, conhecida co... More

1. Aproximação
2. Discórdia | Paredão
3. Esquece que eu existo
4. Azar no jogo e no amor
5. O quarto
6. Tudo por ela
7. Dengo
8. Fica
9. Até a Jenyfer se rendeu
10. Quarto do líder
11. Desestabilizar
12. Monstro
13. O número cinco
14. A final
15. Caso indefinido
16. Paris 6
17. Ainda não
18. Fuck it, I love you | Praia de Pipa
19. Praia do amor | I'm Yours

20. Epílogo: Do caos ao Nirvana

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By Beatriz20091976


POV's Bianca

Cinco anos depois.

– Mamãe, acorda – Nathan falava animado enquanto passava suas pequenas mãos por meu rosto.

Antes mesmo de abrir os olhos eu já estava sorrindo ao ouvir sua voz, e sorri ainda mais ao me deparar com o sorriso que o pequeno tinha nos lábios.

– A mamãe acordou – ele gritou animado e se jogou em cima de mim.

Me sentei na cama e o puxei para o meu colo, comecei a dar vários beijos em seu rosto enquanto ele gargalhava, e só então eu percebi Rafaella em pé, encostada na porta do quarto, enquanto nos olhava com um sorriso no rosto.

– Bom dia, amor – ela falou sorrindo ainda sem sair do lugar – se arrume e desça, eu e Nathan estamos esperando você lá embaixo – ela disse de uma forma misteriosa – vem, filho.

Nathan foi correndo até ela, que o pegou no braço e logo eles desapareceram pela porta. Saltei da cama e fui correndo fazer minha higiene matinal. Eu estava animada, hoje era meu aniversário e eu sabia que Rafaella sempre preparava as melhores surpresas.

Assim que cheguei no andar de baixo, fui surpreendida por Rafaella, que estava na sala com Nathan. Ela segurava um lindo buquê de rosas vermelhas, e ele um buquê um pouco menor com alguns girassóis. Me aproximei e primeiro me abaixei para falar com Nathan.

– Feliz aniversário, mamãe – ele falou envergonhado – eu te amo muito, e também amo a mamãe Rafa.

– Obrigada, meu amor – falei abraçando aquele serzinho pequeno que me fazia tão feliz – A mamãe também te ama muito, muito mesmo – podia sentir as lagrimas molhando o meu rosto.

Peguei as flores que ele me deu e me levantei, ficando de frente a Rafaella, que já tinha os olhos marejados.

– Parabéns, meu amor – ela secava as lágrimas que caiam pelo meu rosto – você sabe que eu desejo toda a felicidade do mundo para você, claro que ao nosso lado – ela sorriu fofa apontando para ela e Nathan que nos olhava curioso – eu admiro demais a pessoa que você é, e amo cada versão sua, seja a versão amiga, mãe, esposa, empresária. Você é o amor da minha vida, Bianca, e eu espero que daqui a 30 anos nós possamos estar comemorando essa data juntinhas ainda. Eu te amo demais – ela terminou de falar e me beijou.

– Eu amo você, Rafaella – eu disse olhando em seus olhos – não importa quantos presentes eu ganhe nesse mundo, você e nossa família sempre será o melhor de todos – falei antes de selar nossos lábios novamente.

Nos separamos e eu fui logo colocar minhas flores na água, enquanto Rafaella arrumava os últimos detalhes do café da manhã. Eu observava de longe ela e Nathan arrumando a mesa, e imediatamente algumas lembranças me vem à mente.


~ flashback on ~

Apartamento de Bianca – quatro anos atrás.

Hoje Rafaella estava vindo para São Paulo, e eu não estava mais aguentando de tanta saudade. Fazia mais de um mês que não nos víamos, e estava cada vez mais difícil essa situação de namorar uma pessoa que mora em outra cidade. Ainda mais em um relacionamento que já fazia mais de um ano.

Mas além de saudade, eu também sentia preocupação, fazia quase uma semana que eu não conseguia falar direito com Rafaella. Ela passava o dia praticamente inteiro sumida, e quando chegava parecia cansada demais para conversar. Eu tinha medo de acabar cobrando demais então não perguntava nada, mas a preocupação e o medo dela ter cansado do nosso relacionamento me consumia.

Não demorou muito e ela finalmente chegou em meu apartamento. Assim que abrir a porta me joguei em seus braços e ficamos assim por alguns segundos, ela me apertava forte contra o seu corpo, e me beijava com saudade.

Bia, a gente precisa conversar – ela disse depois de algum tempo, e então se levantou do sofá onde estávamos sentadas – esse mês longe foi muito difícil para nós duas, parece que cada vez mais fica pior ir embora, cada vez dói mais ficar sem saber se vou te ver em uma semana ou em dois meses – ela andava de um lado para o outro enquanto eu continuava sentada.

Rafa... – falei com a voz trêmula. Eu sentia medo.

Não, me deixa terminar – ela pediu – isso está me matando Bianca, e eu não aguento mais – eu congelei ao ouvir isso – eu não aguento mais continuar nesse relacionamento a distância, Bia - ela parou na minha frente e me encarou – é por isso que eu decidi me mudar para São Paulo.

Você o quê? – eu praticamente gritei e pulei do sofá parando na sua frente.

Eu decidi me mudar para São Paulo, amor – ela disse enquanto tirava uma mecha de cabelo do meu rosto – eu não aguento mais essa distância, não aguento mais não poder te ver sempre que eu quero. – ela suspirou – E foi por isso que eu passei essa semana toda sumida, eu já estava organizando tudo lá em Goiânia e aqui, e só volto para lá no próximo final de semana para pegar o resto das minhas coisas. Meu apartamento fica pronto ainda essa semana, então no próximo final de semana nós já moraremos a apenas dez minutos de distância uma da outra – seu sorriso era enorme.

~ flashback off ~


– Posso saber no que você está pensando? – Rafaella falou me abraçando.

– Estava lembrando do dia em que você falou que iria mudar para cá – falei enquanto abraçava o seu pescoço – você quase me matou quando disse "não dá mais".

– Parando para pensar agora, eu realmente poderia ter escolhido palavras melhores para dar a notícia, mas eu estava nervosa – ela falou rindo – sua cara foi impagável. Mas depois comecei a ficar preocupada quando passou mais de um minuto e você ainda estava em silêncio.

– Eu estava em choque – falei me defendendo – não é todos os dias que a mulher da minha vida fala que vai mudar de cidade porque não aguenta ficar longe de mim.

– Eu mudaria até de continente por você, Bianca Andrade – ela disse rindo, mas eu via em seu olhar que ela estava falando sério.

– Eu estou com fome – o grito de Nathan foi ouvido.

– Ele é tão parecido com você, é inacreditável – Rafaella me olhou com uma cara incrédula.

– Eu sei, por isso que eu me apaixonei por esse serzinho no primeiro momento em que coloquei meus olhos nele.


~ flashback on ~

Moçambique – três anos atrás.

– Rafa, estou tão ansiosa para chegar – eu falava para a minha esposa ainda dentro do carro – já é a quarta vez que eu venho, mas sempre parece que é a primeira vez.

– Eu sei, amor, eu me sinto do mesmo jeito – ela fala enquanto sorrir – toda vez que o avião pousa, dá aquele friozinho na barriga que já é tão conhecido por mim, mas ao mesmo tempo é como se eu estivesse vivendo tudo pela primeira vez.

Tínhamos chegado em Moçambique há duas horas, e agora estávamos indo para o vilarejo onde Rafa iria promover as ações da ong. Essa era a quarta vez que eu acompanhava minha noiva em suas ações, e claro que eu estava ansiosa, eu sempre ficava, mas dessa vez era diferente, era como se eu sentisse que algo ia acontecer nessa viagem.

– Nós chegamos – o responsável do vilarejo falou assim que o carro parou – venham, vou apresentar o local para vocês.

O lugar era um dos mais humildes que eu já tinha visto até então, a maior parte vivia em um estado crítico, e como sempre, me partia o coração ver tudo isso. Mas apesar de tudo isso, eles sempre lutavam, sempre tinham um brilho no olhar quando chegava alguma ajuda, como se aquilo desse um ânimo na luta deles.

Depois de conhecer todo o vilarejo, o médico de lá nos chamou para conhecer a casa verde, o local onde ficavam as crianças órfãos, e aceitamos, mesmo eu não sabendo se tinha emocional para isso.

O local não era muito grande, mas contava com várias crianças, que mesmo em meio a uma situação tão ruim, ainda distribuíam sorrisos para nós, ainda possuíam aquele instinto puro de compartilhar qualquer coisa que tivessem. Mas era difícil ver tudo isso e não poder ajudar também, meu coração doía.

– Todos eles já são grandinhos assim ou vocês acolhem bebes também? – Rafa perguntou ao médico.

– Aqui nós damos prioridade aos maiores, já que temos uma outra casa para onde os recém-nascidos são levados – o médico começou a explicar – mas ontem chegou um bebê aqui de dois meses, e acabou ficando já que não tinha mais espaço na outra casa.

– Meu Deus, tão novinho – comento entrando na conversa – o que aconteceu com ele?

– A família dele vivia em uma situação muito extrema, todos no vilarejo tentavam ajudar, mas é difícil ajudar quando quase não se tem nem para a sua própria família – ele explicava – eu acompanhei o período gestacional da mulher, e confesso que fiquei surpreso ao ver que ela conseguiu dar à luz.

– Nós podemos ver ele? – perguntei sentindo um incomodo no peito.

– Claro, vamos lá – o médico falou.

– Bia, tem certeza? – Rafa me perguntou em dúvida – você sabe que essas coisas te deixam bem abalada – seu olhar era preocupado.

– Algo me pede para ir Rafa, algo bem aqui – disse levando a mão ao peito.

Ela apenas concordou com a cabeça e seguimos para conhecer o pequeno. Entramos no quarto, e logo vimos uma mulher segurando um pequeno embrulhinho nos braços.

Quando ela se aproximou, eu pude ver que o pequeno estava todo encolhido, e tinha um olhar curioso. O rostinho era perfeito, e tinha uma covinha muito fofa no queixo. Após alguns segundos olhando na minha direção e de Rafaella, que estava colada em mim, ele sorriu, e então meu coração derreteu.

– O nome dele é Nathan – o médico disse.

– Nathan – Rafaella sussurrou sorrindo – quer dizer presente de Deus.

~ flashback off ~


– Amor, você está perdida em pensamentos novamente – Rafa falou chamando minha atenção.

– Desculpa – falei sorrindo – estava lembrando de quando conhecemos o Nathan.

– Você sempre fica emotiva assim em datas especiais – ela fala sorrindo – mas agora vamos comer, sua miniatura já está com fome. E eu preparei tudo o que você gosta.

– Assim eu vou pedir a separação só para poder casar com você novamente – falei fazendo a mineira rir.

O café da manhã estava maravilhoso, Rafa realmente tinha preparado tudo o que eu e minha cópia fiel mais gostávamos. E enquanto comíamos, Nathan contava uma de suas histórias sobre a escola, e Rafaella prestava total atenção nas palavras dele, já eu estava mais concentrada em observar a interação entre os dois, e a forma como o olhar da minha esposa brilhava ao conversar com o pequeno.

– Acho que está na hora dos presentes – Rafaella disse após terminarmos de comer.

– Presente para a mamãe – Nathan falava enquanto batia palmas.

– Eu amo essa hora – falei com os olhos brilhando. Eu realmente amava ganhar presentes, e Rafaella era especialista em dar os melhores.

Ela me pediu para esperar na sala enquanto ia com Nathan pegar o presente dele. E logo voltou com ele carregando uma sacola.

– Eu dei as opções do que poderíamos comprar, mas foi ele quem escolheu viu – ela disse sorrindo.

Assim que abri a caixa que tinha dentro da sacola, um sorriso enorme surgiu em meu rosto. Lá estava uma bolsa que eu desejava a semanas, mas nunca encontrava nas lojas aqui do Brasil.

– Como você conseguiu essa bolsa? – perguntei olhando para ela espantada – eu tento compra-la faz semanas.

– Bom, eu falei com a Manuzinha, que falou com a Bruna, que falou com a loja, afinal, ela é modelo da marca – ela começou a contar – e aí eu finalmente consegui – ela tinha um sorriso vitorioso no rosto.

– Você é incrível – falei sorrindo – e obrigada, meu amor – falei agora para Nathan – você tem um ótimo gosto para presentes também – enchi o pequeno de beijos.

– E esse é o meu – Rafaella falou sorrindo enquanto mostrava um envelope em suas mãos.

– Seu presente vai ser uma cartinha? – provoquei a mineira.

– Cê é besta mesmo, né? – ela disse evidenciando seu sotaque.

Ela se aproximou e me entregou o envelope, eu estava curiosa para saber o que era, e assim que abri um grito escapou dos meus lábios.

– Rafaella! Eu não acredito – eu disse ainda em êxtase.

– Gostou? – ela perguntou sorrindo.

– Gostei? Eu amei, amor – eu ainda sorria olhando para as passagens em minha mão.

– Já conversei com os meus pais, eles vão vir ficar com o Nathan e estão super animados com a ideia – ela começou a falar – essa vai ser tipo nossa segunda lua de mel, e depois que voltamos, vamos fazer uma viagem em família.

– Eu e você, em uma segunda lua de mel nas ilhas Maldivas – falei olhando para a mineira – eu só posso estar sonhando – eu não conseguia parar de sorrir um segundo.

Fiquei mais algum tempo na sala aproveitando minha família, e se eu já era mimada por Rafa, hoje eu estava sendo mil vezes mais. Eu estava deitada entre suas pernas, e com as costas apoiada contra seu corpo, enquanto ela fazia um cafuné em mim. Nathan brincava com Luete que corria toda vez que ele tentava colocar um pequeno capacete de soldado em sua cabeça.

– Temos uma reserva para jantar hoje, já que iremos passar o dia com a sua família – Rafaella falou enquanto dava alguns beijos em meu pescoço.

– Hmm, só eu e você? – perguntei de olhos fechados, apenas apreciando seus beijos.

– Sim, sua mãe se ofereceu para ficar com o Nathan hoje a noite, então aproveitei a oportunidade. Hoje seremos só eu e você – suas palavras me fizeram sorrir.

– Não vejo a hora disso acontecer – falei suspirando.

– Eu também – ela disse – mas agora precisamos cuidar, mais tarde vamos para a casa da sua mãe. Vou subir e dar um banho no Nathan, encontro você daqui a pouco – falou enquanto já se levantava do sofá.

– Tudo bem, também vou começar a me arrumar – falei sorrindo e ela se aproximou selando nossos lábios.

Rafaella pegou Nathan nos braços e saiu correndo com ele, que gritava animado. Meu coração se aquecia toda vez que eu via a felicidade dele, ainda demais depois de tudo o que ele passou.


~ flashback on ~

Moçambique – dois anos atrás.

– Rafa, como será que ele está? – eu perguntava nervosa enquanto apertava a mão da minha esposa – faz tanto tempo que estive aqui, será que ele está bem?

– Amor, calma que vai dar tudo certo – ela disse tentando me tranquilizar – tenho certeza que ele está sendo bem cuidado.

Há um ano, em minha quarta viagem junto a Rafaella para as ações da ong, nós conhecemos o pequeno Nathan, que na época só tinha dois meses de vida, e claro, ele conquistou meu coração no momento em que pousei meus olhos sobre ele.

Desde então, eu não conseguia tirar ele dos meus pensamentos. Sempre que Rafaella entrava em contato com o pessoal daqui eu pedia notícias sobre ele, e passei a vir mais vezes nas missões para poder encontrar ele.

Assim que chegamos, o médico, que já tinha virado quase um amigo ali, veio nos cumprimentar.

– Dr. Arthur, como ele está? – perguntei ansiosa.

– Ele agora está melhor – ele me olhava apreensivo – vem, vou te levar até ele.

– Amor, antes eu preciso passar na casa do novo responsável pelo vilarejo, eu te encontro aqui em alguns minutos – Rafa falou triste – prometo não demorar.

– Tudo bem, estarei te esperando – ela deu um beijo na minha testa e seguiu um homem que a esperava.

Assim que entramos, Arthur me levou até um quarto onde pude ver Nathan sentado em seu berço, ele brincava com um boneco que eu tinha dado a ele da última vez.

– Ele ficou doente mês passado, e você sabe como as coisas aqui são precárias, mas fiz tudo o que estava ao meu alcance – Dr. Arthur falou.

Eu estava com os olhos marejados quando me aproximei, mesmo que ele não me reconhecesse quando eu voltava, eu sempre conseguia conquistar o pequeno e fazer ele se aproximar.

Pouco tempo depois, Rafaella entrou no quarto e se juntou a nós, e passamos algumas horas com Nathan. Meu coração ficava tão em paz quando tínhamos momentos com ele, eu não saberia explicar.

Após algum tempo, precisamos ir embora, já iria escurecer e Rafaella ainda precisava resolver algumas coisas.

– Amor, preciso falar uma coisa séria com você – falei para Rafaella quando nós finalmente deitamos para dormir – mas seja justa e paciente como era Jesus, certo?

– Tudo bem, amor – ela disse e se arrumou melhor na cama, ela agora me encarava.

– Você lembra do dia que me pediu em namoro, certo. Você também lembra o que me disse quando chegamos em casa e você me levou nos braços até o quarto? – perguntei apreensiva.

– Sim, eu disse que pretendia casar com você, ter filhos, e tudo mais o que você quisesse – ela respondeu me olhando sem entender onde eu queria chegar.

– Você estava falando sério? – perguntei.

– Bianca, nós estamos casadas – ela me olhava incrédula.

– Amor, eu estou falando do resto – falei envergonhada.

– É claro que eu estava falando sério, eu quero passar o resto da minha vida com você, quero construir uma família com você – ela disse e meu coração acelerou – mas por que essas perguntas agora?

– Eu quero adotar o Nathan – falei rápido um tanto nervosa.

Rafaella ficou em choque quando eu falei, seus olhos estavam arregalados e ela passou alguns minutos em silêncio.

– Nós, adotarmos o Nathan? – ela perguntou baixinho depois de algum tempo.

– Eu sei que só estamos casadas há um ano, e isso te pegou de surpresa, nós podemos conversar sobre isso ainda, mas é que eu realmente sinto essa vontade, desde o momento em que coloquei meus olhos no pequeno, e eu... – Rafaella não me deixou terminar.

– Eu quero – ela falou – meu Deus. Você, ele, nossa família, é tudo o que eu mais quero, Bianca – nós agora estávamos chorando, mas era um choro de alegria.

Depois dessa conversa, começamos a correr atrás da parte burocrática da adoção. Devido todo o trabalho de Rafaella na ong, o processo conseguiu ser um pouco mais rápido do que esperávamos, e em seis meses Nathan estava chegando em sua nova casa.

~ flashback off ~


Levanto do sofá ainda sorrindo com essas lembranças, e vou em direção ao meu quarto para me arrumar. Duas horas depois, já estávamos na casa da minha mãe, onde toda a minha família estava reunida para um almoço em comemoração ao meu aniversário, já que a festa mesmo só aconteceria na outra semana.

Rafaella conversava com Ana e meu padrasto, enquanto Miguel brincava com Nathan e o seu namorado, Marcos. Eu estava um pouco mais afastada, apenas observando tudo com um olhar no rosto. Até que minha mãe chegou ao meu lado e me abraçou.

– Parece que quanto mais o tempo passa, mais a Rafaella fica bonita – dona Mônica falou observando Rafaella.

– Eu nunca me canso de admirar a beleza dela – falo sorrindo ao olhar para a mineira – definitivamente sou uma mulher de sorte.

– Você é feliz como achou que seria? – minha tinha um pequeno sorriso nos lábios ao perguntar.

– Na verdade, eu sou muito mais feliz do que eu imaginei que seria – sorri de volta para ela – a cada dia minha felicidade só aumenta, e eu tenho certeza que pedir essa mulher em casamento foi a coisa mais certa que eu já fiz na minha vida.


~ flashback on ~

Mykonos - Grécia – Três anos atrás

Eu e Rafaella já estávamos em Mykonos a alguns dias, essa era a primeira viagem que iriamos fazer só nós duas, então decidimos passar o mês de Janeiro na Grécia.

Desde que Rafaella se mudou para São Paulo, há sete meses, as coisas evoluíram bastante entre nós duas. Mesmo tendo seu próprio apartamento, Rafa passava praticamente a semana no meu, o que claro, me deixava extremamente feliz. Eu tinha certeza de que a queria comigo para o resto da vida.

Eu estava na sacada do hotel olhando a paisagem enquanto esperava Rafaella terminar de se arrumar. Hoje iriamos jantar em um dos restaurantes mais lindos da ilha, e eu já estava nervosa, afinal, hoje eu pretendia dar um dos maiores passos em nosso relacionamento.

Senti o cheiro de Rafaella tomando conta do pequeno espaço, e logo seus braços rodeavam minha cintura. Me virei para ela e a afastei um pouco.

– Uau, você levou a sério essa viagem né, está a própria deusa grega – falei enquanto tentava fazer uma cara sedutora

– Amor, você precisa melhorar suas cantadas – falou rindo e me fazendo rir também – e a propósito, você está maravilhosa.

Ela me beijou, e eu tive que me controlar muito para não desistir de toda a programação da noite e ficar com ela naquele hotel. Então logo saímos e fomos para o restaurante.

Nós chegamos e o lugar era realmente lindo, eu estava deslumbrada. Nossa mesa ficava na parte externa, com uma bela visão para o mar, e felizmente só tinha uma outra mesa ocupada que ficava um pouco distante de nós. Fizemos nossos pedidos e começamos a conversar sobre assuntos aleatórios, mas eu estava ficando cada vez mais nervosa.

– Amor, você está pálida. Está tudo bem? – Rafaella perguntou.

– Está sim, deve ser só o calor – falei tomando um pouco de água.

– Tudo bem então, qualquer coisa você me fala que vamos embora – ela disse pegando minha mão por cima da mesa.

– Não é preciso – falei sorrindo e apertando sua mão.

Continuamos conversando por mais alguns minutos, e eu tentava ao máximo não desmaiar, então respirei fundo algumas vezes, peguei discretamente a caixinha que estava dentro da minha bolsa, e iniciei a conversa que eu esperava ter fazia dias.

– Rafa – chamei sua atenção – eu queria conversa uma coisa com você.

– Pode falar, amor – ela falou sorrindo.

– Você é feliz comigo? – perguntei tentando controlar o nervosismo que tomava conta de mim.

– É claro que eu sou feliz com você, Bia. Na verdade, eu acho que feliz é pouco para descrever como eu me sinto ao seu lado – ela me respondeu com sinceridade.

– E você acha que eu sou o amor da sua vida? – perguntei enquanto brincava com os seus dedos, que estavam entrelaçados aos meus em cima da mesa.

– Eu não acho – ela deu uma pausa – eu tenho certeza que você é o amor não só dessa, mas de todas as minhas vidas – seu sorriso para mim era lindo – mas por que essas perguntas agora?

– Porque eu estive pensando muito nesses últimos meses, desde que você foi morar em São Paulo para ser mais exata – comecei a falar – Já estava bem claro para mim o quanto eu me sentia mal ao te ter longe, e desde que você chegou e começou a passar praticamente todos os dias junto comigo, essa ideia só se reforçou na minha cabeça. Eu definitivamente não sei mais viver longe de você, e nem quero pensar nessa possibilidade algum dia. – minhas mãos tremiam e eu podia ver seus olhos marejados – Eu quero construir minha vida contigo, Rafaella. Quero poder chegar em casa, na nossa casa, e te encontrar lá para curtimos uma noite juntas. Quero poder dormir e acordar todos os dias sabendo que a mulher da minha vida está ali comigo. E eu tenho certeza mais que absoluta que a mulher da minha vida é você. – respirei fundo e peguei a caixinha em meu colo – Rafaella Kalimann, você aceita se casar comigo?

Rafaella estava em choque, ela alternava seu olhar entre meu rosto e a caixinha que eu segurava, onde se encontrava um par de alianças. E eu tremia tanto que era notável até a caixinha vibrando em minha mão.

– Eu aceito – ela falou tão baixinho que eu achei que tinha sido minha mente me pregando uma peça – meu Deus, é claro que eu aceito – ela disse agora mais alto enquanto chorava – eu não acredito nisso, eu realmente aceito – ela continuava falando ainda em choque.

Eu me levantei e ela repetiu o meu ato, ficando parada em minha frente enquanto eu segurava suas mãos. Peguei a aliança e coloquei em seu dedo, dando um beijo assim que aquele fino pedaço de metal estava em seu devido lugar. Ela fez a mesma coisa comigo, e sorriu olhando para nossas mãos.

– Em poucos meses, você será oficialmente a senhora Rafaella Kalimann Andrade – falei sorrindo antes de beijar a minha futura esposa.

~ flashback off ~


– Você sempre se perde em pensamentos quando começa a falar sobre ela – minha mãe fala rindo.

– Pois é mãezinha, essa mulher mexe comigo de uma maneira inexplicável – suspiro enquanto observo ela pegando Nathan no braço.

– Eu agradeço a Deus todos os dias por você ter encontrado ela, desde o momento em que a conheci, soube que ela era a pessoa certa para você – ela sorriu e se dirigiu para a cozinha para servir o almoço.

O resto da tarde passou no mesmo ritmo, toda a família se divertia com Nathan, e nós como mães babonas, só ficávamos observando e sorrindo. No final da tarde, nos despedimos de todos e fomos para casa.

– Será que a aniversariante do dia aceitaria tomar um banho comigo? – senti Rafaella me abraçando por trás.

– É tudo o que a aniversariante mais quer nesse momento – falei sorrindo e me virei para ela.

Ela selou nossos lábios com calma e logo pediu passagem com a língua. Era incrível como depois de tanto tempo, eu ainda sentia o mesmo choque quando nossas línguas se encontravam. O beijo ia ficando cada vez mais intenso, e não demorou até suas mãos passearem por todo o meu corpo, tirando minha roupa.

Após um sexo maravilhoso, Rafaella finalmente me convenceu de que queria me levar para jantar, mesmo que minha vontade fosse passar a noite toda na cama com ela. Então, as oito e meia nós estávamos chegando no meu restaurante preferido.

A noite foi incrível, Rafaella sempre conseguia fazer todos os assuntos parecerem mil vezes mais interessantes. E é claro que a convivência comigo havia mudado um pouco o seu humor, agora ela fazia ainda mais piadinhas do que já fazia antes, o que rendeu boas risadas durante o jantar.

Assim que chegamos em casa, nós subimos para o quarto, e ela me pediu para esperar um pouco, pois precisava pegar algo em seu escritório. Retornou segurando um envelope branco.

– Essa finalmente é a hora da cartinha de feliz aniversário? – perguntei rindo.

– Desculpa frustrar suas expectativas em ganhar uma cartinha de aniversário – ela falou também rindo – mas digamos que esse é o seu segundo presente.

– Tudo bem então, estou curiosa – falei e tinha certeza que meus olhos brilhavam de curiosidade.

– Certo, mas, respira fundo, ok? – perguntou e eu concordei com a cabeça – primeiro leia, e depois eu explico – ela me entregou o envelope.

Ela fez um suspense tão grande que fiquei com medo, mas finalmente tive coragem e abri o envelope. Era um papel com várias coisas escritas, então comecei a ler, mas não entendi mais nada além do nome dela. Eu já estava pronta para perguntar do que se tratava tudo aquilo quando meus olhos focaram na palavra "positivo". Eu podia ter certeza que o meu coração estava parando.

– Rafaella – falei quase sem voz.

– Espero que você esteja pronta para daqui a um tempo ter outro serzinho correndo dentro de casa – ela falou com lágrimas nos olhos.

– Eu não posso acreditar – falei ainda em choque e me levantando da cama – você realmente está grávida? – perguntei colocando uma mão em sua barriga.

– Sim, amor. Finalmente deu certo – ela falou colocando sua mão por cima da minha – aqui dentro está crescendo mais um pedacinho do nosso coração.

Eu não conseguia falar mais nada, apenas abracei o corpo da mineira e chorei compulsivamente enquanto ela me abraçava também chorando. Já tínhamos tentando uma inseminação artificial antes, mas não tinha dado certo. Rafaella disse que tentaria novamente, mas não queria que eu criasse tanta expectativa para não me decepcionar novamente. Mas, deu certo. Nós finalmente teríamos outro filho, e Nathan teria um irmãozinho.

– Obrigada por me fazer a mulher mais feliz desse mundo, Rafaella – eu disse depois de um tempo – eu te amo tanto, que tenho certeza que esse amor é além dessa vida.

– Eu também te amo, Bianca – falou sorrindo – o amor que eu sinto por você e por nossos filhos é maior do que qualquer outra coisa que eu já senti na vida – seu olhar era profundo – Prometo te fazer feliz enquanto o nosso amor durar

– E que ele dure até o último dia de nossas vidas – falei antes de beijar seus lábios.

Um dos conceitos básicos da religião budista, é que uma pessoa pode alcançar o estado total de paz e tranquilidade através da sabedoria. Esse estado se chama "nirvana". Bianca não sabia se acreditava muito nisso, mas naquele momento, ela percebeu que atingiu o seu nirvana, não através de sabedoria ou meditação, mas através do amor que sentia por Rafaella. A história delas poderia muito bem ser definida em uma única frase: Do caos ao nirvana. 


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Então rabias do meu coração, esse foi o último capítulo de Fuck It, I love you. Eu espero de verdade que vocês tenham gostado da fic, pois mesmo sendo a minha primeira, eu amei poder escreve-la e acompanhar todas as reações e comentários de vocês. 
Provavelmente amanhã irei postar um one-shot aqui, e em breve vou começar uma nova fic. Mas tenham calma porque sou uma pobre universitária tentando não reprovar nesses tempos de quarentena. 

Muito obrigada a todos que me acompanharam até aqui, de verdade ❤❤❤

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