Fuck it, I love you!

By Beatriz20091976

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Rafaella Kalimann, 26 anos, mineira, é modelo, digital influencer e empresária. Bianca Andrade, conhecida co... More

1. Aproximação
2. Discórdia | Paredão
3. Esquece que eu existo
4. Azar no jogo e no amor
5. O quarto
6. Tudo por ela
7. Dengo
8. Fica
9. Até a Jenyfer se rendeu
10. Quarto do líder
11. Desestabilizar
12. Monstro
14. A final
15. Caso indefinido
16. Paris 6
17. Ainda não
18. Fuck it, I love you | Praia de Pipa
19. Praia do amor | I'm Yours
20. Epílogo: Do caos ao Nirvana

13. O número cinco

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By Beatriz20091976


Um mês depois

POV's Bianca

Muita coisa havia acontecido depois daquele monstro que dividi com Guilherme. Naquele paredão, disputado entre Mari, Marcela, Pyong e Gabi, Pyong e Marcela saíram, e isso causou um grande impacto já que todos na casa viam os dois como favoritos ao prêmio.

Depois disso o jogo começou a complicar, as opções da hora votação eram bem reduzidas, e começou a se ter eliminação toda terça e quinta. Na primeira terça após a eliminação de Marcela e Pyong, Guilherme finalmente foi eliminado ao disputar um paredão triplo com Manu e Gizelly, a maior surpresa tinha sido o fato de que quem indicou ele foi a própria Gabi, mas confesso que fiquei aliviada quando ele saiu. Falando em Gabi, ela saiu da liderança direto para o paredão, dessa vez paredão duplo contra Mari e acabou sendo eliminada na quinta-feira. Mal tivemos a sexta e o sábado sem a tensão do paredão, outro paredão quádruplo foi formado no domingo, Thelma, Flay, Rafaella e Prior se enfrentaram no paredão, que para mim foi o mais difícil de enfrentar, pois eu temia não só por Rafaella, mas por Flayslane também, e não deu outra, Flay e Prior foram eliminados. O último paredão tinha sido quinta passada, eu, Mari e Manu disputamos a permanência na casa, e Mari foi eliminada, isso me acertou em cheio, já que eu tinha perdido a segunda pessoa que estava comigo desde o início, me apoiando em tudo.

Durante esse mês que se passou, minha relação com Rafaella continuava incrível, a cada dia eu tinha mais certeza de que sentia algo forte por ela, mas sentia medo também, pois a cada dia nosso tempo ali na casa diminuía e eu não fazia ideia de como seria lá fora, se ela ia querer levar isso adiante mesmo com toda a pressão que eu sabia que receberíamos lá fora. E eu sentia que ela também gostava de mim, assim como tinha medo, além de todos os fatores, eu sabia que no fundo ela possuía algum medo da reação da sua família a tudo isso, afinal, ela entrou aqui afirmando ser hétero, e já tinha sido até casada.

Suspirei e decidi entrar para fazer um café da manhã para as meninas, ainda era bem cedo, mas eu não estava conseguindo dormir. Hoje é domingo, e é também dia da última eliminação antes da grande final, que acontece terça. Em uma prova de sorte, eu e Gizelly conquistamos duas das três vagas da final, então, Manu, Rafa e Thelma disputavam a última vaga.

Desde quinta-feira, quando essa votação foi aberta, eu sinto um aperto no peito ao imaginar que tudo isso que estamos vivendo aqui dentro está tão perto de acabar. A ideia de ficar longe de Rafaella é dolorosa para mim.

Após algum tempo, eu estou terminando de colocar o café na mesa e então o despertador toca, tento deixar essa sensação ruim de lado e me encaminho para o quarto céu.

– Bom dia maravilhosas – digo indo dar um beijo em cada uma – fiz um café da manhã para nós – deixo Rafaella por último, e me jogo em cima dela dando um abraço apertado e a enchendo de beijos.

– Eu vou sentir falta de ser mimada desse jeito – Manu fala e suas palavras me atingem com força – mas não vamos pensar nisso agora, vamos nos preparar para comer – sua fala é animada.

– Senti sua falta ao acordar hoje – Rafa fala fazendo um bico fofo.

– Desculpa linda, eu não estava conseguindo dormir, então fui para o jardim pensar um pouco, e depois decidi fazer o café – tento dar o meu melhor sorriso, mas sei que a tristeza é aparente.

Ela suspira e me dá um selinho rápido, então sai para escovar os dentes e eu vou com as meninas para a cozinha.

– Uau Bianca, essa mesa está maravilhosa – Thelma fala me fazendo sorrir – quero até tirar uma foto para postar no feed – fala enquanto pega o celular que a produção disponibilizava para tirarmos foto.

– Que bom que gostou Thelminha – falo dando um abraço nela – vamos comer? – pergunto assim que vejo Rafa chegando na cozinha.

Tomamos nosso último café da manhã em meio a risadas e recordações desses últimos meses de confinamento. A todo momento eu olhava para Rafa e percebia o quanto ela estava feliz e tranquila, diferente de mim que sentia uma escola de samba dentro do meu coração a todo instante.

O dia estava lindo, e por isso as meninas decidiram ir para a piscina após o café, mas eu e Rafa permanecemos na cozinha para lavar a louça e preparar o almoço. O clima era leve entre nós, fazíamos as coisas e conversamos sobre assuntos aleatórios, e aproveitei para tirar uma foto nossa. Eu me questionava se seria assim um relacionamento com ela fora da casa, vivendo os momentos mais simples como se fossem a melhor coisa do mundo.

Depois que terminamos tudo, ela me chamou para ir até o jardim para que a gente pudesse conversar.

– Como você está se sentindo? – ela perguntou enquanto iniciava um carinho no meu cabelo.

Estávamos sentadas no jardim do sofá, sendo que eu estava sentada de lado em suas pernas. Sua mão direita abraçava minha cintura enquanto a outra mexia em meu cabelo.

– Muito nervosa para falar a verdade, estou com medo que você saia – suspiro tristemente.

– É sobre isso que eu quero conversar – seu olhar é tranquilo – eu não quero que você fique nervosa, certo? – pergunta com um sorrisinho no rosto.

– Tudo bem – respondo, mas na verdade já estou nervosa.

– Bia, eu sei que eu vou sair hoje – ela diz – eu venho sonhando direto com o número cinco, quase como um sinal de que vou ser a quinta eliminada, e tudo bem, eu já aceitei isso, mas quero que você também tenha consciência disso para não ficar criando expectativas para hoje à noite – nesse momento eu sinto o ar que nem percebo que estava prendendo.

– Rafa, não... – eu tento falar, mas sou impedida por minhas lágrimas.

– Não linda, não chora – ela fala me puxando para um abraço – hoje eu vou sair daqui tranquila, eu já conquistei muita coisa aqui dentro – ela continua falando enquanto eu choro junto ao seu corpo – eu entrei aqui com tanto medo, Bia. Medo de não ser aceita, medo de ser julgada pelos participantes, mas principalmente pelo público lá fora. – sua voz é calma, mas percebo que ela está emocionada também – Eu tive que enfrentar todos esses medos aqui dentro, eu resisti muito até me jogar de cabeça no jogo e nas emoções que isso me proporcionava, eu resisti muito até me entregar as sensações que você me causava – ela suavemente me faz olhar para ela – eu sou muito grata por tudo aqui dentro, mas principalmente por você Bianca. Você foi uma das melhores coisas que me aconteceu aqui dentro, mesmo que em algum ponto eu tenha errado e não tenha merecido você, ainda assim você foi meu presente – uma lágrima insistente rola por seu rosto.

– Eu também sou muito grata por você – eu digo e dou um selinho nela – você sem dúvida mudou tudo, e mudou para melhor. Eu não sei o que teria sido sem você aqui dentro – falo enquanto faço um carinho em seu rosto.

– Eu vou sair hoje, mas você vai ficar bem, as meninas vão cuidar de você, e em dois dias você vai sair daqui também – tento reprimir as lágrimas e não consigo.

– Como vai ser lá fora, Rafa? – mesmo tendo medo da resposta, eu não posso evitar essa pergunta.

– Eu não sei, Bia – ela suspira e isso intensifica meu medo – eu não sei como estão as coisas lá fora, eu tenho medo, é tudo tão novo para mim – ela diz me olhando – mas tenha certeza de uma coisa, eu gosto de você, de verdade – consigo ver a sinceridade em seu olhar.

– Eu também gosto de você – eu digo – lá fora a gente vai conversar e como você me disse antes, o que for melhor para nós vai acontecer – tento ser positiva, mas por dentro eu estava com o coração apertado, o pânico tomava conta de mim, a última pessoa que eu queria longe da minha vida era a única que eu não sabia se iria permanecer.

Ficamos mais algum tempo sentadas lá, eu me abraçava ao corpo de Rafaella como se aquilo de alguma forma pudesse manter ela ali, e ela tentava me acalmar, me fazendo carinho e dizendo que tudo iria ficar bem.

– Vamos entrar na piscina? – ela pergunta depois de um tempo – quero que esses últimos momentos sejam felizes – um sorriso brincava em seus lábios.

– Se você estiver junto eu vou para qualquer lugar – falo antes de beijar suavemente seus lábios.

Nos juntamos a Manu, Thelma e Gizelly na piscina, e por algum tempo aproveitamos o clima descontraído. Manu começou a falar das coisas que queria fazer quando saísse da casa.

– Por favor, nós precisamos fazer uma viagem juntas – a cantora falava animada.

– Já estou dentro – falei sorrindo.

– Faço das palavras da Bianca as minhas – Gizelly respondeu – afinal, não perco uma boa festa ou uma boa viagem por nada né amadas – falou jogando o cabelo para o lado.

– Eu também estou super dentro, mas só as mulheres, não me venham com aqueles machos escrotos não – Thelma falou sendo sempre sensata.

– Deus me livre viajar com aqueles caras, eu me jogava do avião – Rafa falou enquanto fazia o sinal da cruz.

– Nós poderíamos ir para alguma praia – Manu já começava a fazer os planos.

– Gosto de Pipa, Porto Seguro, Fernando de Noronha – comecei a listar os lugares que eu conhecia e achava maravilhoso.

– Porto seguro eu conheço, é maravilhoso, eu amei aquele lugar – Thelminha disse – mas não conheço Fernando de Noronha e nem Pipa.

– Vocês são todas chiques, eu nunca fui em nenhum desses lugares aí não – Gizelly rebate – aliás, não sei nem onde fica Pipa – finaliza me fazendo sorrir.

– Pipa é uma das praias mais bonitas que conheço, fica no Rio Grande do Norte – falo atraindo a atenção das meninas – uma das praias mais famosas também é a praia do amor, que é vizinha a praia de pipa – sorrio ao lembrar daquele lugar maravilhoso.

– Praia do amor é? Já gostei – Rafa comenta sorrindo, e eu dou um beijo em seu pescoço, já que estou em agarrada em suas costas.

– Assim eu vou morrer com tanta fofura – Manu faz um coração com as mãos – mas então, eu adorei essa ideia de Pipa – ela volta ao assunto animada.

– A gente poderia ir para Pipa, só as mulheres, e no final de ano irmos para Noronha, aí poderíamos levar os namorados também, e amigos – Thelma sugere.

– Isso é perfeito, Thelminha – a empolgação de Manu triplica após a sugestão de Thelma, e logo elas começam a planejar como seria tudo isso.

Rafaella começa a se afastar das meninas ainda comigo em suas costas, mas não demora para pedir que eu fiquei de frente para ela, então me desloco ficando abraçada ao seu corpo e mantendo minhas pernas ainda presas em sua cintura.

– Rafa, estou começando a ficar com vergonha – digo depois que ela passa um tempo calada apenas me olhando.

– Eu não tenho culpa se você é linda e eu acabo perdendo a noção de tudo quando te olho – ela diz e eu tenho certeza que estou toda vermelha, pois ela começa a rir.

– Você também é linda – eu falo enquanto observo seus olhos, hoje eles estão mais claros que o normal, o que me faz suspirar lentamente – na verdade é mais do que isso, você é maravilhosa, Rafa – observo duas pupilas ficando ainda mais dilatas.

Ela aproxima seu rosto, e passa suavemente seus lábios nos meus, me fazendo suspirar com o contato. Não aguentei mais esperar, e colei nossos lábios por alguns segundos, até sentir ela pedindo passagem para sua língua. O beijo era calmo e repleto de carinho, mas dessa vez eu estava sentindo diferente, era como se tivesse algo a mais ali, e eu não conseguia saber o que, apenas sentia e aproveitava todas as sensações que isso me trazia.

Ficamos mais alguns minutos presas na nossa própria bolha, poucas palavras eram trocadas, em compensação, os beijos e olhares trocados firmavam promessas que eu não sabia se seriam mantidas lá fora, mas que agora, nesse exato momento, me dava um pouco de esperança.

– Meninas, vamos almoçar – Manu nos chamou.

As meninas já tinham saído da piscina, e logo eu e Rafa também saímos, depois de um tempo, já estávamos todas na mesa comendo, e como sempre Rafa havia se superado, a lasanha que ela havia feito mais cedo estava uma maravilha.

– Meninas, eu queria falar uma coisa – Manu começou a falar assim que terminamos de comer.

– Ah pronto, é agora que eu choro – Gizelly disse fazendo todas rirem.

– É sério, Gi – Manu disse enquanto dava uma tapa no braço da advogada – enfim, eu queria agradecer por esses momentos que tivemos não só nos últimos dias, mas nesses três meses de confinamento – a cantora começou seu pequeno discurso – eu entrei aqui muito presa em meu próprio mundo lá fora, minha intenção era melhorar minha imagem e isso acabou me deixando muito travada no começo, e por muitas vezes eu me senti realmente só aqui, até que a Rafa começou a se aproximar – sorriu para Rafa que também sorria para a cantora – depois teve a aproximação com a Thelma e a Gi, e eu achava que estava tudo perfeito, eu não estava mais me sentindo só, mas ai chegou a Bia também, e eu percebi que nada é tão perfeito que não possa melhorar – meus olhos estavam marejados a essa altura – cada uma de nós somos tão diferentes, mas acabamos nos encaixando também, e digo isso incluindo as meninas que já saíram também – ela suspira e continua – sei que a minha probabilidade de sair hoje é de 99%, mas eu saio daqui completamente realizada, pela transformação que sofri, por tudo o que aprendi e continuo aprendendo, por ter conquistado pessoas incríveis como vocês – ela olha para cada uma de nós – e eu sei que independente de quem ganhar esse programa, meu coração vai estar tranquilo e feliz, porque todas vocês são incríveis e merecedoras desse prêmio. Eu amo vocês, de verdade – ela diz e não consegue mais segurar as lágrimas.

Rafa foi a primeira a levantar e abraçar Manu, mas não demorou muito até que virasse um abraço em grupo onde nós cinco chorávamos.

O resto do dia foi calmo, eu ficava o tempo todo ao lado de Rafa, aproveitava cada segundo junto dela, roubava infinitos beijos, e em muitos momentos me via perdida enquanto olhava para ela, só me dava conta disso quando ela chamava minha atenção falando que estava com vergonha.

Já era noite, e eu estava andando de um lado para o outro na sala, já havia terminado de me arrumar e estava esperando as meninas no quarto, mas ficar lá estava me deixando sufocada.

– Bia, desse jeito você vai acabar infartando – ouço a voz de Rafaella atrás de mim e me viro para rebater, mas sou pega de surpresa.

– Uau! – é a única coisa que sai da minha boca.

– Bia, para que estou com vergonha – ela falou corando depois que eu fiquei encarando-a fixamente por algum tempo.

– Rafa, você está maravilhosa – eu disse enquanto olhava o vestido vermelho que ela usava, uma maquiagem leve que destacava ainda mais toda a beleza que possuía – por Deus, como pode alguém ser tão linda assim – penso alto.

– Bianca Andrade, você sabe como me deixar totalmente sem jeito – diz se aproximado – e só para constar, ninguém está mais linda do que você hoje – ela me puxa pela cintura selando nossos lábios.

– Eu poderia discutir sobre isso, mas prefiro ocupar meu tempo com outra coisa – falo antes de puxa-la para um beijo.

Trocamos alguns beijos ali mesmo, e eu tinha certeza que nunca iria cansar disso, mas infelizmente fomos interrompidas pelo aviso de que todas deveriam ir para a sala.

– Fica tranquila, linda – ela diz me fazendo suspirar – lembra do que conversamos hoje à tarde – sela nossos lábios uma última vez e me puxa até o sofá.

Rafa estava sentada entre mim e Manu, e segurava a mão da mais baixa que também aparentava estar tranquila, Gizelly tentava segurar as lágrimas ao lado de Thelma, mas vez ou outra eu podia ver uma lágrima escorrendo em seu rosto...

– Boa noite, meninas – Tiago surgiu nos fazendo sair da bolha pacífica em que nos encontrávamos – Rafa, Manu e Thelma, me contém como vocês estão se sentindo – ele pediu.

– Tiago, eu confesso que estou bem nervosa. Sei que estou enfrentando duas pessoas incríveis nesse paredão, e que vejo como adversárias fortíssimas – Thelma foi a primeira a falar.

– Eu estou tranquila, independente de sair hoje ou terça, saio daqui com o coração leve por ter vivido isso aqui de maneira tão intensa – Manu fala sorrindo.

– Eu também estou tranquila, minha maior missão aqui já está completa, e meu coração está em paz – Rafa é a última a falar enquanto aperta a minha mão.

– É, dá para perceber pelos batimentos cardíacos de vocês que a Thelma é a mais nervosa – ele comenta – mas tem outra pessoa bem nervosa também, Bia, como você está se sentindo? – seu olhar é direcionado a mim.

– Muito nervosa Tiago – confesso – fico muito feliz por já estar na final, mas hoje eu sei que vou sofrer uma perda enorme, pois três pessoas que eu gosto muito estão emparedadas e eu vou perder duas delas, e isso me deixa triste. – Rafa sorrir tentando me passar forças.

– E você Gizelly? – o apresentador perguntou.

– Tiago do céu, acho que vou morrer a qualquer momento, parece até que quem está no paredão sou eu – ela diz e pela primeira vez eu sorrio desde que Tiago apareceu.

– Procurem se acalmar – Tiago falou sorrindo – tomem uma água, que daqui a pouco eu volto para declarar quem vai ser a terceira finalista do BBB20 – e sumiu do telão.

Levanto rapidamente e vou até a cozinha beber água, quando volto as meninas estão em silêncio.

– Gente, eu queria falar uma coisa rapidinho antes de tudo – Rafa começou a falar e me chamou para sentar ao lado dela – eu quero que saibam meu coração está feliz por saber que nessa final teremos três mulheres maravilhosas, e mais feliz ainda por eu ter chegado tão longe – ela faz uma pequena pausa – sei que sou uma pessoa mais seca, mais na minha, e no começo eu me sentia tão excluída, mas hoje eu vejo aquilo tudo tão distante. Eu tive vários erros e acertos, vivi todas as coisas possíveis aqui dentro, e não me arrependo de nada – seus olhos me encaram – então obrigada por tudo, eu fui realmente feliz aqui dentro – novamente estávamos naquele abraço em grupo, e assim ficamos até Tiago retornar.

O nervosismo tomava conta de mim, eu já tinha noção do que iria acontecer, Rafaella já havia me preparado para isso, mas eu mantinha uma pontinha de esperança dentro de mim, esperança de que ela estivesse errada, de que ainda teríamos mais dois dias juntas, de que ela estaria na final comigo como eu tanto desejava. E quando Tiago começou seu discurso eu não conseguia prestar atenção nas suas palavras, meu cérebro apenas buscava pelo nome que seria anunciado, minha mão suava, mas mesmo assim eu não largava a mão de Rafaella, eu não podia e nem queria.

– É por isso que hoje, o público escolheu que a terceira finalista dessa edição é você, Thelma – sinto meu coração afundar.

Rafaella não estava surpresa, e pelo visto nem Manu. Elas abraçaram Thelma que chorava tanto de emoção quanto de tristeza por ver duas pessoas que ela gostava tanto sendo eliminadas. Eu ainda estava sentada na mesma posição, nenhum músculo do meu corpo se mexia, eu nem sequer percebi que lágrimas rolavam pelo meu rosto até sentir a mão de Rafaella as secando.

– Ei linda, vem cá – Rafaella falou me puxando para os seus braços, e eu abracei o seu corpo como se aquilo fosse necessário para a minha sobrevivência.

Meu coração doía, talvez se a eliminada tivesse sido eu, estaria sendo mais fácil, mas eu iria ficar, iria passar dois dias em uma lugar que me lembrava Rafaella, cada mísero canto daquela casa me lembrava de algo relacionado a ela, e eu iria permanecer ali com saudade, e cheia de incertezas sobre o que seria lá fora.

– Eu vou sentir sua falta – eu digo contra o seu pescoço.

– Eu também vou sentir a sua falta, mas nós vamos nos ver terça, vai passar rápido, prometo – ela disse e eu me afastei para olhar seu rosto.

Seus olhos estavam vermelhos e algumas lágrimas molhavam seu rosto, mesmo assim ela continuava linda, e eu não pude deixar de sorrir para ela. Ela me deu um último beijo e se afastou para se despedir de Thelma e Gizelly enquanto eu abraçava Manu.

– Cuida dela, Manu – eu pedi baixinho – mostra a ela o quanto eu gosto dela, não deixa ela desistir de mim por ter medo, porque eu também tenho medo – eu disse chorando.

– Prometo que vou cuidar sim – Manu falou me abraçando – e eu sei o quanto vocês se gostam, pode ter certeza que irei conversar com ela lá fora – eu sentia verdade em suas palavras.

Elas pegaram suas malas, e Rafa se aproximou selando nossos lábios mais uma vez antes de passar pela porta, e eu guardei aquele momento em minha mente como um dos momentos mais preciosos ali dentro, pois eu não sabia se aquele seria nosso último beijo.

Me virei e vi Gizelly e Thelminha abraças, e me aproximei delas, parabenizei Thelma por ficar, pois apesar de toda a tristeza que eu sentia, uma parte de mim também estava feliz por ela, que é uma pessoa incrível e merece muito tudo isso aqui.

– Agora somos só nós – eu disse abraçando as duas – e não importa as colocações, estou orgulhosa por chegarmos até aqui.

Me afastei um pouco e sentei sozinha no jardim, deixei que as lágrimas rolassem livremente, me permiti ser vulnerável e sentir medo do desconhecido, medo da intensidade dos sentimentos que eu nutria por Rafaella. E internamente meu cérebro continuava em sua prece silenciosa, "por favor Deus, me dá uma chance de continuar vivendo tudo isso".

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