O Tempo não apaga [DEGUSTAÇÃO...

By CrysCarvalho

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Você sabe o que é ser feliz? Eles sabiam. Helen e Matheus eram o casal dos sonhos. Se amavam intensamente e s... More

O TEMPO NÃO APAGA
Prólogo
CONVITE - Rally da Vida
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO QUATRO
NOVIDADE
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CAPÍTULO TRÊS

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By CrysCarvalho

Saiu correndo, esbarrando nas pessoas sem saber ao certo para onde ir e acabou sentando na beira da piscina. Pelo menos, ali ficaria sozinha. Abraçou a si mesma e se derramou em lagrimas, pensando na conversa com Matheus. Por que parecia não se lembrar dela? O que ele quis dizer com "essa aliança não tem significado claro para mim"? Algo terrível tinha acontecido ou estava por acontecer, podia sentir. Todos aqueles acontecimentos juntos apenas confirmavam algo que sempre suspeitou: jamais deixaria de amá-lo. Mesmo que não significasse nada para ele, de alguma maneira estavam ligados para sempre, mas só queria entender a razão de brincar com os sentimentos dela?

– Olá – ouviu a voz de Samantha –, por que você sumiu? Fernando está te procurando. A viu passar correndo, mas não conseguiu acompanhá-la, então me ofereci para te procurar.–Percebeu que Helen enxugava as lagrimas do rosto, então sentou ao seu lado. – Ei, por que está chorando?

– Porque sou uma boba. – Tentou rir de si mesma.

– É pelo que o meu irmão fez? Se for, peço desculpas.Ele não teve a intenção. Às vezes é grosso mesmo, ainda mais com pessoas desconhecidas – a mulher disse, frisando a última palavra – Sempre discutimos por causa disso.

– Não. O problema é que não sou uma desconhecida.

– Não entendi?!

– Tivemos uma história inacabada e, não sei por qual motivo, ele diz não me conhecer – confessou, as lagrimas voltando novamente – Me sinto uma idiota, nem sei porque estou abrindo minhas feridas outra vez, mas aquele homem lá dentro deixou meu coração em frangalhos, virou a minha vida de pernas para o ar e simplesmente sumiu. Agora aparece do nada, quando já tinha me acostumado a conviver com essa dor, e diz que o estou confundindo com outra pessoa. Não. Isso... – hesita - isso é mais do que eu poderia suportar.

Samantha pousou a mão em seu ombro tentando confortá-la. De alguma maneira, aquele gesto acalmou Helen.

– Como é? – indagou – Você e Matheus, tipo, namoraram? Há quanto tempo isso? Tem como provar? – a mulher questionou em um misto de surpresa e desapontamento.

– Sim. Ele desapareceu por sete anos, deixando para trás uma noiva em desespero. É praticamente impossível que não se lembre de mim. – Segurou seu pingente entre as mãos e abriu revelando foto deles a Samanta. – Olhe só, está vendo? É ele, não sou louca.

– Então é mesmo a garota dele – disse aproximando-se e tocando o pingente.

– Queria que alguém pudesse me explicar por que ele não se lembra de mim, de tudo que aconteceu e da maneira como partiu meu coração. Só pode estar fingindo, não existe outra explicação. – Só agora absorveu e compreendeu o que Samanta falou. – Espere, o que disse? Você sabia? – Tinha que ser brincadeira tudo aquilo.

– Me escute – a mulher pediu, hesitando por um momento, sem encará-la – Talvez não seja assim tão impossível o meu irmão ter esquecido algumas coisas. Existe algo sobre Matheus que precisa saber e talvez possa explicar o mal-entendido que está acontecendo.

– Não respondeu a minha pergunta – Helen percebeu coma a mulher se desvencilhava da resposta, mas não insistiu. No momento, o mais importante era saber o motivo pelo qual Matheus dizia não a conhecer –, mas continue.

– Exatamente há sete anos, descobri que tinha um irmão que morava nesta cidade. Meu pai o abandonou com sua mãe. Ele só me revelou isso porque estava à beira da morte e necessitava do perdão do filho. Então, resolvi procurar pelo meu irmão abandonado para que pudesse ver nosso pai antes que morresse. Quando o localizei, ele se recusou a ir, mas insisti e consegui convencê-lo a vir o mais rápido possível. Para nosso desespero, ele sofreu um grave acidente na viagem. Matheus levou uma pancada na cabeça que o deixou em coma. Nenhum documento foi encontrado, o que impediu que encontrássemos sua família ou, no caso, você.

– Meu Deus! – exclamou Helen, levando a mão à boca– Foi por isso que não tive notícias dele. – As coisas começavam a clarear. Finalmente.

– Como havíamos combinado de nos encontrar – Samantha cruzou os braços e encarou Helen de um jeito estranho, como se tivesse tentando convencê-la de suas verdades –, e ele não apareceu, decidi procurá-lo, mas só consegui localizá-lo três dias após o acidente em um hospital de uma cidade próxima. Apesar do coma, os médicos estavam otimistas, pois ele reagia bem ao tratamento. Certa noite, pouco antes de acordar, chamou o nome de alguém, mas nunca achei que fosse algo para dar importância. Após dois meses, ele acordou, mas havia sequelas. – Era isso que Helen temia. Aí estava a explicação para a atitude inesperada de Matheus. -As memórias tinham sido afetadas, os médicos não sabiam dizer ao certo o que tinha perdido. Até descobrirem que não se recordava de absolutamente nada antes do acidente, foi muito difícil enfrentar tudo isso. Eu tinha dezoito anos e inúmeras responsabilidades, meu pai morreu nesse intervalo de tempo – relata.

– Sinto muito – Helen disse, desconfiada. A história parecia fantasiosa e certinha demais, como se já tivesse sido ensaiada muitas vezes.

– Quanto a Matheus – os olhos de Samantha se encheram de lágrimas –, por algum milagre, seus movimentos e conhecimentos não foram afetados. Em um ano tive praticamente que começar do zero. Tanto com ele, que pouco conhecia, como comigo mesma. Algumas coisas se resolveram com o tempo. Às vezes ele lembra, mas é apenas por um curto espaço de tempo.

– Nossa, essa é uma história fantástica – Talvez isso explicasse o motivo de sentir como se uma parte dela estivesse morrendo quando o noivo se foi –, porém não justifica nada. Por que não veio atrás da vida dele aqui?

– Desculpe, mas tive medo. Talvez por meu irmão ter deixado bem claro, antes de visitar meu pai, que não nos queria em sua vida, tive muitas dificuldades em provar nosso parentesco. No início, foi bastante complicado, pois não sabia absolutamente nada sobre ele. Tivemos que aprender juntos e confiar nas poucas memórias que voltaram ao longo dos anos. E depois, foi o medo de que não me aceitasse em sua vida se descobríssemos a verdade.

– Só que se tratava da vida dele, Samantha – argumentou Helen– Eu passei todos esses anos pensando que tinha sido abandonada.

– Me desculpe, por favor, achei que soubesse. – A irmã de Matheus a encarou, procurando indícios de algo que talvez pudesse ter sido ocultado – Entenda, precisava cuidar dele e protegê-lo. Tive medo de que alguma coisa aqui me impedisse de fazer isso. Tente entender. – Samantha enxugou as lagrimas que escorriam. – Depois de tudo que passou, meu irmão precisava de cuidados especiais e, com o dinheiro que papai tinha deixado, podia cuidar dele e viver confortavelmente –tentava se justificar.

– Sinto muito, mas isso não justifica nada. –Helen não conseguiu disfarçar a raiva. Como aquela mulher podia achar que estava certa?

– Eu sei. Deixe-me explicar o que aconteceu – ela suplicou –Percebi muito tarde meu erro. Dois anos mais tarde, Matheus conheceu a mãe de Olivia, começaram a namorar e, em seguida, ela engravidou, mas não conseguia lidar com a doença dele e não queria aquele bebê. Matheus assumiu as responsabilidades com a criança. O apoiei. Ele quis voltar pra cá, mas tive medo. Só que no fim do ano passado, essa decisão tornou-se inevitável.

– Caramba! Então ele realmente falava a verdade quando disse não me conhecer. – A mulher só queria proteger o irmão, Helen percebeu, mas isso não lhe dava o direito de fazer o que fez.

– Sim, e não o culpe por isso. Se tiver que culpar alguém, que seja a mim – soava muito sincera ao assumir a culpa pelo que fez – Talvez inconscientemente meu irmão saiba quem você é, por isso quis tanto vir para cá. Às vezes ele tem algumas lembranças, mas elas somem tão rápido quanto apareceram. Ultimamente, até o que aconteceu recentemente ele não consegue lembrar com clareza.

– O que Matheus tem realmente? Existe alguma chance de ele voltar a lembrar?

– É um tipo de amnésia. Ele não se lembra do que ocorreu em sua vida antes do acidente, apenas poucas coisas que sabia sobre ele. Amnésia retrograda, é o termo correto utilizado pelos médicos.

– Existe alguma chance de ele se lembrar de mim? – Isso era o que a preocupava.

– Para ser sincera, não tenho certeza. Têm dias que Matheus não consegue saber quem sou, tenho a impressão de que a doença está afetando as memórias recentes. – Os olhos de Samantha estavam marejados. Ela estava evidentemente abalada com o que havia confessado. – Desculpe, mas não sei se ele irá, algum dia, se lembrar de você. Às vezes, não se recorda da própria filha – diz com pesar – Acho que falei demais. Chega de sessão divã por hoje. Vamos, acho que tem gente preocupada como nosso sumiço, inclusive Matheus. – Enxuga as lágrimas e tenta rir. – Chega de chorar por hoje, viu mocinha?

Helen percebeu que havia uma chance de se tornarem amigas.

– Samantha, posso te perguntar uma coisa?

– É claro que pode, Helen.

– Você sabia? Sabia sobre mim, sobre quem realmente fui para ele?

Ela hesitou por um momento, fechou os olhos e quando os abriu estavam cheios de lagrimas novamente.

– Sim. E... Por favor, me desculpe. Nunca pensei nas consequências dessa decisão. Perdoe-me – Samantha diz numa tentativa de justificar outra vez seus erros.

– Nesse exato momento, simplesmente não posso dizer que entendo e perdoo. Não estaria sendo justa comigo mesma. Só me responda uma última coisa: ele sabe? Sabe que tinha alguém que esperava por ele todos esses anos? – exigiu saber.

– Talvez – Samantha colocou a cabeça entre as mãos e as lagrimas ameaçaram cair novamente –, mas tive medo de contar e agora... Agora acho que já é tarde, tenho medo de confundi-lo ainda mais.

– O que fiz lá dentro, o que falei, pode prejudicá-lo de alguma maneira? – Helen perguntou assim que se deu conta que talvez pudesse ter causado algum dano.

– Quanto a isso, não se preocupe. Amanhã ele não se lembrará do motivo que fez com que você gritasse. Contanto que não o assuste como fez hoje – Samantha disse com pesar –, vai ficar tudo bem. Mais uma vez, me desculpe. Fui muito egoísta. Não quero ser sua inimiga de maneira alguma.

– Tudo bem. Só não posso esquecer tudo, nem mesmo dizer que a perdoei. – Alguma coisa lhe dizia que a irmã de Matheus escondia muitas outras coisas. Cedo ou tarde, ela iria descobrir.

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