Loki - A Profecia Do Infinito

By adri_bertolin

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Uma das poucas boas ações, sem segundas intenções, de Loki, o deus das travessuras, o levou direto ao maior t... More

Olá, senhor Loki...
Você está horrível
Humanos são tão tolos
Você não recebe ordens de ninguém
Você não tem ideia de como ela é preciosa
Essa parte de mim tem muitos nomes
Boom diia
Você confia em mim?
Ela é incrível
Ela parece quebrada
Eu era muito bobo e inocente
Eternidade vai nos destruir
A humana do Loki
Mas é claro, princesa!
O que sabemos sobre ela afinal?
Que a caça ao tesouro comece.
Vocês demoraram muito para vir me buscar
Você está além das barreiras que impomos
Asgard está sempre nos surpreendendo
O nome dele... és Loki.
Quem é Lin?
Amanhã será um longo dia.
Nós tínhamos um acordo
Ninguém aqui está fugindo.
Vai se foder...
Nemesis
Multiverso
Behkimo...?
Talvez você entenda um dia
Eu sou inevitável
Você não está mais sozinha
Parte da jornada é o fim...
Cena extra 1
Cena extra 2
Opa opa

Você deu um susto bem grande em todos nós.

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By adri_bertolin

O mundo não nunca foi um lugar em que a segurança sempre foi garantida, em que a justiça sempre foi eficiente e em que malfeitores sempre são punidos por suas ações. Sonhos são mais desmotivados a cada dia, a coragem é cortada pela raiz e a capacidade de fazer a diferença é retirada por aqueles que querem se manter em sua tão confortável estabilidade. Mas, apesar de todas as merdas, existem aqueles que se cansaram de apenas observar e decidiram fazer alguma coisa a respeito para que a vida se tornasse mais suportável.

Nas ruínas do que foi um campo de guerra anteriormente se erguia uma extensão monumental em memória aos que vieram lutar por uma vida continua, uma vida melhor, e não conseguiram voltar. Os sobreviventes agora retornavam para suas casas, alguns levavam o que restou de seus companheiros para que fossem sepultados em suas devidas realidade, outros partiam de mãos vazias tentando aceitar o fato de que não havia sobrado nada de seus amigos para levar de volta. O sentimento de perda estava espalhado por cada canto do planeta, conquistaram uma vitória a um custo muito alto e a sensação de impotência predominava por cada um que ainda respirava. Agora todos entendiam que não eram nada diante do que ainda espreitava universo a fora.

Os civis que se protegeram na realidade alternativa proporcionada pelos magos aos poucos voltavam para suas casas e nem ao menos tentavam forçar uma normalidade que já não existia a muito tempo. A realidade se abria para o acesso ao multiverso, deixando que cada um retornasse ao seu próprio lar. Chovia naqueles momentos de despedida, como se a Terra sentisse por todas as mortes foi obrigada a suportar.

Jennifer Walters voltou com a expressão de quem havia cumprido sua missão e, pelo mesmo portal, os atores se encaminharam de volta a um mundo em que heróis não possuíam superpoderes, que as vidas salvas por seus papeis não eram ameaçadas por vilões com dons inumanos e que seus novos aliados eram apenas personagens em uma história em quadrinhos.

- Você promete que não vai deixar que as pessoas se esqueçam de quem meu pai foi? - Perguntou Morgan, observando o homem idêntico a um certo gênio, playboy e filantropo que tanto lhe fazia falta, ir embora.

- Posso arriscar dizer que nunca se esqueceriam dele, mesmo que eu não fizesse nada. - Ele a abraçou não porque se sentia como Tony, ou porque via a menina como sua filha, mas sim por que entendia o quanto um gesto assim faz a diferença para crianças como ela.

As lágrimas da pequena molhavam sua camisa e o olhar de Pepper queimava sobre sua pele, assim como o de Rhodes, o de Happy, o de Peter e o Harley. Aquela era uma família que, mesmo depois de tanto tempo, ainda precisava desta ilusão de que, onde quer que o Homem de Ferro estivesse, ele está bem. Nunca superariam completamente, porém conseguiam viver com aquilo.

Os correspondentes ainda vivos de cada interpretador também estavam ali e trocavam olhares com aquelas pessoas tão diferentes deles e tão parecidas ao mesmo tempo como se não precisassem de palavras para transmitirem o que estavam sentindo. Provavelmente não voltariam a se encontrar com pessoas tão incríveis quanto suas imagens refletidas. Um a um eles deixaram aquela realidade marcante e por fim somente Tom Hiddleston ficou para trás.

Ainda era perturbador para Odinson ver alguém como o deus da trapaça sem sentir o impulso de se preparar para qualquer tipo de manipulação, mas olhando para o humano, ele quase cedia a vontade de fechar aquele portal e mantê-lo como o verdadeiro Loki sem se importar com as consequências. Era de se esperar que não veria tamanha falta de falsidade no rosto de seu irmão outra vez.

- Ele está vivo? - Perguntou o deus ao homem que encarava um ponto em especifico por tempo demais, como se esperasse por alguma coisa.

- Ele nunca fica morto por muito tempo. - Thomas respondeu com um encolher de ombros e, embora suas palavras tenham sido uma brecha para as mais diversas interpretações, não havia nada nele que denunciasse tudo o que sabia. - Um conselho, deus do trovão. - Seus olhos se ergueram para encontrarem os azuis do outro e ele se afastou, como se não pretendesse demorar mais para sair. - Quando ele voltar leve-o para comer uma pizza e evite julga-lo tanto como sempre faz.

O ator partiu para se unir aos outros sem se importar com a forma com que o loiro reagiria a sua dica. Ainda havia tempo antes que ele de fato precisasse compreende-la. A inconstância do jotun o levaria a eventualmente retornar ao mundo dos vivos, mas o filho de Odin não sabia o que esperar sobre como ele faria e como ele estaria quando isso acontecesse.

Perto dali, em outro portal de acesso, houve um grito agudo de horror que desviou a atenção de todos para o local. Era a vez do Quarteto Fantástico voltar para a casa, porém quando viram a passagem de seu mundo se abrir o que os encarou de volta foi a vastidão de um planeta coberto pelo pó daqueles que costumavam ser seus habitantes. Tomados pelo desespero, eles se lançaram em direção ao mundo que deveriam proteger, correndo e voando sem acreditar no que seus olhos viam, agarrando-se a fio de esperança de que aquilo era apenas alguma brincadeira de mal gosto. Eles chegaram a torre em que moravam em instantes, sendo seguidos por alguns dos outros heróis na tentativa de ajudarem o que restou daquela população.

O problema é que não restou ninguém. Susan e Reed primeiramente foram até o quarto do primogênito, apenas para encontra-lo vazio como todo o resto... Johnny abraçou a irmã quando ela desabou no chão em descrença e pânico, eles apenas assistiram inertes quando Richards não aceitou o que seus olhos viam e desviou das pessoas para ir diretamente para o seu laboratório. Ele rastrearia cada ser vivo na Terra, mas encontraria seu filho e todos os outros humanos.

Seu corpo elástico trabalhou com a precisão que ele não exercia a muito tempo, cada satélite entre as suas propriedades e até mesmo os que não eram seus entraram sobre seu domínio em conjunto. Ele verificou cada detalhe e só então começou a acreditar que não estavam ao alcance de todos os seus protegidos quando mais precisaram. Não havia nenhuma manifestação de vida além de todos os que vieram para ajudar... exceto talvez por duas estranhas leituras na área em que testavam as ideias mais perigosas e arriscadas de se desenvolver.

Assim como antes, ele passou pelos corredores e escadas correndo sem dar a abertura para que outra pessoa viesse com ele. Até que por fim se deparou com a porta arrombada da área restrita e a atravessou sem se importar com o nível da ameaça do que quer que esteja do outro lado. Silencio e mais silencio, seguido pelo barulho de passos que cautelosamente vinham até ele.

Seus olhos varreram cada centímetro do lugar, absorvendo informações e tentando entender o que acontecia ali. Ele se deparou com um pequeno fragmento do que parecia um portal interdimensional, algo que quem se escondia estava tentando expandir, mas não entendia o que aquilo poderia significar.

- Eu nunca pensei que ficaria feliz em vê-lo. - Falou uma voz que odiava imensamente e que pertencia a um dos piores inimigos de sua equipe.

- Doutor Destino! - Reed automaticamente se colocou em posição de defesa, porém isso não durou quando reparou no embrulho que o homem carregava em seus braços e no vomito com cheiro de leite que sujava parte do traje alheio.

- Devo admitir que seu filho é uma criança muito especial. - Destino não parecia muito contente em segurar o bebê, mas ao mesmo tempo quase parecia interessado em guarda-lo para si.

No descontrole Richards tomou o filho das mãos inimigo e o envolveu com tanto carinho que parecia ter medo que ele se partisse. Ele não deu muita atenção para o outro depois disso, já que atualmente Victor parecia mais com alguém que o agradeceria por ter aparecido do que com alguém que destruiu o próprio planeta, se preocuparia com a presença dele mais tarde, quando todos voltassem a sua normalidade.

Alheios a comoção e o alivio que tomaram conta da família ou do desesperado que era sentir que haviam fracassado totalmente, outro grupo de pessoas se encontrou em uma situação muito semelhante. Quando os mesmos cientistas que deram início a maior reunião de heróis que já existiu abriram uma passagem para que eles e todos os outros mutantes voltassem para suas próprias casas o que viram foi um aglomerado de esqueletos caídos em processo final de decomposição.

Diferentemente da outra realidade todos os que permaneceram na Terra em que nasceram tiveram o mesmo fim. Conhecidos, amigos, familiares... todos partiram, enquanto eles se iludiram acreditando que estavam lutando para salva-los.

Não houve uma reação no início, estavam em um estado de choque elevado demais para aceitarem e assimilarem toda a revolta que sentiam. Mas, em meio ao sofrimento, a culpa, a raiva e as lágrimas eles entenderam que ainda não estavam completamente sozinhos quando o povo do mundo em que batalharam os acolheu como se fossem parte dele.

Era o fim de um legado que lutaram para conseguir em seus próprios lares, mas também um novo começo para o Quarteto Fantástico, para o Doutor Destino e para as dezenas de mutantes que sobreviveram. Talvez nesta sociedade alternativa seu diferencial não os tornasse aberrações, como tantos entre os mortos acreditavam que os mutantes eram, talvez neste lugar as coisas não se desencadeariam para a extinção e juntos cada um deles poderia colaborar para um futuro muito melhor do que teriam conseguido sozinhos. 

Entretanto, esse é um pensamento positivo demais para que alguém acredite nele agora, enquanto a ferida está tão aberta. Um dia, quem sabe, a maioria consiga viver com as perdas para que então passam olhar para frente sem o peso do fracasso do passado.

(...)

Haviam memórias que um deus trapaceiro se forçou a esconder, outras que ele mudou de tal forma que nem mesmo se convenceria de que aqueles acontecimentos não eram reais e aquelas em que ele apagou com tanta convicção que certos eventos de sua vida perderam o sentido. Mas agora é seguro dizer sobre um tempo em que ele fugiu de uma condenação certa, com Tessaract em mãos.

Dois mil e doze é apresentado de duas formas na história em que conhecemos, na primeira Loki se viu preso e foi levado de volta a Asgard para ser aprisionado pelo próprio pai e, na segunda, uma intervenção temporal fez com que uma joia do infinito chegasse em suas mãos. A primeira trajetória o levou para um estado de emoções mais bens desenvolvidas e então a morte pelo sacrifício, já a segunda nunca foi muito bem contada.

O erro dos vingadores naquele dia em que reverteram o estalar de dedos do Thanos foi o de não se certificar de que brechas realmente não haviam sido formadas. O príncipe viveu em uma realidade paralela a que conhecemos depois de roubar o cubo cósmico, fazendo com que os acontecimentos depois disso já não fossem mais os mesmos que conhecemos.

O jotun sabia que Odin não o aceitaria em casa e ele realmente não queria rever o rei, mas esse não era o seu maior problema. Mesmo que fugisse para o outro lado do universo, o prêmio que o titã colocaria sobre sua cabeça ainda estaria valendo e, por isso, eventualmente, se permitiu explorar o multiverso. Ele começou encontrando oportunidades diferenciadas que nunca antes pode vivenciar e todo um conhecimento infinito tão maravilhoso que foi quase impossível deixar de se deliciar com os tesouros inestimáveis que passou a possuir. Poderia ter se passado dias, anos, décadas ou séculos e o deus nem mesmo perceberia ao longo de sua jornada.

Seus dons começaram a se expandir a um nível que nenhum outro deus já havia alcançado e sua ganancia insaciável poderia tê-lo destruído em sua própria grandeza, porém houve uma realidade que mudou suas prioridades. Nela, ele ouviu Spatium pela primeira vez, o Tesseract não era só uma chave para seus mais ambiciosos objetivos, sua antes silenciosa e mais constante companhia era um ser vivo que descobriu gostar.

A presença no cubo enigmático o ajudou a chegar a lugares ainda mais fascinantes, ele viu os mais belos reinos e as mais deslumbrantes paisagens, conheceu todos os mundos como ninguém fez antes dele e participou das mais diversas intrigas para conseguir o que desejava de cada lugar novo que encontrava. Sua vida se desenvolveu e foi maravilhosamente boa, ou pelo menos ela era até que ele encontrou a sétima joia do infinito.

Spatium nunca havia mencionado a existência de Ego, assim como parecia odiá-la na mesma intensidade em que a amava como uma parte dele. A forma dourada era a coisa mais repugnante que ele já havia visto, um monstro melancólico tão instável e controlador que sua primeira vontade foi ignorar completamente a existência dela e seguir com sua jornada. Nunca mais teria voltado até ela se o próprio Tribunal Vivo não houvesse aparecido. "É o seu destino, Loki", "Você precisa fazer isso, Loki", "As vidas de todo o multiverso dependem de você, Loki", "Vai poder garantir um futuro, Loki", "Você nasceu para esse momento, Loki" e mais toda uma baboseira que teria feito seu irmão partir para a guerra se sentindo honrado. O problema era que o príncipe não possuía honra e nem de longe se interessava pela salvação que aparentemente era a sua obrigação causar.

É claro que a entidade, estando muito próxima da onisciência, já sabia de tudo isso e também sabia muito bem como negociar. Não fazia muito sentido na mente do jotun que dessem a ele o poder que a criatura estava oferecendo, nem mesmo as brechas para todo o caos que ele poderia causar. Talvez realmente estivessem desesperados ao ponto de dependerem dele.

Logo que começou a agir, mesmo nas primeiras tentativas de aproximação, o príncipe sentia cada tentativa da joia orgulhosa de entrar em sua mente e então simplesmente permitiu a passagem mostrando exatamente o que ela queria ver. Depois disso convence-la sobre como os asgardianos eram esplêndidos não foi difícil. Com o interesse dela conquistado apenas precisou encontrar uma realidade correspondente a que havia nascido para começar suas sutis modificações, aproveitando-se do fato de que lhe foi concedido a habilidade de vagar pelo tempo.

Não foi nada complicado entregar Ego para o deus da guerra, enganar Alanes, ou garantir que seu outro eu do futuro convencesse Odin a adota-lo. Sentir prazer em ver Thor quase morrer em uma aventura da adolescência veio como algo natural e ele não se incomodou em ver colocarem a máscara de contenção máxima naquela jovem imagem sua. Assumir a aparência da maga para escrever um livro de possíveis aliados aos seres de Midgard e colocar-se em destaque, como se sua suposta mestra ainda o considerasse digno, nem ao menos foi um desafio. Ele deixou que cada peça se encaixasse perfeitamente. O jotun fez com que seu pai quisesse que ele se tornasse parceiro de Nemesis, gostou de ver a coisa asquerosa tomar conta de Amora, apreciou cada momento do acordo que o Pai de Todos e a entidade fizeram.

Ele traçou cada fio que o levaria até o momento certo, não apenas porque haviam o convencido a fazer, mas porque decidiu que gostava daquilo. Convencer Morte de que ela deveria matar Amora sem que ninguém desconfiasse de suas intenções foi um trabalho interessante de se fazer, então, quando a jovem partiu, ele cuidou para que Ego chegasse até o planeta em que ela floresceria. Deu início a uma civilização para que ela se mantivesse distraída e cuidou de cada mínimo detalhe até o dia em que Asgard invadiu o reino maravilhoso que estava crescendo às custas de um poder que não deveriam possuir. Loki viu Odin dar a ordem para que o jovem herdeiro escondesse aquela coisa amaldiçoada onde ninguém pudesse alcançar e, como um bom servo, se ofereceu para ajudar. O menino era tolo assim como continuaria sendo em sua idade adulta, suas defesas mentais eram fracas e bastou instantes para entrar na mente dele e fazer com que se esquecesse de sua importante tarefa.

A pedra foi deixada no chão das proximidades, perdida até que o momento de voltar chegasse. O jotun também cuidou para que ninguém questionasse sobre a habilidade de Thor em esconder artefatos místicos.

Muito tempo se passou em instantes para ele, enquanto também cuidava para que as desavenças entre os irmãos acontecessem, ele foi desenhando uma série de outros acontecimentos para atender os seus interesses e aos objetivos das entidades cósmicas também.

O príncipe devolveu o Tesseract para a realidade em que havia se originado, viveu na Midgard em que seus planos se desenvolviam durante alguns períodos significantes como na primeira e na segunda guerra mundial, colaborando indiretamente para os dois lados e depois disso só retornou quando os humanos chegavam a marca da década de setenta, manipulando resultados que definiriam o fim da guerra fria. Tudo ocorria exatamente como o queria, o que incluía também garantir que aquela versão mais jovem de si mesmo crescesse poderosa e contida, para que ninguém prestasse muita atenção nela.

Talvez entre todas as suas ideias para o futuro que precisava desencadear a mais divertida foi brincar com a genética. Nemesis possuía mais afinidade com o corpo humano, mas isso não significava que um corpo não perfeito poderia suporta-la. Ele começou buscando pelas maçãs do pomar de Iduna, frutos tão poderosos que alguns diriam até poder conceder a imortalidade, mas logo Loki já os alterava para que atendessem a realizações que desejava. Desde os primórdios da humanidade ele traçou linhagens grandiosas que não possuíam a menor ideia do quanto eram importantes, um a um ele foi deixando que as qualidades se transmitissem e em sua mente foi se estabelecendo um ideal para o que um dia seria aquela criança portadora. Sem que percebesse, um certo fascínio por aquela mortal tão significante foi criando marcas por toda a alma condenada do jotun.

Houveram tantas vidas sobre sua influência, tantas pessoas que se uniram por sua causa e que geraram vida sobre as mais diversas circunstâncias apenas para que ele seguisse em frente, sem falhas. Porém quando as últimas gerações cresceram sua ansiedade e devoção a uma mulher que não conhecia, fizeram com que, pela primeira vez, causasse em alguém o amor. 

Quando Jasmim e Kevin se olharam pela primeira vez, aconteceu uma conexão tão poderosa que eles se envolveram muito rapidamente, eram tão feitos um para o outro que se reconheceram como alma gêmeas, Já com Amanda Armstrong e Jude a paixão vinha diretamente de sua magia e eles poderiam ter sido uma família maravilhosa para que o pai da escolhida nascesse, mas, enquanto estava gravida, Amanda resistiu sobre seus encantos e isso foi somado com a descoberta de uma traição terrível, o que acabou gerando um efeito não muito agradável e Jude acabou com uma tesoura atravessada em sua garganta. 

Uma pena que precisasse entregar aquele bebê a uma família que não daria o tratamento que desejava para ele, o deus conseguia ver adiante e não gostava da ideia de sua aposta genética acabar morta pelo descuido de uma ex-agente, portanto Loki convenceu aquela mãe a entregar a criança para a adoção. Howard Stark e Maria não seriam os melhores pais e não tratariam Anthony com o mesmo carinho recebido por Kelly do casal formado pelo deus, mas eles serviriam e levariam o pequeno a se tornar exatamente o que precisava que ele se tornasse.

Chamar a atenção de um playboy como Tony para uma mulher atraente como Kelly foi uma das coisas mais fáceis que já havia feito em toda a jornada. Eles se atraíram em uma noite com um desejo tão ardente quanto o próprio fogo e se esqueceram de verificar se o preservativo não estava danificado. Linna nasceu nove meses depois entre gritos, sangue, lágrimas e risos, uma menininha saudável e adorável. 

O príncipe de Asgard foi o medico que auxiliou o parto, pela primeira vez em muito tempo, ele se permitiu aceitar algo como afeição preenche-lo por completo conforme via aquela coisinha suja e escandalosa se remexer em suas mãos.

O jotun só voltou a vê-la depois disso, quando a mãe a levou em uma expedição arqueológica de altíssimo valor histórico. Não era sábio deixarem artefatos desconhecidos e potencialmente perigosos ao alcance de uma criança, assim como Kelly não era tola ao ponto de fazer isso, mas o príncipe só precisou fazer parte da equipe de pesquisa para levar a caixinha fortemente selada até a garota. Ele adorou ver como ela reagia a sua presença com a alegria entusiasmada de alguém que confiava nele, porém foi detestável ver Ego infiltrando-se em seu corpo como se desejasse absorver tudo aquilo que ela podia oferecer. Seu choro naquele dia foi a única coisa que fez com que sentisse remorso por tê-la trazido para aquele jogo de deuses e seres divinos.

A partir do momento em que a menina se uniu com a joia, Loki soube que não era mais necessário que estivesse ali, portanto apenas providenciou que a Soskovia do futuro fosse reconstruída nos anos após Ultron e que ninguém mais comentasse sobre o que havia acontecido lá. Era apenas um ato de diversão para causar possíveis discórdias em outros tempos e em nenhum momento duvidou que um dia isso causaria alguma grande diferença no caminho que planejasse traçar mais tarde.

Nemesis se levaria para a própria ruína e não precisaria mais de sua contribuição para ser destruída, ou pelo menos não nesta forma carnal em que se encontrava. Em cerca de dezesseis anos após o nascimento de Linna o jotun que cultivava chegaria ao seu fim pelas mãos de Thanos e em nem por um segundo este de outra realidade cogitou deixar que ele permanecesse morto.

Para chegar até seu outro eu naquela data ele precisaria ter passagem pelo reino dos mortos e não fazia sentido acreditar que Morte o receberia por vontade própria. Seu primeiro impulso foi causar uma distração marcante o suficiente para que ela não olhasse para seus próprios pertences enquanto ele os alterasse para que atendessem seus desejos. Foi na alma de Wade Wilson que encontrou uma brecha maravilhosa para entrar despercebido.

Enquanto mutante e entidade se envolviam sexualmente pela primeira vez os portões para o vão entre o Hel e Valhalla se tornaram desprotegidos, a oportunidade estava bem diante de seus olhos e não havia como negar que o deus era bom o suficiente em infiltrações para passar pelas barreiras e caminhar por todo aquele mundo distorcido sem que notassem sua presença.

O livro dos mortos não estava nem de perto tão bem guardado quanto ele esperava, quase como se o orgulho de sua proprietária a impedisse de cogitar que alguém conseguiria chegar tão perto. Loki sentia tudo a sua volta tentando rejeita-lo, tudo parecia notar que ele era um intruso naquelas terras e o próprio mundo tentava expulsa-lo, deixando tão desconfortável que cogitava realmente ir embora. Porém quando as páginas envolvidas pelo couro pesado foram tocadas por suas mãos, nada em todo o universo poderia ter sido capaz de impedi-lo. Suas ações foram breves e sem hesitações, ele buscou por seu nome e não parou de apaga-lo até que não restasse nenhum resquício de que um dia ele esteve presente naquelas grandiosas folhas que davam a Morte o controle sobre todas as almas.

Bastou que se passasse alguns segundos até que toda a pressão daquele reino sobre si desaparecesse e o mundo se tornasse tão pacifico como quando ele não estava lá. Com um sorriso de triunfo ele andou de volta para a saída sem mais distrações para acoberta-lo e sem tentar se esconder. Nada estranhou sua presença, nada tentou destrui-lo e nenhuma manifestação de vida conseguiu vê-lo. Quando passou pelos portões outra vez foi como alguém sem nenhum limite na transição entre a vida e a morte.

No momento em que os dezesseis anos terminaram e ele soube que o pescoço de seu correspondente já estava devidamente quebrado a primeira coisa que fez foi se encaminhar até Hel. O que definitivamente não foi uma experiência agradável. Conforme se aprofundava no reino obscuro mais desejava não ter vindo, cada instante a mais por ali causava sua ânsia e seu repudio a níveis intermináveis. Mas, apesar de tudo, sabia que sua jornada valeria a pena.

O tempo naquele inferno não passava da mesma forma que acontecia do lado de fora, a eternidade se prolongava da forma mais torturante possível e a sua impressão era de que estava lá dentro se arrastando a milênios, enquanto provavelmente não havia cruzado a entrada há mais que meras horas. Encontrar seu outro eu entre tantas almas sofredoras era como procurar por um grão de areia em específico dentre todos os outros grãos de Midgard.

Somente quando ele se perdeu e toda a noção de tempo deixou de existir foi que ele teve o primeiro deslumbre da mesma cabeleira negra que carregava em sua cabeça. Sua vontade foi de gargalhar quando percebeu que ele não passava pela mesma agonia que todos os outros e sim se infiltrava entre demônios, conquistando suas confianças, se misturando com eles e se elevando ao ponto de não ser tratado como uma alma qualquer. Nem conseguia descrever o quanto se sentiu orgulhoso de vê-lo trabalhando para retornar sozinho.

Aquele Loki não esperava por salvação, não contava com ninguém que pudesse querê-lo de volta ao ponto de busca-lo. Ele não se via como um merecedor do sofrimento que lugar lhe impunha, mas entendia que ninguém agiria para evitar que permanecesse ali e que estava sozinho ao ponto de acreditar que só uma pessoa no mundo dos vivos sentia sua falta. Quando ele viu seu próprio reflexo oferecendo ajuda acreditou profundamente que já estava enlouquecendo e que sua visão não passava de uma alucinação causada por delírios. Se seu salvador não conhecesse tão bem a mente alheia teria sido preciso toda uma verdadeira eternidade para convence-lo que não se tratava de uma brincadeira cruel e sim de alguém que realmente podia tira-lo dali.

A pele do jotun estava podre e severamente danificada, parecia tão arruinado que sua capacidade de se manter racional por todo o tempo que passou em um mundo tão destruidor chegava a ser louvável. O deus ainda vivo segurou em sua mão como um suporte, para não fazê-lo hesitar, e o arrastou de volta por todo o caminho que antes havia percorrido, quase como se estivesse lidando com um filhote acuado.

Eles caminharam até que passagem para o reino dos vivos apareceu diante de seus pés, mas para que saíssem havia uma condição. Se o morto deixasse Hel sem um corpo ele apenas nasceria outra vez como alguma criança, o que sem dúvidas estragaria seu tão bem arquitetado plano e para evitar tamanho atraso suas almas precisavam se unir como se fossem apenas uma.

O vivo não deixou uma escolha para o outro além de aceitar e tomou sua existência antes que ele pudesse protestar. Inicialmente houve em seu corpo uma queimação desconfortável demonstrando que o príncipe falecido lutava contra a unificação, porém logo essa sensação desapareceu e o deus trapaceiro retornou para Midgard tendo seus sentidos alterados pelos que costumavam ser daquele que acabou de absorver.

Seu último ato com as memórias predominantes daquele que havia vagado por quase todo o multiverso, foi de se esconder em sua forma de gigante de gelo no mais remoto continente do planeta mortal. Com a neve acolhedora em sua pele Loki começou a traçar uma serie de encantamentos em si mesmo, ciente de que seria encontrado a qualquer momento. Ele forjou sua nova base, escondeu tudo que não precisava se lembrar e mesclou todos os conhecimentos uteis com os do que adquiriu no momento em que fez com que existisse apenas um deus trapaceiro naquela realidade. Quando terminou ele não passava de um príncipe que havia se sacrificado por seu irmão e que de alguma forma foi capaz de sobreviver outra vez.

(...)

Havia uma parte do jotun consciente e sem barreiras sobre seu próprio passado que reconheceu alguns detalhes do que acontecia ao seu redor depois de caminhar mais uma vez pelo reino dos mortos e retornar para o que restava de seu corpo. Ele sabia que não passava de fragmentos amontoados por alguém que tentava desesperadamente traze-lo de volta, mas mesmo assim sentia-se progredir e ganhar forma com o poder de outra pessoa. Talvez ter se agarrado aos dons de um humano imortal tenha sido uma boa ideia, mesmo quando tudo foi drenado de sua existência uma parte de si se lembrou de não soltar o fiapo de imortalidade que havia copiado e isso garantiu que pudesse eventualmente voltar a sua própria forma física.

O deus sabia, mesmo depois do que se pareceram dias, que não passava de um pequeno feto, mas sentia o calor de um corpo poderoso protege-lo mesmo que não soubesse quem era ou porque se importava. Algumas coisas sobre a batalha que havia travado voltavam para seus pensamentos com frequência e Loki não conseguia deixar de rever o momento em que havia tirado a vida da única verdadeira amiga que teve por sua tão longa vida, ele entendia que teria que lidar com a perda de sua pedra preciosa em algum momento, mas decidiu que faria isso quando quem se dava ao trabalho de salva-lo conseguisse sair da dimensão que lhes colocaram.

(...)

Odinson não se afastou da arruína que restou do campo de batalha e de todos os seus monumentos improvisados mesmo depois que várias semanas chegaram ao fim. Seus amigos acreditaram que isso era apenas uma forma de lidar com a culpa e com suas mais novas perdas, mas a verdade é que ele não conseguia parar de pensar nas últimas palavras ditas pelo ator com o rosto de seu irmão antes dele partir. Aquele homem sabia de alguma coisa, ele estava ansiando que alguém aparecesse antes de ir embora e se havia alguma chance desse alguém ser Loki, então o deus não pararia de esperar até que colocasse as mãos no asgardiano adotado outra vez. Seja para abraça-lo ou esgana-lo o filho de Odin apenas precisava saber que suas lágrimas de luto eram mais uma vez para o desgraçado que forjou sua própria morte, pois se não fosse... Bem, talvez busca-lo no inferno não fosse algo impossível.

Stephen foi o único a contribuir para sua crença de que o irmão estava vivo, ele mencionou que o ator havia pedido seu anel de acesso antes que o Imperador chegasse e que não o havia devolvido quando partiu. Loki como um discípulo de uma maga suprema poderia ser capaz de sair da dimensão espelhada com ele. Eram essas as esperanças que o mantinham ali sentado em uma rocha olhando para o horizonte, apenas com a companhia de sua raposa, do gato de Lin e de stormbreaker.

A noite já tomava conta dos céus outra vez quando os animais começaram a ficar inquietos. Quando aquelas coisinhas peludas se levantaram e correram para um ponto a poucos metros de distância seu primeiro instinto foi acompanha-las com o coração acelerado. As primeiras faíscas de um portal apareceram dando o sinal de que alguém tentava voltar. Ah, Odinson o estrangularia com certeza.

Porém, quando o portal se formou, quem tropeçou por ele não foi o irmão trapaceiro, foi uma mulher nua, fraca e de pele muito marcada com um pequeno bebê azul no colo. Mesmo que não fosse quem esperava o deus se adiantou para segura-la quando percebeu que suas pernas fraquejavam, não deixou que ela encontrasse o chão. Doutor Estranho ensinara algumas técnicas de sua magia a Stark quando ele cooperava com o príncipe sobre a influência de Nemesis e Tom havia deixado o anel na mão do corpo decapitado da Original enquanto a atenção do Imperador não caia sobre ele, sabendo que ela seria capaz de tira-los dali.

Quando o loiro olhou nos olhos cansados da mulher tudo o que ele viu foi o mesmo castanho que ele já havia enxergado nas íris do pai dela e quando olhou para a criança o que viu foi a pele dos gigantes de gelo e os olhos vermelhos da mesma espécie, um corpo jovem demais para entender, mas esperto o suficiente para fazer com que assistisse cada traço jotun desaparecer para dar lugar as características do povo de Asgard.

Os próximos instantes se passaram como um borrão nos olhos de Odinson e ele só lembrava de conseguir chegar até o que restou dos vingadores, entregar-lhes a garota junto do gato e desaparecer com a raposa e o bebê. Eles cuidariam dela, mas por hora seu foco seria a coisinha frágil em seus braços.

(...)

Lin Stark ainda estava viva, porém tudo indicava que ela não permaneceria assim por muito tempo. Seja pelo ódio dos sobreviventes ou por seu próprio corpo, a cada segundo sua resistência era ameaçada, sendo além disso drenada por cada vez em que falham em estabiliza-la. A regeneração que os poderes de Nemesis lhe possibilitava alcançar salvou sua vida inicialmente, porém com a morte da Original não havia mais controle sobre esse dom e, portanto, suas células começaram a atacar umas às outras. Quando conseguiu sucesso com os raios gama e com o soro de super soldado foi a energia que armazenava em si mesma que impediu que seu corpo entrasse em colapso, mas nada conseguia frear a reação em cadeia de seu corpo agora.

Seu corpo repousava em Wakanda, sendo protegida por guerreiros de qualquer um que tentasse atentar contra o que restava de sua vida. Aqueles que acreditaram um dia que ela era uma aliada e que possuíam algo próximo de uma amizade lutavam contra o tempo para mantê-la respirando e sua família não a deixava nem por um único momento.

Família... esse era um conceito estranho de se aplicar a pessoas que se envolvem com ela depois de tudo o que fez, mesmo que a maioria de suas más atitudes não tenham sido exatamente sua escolha. No entanto Pepper, Gato e Morgan continuavam junto dela apesar de todas as contraindicações e assim continuariam ao menos que os expulsassem do quarto.

A pequena a observava, acompanhando cada fôlego reivindicado pelos pulmões da irmã como se pudesse ser o último. Talvez realmente fosse. Sua mãe dormia em uma poltrona próxima, mas ela se recusava a deixar a outra Stark e até mesma a acompanhava em sua cama, lendo um dos livros que pareciam causar o interesse da mais velha.

Havia uma inquietação por trás das pálpebras da Garota de Ferro, como se ela de fato pudesse ouvir as palavras da mais nova.

(...)

Linna conhecia o suficiente do mundo particular da joia da alma para saber que era lá onde estava quando abriu os olhos. Ela percebeu que seu corpo não mais suportava o peso da vida que carregou durante todos os seus anos e que agora se encontrava na forma da criança que costumava ser na época que ainda acreditava que poderia ter uma vida normal, mas mesmo que essas fossem sensações boas, não havia nada que a fizesse absorve-las verdadeiramente.

Sua mente estava em completo silêncio e ela estava sozinha, algo que isoladamente já fazia com que se tornasse inquieta e desconfiada. Não se lembrava da última vez que vivenciou tamanha liberdade. Seus instintos treinados trabalhavam para descobrir o que acontecia conforme se colocava de pé, com cada fibra de seu corpo infantil em alerta e pronto para enfrentar o que a esperava.

Aquele silêncio absoluto a sufocava mais a cada minuto que passava andando em direção ao horizonte vazio. Não havia nada ali, nenhuma manifestação de vida, movimento, som ou um mero lembrete de que não era um sonho. Talvez aquele fosse seu novo lar em uma vida após a morte, ou a punição de um ser superior, mas a Stark não demonstrou nem por um segundo o desconforto que tomava suas entranhas. Ela apenas caminhou e caminhou, até que seus pés doeram e seu corpo protestou tão violentamente que suas pernas cederam e seu rosto encontrou o chão mais uma vez.

Seus pensamentos estavam nublados e raciocinar era muito mais difícil do que costumava ser, porém ela ainda se esforçava tentando se colocar no ritmo que manteve desde que seu único amigo a ensinou: não demonstrar sentimentos verdadeiros quando eles podem se tornar uma arma usada para contra si mesma, entender o que está acontecendo, não perder a calma, manipular o jogo a seu favor, ganhar.

Lin repetia uma serie de palavras e memórias em sua mente que costumavam mantê-la lucida anteriormente, mas, conforme sua visão se tornava embaçada e as lembranças se tornavam confusas, ela se encolheu em fragilidade, tentando esconder as lágrimas que escorriam de seus olhos. Tantas coisas não faziam sentido agora...

Houve um barulho de passos muito próximos que deixou seu corpo tenso e então veio a brisa fresca dos mares que um dia desejou conhecer. Ela não se moveu, com certeza era algum tipo de truque e, embora tenha se preparado para atacar desconhecido, não conseguiu reagir quando percebeu que aquela coisa estava parada a sua frente.

A primeira coisa que viu foi o par de sapatos masculinos que o estranho usava, uma peça que transmitia seu alto valor mesmo para olhos tão inexperientes nesse quesito quanto os dela. A segunda foi o movimento dos ossos e da musculatura daquela forma de vida quando ela se abaixo para toca-la. A Stark esperou pelo impacto de uma dor alucinante que nunca veio, enquanto o que recebeu foi um afagar em suas costas, algo muito próximo ao que ela conhecia como carinho.

Seus olhos se voltaram para cima em confusão, afinal, talvez fosse apenas a brincadeira de uma das joias, porém quem a encarou de volta foi um homem que deixou de sonhar em conhecer a muito tempo. Anthony Stark.

Ele exibia um grande sorriso acolhedor como se estivesse de fato feliz em vê-la, não havia pena, raiva, medo ou nojo, nada daquilo que ela imaginava estar presente naquele rosto lindo no dia que o conhecesse. O choro se irrompeu de sua garganta, com um soluço muito mais sofrido do que se lembrava de já ter liberado. Tony a aceitava como um todo, Lin percebeu, ele não se importava com o monstro, com sua aparência, com seus defeitos, com seus erros e com suas falhas. Mesmo quando ela olhava para os olhos dele e tinha a certeza de que ele conhecia cada detalhe horrendo do que ela já fez ou do que fizeram com ela, ele não a julgava.

Os braços longos do corpo adulto a envolveram e a ergueram, segurando-a como se ela fosse o mais importante de seus pertences e como se fosse uma obra rara na qual ele não queria danificar sob nenhuma hipótese. Tony não reclamou quando ela escondeu o rosto na curvatura do pescoço dele, nem quando as lágrimas molharam a roupa tão refinada que ele vestia.

Aquele homem representou durante muito tempo a sua idealização de uma vida feliz, desde de quando ela era pequena sua figura paterna era seu maior herói e exemplo, o mais admirável dos seres humanos, sempre parecia tão incrível aos seus olhos que houve um longo período em que daria qualquer coisa para se tornar alguém como ele. Mas os anos se passaram e o sonho infantil desapareceu, pode começar a entender que a maior parte do que conhecia do pai não passava de sua própria imaginação e que ele nunca amaria alguém tão quebrado como ela.

Talvez esse tenha sido o sentimento que a Stark manteve mais bem guardado, todo o orgulho que sentiu com cada notícia sobre a trajetória que Tony estava percorrendo, sobre todas as conquistas dele e sobre como ele era o tipo de homem que fazia a diferença na vida das pessoas, alguém tão diferente daqueles que destruíram seu corpo. Seu pai era alguém que ela imaginava poder confiar sem hesitação, um porto seguro muito diferente do que Loki oferecia, um bom homem que ela imaginou ter chegado para salva-la em cada estrondo estranho que ouviu nos seus anos em cativeiro. Lin desejava profundamente poder conhece-lo, mas sempre que acreditava que isso poderia de fato acontecer a realidade se chocava contra seu rosto e ela se lembrava da criatura terrível que realmente era.

Mais do que um abraçado acolhedor, aquilo era a sua redenção. Eles haviam vido busca-la para que se juntasse aos seus novos lares em um mundo muito além daquele que conhecia. E sim, eles... Tony não estava sozinho. Quando Lin conseguiu reunir forças para se recompor, ela sentiu a presença de outra pessoa, a presença de uma mulher. Olhando para o horizonte, para a fenda entre o plano em que estavam e aquele outro, a mais nova viu alguém cujo o rosto não conseguia fixar em sua memória.

Sua mãe também estava ali. Kelly, a jovem e extrovertida Kelly que teve sua vida tirada no mesmo dia em que a existência da Stark tomou um rumo definitivo para o desastre. Ela era como uma mulher comum, sem toda beleza extraordinária que muitos esperariam de alguém que conquistou a atenção momentânea do gênio, playboy e filantropo, mas mesmo que estivesse fora dos padrões não era preciso olhar mais de uma vez em sua direção para entender porque era tão atraente. Sua mãe carregava um carisma natural e olhava para o mundo como se possuísse todo o amor que ele tanto necessitava. Linna nunca antes havia reparado que sua forma adulta possuía muito mais traços de sua matriarca do que do homem na qual tantos a comparavam e agora também se envergonhava de todos os sentimentos obscuros que carregava em seu coração.

Kelly se aproximou de onde eles estavam com uma cautela muito incomum quando se tratava dela e seus olhos diferentes procuraram os de Anthony como se o desafiasse a afasta-la. Seu braço rechonchudo se estendeu em direção a rosto molhado da filha e ela enxugou uma lágrima teimosa que insistia em se libertar, era para Lin que pedia permissão, como se entendesse suas dores e hesitasse em toca-la por não pertencer a categoria de pessoas em que ela ainda conseguia confiar. 

A mulher não era uma heroína, nem ao menos conhecia um mundo em que super heróis se tornavam cada vez mais comuns, ela gritava por socorro quando baratas se lembravam de que sabiam voar e virava noites chorando por personagens de suas histórias favoritas, ela amava descobrir coisas novas e gostava de trazer conhecimento para o mundo. Não era tão incrível quanto alguém que se sacrificou para salvar infinitas vidas, porém teria feito o mesmo se estivesse no lugar dele. Kelly era alguém que faria qualquer coisa só para colocar um sorriso no rosto de outra pessoa.

Linna inclinou a cabeça na direção da mão de sua mãe, era a sua forma de demonstrar que também a aceitava.

A compreensão daquilo que poderia ter tido se o destino não houvesse a escolhido era a pior parte. Ela sabia que teria sido muito amada, que teria conseguido a chance de fazer dezenas de amigos, que não sentiria tanta dor e que nunca teria se esquecido de como era chamar algo de lar, mas que agora tudo isso não passava das expectativas frustradas de uma criança.

Aquela fresta aberta, que levava a um mundo além, chamava sua atenção, naquele lugar seus antigos desejos poderiam se tornar reais e, por um momento, essa possibilidade foi a coisa mais maravilhosa que podia sentir. Não havia medo em seu corpo quando assentiu com a cabeça, mostrando para aquelas duas pessoas que amava como já estava pronta para partir. No entanto, quando Tony deu seu primeiro passo em direção ao seu novo lar acompanhado pela mulher que nunca teve a chance de conhecer melhor, a pele da mais nova formigou com o mais próximo de dor física conseguia capitar e seus olhos entenderam a tristeza que seus pais transmitiam, mesmo que se esforçassem para conte-la.

A ausência de palavras não era espontânea, o que quer que tenha permitido aquele encontro também lhes tirou a chance de intervir mais diretamente. Nenhum dos dois queria leva-la para o mundo dos mortos, não verdadeiramente, a escolha era dela e se decidisse ficar entre os vivos, poderia guardar essa recordação da família que nunca teve.

Seu corpo travou e os passos pararam a centímetros da travessia quando eles perceberam sua hesitação. Havia mesmo algo além de uma promessa fajuta que a mantinha viva? Algo na qual valeria a pena ficar? Qualquer coisa que fizesse sentir algum prazer em continuar respirando? Linna não sabia. Ela voltou a olhar para o horizonte em que novas oportunidades surgiam e avistou algumas outras pessoas, como se esperassem ou apenas quisessem faze-la lembrar de algo, mesmo que a Stark não conhecesse seus rostos.

Os pelos de seu corpo se arrepiaram, ela sabia quem cada um deles era. Aquele centralizado uma vez foi chamado de Odin, a mulher a sua direita era Frigga e a outra a sua esquerda era Amora. Também conseguia ver Howard, Maria, Benjamin Parker e Farbauti. Homens, deuses e uma gigante de gelo, vindos de Hel ou de Vahallha apenas para que fizessem com que ela se lembrasse de tudo aquilo que ainda a aguardava em vida. 

Mais afastada e menos visível se encontrava a própria Morte, alguém que mesmo arriscando desestabilizar o equilíbrio recém conquistado lhe oferecia uma escolha e mais que isso, gerava uma resistência a muito tempo perdida que poderia ser a diferença. Linna não conhecia as razões da entidade, mas não duvidava que Utrimque estava envolvida nisso, considerando o lugar em que se encontrava, tudo mais lhe parecia um esforço egoísta por parte do que restou da joia para mantê-la viva e fiel a própria palavra.

Kelly e Tony a apertaram com força e a encararam com firmeza. Lin quase podia os ouvir dizendo para as leis irem cósmicas se foder e que ela deveria agarrar a oportunidade que estava sendo oferecida. Não há uma prisão a esperando do outro lado, mas existem amigos aguardando por seu retorno e uma infinidade de universos para se explorar, se o que queria era uma vida nova e melhor, não lhe faltava recursos para dar início a ela a partir do momento em que continuasse respirando.

O maior problema era que realmente não queria voltar para crueldade que conhecia na Terra e que gostaria de experimentar o que Vahallha teria para lhe oferecer. Era uma pena que Morte a olhava com a ameaça implícita de lhe causar os mais diversos tipos de sofrimento existentes por toda a eternidade se não aceitasse retornar. As vezes a garota costumava acreditar que não teria tantos problemas se os seres vivos parassem de ser tão manipuladores.

Parte dela adoraria passar por aquela brecha apenas por um desafio que sabia que iria perder, mas algo ainda muito vivo em seu corpo sentia o calor de um carinho que não vinha de nenhuma daquelas pessoas ali presentes e que a amava tão intensamente quanto alguns deles. Ela ainda possuía entes queridos que a aguardavam e que sentiriam sua falta, sentimentalismo era uma bela merda.

Linna se agarrou a sensação reconfortante que vinha do outro lado e sorriu descrente de sua própria decisão.

- Eu amo vocês. - Ela disse aos pais. - Eu respeito vocês. - Ela disse aos outros mortos. - I iw jamdoxeo zi faki mi isboyomi is ws kokda, som otsexa zi imdigo ozi. (E eu gostaria que você se empalasse em um cacto, mas admiro que esteja aqui.) - Ela disse ao falecido pai de todos, em asgardiano, conforme se deliciava com sua careta de desgosto e se soltava da segurança de sua família.

A saudade que se abateu sobre seu corpo assim que colocou os pés no chão era horrível, mas não tão intensa quanto imaginou que seria. Seus progenitores pareciam mais radiantes com a perspectiva de que ela não desistiria do que quando a encontram minutos atrás. Com a imagem dos dois sorrindo Lin fechou os olhos, desprendendo-se daquele mundo e espalhando sua energia por cada célula de seu corpo.

(...)

A população desejava a execução de Linna Mary Stark, mas apreciavam o fato de que ela estava trancafiada em uma cela, morrendo aos poucos. Seu julgamento havia sido naquele mesmo dia, apesar de que os sentimentos a flor da pele contribuíram para que a violência e a injustiça ganhassem, um termo que agradasse a todos somente tenha sido aceito depois de um mutante intervir. Charles Xavier não gostava de ter que usar seus poderes nesse tipo de situação, mas ele fez uso deles mesmo assim e mostrou para cada um presente no tribunal o que havia presenciado dentro da mente conturbada de Nemesis.

Após todo o conflito e a discussões de ideias conflituosas a sentença foi dada, cabia a Odinson buscar pela condenada e leva-la até o palco da confirmação de que pagaria por seus crimes, poucos eram os que se importavam com o fato de que ela passou meses inconsciente e que não apresentava melhora até agora, não fazia muita diferença para aquelas pessoas se ela estaria sendo entregue aos braços da morte com a decisão que tomaram.

Já era de se esperar que a mulher era uma caixinha de surpresas, mas o deus levou um verdadeiro susto quando passou por todas as proteções exageradas da cela e encontrou os olhos castanhos olhando para ele enquanto a mão ausente de alguns dedos acariciava o pelo macio do gato de estimação dela.

Não havia nada de saudável em sua aparência, porém não havia dúvidas de que aquilo era uma situação muito mais positiva daquela que apresentava anteriormente. Seu sorriso contido se alargou quando ele se aproximou e ela estendeu os braços preguiçosamente como se já soubesse para onde iria.

- Você deu um susto bem grande em todos nós. - O asgardiano comentou conforme enxotava o animal e a erguia em seus braços.

- Aposto que todos pensaram que eu não salvaria o dia. - Algo próximo a diversão brilhou nos olhos dela, o que foi refletido pelos os dele.

- Alguns ainda acreditam nisso.

Odinson a carregava como se fosse mais leve que uma boneca de pano e passou todo o conforto que conseguia transmitir enquanto caminhava por corredores silenciosos. Sendo logo depois recebido por uma multidão enfurecida. Claramente não esperavam que ela estivesse acordada e esse fato tanto apavorava quando enraivecia ainda mais a maioria dos presentes, mas Lin apenas se encolhia no colo do amigo como se sentisse muito por tudo o que causou.

Povos de todo o planeta se reuniam na Nova Asgard para testemunharem o fim de todo o medo que a filha do Homem de Ferro despertou em seus corações e não haviam muitos rostos conhecidos entre aqueles que a queriam morta, apenas vítimas que ela nem ao menos conseguia se lembrar de prejudicar. A mulher encontrou cada olhar que estava em sua direção, os respondeu com igual intensidade e não se demorou, seguindo para o próximo e para o próximo conforme Odinson a levava para um local com uma simples demarcação de grande importância.

A última pessoa que viu antes de se preparar para sua sentença foi Carol Denvers, alguém que lhe direcionava tamanho ódio que ela teve a vontade de se desaparecer completamente. A única coisa que pode fazer foi tentar demonstrar toda a culpa que sentia através de seu olhar, que bom que ela era uma ótima mentirosa pois temia levar um golpe certeiro caso a outra desconfiasse que praticamente não se importava.

Quando o amigo parou, Linna se viu diante de Valquiria. Ela seria condenada por uma corte de deuses extraterrestres, afinal não estava muito perto de ser realmente humana e, por tanto, as leis humanas não costumavam ser aplicadas com muita eficiência a sua pessoa. Lhe parecia justo, alguém entre os midgardinos possuía um cérebro de qualidade.

A lança do deus todo poderoso, que havia insultado momentos antes, segurada pela rainha não era seu maior problema. Definitivamente haviam mais coisas a se preocupar agora, como por exemplo as lágrimas de sua irmãzinha que tanto a agoniavam. Peter, Harley e Pepper estavam com Morgan, era ótimo que ela não precisasse ver o que quer que fosse acontecer sozinha, mas a mulher esperava que não fizessem daquela cena algo muito cruel. Ela não queria deixar mais um trauma para a pequena.

- Linna Mary Stark. Acusada de incontáveis crimes sobre manipulação de uma entidade indomável.

A rainha começou a listar os nomes de todos aqueles em que ela havia causado danos terríveis, porém ela não estava mais ouvindo. Não havia sentido em terem a salvado naquele momento se ela acabaria morta agora, não precisava se preocupar, mas havia alguém que seu coração precisava se certificar de que estava bem e essa pessoa não estava ao alcance de seus olhos.

- Cachinhos dourados... - Lin chamou em não mais que um sussurro, ficando as unhas que possuía na pele alheia apenas para se certificar de que teria a atenção dele. - Quando souber do paradeiro do seu irmão. eu preciso que diga a ele... - Valquiria fez uma pausa, algo para dar mais ênfase em suas próximas palavras. - Preciso que diga que tudo o que tivemos foi tão real para mim quanto foi para ele.

A voz da rainha soou como um trovão e todos os murmúrios foram calados, ela era de fato uma deusa poderosa digna de seu posto.

- Eu, em nome de todos, te repudio. - Ela bateu com a lança no chão uma vez e o estrondo ecoou por toda a região. - Eu, em nome de todos, proíbo que tenha uma vida em Midgard. – A magia acorrentou seus pulsos, como se estivesse exposta a uma condenação perpetua. – Eu, em nome de todos, a bano para terras longínquas e ordeno que nunca mais volte ao nosso planeta.

Não houve tempo para respostas, ou para que mostrasse sua indignação, no momento que lutava para se afastar do filho de Odin, a Bifrost os envolveu e a única coisa que conseguiu fazer foi olhar para aquela que imaginava que seria nova família como forma de lhe oferecer um último adeus.

A Terra desapareceu sobre seus pés e aquele poder os enviou para longe, para tão longe que nem mesmo os conhecimentos que seu amigo mais antigo havia lhe confidenciado puderem dar alguma noção de para onde estavam indo. Ela viu galáxias passarem por seus olhos em segundos, viu uma parte maravilhosa do que o universo tinha a oferecer e então um lugar distante foi ficando cada vez mais próximo. Tão próximo que se chocou contra seu rosto antes que conseguisse se proteger. Talvez não tenha sido uma boa ideia lutar contra a proteção do deus do trovão, ele estava lá completamente pleno e com a dignidade intacta, enquanto ela se caiu diretamente no chão, nem sabia se era capaz de levantar.

- Aquilo que você disse sobre falar ao meu irmão... - os pés dele estavam perto o bastante para tocarem em suas costas. - Acho que você vai precisar dizer por você mesma.

Sua vontade era de gritar com aquela criatura bonita e de arranhar aquele rosto perfeito, mas quando ela ergueu a cabeça reparou em uma grandiosa aeronave parada a poucos metros de distância e no ser de sorriso irônico que se apoiava a parede logo após a rampa de acesso. Ah, ela o socaria também, só porque queria bater em alguma coisa, mas primeiro abraçaria aquele príncipe trapaceiro e só o soltaria quando ele ficasse tentado a esfaqueá-la.

Linna agarrou a mão estendida do asgardiano e testou suas próprias pernas para decidir se podia andar, quando ficou claro que elas estavam firmes o bastante para seguir sozinha, ela ergueu o rosto e caminhou até aquela nova perspectiva de vida. Que One Above All decida que caminhos traçará em seguida, nada lhe era mais importante no momento do que aproveitar o único lugar que conseguia chamar de lar: o conforto dos braços de sua princesa.

- Olá monstrinho! - Loki parecia levemente mais jovem, como se também não houvesse se recuperado totalmente da última batalha em que se envolveram.

- Olá, é muito bom ver essa sua cara feia de novo! - Seu sorriso era verdadeiro e só aumentou quando as feições receptivas do amigo se tornaram as de alguém zangado. - De verdade... - Ela o puxou pela roupa, o mantendo perto. - Senti sua falta.

- Eu também. - Ele revirou os olhos e franziu o cenho quando o irmão se dirigiu para o interior da aeronave, assobiando nada discretamente. Depois que o ser intrometido que Odinson era se afastou o suficiente, ele levou a mão direita para os cabelos dela, iniciando uma breve caricia. - Sinto que deveria levar seus conselhos mais a sério e não lhe entregar armas tão mortais outra vez.

- Costumo ser a voz da razão na nossa relação, é você quem não escuta.

Seus olhos se encontraram e as palavras deixaram de ter alguma necessidade, suas mãos livres se entrelaçaram e ambos souberam então que estavam completos um com o outro. Seria uma verdadeira sorte se o universo sobrevivesse as suas loucuras.


Loki retornará em Vingadores: O começo de uma nova era.  

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