- Quarta parede...? - Peter mantinha o cenho franzido desde que começaram a tentar explicar qual era a relação entre a realidade de onde vinham e a realidade em que estavam agora.
- Eu imagino que foi assim que ele adquiriu o conhecimento sobre quem nós somos. - Scarlett comentou após uma enxurrada de informações, no ponto de vista dos personagens dos quadrinhos. - Quem o criou na nossa realidade permitiu que se comunicasse diretamente com seus leitores e, desta forma, Wade ganhou acesso ao que a maioria de vocês jamais sonharia ser capaz de compreender.
- Mas nós também temos HQs! E nossas histórias definitivamente não são iguais ao que lemos nelas. - Disse Morgan, que, apesar de gostar bastante dos atores que acabou de conhecer, detestou a ideia de sua vida ser definida por escritores cruéis em algum lugar do multiverso. Ela permaneceu no colo de Robert abraçada a ele, parecia tão natural para os dois que ninguém chegou perto de estranhar.
- Isso provavelmente está ligado ao fato de que o que acontece por aqui está relacionado com o Universo Cinematográfico Marvel e não com as HQs. - Jeremy respondeu enquanto analisava, pela varanda, a paisagem diante do quartel general dos Vingadores, sua visão havia mudado em tamanha escala desde que chegou a esse outro planeta Terra que ainda não foi capaz de se acostumar.
- Como se isso esclarecesse muita coisa... - A mais nova entre os Starks resmungou contrariada. - Do jeito que vocês estão falando faz parecer que meu pai morreu porque algum diretor do no mundo de vocês quis que ele tivesse uma despedida dramática.
Aqueles que até pouco tempo atrás na vida dos atores não existiam com algo muito além da ficção não podiam deixar de acreditar que tal suposição fazia mais sentido a cada segundo, como se suas escolhas de repente deixassem de serem genuínas e tudo aquilo na qual acreditavam passasse a ser uma mera criação outro ser humano. O quão diferente suas vidas teriam sido sem a interferência dessas pessoas? Os pais do Peter teriam morrido, assim como também aconteceu com seu tio Ben e seu mentor Anthony? O pai de Harley o abandonaria? O amor de Pepper por Tony duraria? Lin seria torturada? Uma aranha radioativa daria poderes ao Parker?
- Eu não acho que influenciamos esse lugar desta forma. - Tom falou atraindo a atenção de todos. Dentre eles o Hiddleston era quem aparentemente possuía mais familiaridade com a realidade em questão e com a Terra de onde vieram, sua palavra portanto acabava soando como a mais próxima de alguma verdade. - Me parece que, de alguma forma, apenas reproduzimos a história deste mundo como ela já aconteceu, não podemos mudar os eventos que trouxeram vocês até aqui, apenas seguimos o enredo e contamos o que ocorre aqui para o nosso público.
- Ninguém possui provas sobre isso. - Harley constatou quase em um sussurro, com sua mente trabalhando incessantemente para chegar a respostas coerentes que não direcionassem o seu ódio para aquelas pessoas.
- Em que ano vocês estão? - Chris Evans questionou com um sorriso irônico.
- 2027. Por quê?
- Porque nós estamos em 2019. Não influenciamos suas escolhas tão diretamente assim, já que vocês estão naquilo que será o futuro de nossos personagens antes mesmo de optarmos por seguir tal caminho. - As expressões daquele homem divergiam tanto com as do Steve que os três já conheciam que se tornava até mesmo difícil encara-lo.
Natasha e o Chris (aquele não aparentava estar passando por um infarto, como acontecia com o outro) trocaram um olhar cúmplice, para ela aquela era a imagem espelhada de seu marido e não o Senhor Perfeição que o outro Rogers se mostrou ser. Evans como também correspondente daquele Capitão sentia uma certa ligação com sua esposa de outro lugar do multiverso e de repente lhe veio uma imensa vontade de beija-la, embora enxergar a esposa de Robert no corpo daquela mulher paralisasse seus instintos.
- Eu juro que se vocês se agarrarem, eu vou me levantar, vou encontrar uma armadura e vou socar seus dentes perfeitos, Evans. - Ameaçou o próprio Robert em sussurros após notar a crescente tensão sexual entre os dois.
O outro ator apenas levantou as mãos em rendição formando um sorriso malicioso em seu rosto apenas para provocar, em nenhum momento cogitou realmente ceder a uma atração causada por influência direta da existência de alguém nunca deveria ter conhecido. Não era completamente seu o impulso de tomar os lábios Mulher de Ferro, isso se tratava apenas o sentimento do marido dela tomando lugar em sua própria mente.
- Eu não me lembro de uma Lin Stark na Marvel, então logicamente vocês não têm responsabilidade no que está acontecendo agora, da mesma forma que não sabem como evitar que aquela coisa mate todos nós. - Deadpool constatou enquanto se aconchegava um pouco mais no colo de Ryan.
- "Lin Stark" é o projeto de uma mulher, ela já existe em nosso mundo, mesmo não sendo algo oficial. - Dizer isso em voz alta instigou uma dúvida desconfortável em Tom.
- E o que acontece com o nosso mundo se a Lin não se tornar oficial para vocês? Ou pior, se ela se tornar oficial e alguém decidir que a nossa morte e a vitória de Nemesis são características mais lucrativas para uma boa criação? Não me levem a mal, mas eu não vejo porque humanos comuns, sem qualquer tipo de habilidade especial, viriam até aqui sem a certeza de que todos voltariam sem riscos e vitoriosos.
E aí estava Harley colocando em palavras na frente de todos a súbita incerteza que surgiu para Hiddleston no momento em que ele finalizou sua última frase. Realmente, seguindo a linha de raciocínio que demonstravam, caso a história contasse que todos morreriam, isso seria uma reflexão do fato de que todos aqui morreram.
No momento em que todos se encontravam em silencio com a nova constatação, em um sofá não muito longe dos atores e dos personagens, Chris Hemsworth percebeu que já não sentia qualquer tipo de dor ou visualizava alucinações. Pelo contrário, até mesmo seus músculos que anteriormente se distorciam de tal forma que lhe pareceu difícil não gritar agora já não lhe causavam mais incomodo. Ele se sentia como um deus, o que só podia significar uma coisa: Thor estava morto.
Com sua consciência não mais perturbada foi possível para ele notar a presença de Benedict ao seu lado com uma expressão cuidadosa e de Elizabeth, que estava quase tão perto quanto o outro. Um era sua garantia de seu corpo não cederia pelas condições do corpo de seu correspondente, enquanto a outra era sua salvação caso sua mente se recusasse a voltar para si e seguisse o mesmo caminho que a do deus do trovão. Ele ergueu as mãos abrindo-as e fechando-as, testando sua nova perspectiva e tentando fazer com que sua circulação voltasse ao normal, não que houvesse algo de normal com o que acabou de acontecer, mas tudo parecia bem por enquanto.
O olhar do Homem Aranha caiu sobre o homem que se recuperava, já haviam o alertado sobre o que o mal-estar dele significava e não pode deixar de se sentir péssimo com o que sua volta significava. Uma das peças mais fortes entre aqueles dispostos a lutar foi perdida antes do verdadeiro confronto começar e, além disso, o que com certeza pesava ainda mais, havia o fato de que alguém próximo ao ponto de quase considera-lo um amigo partiu sem que pudesse fazer nada para salva-lo. Todos estavam perdidos...
- Algum de vocês poderia voltar com um de nós... - Halrey se ouviu sugerindo antes mesmo de avaliar as chances de isso realmente poder alterar o resultado final. - Ir até realidade de vocês com alguém que prove o que está acontecendo pode ajudar a convencer seus superiores de que eles podem desenvolver algo incrível com seja lá o que foi escrito e com essa mulher.
A ideia foi considerada e ninguém se mostrou capaz de oferecer uma solução mais promissora. O Original não esperaria por muito tempo, se pretendiam agir essa era a hora de fazerem isso! Afinal não sabiam se poderiam fazer qualquer outra coisa que cause um verdadeiro diferencial nos segundos entre a guerra e a calmaria.
(...)
Loki sempre soube que o poder lhe causa grande fascínio, assim como algumas pessoas poderosas também o fazem, mas Nemesis definitivamente era uma junção de tudo o que já sonhou. Onde quer que estivesse o ser divino, era capaz de fazer com que seu corpo reagisse instintivamente a seu favor e nada lhe causava mais atração do que ela em qualquer uma de suas formas. Quando ele voltou para sua rainha com a responsabilidade pela morte do irmão em suas mãos foi esse sentimento inquestionável de devoção que o deus deixou que ela notasse em si, optou por não esconder que o controle dela sobre seu corpo foi rompido, mas, ao mesmo tempo, se entorpeceu com tamanha lealdade que suas intenções não causariam suspeitas nas melhores hipóteses.
Nas expressões dela ele viu orgulho quando se aproximou e nenhuma forma de hostilidade foi demonstrada. A Original parecia aceita-lo de uma melhor forma agora, como se a eliminação Thor fosse uma peça que faltava para que a confiança dela fosse conquistada. Em qualquer outra circunstância vê-la abrindo espaço onde estava no trono para que ele se sentasse ao seu lado teria feito-o se sentir a criatura mais incrível que já existiu e foi desta forma que ele fez com que ela acreditasse que estava se sentindo. Mas mesmo essa nova aceitação não era o suficiente para que conseguisse toca-la da forma que desejava, mesmo lado a lado ainda não havia abertura para que fizesse o que realmente ansiava fazer com aquela mulher.
O jotun compartilhou de seu assento depois de uma reverencia respeitosa e, por alguns instantes, ao contemplar a visão do lugar onde estava, ele pensou que de fato havia vivido para conquistar uma posição assim. A sensação era maravilhosa. Nemesis compartilhava seu poder consigo sem força-lo desta vez, ela permitia que ele olhasse pelo mundo da mesma forma que ela olhava e nunca antes o deus enxergou de forma tão bela um fenômeno tão simples quanto a vida. Sua rainha o oferecia um posto que, como rei, o elevaria ao terceiro lugar entre os seres mais incrivelmente poderosos que já existiram em qualquer lugar deste universo e de todos os outros. Além da criatura responsável por estarem vivos, nenhum outro ser teria a mínima chance de subjuga-los. Tudo e todos seriam suas posses e não existiriam limites para o que poderiam fazer. É uma pena que, para o príncipe trapaceiro, as piores escolhas o atraiam mais.
Antes que o próximo passo fosse dado ele encarou os olhos de sua atual parceira, deixando que ela percebesse suas intenções e recuasse, se assim quisesse. Se era apenas para evitar ser morto ou se era um reflexo do que faria caso Lin ainda estivesse ali, Loki não sabia responder naquele momento, mas era possível dizer que a expressão surpresa de compreensão da Original foi o mais próximo de um gesto humano que ele já a viu fazer. Quando ela retribuiu seu desejo da mesma forma quase foi possível para o rei sorrir, embora não estivesse de fato preparado para o que viria em seguida.
Seus lábios se chocaram com força e seus corpos se moveram em sincronia, uma de suas mãos se agarrou aos cabelos dela enquanto a outra a trazia para mais perto e a colocava de pernas abertas sobre seu colo. Sua boca se moveu para o pescoço dela chupando-o, lambendo-o e beijando-o. O ser divino arqueou a cabeça para trás, quase como se sentisse cócegas, e segurou em seus ombros como se não soubesse o que fazer com a confusão de sensações que se desencadearam. De fato, era de se esperar que ninguém houvesse a tocado como ele se concentrava em fazer agora, mas além disso nem mesmo o jotun poderia ter provado em algum outro momento aquilo que ela lhe estava causando. Seu núcleo mágico foi completamente envolvido pelo dela e a energia massiva da mulher o cobria um cuidado que o levava a um êxtase quase incompreensível, não se tratava apenas da luxuria carnal, até mesmo os menores fibras, que os tornavam quem eles eram, pareciam se entrelaçarem.
O pensamento de que poderiam fazer isso em uma superfície mais confortável se concretizou com alguma coerência na mente masculina e, sem que notasse sua infinidade de possibilidades, a realidade de imediato começou a se moldar para realizar seu pedido. Loki se impulsionou para vira-la na cama macia que se formou abaixo de suas pernas e, por meros segundos, lhe pareceu real demais a chance de estarem nos aposentos reais de Asgard, porém haviam coisas mais importantes, do que prestar atenção nisso, a se fazer agora.
Aprendendo rápido, como sempre fez, Nemesis tomou mais liberdade em toca-lo e o que isso lhe proporcionou poderia tê-lo feito gozar instantaneamente, mas a provável interferência da própria Original não permitiu que isso acontecesse. Não se sabe de quem partiu o comando, mas em meros instantes suas roupas já haviam desaparecido e a exploração do deus se direcionou a regiões mais baixas. Uma coisa que possivelmente nunca poderia deixar de acreditar, independentemente do que acontecesse, era em como aquela criatura era terrivelmente perfeita e atraente. Sua língua provou de seus seios e seu corpo tremeu com a aprovação que percebeu nos olhos dela, sem dúvida uma tamanha devoção era capaz de agrada-la. Deixando que seu toque permanecesse presente em seus mamilos, lhe pareceu estimulante descer um pouco mais, Loki beijou sua barriga e partiu para o interior de suas pernas, provocando-a momentaneamente sem de fato tocar onde sua atenção realmente era necessária.
Apesar das mãos femininas permanecerem constantemente ligadas a si em algum ponto ou simplesmente afastadas, de nenhuma forma a mulher se portava como submissa, essa simplesmente não era a forma como ela preferiu agir. Sua presença podia ser sentida em qualquer canto daquele quarto, sua energia fazia com que tudo ao seu redor reagisse conforme era impressionada. Com seu alcance dessa forma ampliado, se tornava possível tocar e aguçar seu parceiro como bem quisesse. Mesmo que a ideia de conceder prazer a alguém e receber prazer em troca lhe fosse estranha, não era como se realmente não soubesse exatamente o que fazer. Sua impaciência para provocações fez com que impusesse sua vontade ao deus com um pouco de descontrole, o que fez com que ele literalmente caísse de joelhos e risse com malícia. Seus olhos se encontraram mais uma vez como parecia ser importante acontecer e não foi preciso um segundo comando para que ele fizesse o que ela desejava.
Agitadamente suas mãos se impulsionaram para os cabelos alheios e Nemesis se esqueceu por alguns instantes que não deveria exatamente usar sua força, porém isso não lhe pareceu um problema quando a dor apenas provocou um gemido atrevido por parte do jotun, mais agradando-o do que machucando-o.
- Admito que sua língua sabe fazer mais do que enganar seres vivos, meu rei. - Ela sentiu o sorriso dele em sua intimidade e viu seu revirar de olhos, ato que também a fez sorrir.
Loki experimentou sua reação a entrada de seus dedos e não foi reprimido, suas bocas voltaram a se conectarem e, eventualmente, os movimentos de ambos se tornaram mais desesperados, cada parte de suas existências passou a exigir um contanto ainda mais íntimo e quando a penetração peniana realmente aconteceu suas perspectivas sobre todos os seus sentidos evoluíram, em definitivo deixaram de se prenderem a matéria e passaram a um outro plano onde não eram apenas dois corpos acasalando, mas sim uma maravilhosa combinação de seus próprios poderes se chocando, se expandindo e se envolvendo.
Mesmo que houvessem se passado horas, quando acabou pareceu que havia sido rápido demais. Inebriados com as sensações e instigados a quererem mais, rei e rainha se encararam como cúmplices sem de fato já terem se separado, tomando algum tempo de contemplação antes de voltarem a se envolverem outra vez.
A coroa presente por todo o ato chamou um pouco da atenção do jotun naqueles segundos e então ele soube que não haveria outra chance de fazer o que realmente desejava fazer com aquela mulher.
Se aproveitando do poder que ela lhe oferecia ele agiu como de fato queria e não se sentiu culpado pelo sangue que manchou sua pele, nem mesmo pelo barulho de ossos se quebrando e de estruturas se rompendo que ele ouviu. Antecipando um pensamento que o destruiria, sua segunda ação foi separar as joias e permitir que elas se espalhassem. A interferência dela sobre si foi drenada e ele não se deixou cair pelo choque que isso implicava, pelo contrário, Loki juntou suas forças e invocou qualquer coisa afiada o suficiente para drenar qualquer resquício de vida que restasse naquele monstro e o esfaqueou bem no peito, apenas para, em seu suporte de adrenalina, retirar a lamina e procurar qualquer outro local vital para voltar finca-la.
Porém quando sangue, não só causado pelas lâminas que conjurara abaixo dela em seu auge para matá-la, mas também da que ainda segurava, voltou a jorrar, ele reparou que aquele corpo estava marcado demais para ser perfeito e que aquele liquido em escarlate que o sujava era humano demais.
- Behkimo...? (Princesa...?) - Uma voz fraca e machucada soou para o horror do deus. Olhando para cima foram os diferentes olhos castanho e dourado que o encaravam assustados, morrendo.
- Lin?! - Preocupação e culpa lhe deram um golpe tão forte que ele não conseguia se mexer, respirar ou reagir. A Stark parecia querer se encolher e fugir, mesmo que não possuísse forças para isso e olhava para o deus da mesma forma que sempre olhou para os homens maus.
Toca-la não resolveria e só a amedrontaria ainda mais, portanto a primeira solução lógica que seu cérebro conseguiu pensar foi em reverter o tempo antes que ela parasse de resistir. Olhando, com quase pânico, ao redor ele não conseguiu ver qualquer sinal das joias e, quando se forçou a levantar para procura-las, percebeu que a mulher já não mais respirava e que seu coração mutilado não mais batia. A fúria o tomou antes que conseguisse pensar racionalmente e agora quase corria para encontrar a pedra do tempo e a pedra da alma para que conseguisse desfazer essa grande merda que havia feito.
A realidade ao seu redor começou a ruir e a se afastar, levando o corpo de sua única amiga com ela. O grito, que teria vindo, foi abafado em sua garganta quando a magia vermelha se tornou visível e em instantes o quarto desapareceu, dando lugar a sala do trono. Existem momentos em que acordamos de um pesadelo e precisamos piscar os olhos freneticamente para acreditar no que estamos vendo a nossa frente, foi mais ou menos isso que Loki fez, mas a diferença era que ele não queria acreditar.
Nemesis estava a sua frente por alguns passos, sentada em seu trono como no momento em ele havia retornado depois de matar Thor. Seu instinto mais primitivo disse para correr ou para simular um ataque cardíaco e se fingir de morto outra vez, mas a Original nem mesmo permitia que ele se movesse. Não havia nenhum tipo de simpatia em seu rosto.
- Quer saber uma coisa engraçada nisso tudo? - Ela o forçou a assentir. - Quando eu fiz você ouvir o apelo da pequena Linna anos atrás eu precisei força-lo a ir vê-la, mais do que isso, eu precisei faze-lo acreditar que gostava dela e que sentia empatia, não muito diferente do que fiz quando estava no corpo da Lady Amora. Eu sabia que você me daria tudo o que eu desejava, porém precisava que a garota se fortalecesse e que sobrevivesse. Aqueles humanos nunca conseguiriam matá-la, mas se ela escolhesse tirar a própria vida, eu não poderia fazer nada, e por isso construí na relação de vocês um pilar que a convenceria de que ela deveria viver. Eu fiz com que vocês se tornassem amigos, fiz com que ela gostasse de você e que o amasse, mas em nenhum momento tentei fazer com que você deixasse de vê-la com algo além de uma aliada útil. Você realmente a elevou ao patamar de amiga sem que eu fizesse algo sobre isso, a considerou digna de reinar ao seu lado sem que eu pedisse por isso e se apegou verdadeiramente, enquanto ela sem a minha influencia deixaria de ser forçada a se apoiar e nem mesmo se aproximaria de alguém como você.
O jotun não conseguia sentir nada com essas palavras e com a revelação, mas era a primeira vez em décadas que ele se percebia tão absurdamente frio. Foi como se sua mente se apagasse, por influência externa ou não, nem mesmo quando uma corrente conjurada começou a envolver seu corpo ainda nu ele tentou fazer alguma coisa. O príncipe foi colocado de joelhos a frente do trono e a realidade do que costumava ser um belo castelo voltou a se alterar tornando tudo mais sombrio.
- Eu vou matar cada um daqueles que ousaram se opor a mim e toda a raça humana depois disso. - - Quando eu acabar irei consertar você, portanto aproveite esses últimos momentos enquanto ainda pode lembrar de quem você é, como um presente da minha parte. Não vou demorar.
Depois de dizer isso ela desapareceu apenas para se dirigir ao local em que sabia que todos os seus inimigos estavam concentrados, haviam muitos heróis para morrer hoje.
(...)
Homens e Mulheres Aranha foram os primeiros a perceberem que a hora havia chegado. Seus sentidos os colocaram em alerta rápido o suficiente para que todos os demais pudessem se preparar para o verdadeiro inevitável. Xavier transmitiu a mensagem, armaduras foram entregues para aqueles que as usariam, lâminas foram afiadas uma última vez e três pessoas foram para missões que não os colocariam na linha de fogo por enquanto, mas que possuíam igual importância se comparado ao que todos as outras milhares de pessoas estavam prestes a fazer. Ryan Reynolds e Jennifer Walters partiram para convencer os diretores da realidade dele de aceitarem um final feliz na medida do possível e Benedict Cumberbatch foi encarregado de trazer o Doutor Estranho de volta a razão ou de assumir seu manto de mago supremo, o que lhe parecesse mais possível.
A rainha apareceu a cerca de cinco quilômetros de distância, de onde poderia aproveitar de melhor forma os seus jogos, porém seu poder destrutivo se espalhou de tal forma que o mundo todo sentiu o que ela realmente era, com apenas uma fraca ameaça. Feras intimidadas responderam com rugidos e urros de raiva, enquanto aqueles com as mais geniais mentes permaneceram quietos trabalhando em estratégias e os demais aguardavam ordens para agir, sendo o poderoso telepata seu canal de comunicação. O desafio começou, que o mais forte fique com as joias.
Magos e Kurt Wagner continuavam espalhados para levarem até uma brecha da realidade qualquer civil que ainda estivesse meramente por perto, assim como estavam fazendo anteriormente. Seus esforços nas últimas horas fizeram com que a América fosse evacuada, porém, com todo o pânico, pessoas ficaram para trás e não estavam nem perto de tirarem o resto do mundo do alcance da Original.
A primeira centena atacou primeiro, em uma corrida para a própria morte. Era realmente uma investida suicida, para testar como a mulher os enfrentaria, mas não menos necessária ou poderosa. "WAKANDA PARA SEMPRE!" gritam wakandianos que avançaram, "POR ATLÂNTIDA!" entoou o povo de Namor e "POR MIDGARD!" berraram os asgardianos.
Um Hulk foi o primeiro a chegar até ela, furioso como o de costume e indomável como uma besta ele tentou soca-la, mas apenas foi o primeiro a morrer. Nemesis enfrentou seu punho com um dedo, mais para que ele se sentisse importante ao ponto de força-la a se mover do que de fato por precisar fazer qualquer coisa para derrota-lo. Quando ele conseguiu toca-la seu corpo se tornou pedra e isto se consumiu pela pressão que ela mesmo exercia, transformando-se em pó.
Outros guerreiros não possuiriam a mesma chance, com um gesto simples ela criou vida e, a partir da poeira, monstros tão fortes quanto a criatura verde se ergueram para saldar seus inimigos. De olhos dourados todos possuíam suas mentes controladas por aquela que os convocou e não hesitaram antes de atacar. Foi um massacre. Mesmo que alguns possuíssem força o bastante para se igualaram um Hulk não eram capazes de abaterem uma centena como ele.
Seus homens cairiam tão rápido que não houve nem mesmo a possibilidade de alguém tentar ajuda-los. Não cometeriam o mesmo erro duas vezes, o sangue daqueles homens será vingado e isso não é algo que pode ser negado. O sacrifício deu aos sobreviventes medo e determinação, mas além disso deu exatamente o que suas mentes grandiosas desejavam: um caminho a ser traçado.
No meio dos destroços que foram deixados para trás, dos membros arrancados e do sangue, se encontrava um cabeça recém separada do próprio corpo que de certa forma se percebia indignada com o quão rápida foi a sua própria derrota e culpava entidades superiores por tais acontecimentos.
- Entidades superiores? Você está brincando com a minha cara, não é sua filha da puta? - Disse Deadpool para alguém que ninguém mais conseguia ver. - Vai me ignorar agora que eu percebi que posso falar com você? - Não houve resposta. - "Não houve resposta." - Ele repetiu com uma voz birrenta e infantil. - E que ideia foi essa de dar tanto poder para alguém?! Sério, você colocou uma pessoa que não podemos derrotar para nos enfrentar e a não ser que Deus queira, literalmente, nada vai evitar um extermínio em massa!
Instigada com a cabeça que falava em voz alta Nemesis lhe atribuiu um pouco de atenção.
- Espera, QUE?
- Uma criança imortal... - Havia uma pequena quantidade de fascínio na voz da Original, ela nunca havia se deparado com alguém que realmente não era capaz de morrer. Se soubesse de sua existência antes poderia até mesmo tê-lo escolhido como seu portador. Enquanto suas criações lutavam com aqueles que foram mandados para atingi-la, ela se aproximou.
- Ok, ok, eu não ofendo mais a sua mãe, mas vai se foder... - Wade resmungou, mas não havia mais tempo para qualquer apelo. A mulher o tirou do chão e o ergueu na altura dos próprios olhos para analisa-lo. - Olá moça, alguém já disse que você é a vista mais encantadora que esse mundo poderia ter? Aposto que não. Tenho a impressão que as pessoas morrem quando olham para você.
- E, no entanto, você está vivo. - Ela ofereceu um sorriso que não era nada reconfortante.
- Provavelmente se você fosse uma vaca, eu estaria mais assustado e com probabilidades de morrer medo ao te ver. - A cabeça pareceu refletir - Ah é, eu não morro de qualquer forma, então continuaria tudo bem mesmo assim.
- É uma pena que seja eu a definir isso. - Antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa ou simplesmente reagir, sua imortalidade foi desafiada e se dobrou a vontade da divindade.
Ainda houveram alguns segundos na qual o homem sentiu que caiu diretamente no chão, mas pela primeira vez em muitos anos Wilson percebeu que a Morte estava ali, de braços abertos para busca-lo e ele considerou que definitivamente esse não era um final ruim. Rindo em sua mente como um lunático, Deadpool se lembrou que havia uma certa beterraba que não ficaria nada feliz com a atitude da Original.
Alheios a morte de um ser imortal mais heróis começaram a avançar e esse segundo grupo parecia mais eficiente em abater as feras que os confrontavam. Unindo suas forças e poderes o Tocha Humana, a Mulher Invisível e o Coisa se mostraram formidáveis em inconscientizar tais criaturas. Guiados diretamente por Reed, que os assistia de longe, se mantinham imbatíveis, mesmo que não conseguissem avançar.
- Eu não sei porque ainda me surpreendo com a nossa rotina. - Jonathan comentou com humor enquanto combinava seu poder ao de Ben para atingirem um de seus inimigos no exato instante em que Susan baixou parte do escudo. - Em um momento estou trocando as fraldas do meu sobrinho, tranquilamente lutando contra a ameaça fedorenta, e agora estamos em outra realidade lutando contra monstros de raios gama para proteger o universo da criatura que deu origem a ele. Acho que perdemos o controle da situação em algum momento.
- Você só acha? Eu diria que tenho certeza. - Ben respondeu, nada o daria o melhor de seu humor enquanto persistisse a sensação de que seria esmagado por aqueles monstros caso houvesse o mínimo descuido e sem que eles fizessem qualquer tipo de esforço.
Para cada herói que se envolvia no combate outro adversário se levantava. Em nenhum momento foi levantada a possibilidade de a Original lutar de forma totalmente justa, porém já era previsível que ela não perderia seu tempo dedicando-se a guerreiros que não estivesse meramente perto de serem dignos de enfrenta-la. A chance que foi dada a cada uma daquelas pessoas não envolvia nada além de arrogância e do desejo por entretenimento por parte do inimigo, se alguém despertasse o seu interesse era até mesmo possível que ela evitasse usar todos os seus poderes apenas para que o momento durasse e isso então os daria uma abertura mínima na qual contavam para alcançarem a vitória.
Do ponto de vista de Peter Parker (o que nasceu na realidade em que acontecia o conflito), as coisas estavam estranhamente fáceis. O grupo na qual ele se juntou era esplêndido e eles se entendiam incrivelmente bem, talvez essa era uma das vantagens de compartilharem os mesmos poderes, mas mesmo que sua performance estivesse combinada com as dos demais, não lhe parecia que estava sendo ameaçado. Seu principal diferencial era que seu sentido aranha estava absurdamente calmo, reagindo apenas o suficiente para alerta-lo de que seus companheiros estavam em perigo. Por mais estranho que parecesse ele se sentia seguro.
- Sabe, eu tenho a sensação de que conheço você de algum lugar, Miles. - Observou nosso pirralho, de fato o parceiro de teias não lhe era totalmente estranho e isso o intrigava profundamente. A possibilidade de ele existir em seu mundo não era ruim em nenhuma forma.
- Sério? - Eles puxaram suas teias com força para manter o grandalhão no chão. - Eu não acho que tenha feito alguma coisa antes de ganhar poderes que fosse capaz de chamar a atenção de um super-herói. - Um sorriso era perceptível por trás de sua máscara, eles partiram para derrubar o próximo monstro já que Venom cuidaria sozinho do que foi derrubado.
Olhando ao redor foi possível reparar que rostos conhecidos e desconhecidos aos poucos eram encurralados, nem todos possuíam a mesma sorte de sua atual equipe e a cada segundo mais pessoas estavam morrendo. Um pensamento coletivo passou pela mente daquelas variações de Homem Aranha e seus instintos agiram juntos para salvar no lugar de destruir. O Homem Formiga que passava por ali, talvez com a mesma intenção além de atrair a atenção dos inimigos, também serviu para que ganhassem suporte e um a um cada colega de teia se fixou no gigante para conseguirem se espalhar e ajudar os que estavam perdendo. Somente o Parker que se parecia com Tobey Maguire ficou para trás, sua ideia de ajuda era um pouco diferente e envolvia um certo alienígena na qual teve contato muitos anos antes.